quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Cidade ganha Largo Hermínio Carpegiani




 Paulo César e Celso (Borjão) Carpegiani

Uma solenidade simples, porém carregada de emoção, marcou neste 18 de dezembro a inauguração do “Largo Hermínio Carpegiani – Velho Borges”. Trata-se do maior jogador de futebol da história de 100 anos de Erechim, que correu pelos gramados da cidade sempre vestindo a camisa vermelha e verde do Atlântico. A placa incrustada em uma pedra está na avenida Sete de Setembro esquina com Distrito Federal. 
Cézar Caldart, Marcos Lando, Carpegiani, Julio Brondani, Flávio Zanardo, Renan Soccol, Borjão e Abelar Menegati
  

Na oportunidade falaram o vice-prefeito Marcos Lando, o representante da presidência da Câmara de Vereadores, Mario Rossi, o proponente do projeto de lei Legislativo, vereador Renan Soccol e os filhos de Hermínio, Celso Carpegiani (Borjão) e Paulo César Carpegiani.


Paulo Cesar a esposa Zeni e Borjão com a esposa Neusa
  

Paulo César, Renan e Borjão

O evento foi prestigiado pelas esposas de Celso e Paulo César, por outros vereadores, pelo presidente do C.E.R. Atlântico, Julio Brondani, ex-presidentes do mesmo clube, ex-atletas que atuaram com o homenageado, outros familiares dos Carpegiani na cidade e amigos dos irmãos Borjão e Paulo César, que seguiram as pegadas do pai homenageado. Ambos emocionaram-se quando do descerramento da placa e no momento de seus pronunciamentos, revelando um traço em comum da família, que além de produzir craques, sente no fundo da alma a saudade do pai e a reverência ao ídolo que vários atlantistas reviveram neste 18 de dezembro, mais uma vez – por Hermínio Carpegiani – Velho Borges.

Vereadores que prestigiaram o evento com os familiares dos Carpegiani.


A História do Homenageado

Hermínio Carpegiani - Velho Borges


Nascido em Flores da Cunha veio trazido pelo Plácido Dal Zot em 1942. Viera para trabalhar
na fábrica de camas do empresário/dirigente e assumir a centroavância do Atlântico.

Vestiu a camisa verde-rubra de 1942 a 1958 onde foi campeão de Erechim em 1942, 43, 44, 46, 47,48, 54, 55, 56 e 57. Regionais de 1942, 48, 54, 58. E estadual, vice campeão em 1948 e 1954.

Borges – que ninguém nunca soube explicar a que se devia tal nome de guerra dentro do futebol, uma vez que seus pares o chamavam de Grilo, pois o Borges constituiu família em Erechim. Casou-se com Leda Lacy com quem teve quatro filhos: Celso (Borjão), Paulo César,
Tânia e Edson. Fui colega de Científico da Tânia lá no Mantovani. Casou-se com o meio
campista Roberto que esteve no Ypiranga e Gaúcho e deu ao futebol o filho Juca do
Botafogo.

A família de Borges, que assina Carpegianni; desenvolveu-se com talento, conjugando respeito, tranqüilidade e admiração no seio de Erechim. O pai era famoso, e os filhos prometiam no campinho do Medianeira e no salão pelo Meca. Era bonito – e um dia isto seria honroso – poder ver e poder dizer que viu aquela família jogar futebol.

III

Borges jogou 65 clássicos Atlangas. Todos pelo Atlântico – seu único time. Foram 12 empates,
19 derrotas e 34 vitórias. Incrivelmente – uma descoberta espetacular: fez 31 gols como o
Índio.

Hoje em dia, nove anos depois que meu pai Alberto se foi, e quando a saudade me retira por
instantes das lidas rotineiras da vida, me consolo, incrivelmente, porque sei que meu pai viu jogar, e pelo time do seu coração, um dos jogadores mais espetaculares que o futebol produziu.

Não é preciso aqui falar da extraordinária carreira, enquanto jogador de futebol, escrita por Paulo César Carpegianni. O próprio Borjão (Celso) foi um ótimo meia ponta de lança (quando os times tinham essa figura) e Borjão era o cara da posição. Mas ambos foram, sobremaneira, uma extensão do pai, do jogador de exceção, extensão do velho Borges. Quem nunca ouviu: ‘o velho jogava mais que os dois juntos!’.

Sempre acreditei que na vida, os fora de série, em qualquer segmento não o são por loteria ou
caridade, mas que por trás do brilho, da classe, da exceção, da quase mitologia está uma dura
entrega ao exercício e ao treino, e um altíssimo grau de exigência para consigo mesmo.

