quarta-feira, 29 de junho de 2022

Morre Tomasi símbolo da raça do Atlântico dos anos 1960

 


Tomasi, em sua residência no ano passado. Crédito: Arquivo de Família

O último grande expoente e, ídolo da época de ouro do futebol de campo do CER Atlântico, faleceu. Mario Tomasi deu adeus a esta vida pouco depois da meia noite, já nesta quarta-feira cinzenta e chuvosa, 29/6, aos 87 anos no Hospital de Caridade. Ele sofria com problemas renais e cardíacos há vários meses, mas há cerca de dois, começou a ficar mais acamado até der de ser internado no Hospital de Caridade, onde permaneceu por cerca de cinco a seis dias. Ontem, terça-feira, 28, seu filho Luciano disse que Tomasi apresentava sinais de melhora e havia até a expectativa de receber alta. No entanto de madrugada sofreu duas paradas cardíacas. Na primeira os médicos conseguiram reanimá-lo, mas a segunda, foi fatal. O velório está acontecendo na Capela B do HC. À tarde, às 16h, haverá encomendação do corpo e depois seguirá para sepultamento no Cemitério Municipal de Erechim. Mario Tomasi deixa esposa, duas filhas e um filho. No ano passado sofreu muito com a perda de um quarto filho. No futebol foi um exemplo: lutar desde o apito inicial até o final, sem jamais se entregar. Treinamento para ele - era jogo oficial. Depois de largar os gramados dedicou-se ao comércio sendo proprietário da Flora Guarani.


Tomasi, o Gringo, sempre suado aos 15 minutos jamais se entregava. Iniciou a carreira no Força e Luz. Depois Aimoré e finalmente o CER Atlântico. Crédito: Arquivo de Família


Mario Tomasi, um ponteiro direito que jamais se entregava em campo, jogou no Atlântico durante 12 anos. Veio do Aimoré, em 1960, onde foi vice-campeão estadual em 1959 num grande time que tinha: Suly: Marinho, Toruca, Afonso e Gilberto; Fernando e Mengálvio (aquele mesmo que foi para o Santos); Tomasi, Marino, Abílio e Gilberto Andrade.

No Atlântico integrou talvez o melhor time verde-rubro: Miguel; Tiassa, Garcia, Noronha e Fossati; Maneco e Assis; Tomasi, Cardoso, Índio e Carioca.

 

A seguir o maior jogo do Atlântico com Tomasi



Noronha, Paulinho, Maneco, Garcia, Tiassa e Fossatti; Moacyr, Índio, Tomasi, Zé Carlos e Cardoso
Crédito: Arquivo Atlântico.

                             


(Publicado em 13 de março de 2021)


1

Desencravei o maior jogo que Erechim

já viu.

A pandemia nos proporciona isso.

2 de dezembro de 1962:

Atlântico 6  x 5 Lajeadense,

eram naquela época duas equipes

que se rivalizavam em qualidade.

Dois times bons.

Fosse hoje, seriam considerados

muito bons no cenário gaúcho

considerando os jogadores que

ambos tinham.

Mas o que se falou muito

depois do jogo foi sobre a arbitragem

de Ney da Luz Barbosa - um bom árbitro 

mas que naquele dia não foi bem.

Como todo jornalista é um alguém

mais que chato – decidi cavocar mais.

Aliás, decidi ser jornalista de novo

- ao menos nesta parte final do inesquecível

acontecimento. E então,

Mesmo por celular, fui atrás de fontes.

 

Nas edições seguintes à partida,

A Voz da Serra,

trouxe informações importantes.

Primeiramente uma análise do próprio

jornal

– que tinha na sua direção, 

Estevam Carraro

– um atlantista de coração vermelho

puro-sangue e, que no ano seguinte,

assumiria a presidência do clube.

Não bastasse isso, havia ainda

Geder Carraro, diretor de redação

e também atlantista ferrenho,

com seus bigodes de fogo e língua

de espada japonesa

quando sentava-se

à máquina.

 

Noronha, Tiassa, Paulinho, Garcia e Fossatti; Doracy, Tomasi,
Zé Carlos, Maneco e Assis. Crédtio: Arquivo/Atlântico
Vejamos o que publicou A Voz da Serra

no dia 4 de dezembro, de 1962, dois dias

depois do histórico jogo.

É preciso ter presente que

na visão dos dirigentes do Lajeadense

e de seus atletas – o time foi,

como direi, prejudicado

com gravidade, porquanto o resultado

estaria seriamente ligado à atuação

do árbitro.

A propósito, esta foi também, e continua

sendo até hoje, a impressão de muitos

atlantistas

que viram o jogo.

