terça-feira, 16 de julho de 2019

Atlanga - Gratidão ao Aristocrático


Katiamara Badalotti, José Adelar Ody, Reno Arioli e Marcos Aurélio Castro
Crédito: Divulgação - CC



Minha gratidão à direção do Clube do Comércio (CC), na pessoa de sua dinâmica presidente, Katiamara Badalotti, pelo generoso gesto de disponibilizar a sala Piano Bar do Aristocrático CC, para lançamento do livro “Atlanga – 40 anos de emoções” no dia 13 de julho deste ano de 2019. Um ambiente agradável, sereno e aconchegante – como o foi na definição de todos os convidados que se dignaram prestigiar o evento.




  


Miguel (Goleiro de Atlântico e Ypiranga)

23 de agosto de 1953

... O Ypiranga humilha o rival em plena baixa rubra. Ypiranga 5 – Atlântico 1 e conquista e pentacampeonato. Tuta três vezes, Milton e Sabiá decretaram a goleada. Atenção... O árbitro Ney Barbosa marca pênalti para o Atlântico. Os jogadores do Ypiranga cercam o árbitro.  O centromédio Fábio Koff, do Atlântico, manda Alexandre bater. São 37 minutos da etapa final. Nada vai mudar mesmo que Alexandre marque. Mas atenção senhoras e senhores... incrível! O goleiro Miguel está subindo pelo poste da goleira. Senhoras e senhores – mas o que é isso? Miguel, inconformado com o pênalti – senta na barra superior da goleira por ele defendida. A torcida o Ypiranga delira.... vence por 5 a 0. O árbitro apita, Alexandre empurra para as redes... Inacreditável o que se vê no clássico 87 e na própria história do futebol. O goleiro se nega a defender uma penalidade e senta no travessão. Agora - 5 a 1.
Isso também fazia parte dos Atlangas. Aquele Ypiranga foi um dos maiores de todos os tempos. Relembremos: Miguel; Frainer e Celso; Plínio Parenti e Ronchetti; Marimba, Sabiá, Quinzinho, Milton Ronchetti e Tuta. Timaççao, pentacampeão citadino. Do outro lado o destaque eram Borges e Fábio Koff.


Tefili (Atacante do Atlântico)
6 de agosto de 1950

... Atlântico levanta o Torneio de Encerramento da Liga Erechinense de Futebol em seis de agosto de 1950. Vence o Atlanga por 1 a 0. Gol de Borges – onde Tefili teve participação especial para passar pelo seu marcador e encontrar Borges na entrada da grande área. Como de praxe, Borges solta uma boma e faz o único gol do clássico. Grande atuação de Tefili.


Alexandre (Atacante do Atlântico)
15 de julho de 1951

... Ele não fez nenhum dos dois gols que deram a vitória ao Atlântico no clássico 78 no dia 15 de julho de 1951. Mas ao lado do “velho Borges”, Alexandre Linkievicz, foi o grande destaque. Alexandre sempre foi temido pelos adversários. Ele estudava em Passo Fundo, quando o Gaúcho precisou de um ponteiro. Alexandre jogou e fez um gol. No quartel, em Santa Maria, a mesma coisa. O Inter local se socorreu do ponteiro. Voltando a Gaurama, um dia foi procurado por três homens de gravata. Tiraram-no da roça e o levaram para o Atlântico. Quem eram os engravatados? Eolo Arioli, Enio Fasolo e dr. Iran Sampaio. Alexandre, com seu um metro e meio, Alexandre desempregou muitos laterais atuando sempre pelo Atlântico.
Chamamos...


Milton Arioli (Atacante Atlântico)
9 de agosto de 1953

... Uma multidão lota o estádio da Montanha. É o Atlanga de número 86. Não há favoritos. Até aqui jogo, apenas 8 minutos. Mas atenção – Triangulação entre Fossatti, Toinho e Alexandre envolve a zaga do Ypiranga. A bola sobra para Milton que bate de primeira e vence o goleiro Miguel. O grande Miguel nada pode fazer. Oito minutos. Atlântico 1 a 0. Milton Arioli, da família atlantista dos Arioli, abre o marcador.


