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Milan
Kundera, o brilhante escritor tcheco já levava à reflexão em sua obra ‘A
insustentável leveza do ser’ como a vida não faz parada. Em certo momento ele
quase que contesta o passado e o futuro, admitindo que o que existe em verdade
é só o presente e – este momento -, porque o que você leu agora a dois segundos
já foi.
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Queria
dizer o escritor num dos capítulos de sua obra no ano de 1983 que a vida não
faz ensaio. Tudo é impossível de ser reprisado. Tudo sempre acontece de forma
nova e única. Ou seja – mesmo quando planejamos algo, ou ensaiamos algo, sempre
é um fato inédito e nada é como fora da outra vez.
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Então
transportado isto para o Ypiranga FC – o que passou, passou.
Não
se queira tapar o sol com a peneira que todos estavam de acordo com o que foi
feito no segundo semestre pela singela razão de que não estavam.
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Havia
outros pensamentos dentro do clube que acabaram superados pelo que foi
realizado e deu no que deu. Mas talvez seja hora de chamar Milan Kundera,
porque agora o que vem pela frente é tudo diferente, é tudo novo, é tudo único.
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Não
importa se o clube gastou demais, se não colheu os resultados que planejara.
Tudo isso, seguindo a cartilha do escritor tcheco, não só não pode ser modificado
como, em exagero, não existe mais. Ou seja - exagerando a fundo: nunca existiu.
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Claro
que a reflexão proposta pelo escritor talvez não se adapte à vida real de cada
um de nós, às empresas, aos governos e muito menos a um clube de futebol que
precisa se planejar, organizar, re-unir e marchar junto para a luta das quatro
linhas de campo e das quatrocentas linhas extra-campo. E aí o ontem pode
interferir no hoje e até no amanhã. Mas uma coisa não há como negar de Milan
Kundera: sempre haverá um agora.
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E
o agora do Ypiranga é tão incontestável quanto o leite na hora que sai do ubre
da vaca.
Agora
é Veranópolis não com atletas em teste.
Agora
é o Inter no Beira Rio.
Agora
é Juventude não de garotos de 20 anos.
Agora
é Grêmio querendo pelo menos o gauchão.
Agora
é clássico quente com o Passo Fundo.
Agora
é Bento Freitas.
Agora
vai ou racha.
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Não
me perguntem o que acho.
Neste
caso estou com Milan Kundera.
Não
vi o 2º semestre.
Do
1º - nem me lembro.
Sobre
o futuro, nada sei.
Vamos
ver no que dá cada dia.
O
Ypiranga de Dino, Leocir & Cia que nos revele a cada jogo – o seu momento.
Se
eu acredito? Nem isso sei.
Por
que não bastasse a incerteza de tudo na vida e da própria vida,
ainda
por cima trata-se de futebol.
Ironicamente,
talvez justamente por isso,
dê!
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O ministério
É
inegável que o ministério da presidente Dilma 2.0 – salvo a área econômica,
aliás, a mais importante neste momento crucial da nação -, é como quase sempre
foram os demais: em atendimento às demandas (interesses) políticos.
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Com
isso, mais uma vez, a tecnicidade, o real conhecimento, a meritocracia perde
espaço e a porta se abre para oportunistas de ocasião, que além de não poderem
dar a contribuição que o país necessita – deixam a porta aberta para
desconfianças, porquanto boa parte dos ‘escolhidos’ o foram por pressão
partidária que em última instância o quê!? Dê asas à sua imaginação e a
resposta lhe cairá no estômago.
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E
aí temos que assistir a dois discursos diametralmente opostos: enquanto a
ministra da Agricultura diz que o latifúndio deixou de existir no Brasil, o
ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA) responde como se dirigisse a um
ferrenho oponente de um governo nem adversário – mas inimigo. Disse sua
excelência na posse: ‘Não basta derrubar as cercas do latifúndio, mas as cercas
individualistas, excludentes do processo social’.
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E
aí, como é que fica. A presidente avaliza ambos os discursos, faz que não
ouviu, espera para ver como os fatos sucedem – ou o governo é isto mesmo, ou
seja: uma colcha de retalhos no que diz respeito ao ministério. Detendo-se ao
número de ministérios parece que Ananias tem razão.
