17 – 10 - 2014
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Não vou dizer nenhuma novidade e, talvez até magoe, mas que nada.
É só política. Por anos a fio Eloi João Zanella, que viu seu nome transformado em Campo Pequeno até em
um neologismo, e isto não é para qualquer um; como dizia, por anos e anos foi
tratado pejorativamente como ‘rei’.
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E cá para nós – quem não gostaria de ser identificado como tal!? E
rei que é rei não precisa necessariamente agradar a todos, aliás, rei que é rei
sempre atrairá a contrariedade, a ira e o ódio de seus contrários, não
necessariamente de seus vassalos ou súditos. Sobre a cabeça do rei cairá
invariavelmente a sentença de morte ou perpétua de quem gostaria de,
justamente, estar em seu lugar.
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Em Erechim desde 1977 Eloi João Zanella foi colecionando assim
como um 'jumbinho' que decola, de rancores, invejas e ódios especialmente entre o
PMDB. E nem podia ser diferente, afinal, ambos encarnavam o Grenal da política
local. Eu disse encarnavam, porque este Grenal acabou, até por que, tratamos no
caso aqui de um ex-clássico político.
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Desde Eduardo Pinto (Arena), Irany Jaime Farina e Aristides
Agostinho Zambonatto (MDB), que as duas forças se esgrimavam pelo poder. Depois
de 1977 então com Eloi Zanella e Jayme Lago, a chapa esquentou de vez. Somente
em 1992 é que o PMDB com Antonio Dexheimer e apoiado pelo PDT de Luiz Francisco
Schmidt, voltou ao poder. Foi seguido por Schmidt por mais quatro anos e isso
foi suficiente para que num processo ‘autofágico’ o ‘rei’ voltasse suportado principalmente
pelas asas dos equívocos da oposição. E aí o ‘rei’ de 77 ficou no trono
enquanto pode. Ou seja: mais dois mandatos.
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Então começaram as colheitas tanto da situação com seu ‘rei’
quanto da oposição com seus ‘líderes’. O PP quando desceu as escadarias da
prefeitura viu que não tinha preparado nenhum candidato a ‘rei’, nem mesmo a
‘reizinho’. O PP, portanto, ingressaria num período de fome mais longo que
alguns povos submetidos na 2ª Guerra. E eis que desde 2008, no PP, nenhum sinal
de luz alta, nem baixa, faz pensar que alguém ‘vem vindo’ com reais chances
de... Não – ninguém vem vindo.
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Do lado das lideranças do PMDB que por longos anos ficou tutelada
ao seu mentor político e intelectual, Antonio Dexheimer, a seca só não foi
igual ao arquiinimigo PP (ex-digamos!), porque Dexheimer guinou o seu partido
(sem nomes até então para fazer o prefeito) conduzindo-o para somar-se junto à
Terceira Via – o PT. Aí matou a fome de poder, mas teve de contentar-se em
‘comer depois’ que o chefe tinha feito sua refeição. Mas, o que importa é que
estavam e estão juntos. Até quando só os deuses da política podem palpitar,
porque até eles, acertar, acho difícil. Um dia Dexheimer cansado de ver o que
sua alma política não consentia, caiu fora. Mas o que conta é que também o PMDB
de Antonio Dexheimer, não conseguiu, a curto prazo, pós a terceira era Zanella
- construir um nome.
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Luiz Francisco Schmidt, líder do PDT (hoje no DEM) copiou Zanella
e Dexheimer. Em quatro anos e talvez décadas pontificando na liderança da
política local em uma agremiação de músculos apreciáveis – não foi capaz de
oferecer nenhum nome que pudesse sucedê-lo na linha vertical ou horizontal do
seu partido ou da sua linha de pensamento. No fim colheu o que plantou: nada! O
pior é que o considerado, não tendo um nome depois do seu – tentou emplacar um
novo mandato de prefeito como LFS 2000, LFS 2004, LFS 2008 ou de deputado como
LFS 2010, mas não foi aceito. Quem sabe a trégua não tenha lhe devolvido o
fôlego e a saudade aos seus eleitores... Mas enfim: também LFS não deixou
semente a exemplo de deus antecessores.
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Isto, em grande parte, explica o impasse de partidos, em se
tratando de nomes locais que vieram como sucedâneos naturais de três homens que
foram prefeito desta cidade. O PMDB, por obra da atual vice-prefeita, e por
enquanto holofote mais alto do partido, se revigorou acrescendo jovens o que
lhe dará, sem nenhuma dúvida, um novo porvir. Quanto ao nome se será a senhora
Ana, ninguém sabe, porque dentro do PMDB nem tudo que parece é – quando devia
ter obrigação de ser. Mas, enfim, é de política que se trata aqui. Outro
questionamento que fica é o real poder eleitoral que os nomes mais salientes do
PMDB em verdade têm. Este é um teste que só as urnas poderão dirimir um dia. Resta-lhe
a resignação de que está, aparentemente, mais organizado e certamente mais
encorpado.
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Quem continua surfando com ondas a favor em Campo Pequeno no
quesito nomes e, aparente organização já com vistas a 2016 é o PT. Não por nada
fez um deputado estadual e um federal com mais identidade local que outros –
embora nenhum seja genuíno. Falta avaliar a profundidade das brechas que se
abriram por conta do pleito e algumas dobradas, claramente denotando cisões.
Mas como todos sabem que a recuperação da PT-13, tal qual uma BR-153 ainda é a
melhor alternativa até porque todos por ela terão que transitar, os
interessados teriam sentando para estabelecer, quem sabe, um novo traçado que
permita o fluxo normal do partido com sua variada gama de nomes.
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Por ser em boa parte originária do meio rural, o PT local sabe que
durante o preparo da terra, o plantio, o desenvolvimento vegetativo da ‘planta’
e a colheita, tudo está exposto ao tempo, ao clima, desde tempo bom às
intempéries de estiagem ou cheias. O fato é que independentemente do que a
natureza reservar, só haverá colheita se houver plantio.
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Numa região onde a erva-mate é um dos produtos econômicos em
expansão, vale observar: ‘desde a colheita da semente, produção da muda,
plantio, manutenção, poda de formação, poda de colheita, industrialização,
comercialização e distribuição, a erva mate leva em média 5 anos e 3 meses, ou
63 meses, ou 1.890 dias para chegar a sua cuia’, é o que diz um artigo do
Ibramate.
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E pensar que teve político que dispôs de 18 anos, ou 216 meses, ou 6.480 dias e não semeou ninguém! Pergunta: onde estava o partido? Conclusão: só se José Rodolfo Mantovani fosse o próprio milagre em carne e osso. Alguém dirá: ‘é, mas olha o exemplo do Polis/vereador...’. Digo eu: ele já vinha semeando, plantando, cuidando e podando quase como um pé de erva-mate. Teve a graça e cair em solo fértil e novo e, fertilizado por um PMDB, além da vizinhança que provocou a própria quebra ao tentar plantar dois Luízes quando havia espaço só para um. A política pode e dever ser plantada todos os anos, mas safra boa, só depois de quatro a seis anos. Olha o exemplo da erva-mate!