Paulo César e Borjão


IV
Uma tarde de outono, quando o cheiro das uvas-japão amassadas junto ao chão úmido vinha forte desde o fundo da goleira ‘de cima’ da Baixada Rubra (oposta ao Mantovani), lembro como se fosse hoje da figura respeitável e admirável que todos nutriam pelo velho Borges.
Ele estava sentado com as nádegas sobre um dos pés e a outra perna alongava-se solta e comprida pela grama do barranquinho que levava à copa junto às bochas e bolão da Baixada.
Tinha uma haste longa de grama entre os dentes e seus olhos marcavam dentro do campo. Se não me engano, eram os juvenis do Atlântico contra o time de cima, e entre os garotos, reluzia o talento de um menino chamado Paulinho.
Era provavelmente início dos anos 60. A gurizada tinha seus 13 a 15 anos – no máximo, no máximo. De repente, o Paulinho apanhou uma bola, botou sob seu controle de pernas e pés como quem apanha e afaga entre as mãos uma bola de pinhão. Paulinho vinha limpando um, dois, três... e o velho Borges ergueu seu bigodinho e sua voz: ‘bate, bate, bateeee guri!’. O guri não bateu. Paulinho fez o que mais gostava. Descobriu o ponteiro entrando atrás da zaga e largou o atacante na cara do gol.
Até hoje ouço os gritos do mestre: ‘bate, bate, bate!’, e um ‘não joooooga naaaada!’. Claro que o ‘velho Borges’ sabia que seu filho, o Paulinho, um dia seria um craque extraordinário. Mas ele queria ver o guri batendo e fazendo gol. Como ele.
V
No último dia 31 de maio, despediu-se o ‘velho Borges’. No CER Atlântico a bandeira ficou a meio mastro. Feliz de quem pode testemunhar o seu notável talento. Apagou-se a luz mais forte do futebol erechinense, embora sua intensidade permaneça na história e à beira do campo com a presença do ‘guri’ que há 45 anos teve de ouvir um ‘não joga naaaaaaaaaada!’.

Paulo, Borges, Borjão e Tisso.




A praça é a liberdade. A amizade. Lá as crianças brincam, os adolescentes namoram, os casais deixam a rotina. A praça é um espaço de vida. Se o meu pai, Alberto, virou nome de rua, e com justiça; talvez a cidade deva retribuir ao ‘velho Borges’ uma linda praça com o nome deste notável jogador de futebol que orgulha a cidade de todos nós. Agora, finalmente, a reverência ao maior atletas que correu pelos gramados de Campo Pequeno tem um belo espaço sacramentado em lei e em placa. Parabéns a todos os envolvidos nessa história que faz justiça a um dos grandes personagens de Erechim.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Tempo de lavar a casa



Gotejamento, Molhado, Gota De Água

I

Não há no ano inteiro, período de maior renovação do que este de princípio de fim de ano.
Nem mesmo a Páscoa, que é um ressuscitar, um renascer, um nascer de novo – supera este tempo de motivos natalinos.
À bem da verdade são eventos distintos: na Páscoa vem um baixo astral com a paixão e morte de Cristo, que renasce na Páscoa, mas aí o Coelhinho comercial ainda fala mais alto. Uma pena.
No fim de ano – o nascimento de Cristo ainda encanta as crianças, mas Papai Noel parece superar o coelho comercial.

II

Na verdade são três eventos básicos, que podem ser juntados em um só, que nos levam a fazer um balanço de vida interna e externa: o fim do ano, o Natal (nascimento de Cristo) e o ano novo.

 III

O que fizemos, o que deixamos de fazer, o que almejamos, o que esperamos, o que nos prometemos fazer no ano que chega, as esperanças que se foram, as esperanças que se renovam – tudo nos vêm à cabeça e aí não há castas.

IV

Quando a gente tinha lá os seus 7, seus 9, seus 11 anos – quem hoje tem seus 45 ou 50 ou ainda 60, 70 ou mais de 80 anos -, sabe que aquele tempo era também um tempo de fazer vários tipos de limpeza e de faxinas.

V

Quantos homens e rapazotes, quantas mulheres adolescentes e crianças se uniam em mutirão naqueles distantes fins-de-ano para faxinar.

VI

Quem não atendeu à porta um par de homens com escadas às costas oferecendo seus préstimos para lavar a casa?

VII

- Aiaiaiaiai, já tá tezembro e ainda não madêmo lavá o casa. Onde já se viu uma coisa déééésstas. Os vizinho já lavaram na semána passada e nós nem têmo um em vista. Hoje tu vai falá com aquele que lavô o casa ano retrasado. Será que ele ainda móra ali atrás do cemitério? Ô será que ele mora dentro!?

 VIII

- Primero tem que vê quánto custa. São capaiz de bedi R$ 500 pra lavar... e só por fóra!

IX

- Nón! Mais que R$ 300 ô R$ 500 não vámo bagá! Isso hoje em tia vai ligero pra lavar um casa. E vem água boa e bástande pela tornera... Com tudas estas chuva! E em tois dia láva tudo.

X

- E por dentro, já tá cerdo. Vámo lavá nóis mesmo. Toto mundo ajuda e também limbemo por dentro.

XI

Discussão sobre preço - pede aqui, chora ali, recua lá e mãos à obra. Escadas, mangueiras, sabão, esponjas, sobe, desce, cuidado para não cair, cuidado pra não quebrar as telhas, cuidado com o fio, não te agarra na antena da TV, sol, ameaça de chuva, chuva, raio, trovão, vento, desce, a água tá fraca, a água não chega, abre mais a torneira, um ‘pretume’, um limo que desce pelas paredes... As tábuas vão ficando branquinhas, novas, escovão, arreda as camas, os bidês ou seriam criados-mudos, o guarda-roupa, sobe na cadeira, sobe na mesa, jornal, papelão, sabão, ai que dor na nuca, ai não aguento mais o braço levantado, a água escorrendo pelo braço, pelo cotovelo, pelo antebraço, a água entrando nas axilas, ai, ai, a camisa molhada, a calça molhada, cuidado pra não pisar em cima do sabão, nossa que lambuzeira, limpa também o fio da luz, o bico, digo, a lâmpada, credo – quanta sujeira de mosca... é por isso que a luz era fraca!? Vamo pará que é quase meio dia! De tarde vâmo begá a sala e amanhám de manhám a cozinha e o pánhero. Credo – em cima do focom tá pura banha!

