“É
dando que se recebe
É
perdoando que se é perdoado
E
é morrendo que se vive
Para
a vida eterna”.
S.
Francisco)
II
Giovanni
di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis, nasceu em
26 de setembro de 1181 e faleceu em 3 de outubro de 1226 em Assis, Itália.
Venerado pela Igreja Católica. Sua canonização foi em 16 de junho de 1228, pelo
Papa Gregório IX.
III
Era
filho do comerciante italiano Pietro di Bernadone dei Moriconi e sua esposa
Pica Bourlemont. Os pais de Francisco faziam parte da burguesia da cidade de
Assis e, graças a negócios bem sucedidos na Provença, França; conquistaram
riqueza e bem estar. Dedução: trabalharam!? Eis a questão.
IV
O
menino cresceu e se tornou um jovem popular entre seus amigos por sua indisciplina
e extravagâncias, por sua paixão pelas aventuras, pelas roupas da moda e pela
bebida e, por sua liberalidade com... o dinheiro E é aqui que mostrava uma índole
bondosa.
V
Queria
glória. Teve um sonho ou uma visão, e ouviu uma voz: quem te pode ser de mais
proveito? O senhor ou o servo? Como Francisco respondesse: o senhor ouviu
novamente a voz: então por que deixas o senhor pelo servo e o príncipe pelo vassalo?
Francisco se confundiu: que queres que eu faça? - e a voz replicou: volta para
tua terra e te será dito o que!
VI
Durante
uma algazarra com seus amigos, teria sido tocado pela presença divina, e desde
então, começou a perder o interesse por seus antigos hábitos de vida e mostrar
preocupação pelos necessitados. Eleito “rei da juventude” em um festejo
folclórico retirou-se para uma caverna. Queria meditar.
VII
Certo
dia ouviu o sino que os leprosos deviam usar para indicar a sua aproximação, e
logo se viu frente a frente de um deles. Francisco sempre sentira repulsa dos
leprosos, mas desceu de seu cavalo e cobriu o homem com o próprio manto.
Espantado, olhou nos olhos do outro, e viu sua gratidão, e enquanto ele mesmo
chorava, beijou aquele rosto deformado pela moléstia. Ali - ele virou. Teria tentado
seguir o ofício de seu pai, mas faltava-lhe devoção ao trabalho. Estava cada
vez mais interessado em ajudar os pobres.
VIII
Na
igreja de São Damião, ouviu pela primeira vez a voz de Cristo. A voz chamou sua
atenção para o estado de ruína da Igreja.Voltou para sua casa, recolheu tecidos
caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo preço no mercado. Voltou para a igreja
doando o dinheiro para o padre a fim de restaurar o prédio decadente.
IX
O pai
se enfureceu e mandou que o buscassem. Atemorizado, Francisco se escondeu em um
celeiro. Passado algum tempo, decidiu revelar-se e, diante do povo de Assis, se
acusou de preguiçoso e desocupado. A multidão o tomou por louco e divertiu-se
apedrejando-o. O pai ouviu o tumulto e o recolheu para sua casa, mas o
acorrentou no porão.
X
A mãe,
por compaixão, livrou-o das correntes, e Giovani foi buscar refúgio junto ao
bispo. O pai seguiu-o e o acusou de dissipador de sua fortuna, pelo que ele
havia tirado sem licença de sua loja.
XI
Então,
para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas belas roupas e as
colocou aos pés do pai, renunciou à sua herança, pediu a bênção do bispo e, partiu,
completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, da qual
jamais retornou. O bispo viu nesse gesto um sinal divino e se tornou seu
protetor pelo resto da vida.
XII
A
história do Santo é contagiante. Em certas geografias do planeta, fez
seguidores; mas o contágio vai além do filho do comerciante Pietro, porquanto,
quando observado pela fresta da benevolência, do bom coração e dádiva para com
os pobres que pessoas e governos “cuidam” – conclui-se com a frieza de um juiz
que aplica a lei severa: parece que o pai do Santo também tinha suas razões.
XIII
Afinal,
uma coisa é caridade pelo outro. Outra coisa é compaixão, é dar tudo com o
suor, com a benevolência, com a determinação, com as roupas, com os bens, com
as obras, com o capital... com o dinheiro dos outros, e não do que exatamente
lhe pertence – como o fez Giovani com seu pai.
XIV
Lembro
de uma das falas de João Paulo I – tão logo eleito Papa. Deu a entender sua
Santidade – que chegara a hora de dividir o ouro da Igreja. Trinta e três dias
de Papado depois e algum mal fatal lhe papou a vida. “Deus o chamou”
XV
Em
“O poderoso chefão”, obra escrita por Mário Puzzo e eternizada no cinema sob a
direção Francis Ford Copolla a história ganha asas...
XVI
O
fato crucial, essencial e central é um só e leva a reflexão: caridade sim! – mas,
com os dinheiros de quem? Diante do bom coração do filho, mas com o dinheiro
paterno, o pai Pietro acorrentou-o.
XVII
A
mãe e o bispo tiveram que intervir. Quando renunciou à herança, começando a
carreira de “ajudante ou salvador dos pobres”, é provável que já sentia-se
Santo – quase Deus.
XVIII
São
Francisco então estava errado ao dar? Ao dar até suas roupas! É claro que a
caridade é um bem, uma necessidade, um ato de amor. Mas como fica então o
ditado “ensinem a pescar...!”.
XIX
Certo
ou errado, acorrentado pelo pai para que o filho parasse de limpar a loja e dar
tudo que não será seu, mas libertado pela mãe e acolhido pelo bispo – as teses
que digladiem-se entre si “ad eternum” sobre a obra do hoje Santo reverenciado.
XX
Noves
fora as pessoas que fazem caridade com o que é seu, de uma coisa, não se tem
notícia sobre Giovanni di Pietro di Bernardone: nunca se ouviu falar que tenha se
candidatado a algum cargo, prometendo fazer o que fez com o que era seu ou com
o que não era seu.
XXI
Conheço
muita gente laboriosa, com anos e anos de caniço e anzol, que não se candidata
porque teme ter de ver-se seduzida a dar – o que não lhe pertence.
XXII
Giovani
iniciou sua índole bondosa tirando do seu pai. Mas Pietro di Bernadone dei
Moriconi tinha sua razões.
XXIII
Dar
aos outros o que não lhe pertence é pecado – aos olhos da Justiça Divina. Que
Pietros abram os olhos com os Giovanis ou Giuseppes, como eu, para não ser mal
interpretado.
PS
– Pietros e Giovanis somos todos nós.