Nas
últimas duas décadas e alguns anos, Erechim produziu uma série de pessoas que
ascenderam à posições de relevância para influir no crescimento e
desenvolvimento da cidade.
Na
maioria dos casos, a ascendência se deveu a méritos individuais.
Noutros, figuras ganharam
notoriedade, fazendo eco à sombra de outros poderes instalados na coletividade.
Contentavam-se e
contentam-se com um troco qualquer, enquanto troco promocional.
Coadjuvantes
de uma cena maior, pregam tal qual apóstolos ou súditos de quem realmente têm
seus próprios interesses, pouco se importando com o conteúdo do que alardeiam,
seguros, porquanto grudados tal qual piche na sola do sapato, aos seus
superiores.
Acho que
um povo que não tem orgulho e determinação em defender suas raízes, suas
ideias, sua cultura, sua tradição e seus sonhos, é um povo sem alma.
Porém,
também considero que não se pode desprezar, jamais, o senso do ridículo na
postulação destes mesmos sonhos – a maioria, geralmente cobertos de justiça, desde que voltados ao
coletivo.
E creio ser também
absolutamente natural e compreensível, porquanto faz parte da urbanidade deste
fim de século, que se aceite, sem a menor resistência, inveja ou
constrangimento, que há sim, consequências que projetam individualidades – o
que é perfeitamente normal e socialmente aceitável.
O Brasil
foi um time tão igual a tantos outros em 1994 nos Estados Unidos, mas ganhou a
Copa fundamentalmente porque tinha Romário e isso ninguém nunca sonegou ao "baixinho".
O Brasil ganhou por Romário
– mas o Brasil ganhou, sobretudo, a partir da união de um grupo. E da humildade
desee mesmo grupo, em admitindo suas limitações – não permitiu dispersão e
valorizou-se como uma verdadeira comuna de pessoas. Um grupo. Um grupo só.
Redimindo-me
deste escorregão futebolístico – deliberado, e talvez cometa outro -, observe-se que ele serve para
afirmar o reconhecimento que tenho, pessoalmente, por todos quantos se empenham
de modo mais decisivo e, logo, destacado, para o erguimento de uma
Erechim mais desenvolvida.
São méritos individuais de
quem os acumula e que não podem ser ignorados.
Se devo
me render aos nossos romários (eu disse romários e não romanos de império) –
não é menor a verdade que até mesmo ele, o 'baixinho', vez por outra, rendeu-se
aos propósitos superiores de um time.
Nem sempre, Romário fez o
que bem entendia.
Sabia que era o melhor – mas
sabia que havia outros, que era importante, decisivo até, mas era uma peça
e que, respeito, muito mais que
overdose de orgulho e mania de superdotado,
lhe seria tal qual bússola para o caminho seguro e certo rumo ao objetivo
previamente traçado.
Tenho
sérias dúvidas, graves restrições a quem se julga – deus. Ou mesmo, semi.
Prefiro
apostar minhas moedas na força do conjunto, numa sólida e monolítica figura que
se edifica na reunião e no respeito dos que inclusive pensam de forma
diferente.
Se bem
me faço entender – reporto aqui a confiança em todas as instituições e,
mormente, pessoas, que possam de alguma forma contribuir para o desenvolvimento
desta cidade e desta região.
Se
condenamos o sectarismo ou os fundamentalistas que fazem suas vítimas n’alguns
pontos do globo – não podemos admitir o que parece agir de modo que tende a
seguir a mesma linha de ação, tentando abrir, e talvez sem noção do dano,
profundas brechas entre quem aqui nasceu e quem mesmo vindo de fora – aqui vive
e presta serviços da melhor qualidade.
Seria
uma exigência nascer em Erechim para influir positivamente e com mais
sucesso no seu desenvolvimento?
Seria
certeza de garantia total, que uma vez natural de Erechim, mais QI, mais
determinação e mais talento haverá de se possuir para influir no seu
desenvolvimento?
Diante
de algumas posturas - seria demasiado exagero supor que imaginam, nas alcovas,
que esta terra (cidade) tem dono?
É
legitimamente correto e isento de qualquer erro, apesar das melhores e mais
puras intenções, acreditar que as minhas ideias sobre este solo e o destino
deste lugar é que formam, sim, as bases inabaláveis para a construção de uma
sociedade justa e democrática?
Justa e
democrática para quem - se tem que ser do jeito que eu quero!
Acredito
piamente que um povo e uma comunidade devem sim cultuar suas tradições, orgulhar-se da história construída pelos ancestrais, e não podem não, se esquivar
de emprestar o melhor de si para o crescimento e o pleno desenvolvimento da
mesma.
Agora –
há que se definir o que vem a ser realmente, bairrista.
E por
fim – ou para começar -, creio que não devemos lançar à fogueira ou execrar os
nossos romários – mas não devemos prescindir e, muito menos, ofender a boa
vontade de "estrangeiros" que vem logo dali, da aldeia vizinha, para morar
conosco.
Talvez
não devêssemos cantar tantas hosanas a
santos que João Paulo ainda não canonizou, sob pena de venerarmos santos que
não o são, e talvez nunca venham a sê-lo, e, de quebra, nos tornarmos servos -
em tempos que já se vão longe dos zinhôzinhos.
E se não
quisermos perder o último trem da história – que se tire passagem para todos.
Que ninguém seja recusado no
vagão e nem deliberadamente esquecido na estação.
Por favor – passagem para todos!