XII

- Precisava quase bintá outra vez, má fica pro áno que vem. Assim com uma poa lavada já muda bástande. Se não ficá nova; má tamém nem parece mais que é a mesma.

 XIII

- Más é mesmo. Pra ficá pem pom – uma móm de tinda precisava canhá! Iiia ficá que nem nôôôvo entóm!

IXV

O pó de um ano inteiro, a chuva em cima do pó, as manchas, o frio, a neblina, o sol de rachar, as noites, a sombra, a umidade – tudo surrando a casa de tábuas por um ano inteiro.

XV

É fim de ano, é Natal, é o alvorecer de um novo ano, é a esperança de banho tomado e roupa limpa e nova. E é tempo de lavar a casa, por dentro e por fora.

XVI

Por acaso, a última morada também (os túmulos) não ganham uma faxina em um ano – uma vez!?
O hábito da limpeza.
É a força da tradição.
É o instinto de não se entregar nunca, e sempre, sempre sonhar.
É a vocação das esperanças renovadas.
E neste mutirão da limpeza é onde residia, também, o sentido prático e vivo de família simples, porém, uma.


XVII


O Brasil se precipita para mais um fim de ano poucas vezes visto na sua história. De 2015 para cá tem sido meio assim. Pena a cegueira do Congresso para as demandas que não podem mais esperar. Vejam a desidratação que promoveram no projeto anticrime do ministro Sérgio Moro. Um acinte às pessoas de bem. Um totem ao atraso. Um Papai Noel bonachão a quem podem defender-se até o fim dos tempos, praticamente.

XVIII

A sujeira que Judiciário, Ministério Público e a Polícia Federal vêm revelando ao país, envergonha e enoja. E aqui não se fala da cor da casa, de bandeiras, de partidos – mas da Nação, do país, da Pátria, do Brasil.

XIX

E assim como a memória reaviva uma tradição que havia de se lavar a casa nestes tempos de fim de ano, queira Deus, e a sociedade brasileira, que a limpeza que as instituições judiciais e policiais vêm provendo, também não se deixe arrefecer e firme-se como um hábito, uma rotina, uma tradição nacional.

XX

Que este assunto de domínio nacional, escancarando a podridão ‘made in Brazil’ em diferentes instâncias, catapulte o país para um novo alvorecer, deixando claro a todos os que fazem a Nação – a certeza de que a Polícia Federal e as policias estaduais, o Ministério Federal e os estaduais, a justiça desde a Comarca mais modesta ao Supremo Tribunal Federal estão muito vivos, atentos e atuantes para fazer do nosso país um novo Brasil.


XXI

É tempo de lavar a casa.
Por dentro e por fora.
É tempo de limpar o Brasil.
Por dentro e por fora.
Abominável a sujeira.
Adorável a limpeza.
Chegou a hora.
É hoje.
É agora!


PS - Minha mãe Melita, mandou lavar sua casa na semana passada. E ficou como sempre fica nessa época. Limpinha. Saudades dos tempos em que ajudava. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Academia de Letras encerra ano com show






Membros AEL

Foi, muito provavelmente, a reunião mais completa de 2019 da Academia Erechinense de Letras (AEL). Noite de terça-feira, 20h. A começar pelo local. O salão do Del Prete – C.E.R. Atlântico. E, além dos confrades e confreiras presentes, familiares seus e, a presença simplesmente emocionante de três membros dos Monarcas – Varguinhas, Tiago e o “pai” do grupo – Gildinho. Aliás, como faz bem à Academia Erechinense de Letras e, por que não, também de artes, poder contar com o talento mais afamado da música erechinense. De quebra, também presente, outro “monstro” da nossa música, mas dedilhando em outro gênero, o não menos talentoso no seu ofício, Arnaldo Savegnago, que já andou mostrando sua arte além mar – assim como Gildinho e o seu “Os Monarcas”, como disse, o selo mais conhecido da música de Campo Pequeno.

A reunião contou com uma minuciosa apresentação das atividades da AEL pela presidente, Elcemina Lúcia Balvedi Pagliosa. Quando se coloca tudo no papel, tintim por tintim, deparamo-nos com um respeitável mosaico de iniciativas, representações, presenças, atuações e ações da entidade, quer seja por um ou mais de um dos seus membros. 
 
Helena e Lúcia
Coube a primeira presidente da Academia, Helena Confortin, surpreender a todos, com a apresentação de um livreto devidamente encadernado com uma capa leve e bonita, onde consta a história da entidade, desde a sugestão de criá-la até os dias de hoje – pisando, por exigência pessoal graças à meticulosa e quase obsessiva organização da autora Helena, - registrando todos os atos e documentos legais originados a partir da fundação, do surgimento e da caminhada da Academia Erechinense de Letras. Quem conhece a Helena pode imaginar que nada, rigorosamente nada, passou despercebido nesse trabalho notável de registro histórico. Até quando a AEL estará de pé entre nós não se sabe, mas por certo, quem vir e continuar inspirando e respirando e, fazendo bater o coração da Academia Erechinense de Letras, encontrará seu registro de nascimento e todos os passos de vida dados de 2014 a 2018/2019.   