 

2

 

Mas, com disse, vejamos o que escreveu

A Voz da Serra: “Ney da Luz Barbosa

foi designado pela Federação com

uma atuação péssima.

Na primeira fase não assinalou

duas penalidades contra o Lajeadense,

além de truncar as jogadas do Atlântico

quanto notava perigo.

No período final, continuou com

o mesmo diapasão, tendo

inclusive assinalado uma penalidade

em flagrante impedimento”

O jornal referia-se ao lance em que

Roque recebeu um lançamento,

quando estaria

“em flagrante impedimento e investe

contra a meta de Paulinho. Tiassa

- corre atrás e não tem dúvidas

em derrubá-lo dentro da área.

Penalidade assinalada pelo árbitro,

quando deveria ter assinalado

impedimento,

por sinal, clamoroso...” é o que

diz o jornal).

“Paulo Muradás faz 5 a 3 para o

Lajeadense e eram 38 minutos

do 2º tempo.

 

3

 

Conseguiu o predicado,

Ney da Luz Barbosa, desagradar

a ambos os contendores.

Ao final foi agredido por jogadores

do Lajeadense, ocasião em que

‘correu a borracha’

dos policiais presentes.

Fraca foi atuação de

Ney da Luz Barbosa,

causando surpresa à Federação

a designação de um árbitro

de fracas qualidades para conduzir

o embate da categoria do realizado

domingo último.

 

4

 

"O propósito da Federação prejudicar

o Atlântico foi visível e intencional”.

(Era o que dizia a ‘insuspeita’

A Voz da Serra,

em se tratando de Atlântico).

E prossegue o jornal de terça-feira,

dia 4 de dezembro de 1962:

“a agressão que sofreu por parte

de jogadores do Lajeadense,

beneficiado durante todo o

desenrolar do encontro,

não é justificável,

pois o tento” (supõe-se que o

da vitória do Atlântico),

“como todos, com exceção da penalidade

de Paulo Muradás, foram assinalados

de maneira correta. Atuação das mais

facciosas e dos dois bandeirinhas

que o auxiliaram”. Esta era interpretação

do redator de A Voz da Serra

sobre a arbitragem daquele

inesquecível jogo.

 

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O que o árbitro disse à Folha da Tarde

 

1

 

O que vem a seguir está em

A Voz da Serra do dia 7 de dezembro

de 1962.

Diz o jornal (Transcrito da FOLHA

DA TARDE (Porto Alegre) de (6.12.1962).

 

2

 

“A propósito das declarações do

Lajeadense de que o juiz

Ney da Luz Barbosa havia atuado

coagido ou engavetado, por acasião

do cotejo dessa agremiação contra

o Atlântico de Erechim, o referido

árbitro esteve na tarde de ontem

em nossa redação, onde prestou

os seguintes esclarecimentos:

‘primeiramente, devo declarar que

fui escalado em substituição

ao meu colega Alfredo B. Torres,

que não conseguiu licença do Exército,

já que é sub-tenente.

 

3

 

Afim de esclarecer à opinão pública

a respeito da noticia de parte da direção

do Lajeadense: o primeiro tempo

da partida foi normal,

com vitória parcial do Lajeadense

por 2 tentos a zero, apenas com um

desconto de 4 minutos para atender

um atleta lesionado.

No 2º tempo quando o Lajeadense

Já vencia por três

tentos a zero,

deu-se a expulsão

de Paulo Muradás, por haver

praticado violenta falta

no arqueiro Paulinho, do Atlântico.

Quando o Lajeadense vencia por

5 tentos a 3, sua equipe começou

a entregar-se à cera,

atirando diversas vezes a bola

pela lateral do gramado, procurando

com isso ganhar tempo,

pois restavam apenas 8 minutos,

fora os descontos, para o término

do encontro.

Ocasião em que chamei

o capitão da representação do Lajeadense,

e certifiquei-o de que toda a cera

e paralisação da partida seria

descontada. Ressalvo ainda que

a partida foi interrompida duas vezes,

no segundo tempo para atender

atletas do Lajeadense.

Nestas interrupções houve uma

paralisação de quase 3 minutos

4

No tempo regulamentar

o escore era de 5 a 5.

O tento da vitória do Atlântico

foi consignado no período de descontos,

e pela minha cronometragem,

ainda faltava meio minuto para

o término da partida.

Afim de melhor esclarecer o caso,

eis a relação dos goals e mais

o horário em que foram consignados.

 

Lajeadense: 22 minutos do primeiro tempo,

26 minutos do primeiro tempo,

6 minutos do segundo tempo.

