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“Eleição” é
uma dama formosa. Nestes tempos – a mais cobiçada por muitos. Atentem para as
listas e as promessas que fazem a quem ajudar a conquistá-la.
Santo Antônio que só expia, é aceito pela população
que tem fé como sendo o Santo que arruma casamentos.
E talvez por
isso mesmo ele se transformou num dos Santos mais populares da igreja católica.
Quanta promessa, quanta novena, quanta missa e orações ganha o Santo!
E depois tem
outra coisa: é um Santo para todas as camadas. Com ele não tem essa coisa de
status... Rezou, espera que sai. Pediu – levou. Aliás – Santo Antônio, também
sob este aspecto de atender a pedidos mais íntimos é um “cara” (perdão meu Santo)
– que sempre se preocupou e, ainda se preocupa, com o social.
Santo Antônio
tem grande apelo principalmente entre o público feminino. Será que elas sonham
mais com esse... sonho do que com o resto da vida?
Não é à toa
que Santo Antônio então tenha grande aceitação entre as mulheres, admiração de
homens, e para que não crucifiquem ao Santo, nem a mim, é aceito por todos os
demais gêneros. Olha só o Papa Francisco e o que disse esta semana. “Todos são
iguais perante a igreja”. E deve mesmo.
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Lembro do
velho e querido amigo Penhinha da Difusão (hoje, aposentado e gozando seus dias
à beira ar), pois nos bons tempos em que ainda se procurava o par perfeito, era
só ligar no Peninha, à tarde, para descobrir o que tinha de mulher e de homem
mandando cartinha e mais cartinha se apresentando, dando detalhes e querendo
ter um relacionamento. Era a carência afetiva que tantas doenças provoca. Raiz
de males do corpo, da cabeça e da alma.
“Rosa
Perfumada, 1,53 metro, 72 quilos, olhos castanhos escuros, fundos - cabelos
cheios e crespos (estilo bombril), sonhadora, sincera, torcedora do Inter, fã
do Fábio Jr., Odair José e do Grupo Karisma, catequista, 1º grau completo,
virgem, 34 anos – gostaria de corresponder-se com rapaz alto, olhos verdes, que
tenha entre 19 e 23 anos, inteligente, sincero, trabalhador, educado,
carinhoso, independente financeiramente,
sem compromissos amorosos e com grandes perspectivas na vida. Cartas podem ser
enviadas para a emissora ou então ao posto central dos Correios na Linha Pummm
– município de...
Olha, com
uma folha corrida dessas, com as preferências da “Perfumada”, – talvez não
tenha Santo Antônio que dê jeito. Mas - certamente, sem a invocação dele – tudo
pode ficar mais impossível ainda.
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E qual é o problema
da gente se agarrar num Santo? Ainda mais por uma razão tão importante assim na
vida.
Não pregam que
a família é uma instituição que está passando por grave crise? – Todas as denominações religiosas não vivem
defendendo a família? Claro que sim.
Então tudo
isso justifica os meios que podem nos levar a ter alguém na vida, porque,
pensando bem, que droga essa solidão. Olha só essa pandemia! Ruim com alguém em
casa – pior só. Não ter quem nos feche o “reco”, melhor – o fecho do vestido ou
que nos pregue os botões que estão caindo da camisa! Que castigo esse negócio
da gente cozinhar pra gente mesmo! Não se ter nem com quem reclamar da luz
acesa ou sequer poder discutir pra trocar de canal. Não ter alguém pra reclamar
que não sai do banheiro e a gente aqui nem se urinando! Pode sair e voltar e
ninguém fica te cobrando. Nenhuma reclamação de que a gente só quer ver
futebol. E quando é hora de encarar sozinho aquele latifúndio (cama) improdutivo!?
E o inverno que se foi... Como é que se vai sobreviver ao próximo, assim, só,
nesta solidão solitária. Como!? – me diga Meu Santo Antônio!?
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“É minha gente”,
como diria o cassado, “não me deixem só!”. E é por isto que podemos dizer de
novo - não tenham vergonha não. É por isto que se justificam todas as orações,
todas as novenas, todos os terços, todas as preces em honra ao Santo Casamenteiro.
Quanto
estresse este Santo já livrou e curou!? (Não me perguntem quantos se
instalaram! Mas, tragam água. Ligeiro. Água que o Santo precisa lavar as mãos).
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Houve um tempo
em que políticos desta comuna tinham suas sérias dúvidas sobre o poder do
Considerado. Mais – muito mais - por vaidades pessoais, claro, o que também é
do jogo, afinal, nem todos os casais de papel passado, grupos ou ajuntados
trazem como selo o carimbo de Santo Antônio. Porém, nunca duvidei que lá no
fundo, nenhum dos políticos se salvou sem pedir uma mãozinha a Antônio, o
Santo, para encontrar a “outra metade da laranja”. A outra metade da...