 
Varguinhas, Gildinho e Tiago de "Os Monarcas".
Para encerrar a noite e o ano da AEL, um jantar à altura da cozinha do C.E.R. Atlântico e um verdadeiro show capitaneado por Gildinho e seus acompanhantes dos Monarcas – Tiago e o talentosíssimo Varguinhas. Confesso na minha intimidade, de joelhos, e ao pé de todos os confessionários públicos, que não posso me incluir entre os que têm na música fandangueira a sua preferência primeira em gosto musical, mas o show proporcionado pelo trio dos Monarcas – talvez por ter sido algo mais intimista e mais próximo de todos nós -, foi alguma coisa que levarei para sempre como arte musical poucas vezes vista antes, ao menos tão de perto. E aí destaque-se a criatividade,a poesia e a beleza das letras, por vezes propositalmente bem rimadas e, embaladas por uma melodia que por instantes pareceu fugir ao fandango tão tradicional, e apreciado, do maior grupo musical de Erechim e, no seu gênero, talvez, hoje; o melhor do Brasil.
 
Dr. Alcídes e Lúcia - vice-presidente e presidente da AEL.
 
Neusa, Ortenila, Nelly e sua filha Vivien (na primeira fila).
A Academia Erechinense de Letras tem apenas cinco anos. Já lamentou a perda de alguns de seus membros. Convive com mazelas como, de ausências em suas reuniões e eventos, algumas perfeitamente compreensíveis e outras sem justificativas à altura dos propósitos e da distinção com que todos os seus membros, um dia, mereceram ao serem acolhidos, enquanto tantos outros sonham em serem convidados e acolhidos. Pelo sim ou pelo não – a tendência é que o tempo se encarregue de ir depurando tudo aquilo que pode ser melhor. E, convenhamos, não é uma exclusividade da AEL. Porém, de uma coisa Erechim pode se orgulhar porque nem todas as cidades do nosso porte possuem um entidade com tais fins: a Academia Erechinense de Letras está firme e forte. Não vira as costas às iniciativas culturais, quando não, pode ser identificada na vanguarda, na primeira fila da preservação, divulgação e, da criação de eventos, atos e obras que projetam Erechim no espaço cultural. Arnaldo Savegnago na Europa e Gildinho nos Estados Unidos - apenas, dois exemplos. Ambos, membros da Academia Erechinense de Letras por suas obras em poesia, embaladas por melodias.


Ademir,Lúcia,Ana

      


Fotos: Zeni Bearzi/Divulgação 

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Uma tarde de 22 de novembro de 1963



  Eu não sei se a Alba Albarello ainda morava na ponta debaixo do Atlântico, com sua mãe e seu irmão. Acho que não – mas era ali no canto debaixo da cerca que eu pulava para dentro do estádio. Era na junção de onde é o Mantovani com a Atlântico – na rua da frente para o centro da cidade. Ok!

II
Um ótimo lugar para pular a cerca era no lote que a partir de 1964 seria do Mantovani. Tinha já os lugarzinhos certos para botar o pé direito, depois o esquerdo, segurar com mãos e fazer o giro por cima. Colocar um pé no outro lado... ‘tuummm’ – e sair correndo para cima do barranco até o nível do campo quase atrás da goleira ‘debaixo’ do Atlântico. (quem atacava contra a goleira do Mantovani – chutava para baixo...(!)).

III
Quando eu chegava era 1h15min ou no máximo 1h30min. Em poucos minutos a turma que morava nas redondezas do Atlântico se juntava: Jorge, Ademir, Facão (João Cláudio Fachini), Malo, Vitoldo, Bruno, Zeca, Ivo, Rogério, Zé Pirulito, Carlinhos, Alemão (Valdir Nunhoffer), Theco, Pedrinho, os Dufloth, Toca, Nelsinho, Anilson, Toninho Dal Prá, Otaviano, Paulinho Madalozzo, Mingo... Até o Jacaré  aparecia de vez em quando.

IV
Os dois melhores – às vezes eram os irmãos Jorge e Ademir -, ou então Jorge e Zeca, ou Zeca e Ademir, ou ainda, Anilson e Zeca -, tiravam par ou ímpar e escolhiam os times. Cada um escolhia um e assim as forças de equilibravam.
Este foi um dos primeiros mais transparentes conceitos e, método prático de exercício de justiça, que conheci. Não havia, nunca, a possibilidade de um grupo ser império e o outro vassalo.

V
O equilíbrio das forças mantinha acesa a chama de disputa pau a pau e a expectativa de resultado imprevisível. Também foi por este sistema que descobri que no futebol, quando as forças se equivalem, o ‘momento’ e a inspiração podem desequilibrar. Quem estivesse num dia melhor – mais chances tinha.

VI
Num canto do imenso campo do Atlântico (quanto a gente têm 10 ou 11 anos os campos sempre são imensos), onde a sombra batia mais cedo – lá joguei minhas melhores partidas e lá, vi os melhores jogadores de bola desta vida.
Errar passe era coisa que acontecia em semanas. ‘Janelinhas’ e tabelas, gols por cobertura e ‘entrar com bola e tudo’ – eram da rotina. 
Craques de pé no chão na melhor acepção do termo – era a maioria.

VII
Nos clássicos diários de 10 vira – 20 ganha, a paridade das forças fazia a partida se espichar.
Quando o intervalo era alcançado com um dos times batendo nos 10 gols - o couro do lombo estava curtido. As costas ardiam e os peitos dos pés estavam inchados e tomados de um vermelhão só, de tanto receber, dominar, tocar, passar e bater.