Reinaldo Gressana (Nini – Atacante do Ypiranga)
8 de junho de 1958

... Ele diz que nunca ganhou nada. Jogou no Ypiranga de 1956 a 1960. Veio de Sananduva com os pais. Jogando nos amadores do 14 de Julho, o trabalhador de frigorífico e vendedor de sapatos, mais conhecido como Nini, foi observado nada menos que pelo doutor Fernando Silveira – homem ligado ao Ypiranga. No Canarinho tomou conta da camisa 11. Em seguida, outro ypiranguista, Baltazar Sponchiado, o empregava na sua empresa. Além de participar de uma goleada contra o rival, Nini estava naquele Ypiranga que conquistou o Torneio Início de Erechim em 8 de junho de 1958 no empate de 2 a 2 na Baixada Rubra. Olha a frente do Ypiranga naquele Atlanga: Martins, Bonela, Trentim, Dirceu e Nini.


Sabiá (atacante do Atlântico e Ypiranga)
14 de outubro de 1956

... O Ypiranga se recupera de forma maiúscula dos últimos Atlangas quando foi derrotado em quatro oportunidades. Sabiá, Sabiá, Sabiá... três vezes Sabiá... Ypiranga 4, Atlântico zero em plena Baixada Rubra. O árbitro Rolfe Domingues confirma o quarto gol do Ypiranga, o terceiro do endiabrado Sabiá neste 14 de outubro de 1956. Hoje sim, o quarteto dianteiro do Ypiranga funcionou com Marimba, Sabiá, Quinzinho e Nini. Espetacular vitória do Ypiranga no clássico 93.


Ieié (Meio-campista no Ypiranga e Atlântico)
26 de junho de 1960

... No inverno de 1960 o Ypiranga precisou jogar com toda sua qualidade apenas um tempo. Aplicou 3 a zero no Atlântico no estádio do 14 de Julho. Passaram-se, portanto, 49 anos. Olha o ataque do Canarinho: Djalma, Moacyr, Ieié e Maneca. Franzino – mas de futebol imponente. No único clássico dirigido pelo radialista Idylio Segundo Badalotti, Ieié marcou o seu gol. Ieié era craque, tanto que jogou nos dois grandes de Erechim. Inesquecível atuação de Ieié no Altanga número 100, na Motanha no dia 18 de maio de 1958. Placar: 6 a 4 para o Atlântico. Ieié o Pequeno Grande Homem fez 3 gols para os diabos rubros.


Gaieski (Quarto-zagueiro do Ypiranga)
23 de julho de 1961

... O quarto-zagueiro Gaieski honrou a camisa do Ypiranga durante muitos anos. Formou dupla com diversos centrais. É bem verdade que sofreu muito com o sempre endiabrado centroavante Índio do Atlântico, mas Gaieski, em 1961, por exemplo, venceu quatro Atlangas consecutivos.
Em um deles, no dia 23 de julho, Gaieski ao lado do goleiro Osvaldo, esteve simplesmente “soberbo” conforme a crônica da época. O Atlântico de Miguel, Garcia e Noronha, Zé Carlos e Ayrton Samuel, Tomasi e Índio, imaginem só que timaço – foi goleado em plena Baixa Rubra por 4 a 0. Isso mesmo. Quem é daquele tempo acredita só vendo. Mas foi isso mesmo. Dois gols de Ênio, um de Julinho e outro do Canhão da Montanha (Dirceu), derrubaram o Galo. Na zaga Gaieski se transformou no patrão da área e ninguém pisou nela. Cham


Tomasi – (atacante do Atlântico).
15 de maio de 1962


... Um lindo domingo de maio. A Banda Marcial do Colégio Mantovani se apresentou antes do clássico. A miss brotinho de Erechim, senhorita Carmem Regina Kraemer deu o pontapé inicial do Atlanga 126.
No primeiro tempo até que o clássico foi muito parelho. Mas agora no segundo tempo parece impossível deter o verde-rubro, especialmente com sua linha de frente com destaque para o trio – Tomasi, Índio e Cardoso. Mas segue zero a zero o clássico 126. Renda espetacular de 300 mil cruzeiros. Desce outra vez o verde-rubro com Noronha, avança pela linha média e encontra Zé Carlos, que lança Índio. O centrovante passa por Danúbio, atenção, Tomasi vai entrando – recebe e... gol. Gooolll de Tomasi para o Atlântico. Ele recebeu de Índio e bateu firme, sem nenhuma chance para o goleiro Osvaldo. Atlântico 2 – Ypiranga zero. Tomasi que antes do Atlântico atuou no Aimoré ao lado do goleiro Suly (mais tarde São Paulo) Mengálvio (mais tarde – Santos) e Gilberto Andrade, entre outros craques.

