‘Minhas
saudações secretário.
Não
o conheci, pois quando vossa excelência deixava as fraldas para virar animador
de manifestações fechando ruas, avenidas, BRs e bancos em Erechim, obrigando quem
precisava deixar os filhos na escola e ir trabalhar, naqueles tempos (o que
houve com aquelas ações táticas?), eu que tinha tirado uns dias de férias, fui
chamado – contra minha vontade -, a residir no céu, no bairro Erechim, onde só
encontrei amigos. Aqui, todos os dias chegam conterrâneos, até de madrugada,
batendo à nossa porta!
De
outra sorte ou azar o senhor, se ouviu falar em mim, não estranharia se fosse
apanhado em pleno sono conjugando minhas posturas como conservadoras. Aliás,
eis outra coisa da qual olhando Aqui De Cima, cada vez me arrependo menos,
observando o panorama que se instala no nosso país desde 2003. Veja o Lula em
Portugal! Qualquer dúvida dê uma Pasadena na história que vem sendo escrita e,
talvez cheguemos a conclusões parecidas se ambos nos desvestirmos de interesses que o Brizola ainda
denuncia.
Secretário
- temos algo em comum: fui secretário de administração e tive a honra de ser
prefeito. Segundo alguns, mandei tanto quanto o Eloi (Zanella), do qual seria
mentor político na alvorada de 1972. Hoje, vossa excelência tem
responsabilidades. Exerça-as, porque quando voltares à planície dos que não tem
poder, as sombras dos seus feitos, dos seus não feitos e, de eventual malfeito,
lhe perseguirão noite e dia.
E,
como é certo que um dia tudo será passado – veja o meu caso, o do Jango e o
Kruel, seu compadre e, que o deixou na mão de 1964... Agora a bola está com o
senhor. Se o prefeito ou a vice-prefeita não falam sobre asfalto que vem sendo
usado para tapar buracos, faça-o o senhor!
No
começo dos anos 1980 fui eleito prefeito. Mostrando todo meu conservadorismo
ajudei a asfaltar os 10 km
de Erechim a Barão de Cotegipe. Depois, por mérito ao distrito de Três Arroios
mandei asfaltar da BR 153 até a porta do Hospital São Leonardo. Não tínhamos o
alinhamento que o governo de vossa excelência tem hoje, por isso fizemos com
recursos próprios.
Morri
em carne – mas tenho olhos, secretário e, vejo as obras do prefeito e da
vice-prefeita. Reconheço-as. Alinhamento, emendas e Orçamento Participativo,
respeito. Sou conservador secretário e talvez não me compreenda. Nem os seus.
Venho de um período onde os eleitos sabiam que o foram não para servir rúcula
com cebola em mesas cheias de votos, mas para servir ao povo oferecendo
serviços de qualidade. Eleito por uns, representante de todos e, que assim
fosse ‘duela a quem duela’. Falando no autor do epitáfio político, com quem tem
andado o considerado em
Palácios D ’Estrela!?
Meu
caro secretário de Obras!
Noves
fora o compadrio de sacerdotes canhotos que 2014 anos depois ainda traem a
verdadeira obra de Cristo quando por aí esteve, vendo com os próprios olhos e
sentindo na carne o que se pregava e se fazia nas sinagogas do seu tempo – pois,
noves fora essa corrente à qual vossa excelência se associou a pastorais
oportunistas em meio à gente de boa fé, porém desinformada e pior que isso, mal
informada, vossa excelência alçou-se pregador de uma boa-nova à qual viraram as
costas assim que botaram a mão no poder; pois – secretário, voltando, leve o
assunto ao senhor prefeito Paulo Alfredo Polis e à excelentíssima senhora
vice-prefeita, Ana Lúcia de Oliveira, para o discuti-lo com o fito de corrigir
o que está errado – certamente não por má fé, mas por... sabe-se lá por quê!
Não
tenho a fórmula do asfalto da BR 153 até Três Arroios. Se não engano quem mexeu
naquela massa foi o querido dr. Julio (Zanella),. No mínimo ele saberia
informar quem foi o autor. Naquela obra explodimos rochas e mais rochas até a
entrada do hospital. Imagino o que a competente assessoria de imprensa do
‘alcaide’ não escreveria se presenciasse a obra que eu, modestamente, liderei.