VIII
A bica da concentração de madeira do Atlântico reunia os dois times em sua volta. Foi a melhor água de matar sede que já tomei.
E pegar com as duas mãos uma ‘concha’ daquela dádiva, e com ela apagar o fogo do rosto e dos ombros – então, nem se fala.

IX
Quando os fôlegos estavam de novo tranquilos, e a brisa embalada pelos eucaliptos ameaçava com um arzinho frio as costas descansadas e surpresas com a sombra – era hora de recontar os gols e voltar para o segundo tempo: - 10 a 6... – Ué, 10 a 6! Já tão querendo roubá! 10 a 8... 10 a 8! Vocês só contam os de vocês. Tu não viu aquela hora que o Ademir tocou a bola e... Aquele tu não conta né...! – Tá bom... 10 a 8.  

X
Aquele era um bom dia para se jogar dentro do campo do Atlântico – usando um das laterais. Sim, porque era quarta, dia de preparação física do Atlântico. E como não era dia de coletivo – sobrava campo para nós. Mesmo assim, até antes da física do Índio, do Huga, do Noronha, do Popy e do Tomasi, a gente se ‘matava’ como numa decisão – no campinho de terra lá atrás da arquibancada dos visitantes, onde hoje é a passagem interna, o corredor no parque do Galo.

XI
O equilíbrio dos times levaria a partida tarde afora.
Se por acaso um deles disparasse – se faria outra mais tarde -, mas isto era difícil. A tarde estava garantida.
Como devia ser tranquilizador para quem era pai naquele tempo. Sim! – porque os filhos com certeza estavam em lugar certo e sabido: dentro do campo do Atlântico jogando bola. Até que a noite mandasse o dia, e nós, embora.

XII
Naquele tarde, porém, minha mãe me chamava da porta da casa, aos gritos, e eram recém 3 horas. O sol era quase um raio contínuo.
Dei de mão ‘numa das goleiras do campinho’ e peguei minha camisa. Um papelzinho de bala coloquei para re-sinalizar ‘a goleira’ que tinha desmanchado e desci o barranco correndo. Botei o pé no buraco da cerca sem olhar, passei a perna por cima, o pé no outro lado e ‘tuummm’. Mais 100 metros e estava em casa. – Vai avisá o pai que mataram o Kennedy, disse ela com ar de pavor – O que? Quem?...

XIII
Saí correndo pela Jerônimo Teixeira e depois pela Nelson Ehlers e só parei na alfaitaria do meu pai – na Nelson Ehlers, 168, ao lado do Samdu. – Mataram o Kennedy, mataram o Kennedy, disse para ele sem fazer a mínima ideia do que estava falando.
Logo, dois ou três fregueses permanentes do  chimarrão, um deles era o pai do dr. Célio Fahl; pois, aqueles homens bonachões que sabem contar histórias como ninguém – com os olhos arregalados saltaram: - O Kennedy! Mataram o Kennedy!? - e levantaram o volume do rádio Semp à luz e, aí sim, é que a conversa embalou.

XIV
De noite, na janta que não era janta - mas café, havia um ar de velório à mesa. Tinham matado o Kennedy – e eu estava com a impressão que tinham matado um parente.
O ‘mundo lá de casa’ parecia que tinha chegado ao fim, como sempre alguém já naqueles distantes anos – ameaçava e prometia.
Tive a nítida impressão que a nossa vida, que o mundo enfim, dali para a frente não seria mais o  mesmo, pois afinal, John Fitzgerald Kennedy, presidente do EUA tinha sido morto a tiros em Dallas.

XV

Cinquenta e seis anos depois – nosso novo presidente ao sair do Brasil, o primeiro que foi ver, é americano.
Cinquenta e seis anos depois – nossa submissão é igual.
Cinquenta e seis anos depois, estamos quase na rabeira do mundo em matemática, ciências e leitura.
22 de novembro de 1963.
22 de novembro de 2019.
E para que não digam que só vivo de passado, direi que há sim uma mudança substancial nessa história: hoje não há mais cercas de madeira com buraco na altura certa pra pé cego, para pular no Atlântico; e nem tem mais campinho de terra pra jogar bola.


terça-feira, 16 de julho de 2019

Atlanga - Gratidão ao Aristocrático


Katiamara Badalotti, José Adelar Ody, Reno Arioli e Marcos Aurélio Castro
Crédito: Divulgação - CC



Minha gratidão à direção do Clube do Comércio (CC), na pessoa de sua dinâmica presidente, Katiamara Badalotti, pelo generoso gesto de disponibilizar a sala Piano Bar do Aristocrático CC, para lançamento do livro “Atlanga – 40 anos de emoções” no dia 13 de julho deste ano de 2019. Um ambiente agradável, sereno e aconchegante – como o foi na definição de todos os convidados que se dignaram prestigiar o evento.




