Paulo César e Celso (Borjão) Carpegiani
Uma solenidade
simples, porém carregada de emoção, marcou neste 18 de dezembro a inauguração
do “Largo Hermínio Carpegiani – Velho Borges”. Trata-se do maior jogador de
futebol da história de 100 anos de Erechim, que correu pelos gramados da cidade
sempre vestindo a camisa vermelha e verde do Atlântico. A placa incrustada em
uma pedra está na avenida Sete de Setembro esquina com Distrito Federal.
Cézar Caldart, Marcos Lando, Carpegiani, Julio Brondani, Flávio Zanardo, Renan Soccol, Borjão e Abelar Menegati
Na oportunidade falaram o vice-prefeito Marcos Lando, o representante da presidência da Câmara de Vereadores, Mario Rossi, o proponente do projeto de lei Legislativo, vereador Renan Soccol e os filhos de Hermínio, Celso Carpegiani (Borjão) e Paulo César Carpegiani.
Paulo César, Renan e Borjão
O evento foi prestigiado pelas esposas de Celso e Paulo César, por outros vereadores, pelo presidente do C.E.R. Atlântico, Julio Brondani, ex-presidentes do mesmo clube, ex-atletas que atuaram com o homenageado, outros familiares dos Carpegiani na cidade e amigos dos irmãos Borjão e Paulo César, que seguiram as pegadas do pai homenageado. Ambos emocionaram-se quando do descerramento da placa e no momento de seus pronunciamentos, revelando um traço em comum da família, que além de produzir craques, sente no fundo da alma a saudade do pai e a reverência ao ídolo que vários atlantistas reviveram neste 18 de dezembro, mais uma vez – por Hermínio Carpegiani – Velho Borges.
O evento foi prestigiado pelas esposas de Celso e Paulo César, por outros vereadores, pelo presidente do C.E.R. Atlântico, Julio Brondani, ex-presidentes do mesmo clube, ex-atletas que atuaram com o homenageado, outros familiares dos Carpegiani na cidade e amigos dos irmãos Borjão e Paulo César, que seguiram as pegadas do pai homenageado. Ambos emocionaram-se quando do descerramento da placa e no momento de seus pronunciamentos, revelando um traço em comum da família, que além de produzir craques, sente no fundo da alma a saudade do pai e a reverência ao ídolo que vários atlantistas reviveram neste 18 de dezembro, mais uma vez – por Hermínio Carpegiani – Velho Borges.
Vereadores que prestigiaram o evento com os familiares dos Carpegiani.
A História do Homenageado
Hermínio Carpegiani - Velho Borges
Nascido
em Flores da Cunha veio trazido pelo Plácido Dal Zot em 1942. Viera para
trabalhar
na
fábrica de camas do empresário/dirigente e assumir a centroavância do
Atlântico.
Vestiu
a camisa verde-rubra de 1942
a 1958 onde foi campeão de Erechim em 1942, 43, 44, 46, 47,48,
54, 55, 56 e 57. Regionais de 1942, 48, 54, 58. E estadual, vice campeão em
1948 e 1954.
Borges
– que ninguém nunca soube explicar a que se devia tal nome de guerra dentro do futebol,
uma vez que seus pares o chamavam de Grilo, pois o Borges constituiu família em Erechim. Casou-se
com Leda Lacy com quem teve quatro filhos: Celso (Borjão), Paulo César,
Tânia
e Edson. Fui colega de Científico da Tânia lá no Mantovani. Casou-se com o meio
campista
Roberto que esteve no Ypiranga
e Gaúcho e deu ao futebol o filho
Juca – do
Botafogo.
A
família de Borges, que assina Carpegianni; desenvolveu-se com talento, conjugando
respeito, tranqüilidade e admiração no seio de Erechim. O pai era famoso, e os
filhos prometiam no campinho do Medianeira e no salão pelo Meca. Era bonito – e
um dia isto seria honroso – poder ver e poder dizer que viu aquela família
jogar futebol.
