quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

De Milan Kundera e Ypiranga!






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Milan Kundera, o brilhante escritor tcheco já levava à reflexão em sua obra ‘A insustentável leveza do ser’ como a vida não faz parada. Em certo momento ele quase que contesta o passado e o futuro, admitindo que o que existe em verdade é só o presente e – este momento -, porque o que você leu agora a dois segundos já foi.

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Queria dizer o escritor num dos capítulos de sua obra no ano de 1983 que a vida não faz ensaio. Tudo é impossível de ser reprisado. Tudo sempre acontece de forma nova e única. Ou seja – mesmo quando planejamos algo, ou ensaiamos algo, sempre é um fato inédito e nada é como fora da outra vez.

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Então transportado isto para o Ypiranga FC – o que passou, passou.
Não se queira tapar o sol com a peneira que todos estavam de acordo com o que foi feito no segundo semestre pela singela razão de que não estavam.

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Havia outros pensamentos dentro do clube que acabaram superados pelo que foi realizado e deu no que deu. Mas talvez seja hora de chamar Milan Kundera, porque agora o que vem pela frente é tudo diferente, é tudo novo, é tudo único.

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Não importa se o clube gastou demais, se não colheu os resultados que planejara. Tudo isso, seguindo a cartilha do escritor tcheco, não só não pode ser modificado como, em exagero, não existe mais. Ou seja - exagerando a fundo: nunca existiu.

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Claro que a reflexão proposta pelo escritor talvez não se adapte à vida real de cada um de nós, às empresas, aos governos e muito menos a um clube de futebol que precisa se planejar, organizar, re-unir e marchar junto para a luta das quatro linhas de campo e das quatrocentas linhas extra-campo. E aí o ontem pode interferir no hoje e até no amanhã. Mas uma coisa não há como negar de Milan Kundera: sempre haverá um agora.

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E o agora do Ypiranga é tão incontestável quanto o leite na hora que sai do ubre da vaca.
Agora é Veranópolis não com atletas em teste.
Agora é o Inter no Beira Rio.
Agora é Juventude não de garotos de 20 anos.
Agora é Grêmio querendo pelo menos o gauchão.
Agora é clássico quente com o Passo Fundo.
Agora é Bento Freitas.
Agora vai ou racha.

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Não me perguntem o que acho.
Neste caso estou com Milan Kundera.
Não vi o 2º semestre.
Do 1º - nem me lembro.
Sobre o futuro, nada sei.
Vamos ver no que dá cada dia.
O Ypiranga de Dino, Leocir & Cia que nos revele a cada jogo – o seu momento.
Se eu acredito? Nem isso sei.
Por que não bastasse a incerteza de tudo na vida e da própria vida,
ainda por cima trata-se de futebol.
Ironicamente, talvez justamente por isso,
dê!

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O ministério

É inegável que o ministério da presidente Dilma 2.0 – salvo a área econômica, aliás, a mais importante neste momento crucial da nação -, é como quase sempre foram os demais: em atendimento às demandas (interesses) políticos.

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Com isso, mais uma vez, a tecnicidade, o real conhecimento, a meritocracia perde espaço e a porta se abre para oportunistas de ocasião, que além de não poderem dar a contribuição que o país necessita – deixam a porta aberta para desconfianças, porquanto boa parte dos ‘escolhidos’ o foram por pressão partidária que em última instância o quê!? Dê asas à sua imaginação e a resposta lhe cairá no estômago.

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E aí temos que assistir a dois discursos diametralmente opostos: enquanto a ministra da Agricultura diz que o latifúndio deixou de existir no Brasil, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA) responde como se dirigisse a um ferrenho oponente de um governo nem adversário – mas inimigo. Disse sua excelência na posse: ‘Não basta derrubar as cercas do latifúndio, mas as cercas individualistas, excludentes do processo social’.

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E aí, como é que fica. A presidente avaliza ambos os discursos, faz que não ouviu, espera para ver como os fatos sucedem – ou o governo é isto mesmo, ou seja: uma colcha de retalhos no que diz respeito ao ministério. Detendo-se ao número de ministérios parece que Ananias tem razão.