  


Miguel (Goleiro de Atlântico e Ypiranga)

23 de agosto de 1953

... O Ypiranga humilha o rival em plena baixa rubra. Ypiranga 5 – Atlântico 1 e conquista e pentacampeonato. Tuta três vezes, Milton e Sabiá decretaram a goleada. Atenção... O árbitro Ney Barbosa marca pênalti para o Atlântico. Os jogadores do Ypiranga cercam o árbitro.  O centromédio Fábio Koff, do Atlântico, manda Alexandre bater. São 37 minutos da etapa final. Nada vai mudar mesmo que Alexandre marque. Mas atenção senhoras e senhores... incrível! O goleiro Miguel está subindo pelo poste da goleira. Senhoras e senhores – mas o que é isso? Miguel, inconformado com o pênalti – senta na barra superior da goleira por ele defendida. A torcida o Ypiranga delira.... vence por 5 a 0. O árbitro apita, Alexandre empurra para as redes... Inacreditável o que se vê no clássico 87 e na própria história do futebol. O goleiro se nega a defender uma penalidade e senta no travessão. Agora - 5 a 1.
Isso também fazia parte dos Atlangas. Aquele Ypiranga foi um dos maiores de todos os tempos. Relembremos: Miguel; Frainer e Celso; Plínio Parenti e Ronchetti; Marimba, Sabiá, Quinzinho, Milton Ronchetti e Tuta. Timaççao, pentacampeão citadino. Do outro lado o destaque eram Borges e Fábio Koff.


Tefili (Atacante do Atlântico)
6 de agosto de 1950

... Atlântico levanta o Torneio de Encerramento da Liga Erechinense de Futebol em seis de agosto de 1950. Vence o Atlanga por 1 a 0. Gol de Borges – onde Tefili teve participação especial para passar pelo seu marcador e encontrar Borges na entrada da grande área. Como de praxe, Borges solta uma boma e faz o único gol do clássico. Grande atuação de Tefili.


Alexandre (Atacante do Atlântico)
15 de julho de 1951

... Ele não fez nenhum dos dois gols que deram a vitória ao Atlântico no clássico 78 no dia 15 de julho de 1951. Mas ao lado do “velho Borges”, Alexandre Linkievicz, foi o grande destaque. Alexandre sempre foi temido pelos adversários. Ele estudava em Passo Fundo, quando o Gaúcho precisou de um ponteiro. Alexandre jogou e fez um gol. No quartel, em Santa Maria, a mesma coisa. O Inter local se socorreu do ponteiro. Voltando a Gaurama, um dia foi procurado por três homens de gravata. Tiraram-no da roça e o levaram para o Atlântico. Quem eram os engravatados? Eolo Arioli, Enio Fasolo e dr. Iran Sampaio. Alexandre, com seu um metro e meio, Alexandre desempregou muitos laterais atuando sempre pelo Atlântico.
Chamamos...


Milton Arioli (Atacante Atlântico)
9 de agosto de 1953

... Uma multidão lota o estádio da Montanha. É o Atlanga de número 86. Não há favoritos. Até aqui jogo, apenas 8 minutos. Mas atenção – Triangulação entre Fossatti, Toinho e Alexandre envolve a zaga do Ypiranga. A bola sobra para Milton que bate de primeira e vence o goleiro Miguel. O grande Miguel nada pode fazer. Oito minutos. Atlântico 1 a 0. Milton Arioli, da família atlantista dos Arioli, abre o marcador.


Reinaldo Gressana (Nini – Atacante do Ypiranga)
8 de junho de 1958

... Ele diz que nunca ganhou nada. Jogou no Ypiranga de 1956 a 1960. Veio de Sananduva com os pais. Jogando nos amadores do 14 de Julho, o trabalhador de frigorífico e vendedor de sapatos, mais conhecido como Nini, foi observado nada menos que pelo doutor Fernando Silveira – homem ligado ao Ypiranga. No Canarinho tomou conta da camisa 11. Em seguida, outro ypiranguista, Baltazar Sponchiado, o empregava na sua empresa. Além de participar de uma goleada contra o rival, Nini estava naquele Ypiranga que conquistou o Torneio Início de Erechim em 8 de junho de 1958 no empate de 2 a 2 na Baixada Rubra. Olha a frente do Ypiranga naquele Atlanga: Martins, Bonela, Trentim, Dirceu e Nini.


Sabiá (atacante do Atlântico e Ypiranga)
14 de outubro de 1956

... O Ypiranga se recupera de forma maiúscula dos últimos Atlangas quando foi derrotado em quatro oportunidades. Sabiá, Sabiá, Sabiá... três vezes Sabiá... Ypiranga 4, Atlântico zero em plena Baixada Rubra. O árbitro Rolfe Domingues confirma o quarto gol do Ypiranga, o terceiro do endiabrado Sabiá neste 14 de outubro de 1956. Hoje sim, o quarteto dianteiro do Ypiranga funcionou com Marimba, Sabiá, Quinzinho e Nini. Espetacular vitória do Ypiranga no clássico 93.


Ieié (Meio-campista no Ypiranga e Atlântico)
26 de junho de 1960

... No inverno de 1960 o Ypiranga precisou jogar com toda sua qualidade apenas um tempo. Aplicou 3 a zero no Atlântico no estádio do 14 de Julho. Passaram-se, portanto, 49 anos. Olha o ataque do Canarinho: Djalma, Moacyr, Ieié e Maneca. Franzino – mas de futebol imponente. No único clássico dirigido pelo radialista Idylio Segundo Badalotti, Ieié marcou o seu gol. Ieié era craque, tanto que jogou nos dois grandes de Erechim. Inesquecível atuação de Ieié no Altanga número 100, na Motanha no dia 18 de maio de 1958. Placar: 6 a 4 para o Atlântico. Ieié o Pequeno Grande Homem fez 3 gols para os diabos rubros.