Remo (Atacante do 14 de Julho e Ypiranga)
5 de novembro de 1964


... Estádio da Baixada Rubra. 15 de novembro de 1964. Clássico 139. Dois a dois é o marcador. Lá vai o Ypiranga outra vez, insistindo pelo lado direito da defesa do Atlântico. Barbosinha troca passes com Pedruca no grande círculo do gramado. A bola é lançada para Manequinha, passa por Jaburu, cruza, atenção, olha o gol – gooollll de Remo para o Ypiranga. Está desempatado do Atlanga. Remo, Remo coloca o Ypiranga outra vez na frente no Atlanga Taça Cidade de Erechim. Ypiranga 3 – Atlântico 2.


Adilson Dal Bosco – (Atacante do Atlântico)
21 de agosto de 1966

... O Atlântico quer o terceiro. Vence por 2 a 1 seu tradicional adversário. Joga bem o time verde-rubro que promove a estreia de cinco juvenis. O goleiro Daiton, os defensores Valquíria, Frizzo e Detoni e os atacantes Beto e Adilson Dal Bosco. E a bola chega a Dal Bosco, prende, espera a chegada de Tomasi... Índio também é opção, Bal Bosco avança sobre a zaga verde amarela e arrisca, forte, de fora da área para grande defesa do goleiro Badê. Faz uma boa estreia o meia Dal Bosco pelo Atlântico... neste Atlanga válido pelo Dia do Futebol – um torneio que tem ainda a participação do Tricolor da Avenida Sete, o 14 de Julho.


Pedruca (Ypiranga... e Atlântico)
11 de novembro de 1967

... 25 minutos da etapa final. Batido o escanteio, Pedruca e gollll. Pedruca, de novo de cabeça, faz 2 a 0 para o Ypiranga em plena Baixada Rubra. Encaminha-se uma grande vitória do time das cores nacionais sobre seu mais tradicional adversário. Os comandados de Altino Nascimento repetem os últimos clássicos e confirmam sua superioridade neste ano de 1967. São oito Atlangas no ano e a quinta vitória do time presidido por Oscar Abal. Pedruca – uma dos maiores artilheiros da história do Ypiranga, e para muitos, o maior número nove do clube nos seus 94 anos.


Borjão (Atlântico e Ypiranga)
20 de setembro de 1970

... 20 de setembro. Data Farroupilha. Primeiro clássico no Colosso da Lagoa neste 20 de setembro de 1970. O Ypiranga vence por 2 a zero. E quer mais... atenção... desce o Canarinho com Ariovaldo, que estende na ponta direita para Teio, Teio a Cafuringa, atenção – a bola sobra para Borjão, domina, pode bater – gol. Gooollll de Borjão. Não deu para o bom goleiro Nelson. Borjão faz também o quarto para o Ypiranga contra o tradicional rival. Há 15 dias, na preliminar de Inter e Botafogo, Celso Carpegiani, o Borjão, fez os dois primeiros gols do Ypiranga no seu majestoso estádio. O Ypiranga joga bem e no primeiro clássico aplica uma impiedosa goleada sobre o Galo verde-rubro. 45 minutos. Não há tempo para mais nada. Pode terminar senhor Elio Nepomuceno... Ypiranga 4 – Atlântico 1.


Mano – (Atacante do Atlântico)
1974


...13 de novembro de 1974. Colosso da Lagoa. Mais um Atlanga na vida de todos nós. Atenção – desce o Atlântico de Odir que encontra Juarez. Juarez pisa na bola, evita Paulo Ferro, lança para Mano, atenção, Mano vai marcar, bate, bate, bate... no poste... a bola volta em diagonal para o meio da área, Marioti entra, se passa da bola... salva Cuca para o Ypiranga. Incrível. A bola deu no poste e não entrou. Permanece zero a zero o clássico Atlanga 164. Mano realmente está de azar, no clássico passado, quando marcou, o árbitro anulou o seu gol.... Opa. O que houve – diga Natalino Ceni? Jogaram uma pedra para dentro do gramado. Lamentável. Atingido na cabeça o bandeirinha. Mas que barbaridade. Jogo parado... Clássico é clássico. Ninguém quer perder....