Meeuuuuu - quanto pó – Santo!
E melhor ainda
se a metade faltante se chamasse exoticamente “Eleição”. Com ou sem perfume. Pois,
nesta última quadra do incrível 2020, não anda nada promissor, para muitos
pretendentes - conquistar a donzela. Até com a mão do Santo.
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Debochada, ela
só mostra as canelas, causando frenesi porque ela não só é demais, se parece
demais, como sabe que é demais. Imagine uma lua de mel de quatro anos com ela.
A donzela
“Eleição” é tão orgulhosa, tão dona de si, tão narcisa das suas “virtudes” (ela
sabe o que tem por baixo e o que pode ofertar), que nem liga à interferência do
Santo Casamenteiro. É só ela se fazer
anunciar e é aquela correria. Quanto mais se atiram atrás dela, mais ela judia.
Além do mais, ela está ciente do mundo em que vivemos, dos tempos que
enfrentamos – mas, atenção, atenção - se o “escolhido” titubear e deixar o
cachimbo cair, cuidado; o segundo da lista estará prontinho.
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Então aí
está. Se é duro ficar sozinho, se é quase insuportável a solidão – dessas de
quatro anos ainda vai, mas de oito, 12 ou mais - dessas de uma vida inteira até
aqui ou até o final do excepcional 2020;
Minha Mãe do Céu isso é quase humanamente insuportável. E se o diagnóstico
indica que Santo Antônio pode não dar conta, sozinho, por que então não apelar
para todos os Santos e até às Santas?
Jurem: “prometo ser fiel/Amar-te e
respeitar-te/Na alegria e na tristeza/Na saúde e na doença/Na riqueza e na
pobreza - (mais na riqueza)/Por todos os dias da nossa vida/Até que a morte nos
separe” (ou um cartório ou outra “Eleição” – mais jovem. Nunca se sabe. Porque
até a beleza mais atraente satura. Enjoa. Bicho insatisfeito o homem. Sempre pronto
pra outra!).
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“Eleição” – amanda, desejada, cobiçada; imagina
quando lhe botarem as mãos! “Ó meu querido e amado Santo Antônio, vós que sois um
exemplo de fé, e fostes tão bondoso e auxiliador com as donzelas de sua época,
ajudando-as a contrair o sacramento do Matrimônio, ouça agora à minha súplica.
Sinto-me tão só. Preciso de... E, assim, serei sempre grato a ti e a Nosso
Senhor Jesus Cristo. Assim seja. Amém”.
No aguardo
do milagre, revisito Bin Laden derrubando o WTC, Moisés abrindo o Mar Vermelho,
Bolsonaro elegendo-se sem TV, e o Inter com Edinho, Monteiro, Rubens Cardoso e
Gabiru - ganhando o mundial do Barcelona. Neste caso “dona Vitória”
apaixonou-se pelos caras e Antonio também jogou Lá De Cima – por certo.
Se este
milagre de fato se concretizar, vou Lhe pedir, mas daí já com certeza, que o
Ypiranga case ainda este ano, sob suas benções, com a cobiçada donzela “Série
B”.
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A despeito de uma pré-preferência
especulativa, é lógico, de “Eleição” por este ou aquele – pois, para seguir
sendo rigorosamente verdadeiro e fiel à minha consciência, confesso e rogo-lhe desde
já, Santo Antônio; perdão e compaixão, porque o paradoxo se impõe no meu
íntimo, ao menos nesta hora onde até inverto as bolas: “sigo confiante, mesmo
sem esperança!”. Evidente, fosse eu um dos interessados na bem-dita.
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Sim, porque, olha só o caso da médica
seqüestrada. Quando a maioria com que se falava já tinha jogado a toalha (de
terça pra quarta - num escape de desesperança), assim mesmo em confiança,
rezavam. Aliás, foi o meu caso.
E é o caso de quatro pretendentes, oito ou
mais de 250, confiarem; sim, confiarem que a cabeça da donzela, perfumada ou
não, pode virar e surpreender, conduzindo interessados à beira de um colapso,
com seu sorriso e sua aura de “perfeitinha”; deixando os escolhidos por 48
meses de boca aberta - tentando entender o milagre. Seria Macho Picchu em Campo
Pequeno. Das palavras à concretude - “baixou o Santo!”. Antônio, ô Antônio,
fala com a donzela. Honra tua fama!