Gaieski (Quarto-zagueiro do Ypiranga)
23 de julho de 1961

... O quarto-zagueiro Gaieski honrou a camisa do Ypiranga durante muitos anos. Formou dupla com diversos centrais. É bem verdade que sofreu muito com o sempre endiabrado centroavante Índio do Atlântico, mas Gaieski, em 1961, por exemplo, venceu quatro Atlangas consecutivos.
Em um deles, no dia 23 de julho, Gaieski ao lado do goleiro Osvaldo, esteve simplesmente “soberbo” conforme a crônica da época. O Atlântico de Miguel, Garcia e Noronha, Zé Carlos e Ayrton Samuel, Tomasi e Índio, imaginem só que timaço – foi goleado em plena Baixa Rubra por 4 a 0. Isso mesmo. Quem é daquele tempo acredita só vendo. Mas foi isso mesmo. Dois gols de Ênio, um de Julinho e outro do Canhão da Montanha (Dirceu), derrubaram o Galo. Na zaga Gaieski se transformou no patrão da área e ninguém pisou nela. Cham


Tomasi – (atacante do Atlântico).
15 de maio de 1962


... Um lindo domingo de maio. A Banda Marcial do Colégio Mantovani se apresentou antes do clássico. A miss brotinho de Erechim, senhorita Carmem Regina Kraemer deu o pontapé inicial do Atlanga 126.
No primeiro tempo até que o clássico foi muito parelho. Mas agora no segundo tempo parece impossível deter o verde-rubro, especialmente com sua linha de frente com destaque para o trio – Tomasi, Índio e Cardoso. Mas segue zero a zero o clássico 126. Renda espetacular de 300 mil cruzeiros. Desce outra vez o verde-rubro com Noronha, avança pela linha média e encontra Zé Carlos, que lança Índio. O centrovante passa por Danúbio, atenção, Tomasi vai entrando – recebe e... gol. Gooolll de Tomasi para o Atlântico. Ele recebeu de Índio e bateu firme, sem nenhuma chance para o goleiro Osvaldo. Atlântico 2 – Ypiranga zero. Tomasi que antes do Atlântico atuou no Aimoré ao lado do goleiro Suly (mais tarde São Paulo) Mengálvio (mais tarde – Santos) e Gilberto Andrade, entre outros craques.

Remo (Atacante do 14 de Julho e Ypiranga)
5 de novembro de 1964


... Estádio da Baixada Rubra. 15 de novembro de 1964. Clássico 139. Dois a dois é o marcador. Lá vai o Ypiranga outra vez, insistindo pelo lado direito da defesa do Atlântico. Barbosinha troca passes com Pedruca no grande círculo do gramado. A bola é lançada para Manequinha, passa por Jaburu, cruza, atenção, olha o gol – gooollll de Remo para o Ypiranga. Está desempatado do Atlanga. Remo, Remo coloca o Ypiranga outra vez na frente no Atlanga Taça Cidade de Erechim. Ypiranga 3 – Atlântico 2.


Adilson Dal Bosco – (Atacante do Atlântico)
21 de agosto de 1966

... O Atlântico quer o terceiro. Vence por 2 a 1 seu tradicional adversário. Joga bem o time verde-rubro que promove a estreia de cinco juvenis. O goleiro Daiton, os defensores Valquíria, Frizzo e Detoni e os atacantes Beto e Adilson Dal Bosco. E a bola chega a Dal Bosco, prende, espera a chegada de Tomasi... Índio também é opção, Bal Bosco avança sobre a zaga verde amarela e arrisca, forte, de fora da área para grande defesa do goleiro Badê. Faz uma boa estreia o meia Dal Bosco pelo Atlântico... neste Atlanga válido pelo Dia do Futebol – um torneio que tem ainda a participação do Tricolor da Avenida Sete, o 14 de Julho.


Pedruca (Ypiranga... e Atlântico)
11 de novembro de 1967

... 25 minutos da etapa final. Batido o escanteio, Pedruca e gollll. Pedruca, de novo de cabeça, faz 2 a 0 para o Ypiranga em plena Baixada Rubra. Encaminha-se uma grande vitória do time das cores nacionais sobre seu mais tradicional adversário. Os comandados de Altino Nascimento repetem os últimos clássicos e confirmam sua superioridade neste ano de 1967. São oito Atlangas no ano e a quinta vitória do time presidido por Oscar Abal. Pedruca – uma dos maiores artilheiros da história do Ypiranga, e para muitos, o maior número nove do clube nos seus 94 anos.


Borjão (Atlântico e Ypiranga)
20 de setembro de 1970

... 20 de setembro. Data Farroupilha. Primeiro clássico no Colosso da Lagoa neste 20 de setembro de 1970. O Ypiranga vence por 2 a zero. E quer mais... atenção... desce o Canarinho com Ariovaldo, que estende na ponta direita para Teio, Teio a Cafuringa, atenção – a bola sobra para Borjão, domina, pode bater – gol. Gooollll de Borjão. Não deu para o bom goleiro Nelson. Borjão faz também o quarto para o Ypiranga contra o tradicional rival. Há 15 dias, na preliminar de Inter e Botafogo, Celso Carpegiani, o Borjão, fez os dois primeiros gols do Ypiranga no seu majestoso estádio. O Ypiranga joga bem e no primeiro clássico aplica uma impiedosa goleada sobre o Galo verde-rubro. 45 minutos. Não há tempo para mais nada. Pode terminar senhor Elio Nepomuceno... Ypiranga 4 – Atlântico 1.