O meu nome estava em jogo. Eu
era mesmo um conservador, não lhe parece!? Tínhamos no conceito de história –
um valor. O dr. Firmino (Girardello), outro do qual talvez vossa excelência
nunca ouviu falar, foi um dos líderes de uma obrinha, a ERS 135, a mesma onde hoje em
dia, governos populares não conseguem nem implantar um mísero trevo... Mas,
enfim, talvez seja só uma questão de conceito!
Senhor
secretário!
Apelo
em nome dos que aqui fazem coro, pela singela razão de que nunca antes na
história desta cidade, nem nos tempos das mulas soltas no Mato da Comissão,
falou-se tanto em ruas e avenidas tão esburacadas, tão ardilosas, tão
maltratadas como se dá depois das tais operações tapa-buracos.
Sei
que não pensam assim e a prova da boa-aceitação está na lavada eleitoral.
Mas, até eleições que levam ao poder, têm nuances que até os infernos mais
aquecidos desconhecem, porquanto acobertam, não raras vezes, assuntos de
qualidade. A única coisa que posso assegurar é que as pessoas de senso sabem
que as veias e as artérias da nossa cidade, hoje, são uma piada não fossem uma
tragédia autorizada pela caneta em uso.
Senhor
secretário – aja!
Faça
de conta que seus patrões conduzem o ‘rebanho’ para frente dos bancos,
imobilizando o trânsito (Meu Deus que ironia – e vossa excelência agora em
cargo para dar mobilidade ao trânsito... não seria uma doce vingança!?), pois,
excelência, faça de conta que estão de volta aqueles dias de gaita e violão, de
gritos e berros contra quem em governo e, agora, com o poder – governe. Isso –
governe!
No
mais, diga ao senhor prefeito e a senhora vice-prefeita que a despeito das
nossas diferenças políticas aí, que no fundo sei nem são tão grandes assim -
estamos torcendo pelo melhor, até por que aqui somos todos do mesmo partido: do
Frizzo ao Matté, do Jocelito ao Pinguinho, da Carlinda à Maria de Lourdes, do
Grasel ao Chitollina, do Frey ao Gollin, do Helly ao padre Tarcísio que chegou
esses dias, do Nicolini ao Maccagninni.
Uma
última coisa. Da próxima vez em que vossa excelência estiver presente em um
evento oficial, como nos 95 anos da Accie, quando tocar o Hino Rio-Grandense,
por favor, fique como quiser, menos com as duas onde as colocaste. Tire-as do
bolso antes que alguém mais o flagre, porque do contrário, nossas façanhas se
envergonharão, porquanto, sentir-se-ão desmerecidas em servir de modelo. Dom
Balduíno (seu ídolo da Pastoral da Terra que aportou esses dias), ficou
vermelho quando viu a cena. No mais, não se enerve. De mim também diziam
maledicências. Até o nosso interlocutor cometeu suas gafes – aquele Odyyy duma...
Pelo que sei parece que vem mudando! Eu nem liguei e me concentrei na missão.
Portanto - não se esqueça do miolo desta missiva: o asfalto secretário. O
asfalto que fecha hoje e abre amanhã. Ele corta pneus, entorta rodas,
quebra molas e, n’alguns casos, até pode trincar carreiras políticas. Cuidado - pois!
Um
dia, quando fores convocado para residir entre nós, nos veremos pessoalmente.
Traga o violão. Também gostamos de cantar e descontrair. Verdade que não temos
bancos pra fechar e nem trânsito pra infernizar – mas que diabos, isto jamais
iria acontecer mesmo, afinal, vossa excelência não é o homem da mobilidade
urbana!?
Um
abraço ao Arlindo (Madalozzo).
Saudações
eternas,
Jayme
Luiz Lago’.
PS
– Chega-nos a notícia que o interlocutor esteve com o prefeito e que sua
excelência garantiu que não vale a pena fazer dívida de R$ 20 milhões para o asfalto.
Melhor ir aos poucos e como eu fiz: com recursos próprios. Diga-lhe que
concordamos PT – Saudações!