Atlântico: O primeiro tento do Atlântico aos

18 minutos. Segundo goal,

pênalti, aos 24 minutos – ambos no 2º tempo.

Lajeadense: Aos 27 do 2º tempo.

Atlântico: Terceiro goal, pênalti,

aos 32 minutos.

Lajeadense: Quinto goal,

pênalti aos 37 minutos.

Atlântico: Quarto goal aos 41 minutos.

Quinto goal aos 45 minutos.

Sexto goal aos 49 minutos.

 

5

 

Após a conquista do sexto gol,

os atletas do Lajeadense, vieram

reclamar

o tempo que já estava passando,

tendo respondido que o tempo

era comigo, ocasião em que o

meia-armador..., ofendeu-me,

sendo automaticamente

expulso do gramado.

No momento da expulsão fui agredido

pelas costas...  

com violento pontapé,

tendo atingido-me com um soco

prostrando-me ao solo.

Não houve invasão alguma de campo

durante a partida, e os únicos estranhos

que penetraram no gramado

foram os policiais, a meu chamado.

Após serenados os ânimos,

eu solicitei aos policiais

que se retirassem porque

a partida iria prosseguir,

mas aconteceu que o Lajeadense

se negou a continuar.

Como a partida

não havia finalizado

– faltava ainda meio minuto

– dei o prazo de cinco minutos

para resolver se iriam ou não continuar.

Mas o capitão da representação

do Lajeadense declarou que sua equipe

não seguiria disputando e abandonou

o gramado’.

 

6

 

Com relação às insinuações

do senhor presidente do Lajeadense,

declarou Ney da Luz Babrosa:

- É espantosa a facilidade com que

certas pessoas, que são guindadas

 à presidência de um clube somente

por possuir..., mas completamente leigos

em matéria de football,

jogue com a honra de homem

que não conhece.

Não sou melhor do que ninguém,

mas, na minha vida particular

sou capitão da Brigada Militar

e tenho um nome a zelar.

No seio de minha força

jamais permaneceu

oficial desonesto...” 


O texto acima foi reproduzido

por A Voz da Serra no dia 7 de dezembro de 1962.

A grafia de alguns termos não sei

se constam da Folha ou se na redação

de A Voz da Serra foram alterados,

como ‘goals’ e ‘football’, por exemplo.

 

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“Peitado Ney da Luz”

 

1

 

Matéria na mesma página de

Voz da Serra do dia 7 de dezembro

de 1962:

“Nossa reportagem

em palestra com o jornalista

João P. Machado, (supõe-se que era

do próprio jornal), que retornou

ontem da capital do Estado

fomos informados que o mesmo

manteve palestra com o árbitro,

Ney da Luz Barbosa, ocasião em que

foi esclarecido, que o mesmo

foi ‘peitado’

em sua residência

por quatro representantes,

supostamente em nome do Lajeadense,

no sentido de assinar uma declaração

que tinha conduzido o encontro

do domingo último,

coagido.

 

2

 

Ney da Luz Barbosa negou-se

a prestar tais declarações

por serem inverídicas,

tendo de imediato prestado declarações

sobre o fato ao jornal Última Hora

da capital do Estado.

Podemos informar ainda que

a súmula do jogo será julgada

pelo TJD devendo o Lajeadense

incorrer nas sanções penais”,

afirmava o jornal A Voz da Serra.

 

3

 

Omiti os nomes dos supostos

agressores ao árbitro,

segundo declarações

do próprio, e supostos cargos

que pessoas que teriam

se dirigido à residência do árbitro,

buscando,

também supostamente,

que o

mesmo – assinasse uma declaração

onde afirmaria que fora coagido

na condução da partida.

Não vem ao caso, por evidente.

 

4

 

Só dei prosseguimento buscando

Informações sobre o pós-jogo,

porquanto,

na época e até hoje,

Atlântico

e Lajeadense fizeram uma partida

histórica, ensejando durante ao final,

muitos questionamentos, que foram

parar na imprensa da capital.

Até hoje, para muitos que estiveram

na Baixada Rubra naquela tarde

de dezembro de 1962, aquele foi

o jogo mais incrível que Erechim

já viu

e, talvez, o maior jogo do Atlântico.

A verdade é que as duas equipes

se equivaliam em qualidade

e, reviravoltas no placar como aquela,

– constituem hoje

em dia acontecimentos raríssimos.

Alguém se lembra de outro parecido?

 

5

 

Por fim, os fatos transcritos

o foram com base no jornal erechinense

A Voz da Serra e do mesmo periódico,

que transcreveu manifestação do próprio

árbitro feita a um jornal da capital.