Mano – (Atacante do Atlântico)
1974


...13 de novembro de 1974. Colosso da Lagoa. Mais um Atlanga na vida de todos nós. Atenção – desce o Atlântico de Odir que encontra Juarez. Juarez pisa na bola, evita Paulo Ferro, lança para Mano, atenção, Mano vai marcar, bate, bate, bate... no poste... a bola volta em diagonal para o meio da área, Marioti entra, se passa da bola... salva Cuca para o Ypiranga. Incrível. A bola deu no poste e não entrou. Permanece zero a zero o clássico Atlanga 164. Mano realmente está de azar, no clássico passado, quando marcou, o árbitro anulou o seu gol.... Opa. O que houve – diga Natalino Ceni? Jogaram uma pedra para dentro do gramado. Lamentável. Atingido na cabeça o bandeirinha. Mas que barbaridade. Jogo parado... Clássico é clássico. Ninguém quer perder....


Mugica – (Zagueiro do Ypiranga)
23 de novembro de 1975

... O Atlântico ainda tenta ao menos seu gol de honra. Odir troca passes com Laerte, a bola chega a Luiz Freire... busca uma tabela com Darci – mas intercepta o zagueirão Mugica, soberano neste Atlanga. Aliás, aonde vai parar esse Ypiranga com a zaga que possui... vejam os senhores: Jurandir no gol e olhem bem a linha de quatro zagueiros: Joubert, Mugica, Cuca e Cito... Não perde, não perde este time com uma retaguarda dessas. 23 de novembro de 1975, Colosso da Lagoa – Ypiranga 2 a 0 sobre o Atlântico.


Adão (lateral esquerdo do Atlântico)
25 de novembro de 1976

... O Atlântico se impõe em pleno Colosso da Lagoa. Joga melhor – mas a primeira etapa finaliza empatada em 1 gol. Começa a segundo tempo. O Ypiranga tenta pelos lados do campo com Zezinho, Zezinho troca passes com Lambari, Lambari a Rosalino – a defensiva do Galo está bem postada. Rosalino avança, tenta... mas é desarmado por Adão que faz grande partida, seguro como toda a defensiva do Galo... O Atlanga 173 acaba 3 a 1 para o Atlântico.(Este seria também o último Atlanga oficial –Foram jogados mais dois em 1981, mas com equipes semi-profissionais).




David Vicenzi (Técnico do Atlântico)
8 de outubro de 1981

....Termina o clássico 175. Com equipes semi-profissionais, acaba empatado mais um Atlanga. Vitor abriu o marcador para o Atlântico cobrando pênalti, e Sachet, empatou para o Ypiranga. É mais uma partida pelo Campeonato Regional Cinqüentenário de Carazinho. A chuva tirou boa parte dos torcedores. Partida equilibrada com uma leve supremacia para os comandados de David Vicenzi, técnico do Atlântico.



Uma homenagem especial aos familiares dos atletas, dirigentes e funcionários, Noronha, Índio, Ronchetti, Mariotti, Barbieri, Piavetta, Manequinha, Zico, Lewis Caron, Zanellinha, Oscar Abal, Véio Gravi, Odir, José Viero, João Vitorino dos Reis (os dois primeiros presidente de Atlântico e Ypiranga), Gatão, Rosalino, Valdir, Maroca, Alcides Sonda, Lambari, Euclides Antonio Tramontini, Chiquinho, Paulo Ferro, Charuto, Amorim, Butiaco, Domingos Donida Filho, Téio, Withé, Cito, Cardoso, José Mandelli Filho, Jango, Alteu, Arioli, João Dal Prá, Calliari, Helenilton, Morganti, Massignann, Plínio, Zé Carlos, Wilson Pilenghi, Luiz Freire, Frainer, Marimba, Gladstone Mársico, Lauro, Maneco, Carlinhos, Luciano Tedesco, Altair Santolin, Fossatti, Lindomar, Magri, Helly Parenti, Joubert, Daniel Cieslak, Rico, Alvin, Bino, Eurides Tonin, Bira, Frizzo, Milton Doninelli, Meia Noite, Tefili, Idylio Segundo Badalotti, Alcino, Flávio Zanardo, Uri Grando, Quinzinho, Ieié, Fábio André Koff, Borjão, Chinês, Garcia, Rodo, Assis, Danúbio, Tiassa, Dirceu, Chico Pungan, Chiochet, Cuca, Sebastião, Banana, Elésio Passuello, goleiro Waldemar, Estevam Carraro, o grande goleiro Miguel que atuou nas duas equipes em sua carreira profissional e até hoje é considerado o maior goleiro de Erechim. Um reconhecimento àquele que é considerado o maior jogador formado em Erechim nos seus 100 anos: Hermínio Carpegiani, o “Velho Borges”, no dizer de Fábio Koff  “o maior de todos”. Em 20 de julho de 1947 o Atlântico aplicou 4 a 1 no seu tradicional adversário em plena Montanha. Borges fez dois no primeiro tempo e mais dois no segundo. A Voz da Serra destacava os quatro gols de Borges como um “fato inédito no Grenal Erechinense”. Enfim, parabéns a todos os atores e seus familiares que fizeram e testemunharam este pedaço da história de Erechim – 100 anos.