III
Borges
jogou 65 clássicos Atlangas. Todos pelo Atlântico – seu único time. Foram 12
empates,
19
derrotas e 34 vitórias. Incrivelmente – uma descoberta espetacular: fez 31 gols
como o
Índio.
Hoje
em dia, nove anos depois que meu pai Alberto se foi, e quando a saudade me
retira por
instantes
das lidas rotineiras da vida, me consolo, incrivelmente, porque sei que meu pai
viu jogar, e pelo time do seu coração, um dos jogadores mais espetaculares que
o futebol produziu.
Não
é preciso aqui falar da extraordinária carreira, enquanto jogador de futebol,
escrita por Paulo César Carpegianni. O próprio Borjão (Celso) foi um ótimo meia
ponta de lança (quando os times tinham essa figura) e Borjão era o cara da
posição. Mas ambos foram, sobremaneira, uma extensão do pai, do jogador de
exceção, extensão do velho Borges. Quem nunca ouviu: ‘o velho jogava mais que
os dois juntos!’.
Sempre
acreditei que na vida, os fora de série, em qualquer segmento não o são por
loteria ou
caridade,
mas que por trás do brilho, da classe, da exceção, da quase mitologia está uma
dura
entrega
ao exercício e ao treino, e um altíssimo grau de exigência para consigo mesmo.
IV
Uma tarde de outono, quando
o cheiro das uvas-japão amassadas junto ao chão úmido vinha forte desde o fundo
da goleira ‘de cima’ da Baixada Rubra (oposta ao Mantovani), lembro como se
fosse hoje da figura respeitável e admirável que todos nutriam pelo velho
Borges.
Ele estava sentado com as
nádegas sobre um dos pés e a outra perna alongava-se solta e comprida pela grama
do barranquinho que levava à copa junto às bochas e bolão da Baixada.
Tinha uma haste longa de
grama entre os dentes e seus olhos marcavam dentro do campo. Se não me engano,
eram os juvenis do Atlântico contra o time de cima, e entre os garotos, reluzia
o talento de um menino chamado Paulinho.
Era provavelmente início dos
anos 60. A
gurizada tinha seus 13 a
15 anos – no máximo, no máximo. De repente, o Paulinho apanhou uma bola,
botou sob seu controle de pernas e pés como quem apanha e afaga entre as mãos
uma bola de pinhão. Paulinho vinha limpando um, dois, três... e o velho Borges
ergueu seu bigodinho e sua voz: ‘bate, bate, bateeee guri!’. O guri não bateu.
Paulinho fez o que mais gostava. Descobriu o ponteiro entrando atrás da zaga e
largou o atacante na cara do gol.
Até hoje ouço os gritos do
mestre: ‘bate, bate, bate!’, e um ‘não joooooga naaaada!’. Claro que o ‘velho
Borges’ sabia que seu filho, o Paulinho, um dia seria um craque extraordinário.
Mas ele queria ver o guri batendo e fazendo gol. Como ele.
V
No último dia 31 de maio,
despediu-se o ‘velho Borges’. No CER Atlântico a bandeira ficou a meio mastro.
Feliz de quem pode testemunhar o seu notável talento. Apagou-se a luz mais
forte do futebol erechinense, embora sua intensidade permaneça na história e à
beira do campo com a presença do ‘guri’ que há 45 anos teve de ouvir um ‘não
joga naaaaaaaaaada!’.
Paulo, Borges, Borjão e Tisso.
A praça é a liberdade. A
amizade. Lá as crianças brincam, os adolescentes namoram, os casais deixam a
rotina. A praça é um espaço de vida. Se o meu pai, Alberto, virou nome de rua,
e com justiça; talvez a cidade deva retribuir ao ‘velho Borges’ uma linda praça
com o nome deste notável jogador de futebol que orgulha a cidade de todos nós. Agora, finalmente, a reverência ao maior atletas que correu pelos gramados de Campo Pequeno tem um belo espaço sacramentado em lei e em placa. Parabéns a todos os envolvidos nessa história que faz justiça a um dos grandes personagens de Erechim.