Afora isso, o que posso dizer é que

por já terem se passado, 58/59 anos,

tornou-se quase impossível

consultar outras fontes.

Por gostar de futebol e de história,

revivi (do ponto de vista da imprensa local)

esse acontecimento inédito – até porque -,

eu estava no estádio e lembro

daquele dia.

 

6

 

Como haveria de esquecer!

Quem viu – jamais esquecerá aquele

Atlântico e Lajeadense,

esta,

uma agremiação

que até hoje mantém seu departamento

de futebol em atividade, honrando

sua longa e bonita história

como clube de futebol.

Já o Atlântico saiu de campo

no final de 1976 – para nunca mais

retornar, o que é uma pena

para o futebol erechinense e gaúcho.  

 

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O jogo na visão de atacante do Lajeadense

 

1

 

Dei sorte.

Como disse antes – parece que meu

Instinto de jornalista acordou.

Depois de várias tentativas

Feitas ontem, 12 de março,

com alguém que pudesse

falar sobre aquele jogo (jornais no

Arquivo Histórico, secretaria do cube,

etc...em Lajeado) consegui

através do radialista

Jacy Pretto, da Rádio Independente

de Lajeado, o contato do atacante

Nestor Heineck que esteve com

a camisa do Lajeadense naquele jogo.

 

Perto de completar 85 anos,

extremamente solícito e agradável,

Nestor, como era seu nome de

jogador de futebol, disse que se

lembrava muito bem daquela partida.

Na época o atacante tinha de 25

para 26 anos. Vejamos o que ele

disse ontem – 12 de março de 2021.

 

2

 


“Me lembro muito bem

daquela partida. Sabíamos que

era militar e que... tratava-se de

um árbitro fraco,

para um jogo daquela importância.

O empate era bom para nós.

Durante todo o jogo, quando

entrávamos na área,

ele parava a partida.

Pelo transcorrer o jogo

estava muito favorável para nós.

 

A pressão sempre era nossa.

No meu entender o juiz não tinha

condições de apitar aquela partida.

Acho que ele foi muito parcial.

Veja que o nosso goleiro,

um cara pacífico, chegou uma hora

em que ele abandonou a meta e

foi no juiz. É isso que eu me lembro”.

 

Ainda de acordo com Nestor,

autor do primeiro gol do Lajeadense

aos 22 minutos, outra lembrança

que ele tem daquele dia foi

sobre o Garcia.

“Quando eu prestei serviço militar,

fiz amigos... e ao entrar em campo

naquele dia, um desses amigos

do quartel estava no estádio

perto de nós.

Ele me chamou e me disse:

“Nestor,

hoje tu vai ser marcado pelo

melhor zagueiro central

que tem por aí. O Garcia.

E, na verdade, era um grande jogador”.

 

Ao nos despedirmos, ontem,

Nestor Heineck,

pediu se Garcia ainda vivia

– com o que lhe informei que já é

falecido há muitos anos.

O atacante do Lajeadense

lamentou a notícia.

Admirava o futebol do zagueiro.

 

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O jogo na visão de atacante do Atlântico

 

1


 

Mario Tomasi. 86 anos. Casado.

Pai de quatro filhos.

Sumiu do centro e alguém comentou

que estaria acamado. Que nada.

O símbolo da garra atlantista,

não se entrega.

Ontem, através de seu filho Luciano,

Tomasi deu sua versão daquela partida

onde foi capitão.

“União. Sem vedetes. Sem estrelas.

Todos correndo por todos.

 

2

 

Reunimos o grupo e decretamos:

Nós temos que ganhar esse jogo.

Não interessa se é de 1 a 0.

Empate é deles.

Nós queremos ganhar e vamos ganhar.

Cada um vai dar o seu sangue hoje.

Não tenta resolver sozinho.

Vamos passar a bola. Temos que correr 

e vamos correr até o último

segundo. Enquanto o juiz não apitar o fim

– pra nós haverá jogo.

 

3

 


Estava realmente difícil.

O time deles era muito bom.

Mas a nossa autoconfiança

foi mais forte. Correr, correr e estar

todos juntos. União, união, união...

Nós temos que ganhar hoje esse jogo

e pronto”.

 

4

 

Tomasi é casado

com Delires Zanin Tomasi e

tem os filhos, Silvana, Adriana,

Luciano e Cassiano.

Segundo seu filho, ao final da

 histórica partida o onze atlantino

estava extenuado, mas havia

conseguido seu objetivo.

‘O pai está bem. Dá as caminhadas

dele por aqui, ainda fuma

seu cigarrinho e esta está se cuidando

por causa do Covid’.