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A propósito, recebi do meu velho e querido amigo, Feliciano Tavares Monteiro, o Fifa, agora baiano - o seguinte comentário sobre o tema.

‘Tche,

Entendo pouco de Marx, mas sempre fui fã do Groucho e de charutos- mas meu irmão, como sociólogo, entende muito.

Cá para meus botões, o novo ministério é coisa de bruxa, ou bruxo. E como a presidentche andou lendo, aqui na praia de Inema, a "Era Vargas", eu apontaria o bruxo abombachado dos pampas - como maior mentor das tais indicações direitista. Ele vivia dizendo que: "não há melhor forma de um governo implementar uma política de esquerda, do que colocar a sua frente um renomado direitista" - Machiavel , assim como Marx, devo lembrar-lhe, eram teóricos- o Gegê era apenas um prático, um prático que, após derrotar, militarmente, as forças dos comunistas e dos integralistas, passou o resto de sua vida tentando plantar democracia nestes trópicos, ou não... como diria Caetano Veloso’.


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Cargos no Alto Uruguai

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Ainda como é começo de governo as naus não partiram. Mas as massas de todos os espectros da sociedade, no caso política/partidária, se acotovelam para conseguir uma vaga. Em outras palavras foi isso que se viu em 19 de novembro de 1807 quando a Família Real preparava-se para deixar Portugal e rumar para o Brasil, do que jeito que fosse, porque do contrário seria encarar as forças de Napoleão Bonaparte que batiam às portas de Lisboa.

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O governo do estado possui na região Alto Uruguai entre 40 a 45 vagas, contabilizando-se aí CCs (Cargos em Comissão) e FGs (Funções Gratificadas). Deste total estima-se que 70% sejam FGs.

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Como a nau da gestão José Ivo (se fosse de um determinado partido já teriam-no aportuguesado a ZéIvo – na falsa pregação que um governador é igual ao baixo clero), mas como dizia, com o governo ainda em formação acotovelam-se partidos e pessoas interessadas em embarcar.

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Como seria interessante observar, na prática, que os melhores, sim os melhores, acabassem ocupando os cargos – dos mais relevantes aos outros também importantes. A gestão pública num corte geral no país é visível isso, e Erechim está neste radar, não é exceção – vem lenta e gradualmente se desqualificando.

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Por que, quase sempre os escolhidos limitam-se a cumprir ordens (eu sei sobre a hierarquia), mas e as ideias novas estão proibidas, condenadas a ficar trancadas na arca da submissão já ultrapassada, e por isso mesmo, devidamente no fundo do mar?

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De qualquer sorte o nosso histórico sobre esse aspecto de disputa, indicação e escolha de nomes é extremamente socialista – se este sistema ainda existe: todos se nivelam, falo de partidos. E a busca mais do que a representatividade e feitura de um grande trabalho (se for possível – melhor) – o que de fato importa é a apropriação e mantença de um espaço político.

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Que o governo como um todo tenha a sorte nessa viagem de naus, porque a viagem de quatro anos nem sempre se dá em mar de ‘armas do rei’. E para nós que somos do Alto Uruguai, que uma dessas 40 a 45 pessoas desperte e se destaque como uma liderança, não pelo cargo, mas por sua postura, por seus feitos, por sua vocação à melhor gestão pública – onde a sociedade importa, ou devia importar, mais do que o padrinho e o próprio patrão.

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Aos que conseguirem uma vaguinha em alguma nau – que não se esqueçam: até o patrão só o é porque a maioria do povo assim o quis. Daqui a quatro anos a sociedade se reúne em conselho de classe e aí vamos ver com quantos paus se constroi uma nau confiável capaz de navegar por quatro anos. A frota de Dom João VI se dispersou numa das tempestades – mas no fim todos aportaram vivos na costa brasileira, embora em datas diferentes. Mas depois disso a colônia nunca mais foi a mesma! E isto que o rei era tido como medroso e indeciso. Mas provou que ‘pra burro’ não servia.