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A
propósito, recebi do meu velho e querido amigo, Feliciano Tavares Monteiro, o
Fifa, agora baiano - o seguinte comentário sobre o tema.
‘Tche,
Entendo pouco de Marx, mas sempre fui fã do Groucho e de charutos-
mas meu irmão, como sociólogo, entende muito.
Cá para meus botões, o novo ministério é coisa de bruxa, ou bruxo.
E como a presidentche andou lendo, aqui na praia de Inema, a "Era
Vargas", eu apontaria o bruxo abombachado dos pampas - como maior mentor
das tais indicações direitista. Ele vivia dizendo que: "não há melhor
forma de um governo implementar uma política de esquerda, do que colocar a
sua frente um renomado direitista" - Machiavel , assim como Marx,
devo lembrar-lhe, eram teóricos- o Gegê era apenas um prático, um
prático que, após derrotar, militarmente, as forças dos comunistas e
dos integralistas, passou o resto de sua vida tentando plantar democracia
nestes trópicos, ou não... como diria Caetano Veloso’.
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Cargos
no Alto Uruguai
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Ainda
como é começo de governo as naus não partiram. Mas as massas de todos os
espectros da sociedade, no caso política/partidária, se acotovelam para
conseguir uma vaga. Em outras palavras foi isso que se viu em 19 de novembro de
1807 quando a Família Real preparava-se para deixar Portugal e rumar para o
Brasil, do que jeito que fosse, porque do contrário seria encarar as forças de
Napoleão Bonaparte que batiam às portas de Lisboa.
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O
governo do estado possui na região Alto Uruguai entre 40 a 45 vagas,
contabilizando-se aí CCs (Cargos em Comissão) e FGs (Funções Gratificadas).
Deste total estima-se que 70% sejam FGs.
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Como
a nau da gestão José Ivo (se fosse de um determinado partido já teriam-no
aportuguesado a ZéIvo – na falsa pregação que um governador é igual ao baixo
clero), mas como dizia, com o governo ainda em formação acotovelam-se partidos
e pessoas interessadas em embarcar.
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Como
seria interessante observar, na prática, que os melhores, sim os melhores,
acabassem ocupando os cargos – dos mais relevantes aos outros também
importantes. A gestão pública num corte geral no país é visível isso, e Erechim
está neste radar, não é exceção – vem lenta e gradualmente se desqualificando.
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Por
que, quase sempre os escolhidos limitam-se a cumprir ordens (eu sei sobre a
hierarquia), mas e as ideias novas estão proibidas, condenadas a ficar
trancadas na arca da submissão já ultrapassada, e por isso mesmo, devidamente
no fundo do mar?
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De
qualquer sorte o nosso histórico sobre esse aspecto de disputa, indicação e
escolha de nomes é extremamente socialista – se este sistema ainda existe:
todos se nivelam, falo de partidos. E a busca mais do que a representatividade
e feitura de um grande trabalho (se for possível – melhor) – o que de fato
importa é a apropriação e mantença de um espaço político.
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Que
o governo como um todo tenha a sorte nessa viagem de naus, porque a viagem de
quatro anos nem sempre se dá em mar de ‘armas do rei’. E para nós que somos do
Alto Uruguai, que uma dessas 40
a 45 pessoas desperte e se destaque como uma liderança,
não pelo cargo, mas por sua postura, por seus feitos, por sua vocação à melhor
gestão pública – onde a sociedade importa, ou devia importar, mais do que o
padrinho e o próprio patrão.
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Aos
que conseguirem uma vaguinha em alguma nau – que não se esqueçam: até o patrão
só o é porque a maioria do povo assim o quis. Daqui a quatro anos a sociedade
se reúne em conselho de classe e aí vamos ver com quantos paus se constroi uma
nau confiável capaz de navegar por quatro anos. A frota de Dom João VI se
dispersou numa das tempestades – mas no fim todos aportaram vivos na costa
brasileira, embora em datas diferentes. Mas depois disso a colônia nunca mais
foi a mesma! E isto que o rei era tido como medroso e indeciso. Mas provou que
‘pra burro’ não servia.