Marinho Peres no Inter (Foto/divulgação) |
Era um fim de tarde.
Não recordo
com exatidão mas parece que era fins de 1975. Eu estava na redação de
noticias da Rádio Difusora – atual Bandeirantes em Porto Alegre. Minha função
era redigir o Jornal da Manhã do dia seguinte. Eu e o Eduardo Bueno (Peninha). Trabalhava das 17 às 22 horas.
Além do
telex pelo qual vinham as noticias das agências, tínhamos o hábito de ouvir a Rádio Guaíba que na época era uma espécie de fonte de notícias de outras rádios da capital.
Pois, de
repente a Guaíba anuncia uma noticia em
primeira mão: o Internacional acabara de contratar o quarto-zagueiro Marinho
Peres, junto ao Barcelona.
A Guaíba fez
um contato com o diretor de futebol do Inter, Arthur Dallegrave, que estava em
Barcelona e coube a ele anunciar a contratação. Imagina – Marinho faria
companhia a Figueroa. O Marinho que fora capitão da seleção brasileira em 1974.
Marinho teria
vindo a pedido do técnico Rubens Minelli que, segundo se especulava, via no atleta a peça que faltava
para introduzir no Inter (e talvez no futebol brasileiro) o comando da linha de
impedimento. Além disso, Marinho Peres por ter dupla cidadania teria de prestar
serviço militar na Espanha e isso ele não queria, porquanto poderia atrapalhar
sua carreira. Li hoje que ele então teria feito contato com o técnico do Inter dizendo
que ouvira que o Inter teria interesse em contratá-lo. E foi o que aconteceu.
O resto da
história todo mundo sabe. Foi um sucesso.
A “espinha dorsal” do Inter tinha então Manga,
Figueroa, Marinho Peres, Caçapava (depois Batista), Falcão, Paulo César
(Carpegiani) e Flávio (depois Dario).
Às 10 da
noite quando peguei o Caldre Fião no Morro Santo Antonio e fui descendo em
direção ao centro, pensei comigo mesmo – o Inter é quase uma seleção. E o tempo
confirmou. Era mesmo.
Esta semana
Marinho Peres faleceu aos 76 anos.
Deixou uma
história de exemplos, inovações em sua posição (comandava a linha de impedimento, quase não fazia faltas e era muito inteligente), além de muitas conquistas. Foi um dos grandes
zagueiros da história do Inter, do Barcelona e do futebol brasileiro. Esteve com o erechinense Paulo César (Carpegiani), ambos do maior Inter de todos os tempos na seleção de 74.
Importante observar ainda que, mais tarde, na condição de técnico de futebol, Marinho Peres emprestou sua inteligência e ensinamentos a várias equipes do futebol brasileiro e a clubes de pelo menos três países.
São lembranças que contrapondo aos tempos de hoje - sinto muita saudade, como jornalista, apreciador do futebol e torcedor do Internacional.