Mugica – (Zagueiro do Ypiranga)
23 de novembro de 1975

... O Atlântico ainda tenta ao menos seu gol de honra. Odir troca passes com Laerte, a bola chega a Luiz Freire... busca uma tabela com Darci – mas intercepta o zagueirão Mugica, soberano neste Atlanga. Aliás, aonde vai parar esse Ypiranga com a zaga que possui... vejam os senhores: Jurandir no gol e olhem bem a linha de quatro zagueiros: Joubert, Mugica, Cuca e Cito... Não perde, não perde este time com uma retaguarda dessas. 23 de novembro de 1975, Colosso da Lagoa – Ypiranga 2 a 0 sobre o Atlântico.


Adão (lateral esquerdo do Atlântico)
25 de novembro de 1976

... O Atlântico se impõe em pleno Colosso da Lagoa. Joga melhor – mas a primeira etapa finaliza empatada em 1 gol. Começa a segundo tempo. O Ypiranga tenta pelos lados do campo com Zezinho, Zezinho troca passes com Lambari, Lambari a Rosalino – a defensiva do Galo está bem postada. Rosalino avança, tenta... mas é desarmado por Adão que faz grande partida, seguro como toda a defensiva do Galo... O Atlanga 173 acaba 3 a 1 para o Atlântico.(Este seria também o último Atlanga oficial –Foram jogados mais dois em 1981, mas com equipes semi-profissionais).




David Vicenzi (Técnico do Atlântico)
8 de outubro de 1981

....Termina o clássico 175. Com equipes semi-profissionais, acaba empatado mais um Atlanga. Vitor abriu o marcador para o Atlântico cobrando pênalti, e Sachet, empatou para o Ypiranga. É mais uma partida pelo Campeonato Regional Cinqüentenário de Carazinho. A chuva tirou boa parte dos torcedores. Partida equilibrada com uma leve supremacia para os comandados de David Vicenzi, técnico do Atlântico.



Uma homenagem especial aos familiares dos atletas, dirigentes e funcionários, Noronha, Índio, Ronchetti, Mariotti, Barbieri, Piavetta, Manequinha, Zico, Lewis Caron, Zanellinha, Oscar Abal, Véio Gravi, Odir, José Viero, João Vitorino dos Reis (os dois primeiros presidente de Atlântico e Ypiranga), Gatão, Rosalino, Valdir, Maroca, Alcides Sonda, Lambari, Euclides Antonio Tramontini, Chiquinho, Paulo Ferro, Charuto, Amorim, Butiaco, Domingos Donida Filho, Téio, Withé, Cito, Cardoso, José Mandelli Filho, Jango, Alteu, Arioli, João Dal Prá, Calliari, Helenilton, Morganti, Massignann, Plínio, Zé Carlos, Wilson Pilenghi, Luiz Freire, Frainer, Marimba, Gladstone Mársico, Lauro, Maneco, Carlinhos, Luciano Tedesco, Altair Santolin, Fossatti, Lindomar, Magri, Helly Parenti, Joubert, Daniel Cieslak, Rico, Alvin, Bino, Eurides Tonin, Bira, Frizzo, Milton Doninelli, Meia Noite, Tefili, Idylio Segundo Badalotti, Alcino, Flávio Zanardo, Uri Grando, Quinzinho, Ieié, Fábio André Koff, Borjão, Chinês, Garcia, Rodo, Assis, Danúbio, Tiassa, Dirceu, Chico Pungan, Chiochet, Cuca, Sebastião, Banana, Elésio Passuello, goleiro Waldemar, Estevam Carraro, o grande goleiro Miguel que atuou nas duas equipes em sua carreira profissional e até hoje é considerado o maior goleiro de Erechim. Um reconhecimento àquele que é considerado o maior jogador formado em Erechim nos seus 100 anos: Hermínio Carpegiani, o “Velho Borges”, no dizer de Fábio Koff  “o maior de todos”. Em 20 de julho de 1947 o Atlântico aplicou 4 a 1 no seu tradicional adversário em plena Montanha. Borges fez dois no primeiro tempo e mais dois no segundo. A Voz da Serra destacava os quatro gols de Borges como um “fato inédito no Grenal Erechinense”. Enfim, parabéns a todos os atores e seus familiares que fizeram e testemunharam este pedaço da história de Erechim – 100 anos.