URI – 30 anos
A Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, completa neste dia 19 seus 30 anos. Abro espaço para um artigo assinado pelo professor Cleo Joaquim Ortigara, que foi o primeiro reitor da instituição. Ocupou lugar de destaque ao lado de outras pessoas de diferentes cidades, acreditando na criação de um novo modelo de Universidade – a Universidade Comunitária e multicampi. O artigo leva o singelo título (19/05/1992) que remete à data de seu reconhecimento oficial. Vejamos o artigo.19/05/1992
Nesta data, a URI
está completando trinta anos do seu reconhecimento como universidade. Naquele
dia, o então ministro da educação, Goldenberg, na mesa ovalada da antessala do
gabinete, empunhando a caneta, proferiu: - “Espero nunca me decepcionar em
assinar o reconhecimento desta universidade, que faço com profunda confiança,
ciente de que ela será grande, pois certamente, imenso foi o desafio em
construí-la”. O júbilo tomou conta do ambiente. Assistimos com os olhos
marejados,testemunhados por prefeitos dos municípios sede dos campi, deputados,
imprensa e presidente da mantenedora, ao ato tão aguardado.
Fruto da
obstinação de um punhado de “persistentes e tresloucados” professores, após
intensa e magistral articulação técnica e política, foi possível, à luz da
legislação restritiva da época, construir uma inovadora universidade, diferente
das até então existentes, dado seu modelo multicampi. Articulação técnica, pois
foi demonstrada a possibilidade da construção de uma universidade, conjugando
esforços, abnegando pequenas vaidades locais, comungando interesses comuns e
colocando o pequeno particular em benefício do bem maior. Articulação política,
pois demonstrados os “ganhos” locais, prefeitos, vereadores,
igrejas,organizações sociais, entidades de classe, professores e alunos
perceberam o quanto “lucrariam” com a existência de uma universidade no modelo
proposto. E assim aconteceu.
Celebrar trinta
anos, hoje, mesmo de longe, é dizer que a “filha” gerada com muito afeto,
continua benquista. Significa enaltecer o esforço e a tenacidade de alguns
visionários, empenhados em legar à região do Médio Alto Uruguai e Missões uma
obra imortal. Significa louvar tantos professores que, pelos seus méritos,
ajudaram a formar milhares de profissionais que labutam para o seu ganha pão e
contribuem para a grandeza da pátria amada. Celebrar trinta anos é ter a
oportunidade de agradecer a tantos líderes, empresários, políticos,
organizações, igrejas, entidades diversas que sempre estimularam a que a
universidade produzisse os frutos esperados. Atrevidamente, dizer aos
dirigentes, diante da atual realidade, que talvez seja necessário redimensionar
a estrutura da universidade, rever custos, cortar na própria carne, se
necessário, para que as tempestades não afundem ou balancem em demasia o bem
maior.
Se necessário,
como dizem os pedagogos, “revisitar” os fundamentos que embasam a Universidade:
de um lado, o legado da saga missioneira, da liberdade, da democracia, da
autodeterminação e, de outro, a herança deixada pelos migrantes de diferentes
etnias, que, pela força do trabalho nos deixaram exemplos de honradez,
empreendedorismo, solidariedade e produtividade, possa auxiliar na superação de
possíveis gargalos hoje existentes.
Talvez, a
retomada do diálogo produtivo com a comunidade regional possa contribuir para a
redefinição de políticas internas, bem como maximizar a capacidade produtiva
dos professores e alunos.
Nos trinta anos,
desejar que a URI prossiga em seus propósitos fundamentais, pois a formação das novas gerações é a garantia do avanço científico e
tecnológico tão indispensável a esta imensa região do amado Rio Grande.