Não se sabe se foi uma decisão isolada do
prefeito Luiz Francisco Schmidt ou se foi mais uma “sábia” conclusão de seu
núcleo duro de governo. O fato é que a demissão da jornalista Paola Seibt
repete o equívoco da liberação do jornalista Marcos Aurélio Castro.
Há tempo que o prefeito anda a procura de um jornalista mais
conhecido, respeitado ou “consagrado”. Como se isso fosse garantia de uma boa
divulgação dos feitos de governo. “Um cara que possa enfrentar os grandes nomes
da imprensa local” - como já ouvi de dentro do próprio governo. Ora isso não é
função para a assessoria de comunicação, mas se não que, uma missão que cabe
diretamente a pessoas do próprio governo quando entenderem que não concordam
com o que sai, ou como sai, na imprensa. Quem é porta voz deste governo com
estofo para defendê-lo, quando injustiçado se vê. Nem na Câmara de Vereadores
há essa figura, repito, com as características que os mais fieis escudeiros
devem ter.
O fato é que a jornalista Paola é acima de tudo uma profissional que tem na dedicação, na competência, na leitura e interpretação rápida dos fatos, seus principais trunfos, aliados a uma surpreendente discrição para o cargo que exerce. Não se projeta na vitrine por lindas penas de pavão, como o executivo em outros tempos já exibiu. Ademais, pavonice não é sinônimo de cobertura correta das ações do executivo, e muito menos, credencial (credencial?) que meta medo em quem o governo, aparentemente, parece viver como se acometido de pânico.
Suspeito que as
críticas de Antônio
Dexheimer nas redes sociais, um dos responsáveis pela colocação de quem em
governo hoje está, que elas têm sim suas fundamentadas razões para deixá-lo de cabelos
em pé mesmo carecendo de fios no couro cabeludo ou descabeludo. Assaz observador
de um governo, que ao lado de Eloi Zanella, elegeu –, não é de desconsiderar a
maior parte das ironias do ex-prefeito, e crente fiel ao tempo da definição de um
nome para representá-los, que melhor que Luiz Francisco Schmidt não havia. Hoje, o que se vê,
é também um Antônio atônito com o que, e a quem, ajudou a governo fazer. E aí o espanto ultrapassa a figura isolada do prefeito.
Acredite senhor
prefeito, não sei
quem lhe convenceu a tornar realidade o equívoco de quarta-feira, 11, com a
demissão da jornalista Paola, que “sozinha”, desde o meio do ano passado até
esta semana, vinha tirando leite de pedra de um governo que ainda não disse a
que veio e nem para onde deseja seguir. Talvez porque a razão seja clara e
singela: o governo não o sabe. Ou por convicção de falta de convicção de um grupo lacrado em si mesmo, ou por dar ouvidos a tantos e a quem não devia.
Desde a implantação de governos em Campo Pequeno, que a
prática de leva e traz, de insinuações, de bolas nas costas, de invencionices,
de intrigas na própria trincheira para acobertar na maioria das vezes as próprias
incompetências de setores, de secretarias e pessoas (respeitando as exceções), pois
desde há muito que essa praga é semeada no gabinete do prefeito seja ele quem
for, e bem perto de seus ouvidos, quase sempre buscando fugir à nulidades pessoais, elegendo um “Cristo” para justificar um projeto, uma intenção, uma
ideia que não decolou ou um próprio governo que taxeia, taxeia e taxeia, mas
não consegue decolar. Aí, então, para e manda descer o setor de comunicação
que não conseguiu impedir que divulgassem o feito do piloto virtuoso, ou deste com sua
tripulação, ao descobrirem-se sem plano de voo ou sequer um velho mapa .
Uma lástima. Um equívoco. Pior – outro erro. Tiraram
o sofá da sala e não percebem que até as janelas ainda estão abertas. E o mais grave
– uma injustiça. Justamente agora quando o governo começa a mostrar algumas
ações, e, cá para nós, muito bem divulgadas pela comunicação e com alguma repercussão
já mais positiva junto à imprensa e à população.
Luiz Francisco Schmidt, na condição de prefeito, devia ter
este tino e evitar a precipitação. A quem o prefeito cedeu não se sabe. Se a
seus conselheiros politicamente denodados, porém politicamente verdes e debutantes no ofício, ao seu
exército de partidos, onde a tônica de predomínio segue a máxima da
mediocridade de interesses mesquinhos sempre dispostos a colocar no palco
novos artistas com suas comédias ou tragédias, ou, se de fato o intento do
prefeito se precipita para instalar no cargo um pavão ou uma ave de rapina como
se esta fosse capaz de “pautar a imprensa”.
O governo abriu mão de uma pessoa que trabalhou para o
governo pensando apenas no melhor para o governo. E soube fazê-lo com discrição, algo estranho à política. Quem virá – talvez tenha atributos
dos quais o próprio prefeito já se revelou um admirador incorrigível, ao
elogiar escancarada e ingenuamente a quem sucedeu, e que tantos problemas de
herança lhe deixou de presente – vide trânsito, saúde, falta de infraestrutura
nos novos e infindáveis bairros que hoje emolduram com suas mazelas de infraestrutura a geografia
de Campo Pequeno.
Quem pode saber o que se passa nas preferências das pessoas –
ainda mais quando investidas em cargo e responsabilidades públicas é que são
elas. Que de seu direito é. Que deve ser respeitoso, deve, até porque a caneta derradeira,
dos sucessos ou fracassos públicos só aceita uma assinatura. Agora, que é direito
e até dever da própria imprensa manifestar-se sobre o que, por que e quem
leva à determinadas assinaturas daquele único que pode melhorar ou piorar sua
própria missão, também é do mundo democrático.
Que a competente jornalista Paola Seibt encontre o
mais rápido possível quem saiba lhe reconhecer a qualidade do seu trabalho e sua postura fundamentalmente profissional. Ouso de deduzir e concluir que a jornalista foi vitimada por sua temperança de seriedade, que jamais lhe permitiu gargalhar de piadas sem graça ou ditos piegas, tão comuns e com tantos aplausos, desde que pronunciadas por superiores na hierarquia do poder da coisa pública.
E que o governo quando decidir-se que está na hora
de criar um fato novo, como por exemplo demitindo alguém, que o faça com
sensatez, embora esta seja uma virtude ausente à grande maioria dos governos, porquanto no olhar dos mais míopes, os impactos de fatos e feitos da administração pública importam bem menos, que afagos políticos ou repercussões
de coalizões - também conhecidas como conchavos - divorciados do interesse geral da sociedade.