 

5

 

Realmente, para quem é torcedor

do Atlântico o “Gringo” como

era chamado entre o grupo de atletas

– desde 1960 quando chegou

do Aimoré, passou a ser símbolo

da garra viva dentro do gramado

do Atlântico. Tomasi era ponteiro

de origem, mas jogou de meia atacante,

depois no meio campo,

e, se precisasse ia na lateral

– e com ele não tinha bola perdida,

além de ser um jogador de qualidade

para aqueles tempos. Hoje jogaria

em qualquer time dos que andam por aí.

 

6

 

Independentemente do jogo,

aos 15 minutos ele estava suado

de cima abaixo.

Que bela notícia notícia saber

que o Tomasi, talvez um

dos poucos remanescentes

do Atlântico

daquele jogo inesquecível

e de 12 anos no Atlântico,

ainda tenha boa saúde.

Vida longa ao símbolo da garra verde-rubra.

Este homem, merecia uma

homenagem especial

- porque até a propalada garra verde-rubra

hoje no futsal tem raízes em Tomasi e no

Velho Borges.

Podem acreditar.

Podem acreditar. 

E a italianada do início do século passado.

 

 

Finalmente o fim (?)

 

1

 

Aquele jogo teve os seguintes atletas e campo.

Atlântico: Paulinho; Tiassa, Garcia, Sebastião (Maneco) e Fossatti (Sebastião); Zé Carlos e Maneco (Juca); Tomasi, Moacyr, Índio e Cardoso.

Lajeadense: Rogério; Edvi, Paulo Kieling, Hélio e Blach; Walmor e Paulinho; Paulo Muradás, Roque, Nestor e Gaitero.

 

2

 

Liguei para dois telefones

do Lajeadense e a ligação ficava muda.

Mandei e-mail e não

obtive resposta até fechamento

da coluna.

No Arquivo Histórico do município

também não foi encontrado nenhum

registro

desse acontecimento.

O jornal mais antigo da cidade,

em circulação – seria do início

dos anos 1970.

 

3

 

Esta reprodução não visa atingir

a reputação de nenhuma pessoa.

Trata-se apenas de resgatar um evento

histórico - nestes tempos de tanto

sofrimento com perdas de vidas,

e prejuízos

econômicos.

 

4

 

No fim é isso que importa.

O resto é... história.

Como a conquista da Copa do Mundo

no Chile e,

o primeiro mundial de clubes

pelo Santos,

ao derrotar o Benfica por 5 a 2

no estádio da Luz,

a primeira transmissão de TV

via satélite,

uma Ferrari - 250 GTO Berlinetta

tornou-se o carro mais caro do mundo,

durante um leilão na Califórnia,

alcançando o preço de 37 milhões de

libras em 2014.

Ano da Ferrari? – 1962.

 

5

 

Ainda em 1962 – seis Atlangas:

três vitórias

Do Atlântico, duas do Ypiranga e,

um empate.

Para os ypirangistas matarem saudades:

19 de agosto de 1962, Ypiranga

3 a 0 no Atlântico.

Ypiranga: Osvaldo, Bira, Gaieski, Winitu e Celso; Brenno Simão (Assis) e Hermes; Assis, Bolívar, Enio e Maneca.

Os cinemas exibem 007 contra o

Satânico Dr. No e

Os canhões de Navarone.

Por fim,

os Beatles gravam Love Me Do.

Tudo isso e sabe-se mais lá o quê

Em 1962 – ano do mais

incrível jogo que Erechim viu.

O resto é história.

Muiiiiiita história.


Atlântico em 1964: Severiano, Paulinho, Tomasi, Cardoso, Wilmar e Glenio; Osmarino, Vianna, Índio, Da Silva e Risadinha.

PS – como disse, esta recuperação histórica

visa apenas preencher meu tempo

de isolamento social e oferecer

a quem quiser reviver o fato inédito.

Não há achados. Há fontes. Velhíssimas

– mas fontes. Assim como em toda

minha vida jornalística

– nunca visei diminuir quem quer que fosse.

Me ative aos fatos, com um texto

(os anteriores) mas, digamos,

literatos. Agradeço a todos que

tem retornado com palavras bondosas.

O que descobri é que tem ‘muita gente

que adora reviver seus tempos de criança,

 guri, menina (muitas delas adoram futebol

e viram o jogo), adolescência’

e que não voltam mais.

Ainda mais quando os fatos

são transcritos com base em fontes

oficiais. Abraço a todos. 


Tomasi recebendo o livro dos Atlangas/2019. Crédito: Arquivo Pessoal


(Texto do jogo de 13/03/2021)