quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Política brasileira caminha para imitar EUA!?


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Pois bem. 

O PT, tido por muitos como uma espécie de ‘único partido político de verdade’ no Brasil, ganhou. Ganhou do jeito que ganhou e no fim das contas é isto que conta. Cada um sabe onde lhe aperta mais o sapato e cabe ao país depurar-se para melhor. Quem se elegeu disse que quer fazer mais e melhor. Se sabe, pode ou quer - são outros quinhentos.
Mas o fato é que as circunstâncias em que a vitória sorriu à Dilma do PT ou ao PT de Dilma, por incrível para possa parecer, com o passar dos dias e das semanas vai importar menos do que o PSDB pode colher com sua derrota – caindo de pé. Se sabe ou quer mesmo também são outros quinhentos.

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E isto para o país deve soar como um alento a quem deseja, realmente, continuar respirando ares de democracia, a despeito de queixas e mais queixas, tudo bem dentro que um modelo democrático permite amplamente.

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Nunca antes na história deste país, como diria o inspirador do ‘único partido político de verdade do Brasil recente’, uma outra sigla, que não o PT; sai de um processo eleitoral com tamanha aceitação, porquanto, acalenta no seu projeto, princípios e valores que se contrapõem ao que temos assistido amiúde.

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Houvesse eleição domingo, alguém duvida que o PSDB não faria do mesmo percentual de votos para cima e nunca para baixo? Poder-se-á dizer o mesmo do PT?

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O clima de decepção que se instalou nos eleitores do candidato Aécio Neves do PSDB traz consigo um misto de ‘revolta’ com o que se tem observado no país nos últimos anos, pelos métodos usados, e principalmente, com as justificativas, publicamente disseminadas quanto ao porquê de votar em um ou no outro.

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Na semana passada neste mesmo espaço saiu um texto sobre as verdadeiras origens do que hoje é o Bolsa Família. E aí inclui-se o próprio PSDB. Ou seja – o projeto em si não é nenhum mal que comprometa o país, mas acaba sendo satanizado como tal, e seus beneficiários, à medida que ‘por ele’ passou a eleição. A meu juízo o Bolsa Família está virando um bode expiatório.

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A ‘revolta’ maior dos ‘revoltados’ com o devido perdão pela redundância voluntária, em verdade, se dá por outros motivos, e uns deles seria pelas rotineiras notícias de corrupção, de obras de infraestrutura não realizadas, enfim, de desvios dos princípios que ensejaram um ‘PT-esperança-de-um-Brasil. Paladino-da-moralidade-pública’, quando se vê que a coisa neste terreno não tem santo.

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E sob este aspecto os 48% de votos obtidos por quem perdeu a eleição, aparentam, ao menos em termos de repercussão pública, calar mais fundo que os mais de 51% obtidos por quem ganhou o pleito. O que importa nesta hora é que o vencedor assuma as rédeas porquanto a nação possui necessidades que não podem aguardar por desculpas, por amanhãs que se colocam na vista real do tempo, cronologicamente mais próximo – e realisticamente mais longe.

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Na política - não sei o que farão atores como PMDB e PSB porquanto tiveram papel de relevância nesta etapa da democracia brasileira. Mas ao PT o futuro reserva um papel sobre o qual está a ver com o desenvolvimento, ou não, do país. Mas e ao PSDB?

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Este partido pode (e devia) firmar-se definitivamente como a opção de quem não deseja mais dar seu voto ao PT. Não que não existam outras opções, mas as sucessões em nível nacional já vêm polarizadas desde 1994 entre esses dois partidos. Parece algo como o que sucede na eleição norte-americana.

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Para isto, porém, o PSDB não poderia neste momento sair literalmente de mãos dadas com o PT. Sinais de ‘diálogo’ e ‘união’ – em política também sempre chegam, e assim sobrevivem -, eivados de interesse, talvez menos do que se imagina em prol do país, e mais em prol de uma conveniência própria. E neste cenário, sejamos sensatos, não há ente político sem pecado – afinal, qual é o interesse maior em política senão a conquista e a mantença do poder!?

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Penso que chegamos lá: PT versus PSDB, como em geografias onde os lados não se misturam, entre democratas e republicanos, republicanos e democratas. Aqui quem é o que - fica difícil definir, mas o quadro final vai se pintando e ganhando cores em vermelho e azul, cada qual com seus princípios, seus valores, seus ideários, suas retóricas e seus comportamentos efetivamente concretos e visíveis aos olhos de quem quer ver.

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E a observar o que se tem observado – ondas e ondas de aparentes desconectados e desinteressados em política vêm vindo. Podem até ter menos interesse em política (porque ela não se ajuda mesmo!), mas é flagrante o aumento de interessados no... país. E é isto que deve prevalecer, porque é isto que nos levará para frente ou não. 

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Mas persiste uma pergunta: e o PMDB?
Que papel lhe é reservado?
Se não conseguir se desvencilhar do papel desproporcional para seu tamanho, encontrará o próprio fim – porque PT e PSDB acabarão preenchendo o palco sem mais espaço para um ator sequer.
E por mais incrível que pareça, quando o cenário para 2018 aponta para nova polarização entre azuis e vermelhos – se há um ente partidário que pode interferir, este atende por PMDB. Como? Ele que descubra e não é difícil. Mas a descoberta é para já.

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E como o PMDB sabe que pode ‘sobrar’ nesse afunilamento – acordou. Desafiou a presidente já na primeira eleição e mostrou sua força. Não - aos Conselhos. Lideranças do PMDB local também deviam atentar, porque a realidade de lá de cima - pode baixar. Quem tiver dúvidas que revise a posição do governador José Ivo Sartori!