Ypiranga organizado e com espírito combativo. Foto: Enoc Júnior |
Na estreia na Brasileiro da Série “C” de 2024 com uma boa vitória de 3 a 1 sobre o CSA (Alagoas), no sábado
(20), no Colosso da Lagoa, o Ypiranga foi muito diferente daquele Ypiranga que
quase caiu para a Divisão de Acesso no Gauchão 45 dias antes.
O time está
organizado – comparando com o Gauchão.
Algumas
peças cresceram de produção.
A equipe
mostrou-se compactada entre defesa, meio-campo e ataque, sem buracos chamativos.
O goleiro
Alexander, agora em melhor forma, foi um dos destaques, ao lado do trio defensivo. Comparado consigo mesmo - melhorou.
O sistema defensivo - também me pareceu melhor colocado e mais atento.
Taddei, o
camisa 10, movimentou-se muito e deu sinais que pode ser o 10 que o time precisa, mas que decepcionou
no Gauchão. Cabe mais.
E na frente,
Reifit, assumiu e desempenhou muito bem a função que era em 2023 de Mateusinho. Digamos - repetiu o atleta que hoje está na Série "A" no Vitória. É uma válvula de escape, de recomposição, de retenção de bola e de armação. Enfim - sabe jogar.
Mostrando-se
um time com postura de equipe – o onze comandado por Thiago Carvalho, ainda
levou para campo algo que julgo indispensável numa equipe, mesmo quando o
resultado pode não ser favorável: “espírito combativo”.
Mesmo sendo
dono das ações o Ypiranga perdeu três ótimas chances de gol no 1º tempo.
Fernando subiu com estilo e fez 1 a 0. Foto: Enoc Júnior |
No 2º tempo
numa belíssima jogada de Reifit, o Ypiranga fez 2 a 0 com Lucas Marques.
Jogando-se mais ao ataque, na cobrança de uma falta, pelo alto, a zaga e o goleiro do Canário confundiram-se e o CSA diminuiu. Era a volta dos equívocos do Gauchão?
Aí o
fantasma dos empates percorreu as barrigas nas cadeiras.
O time de
Thiago Carvalho parece ter sentido - e passou a jogar atrás da linha da bola. Num vacilo do meio
campo, o CSA ainda conseguiu um arremate forte, seco – exigindo uma grande e
salvadora defesa de Alexander. Eu vi o empate, mas o goleiro tão criticado no
Gauchão praticou uma defesa,
como disse - muito difícil, porquanto no chão.
Na sequência
o escanteio batido forte, em curva e com veneno. A bola quase aterrisou na pequena área do Ypiranga – mas sem que ninguém das duas equipes a tocasse, seguiu até o outro lado. Mas - o arrepio percorreu o Colosso outra vez e não era pelo vento esperado que não apareceu.
Tentando a todo custo o empate, o CSA arriscou tudo e perdeu.
Num contra-ataque dois atletas do time erechinense saíram com bola dominada ainda do seu campo e seguiram tendo à frente apenas o goleiro.
Fabrício teve calma e rolou para Mateus Anderson fazer o gol do
alívio.
Durante a partida
ocorreram várias trocas de ambos os lados, mas numa boa partida o domínio sempre
foi do Ypiranga que jogou lembrando levemente o "velho Ypiranga dos anos 2022 e 2023",
dando alento e mostras que pode crescer.
Não sei como
Thiago Carvalho fará quando Gedeílson estiver à disposição. Se o colocará no
time ou continuará com o 3-5-2 que muitas vezes virou um 3-4-3 diante do CSA.
Na chegada ao
estádio algumas surpresas: primeiro com a nova iluminação. Não tinha visto
presencialmente. Agora dá pra jogar. A segunda quanto ao fardamento. Não é que
o Ypiranga jogou todo de preto! Nunca tinha visto antes um canário preto, muito
menos no Colosso da Lagoa. Mas – ficou bonito. Parecia um dos uniformes do
Real Madrid. Mas não era. Procurei o Toni Kross e não o encontrei. E, talvez
ali pode estar um dos ajustes que o técnico tenha de olhar com mais carinho.
Ninguém comprometeu – mas, pareceu-me que cabe naquele setor do campo mais um
homem de contenção e que saiba sair para o jogo, dando maiores garantias aos que atuam atrás.
De resto – restou uma verdade no futebol: é preciso dar tempo ao comando técnico. O time visivelmente teve organização e pernas. Mas – ficou-me a impressão que tende a crescer. Quando conseguir agregar auto-confiança, que caracteriza os times mais fortes; aí até eu que não entro em campo, irei ao estádio com expectativas positivas, muito diferente das quase certezas que iam comigo no Gauchão.
Ypiranga de preto. Foto: Enoc Júnior |
Portanto, tão importante quanto a vitória e os três pontos, a estreia do Canário Preto na Série “C” parece ter ressuscitado um "novo/velho Ypiranga" – meio que lembrando aquele de 2022/2023. Organização, união e espírito combativo - credenciais que permitem os diferenciados aparecerem.
A sequência é desafiadora (Londrina e Náutico fora), mas a equipe está mais encorpada; ganhou musculatura e pode surpreender. Distancia-se do pavor do Gauchão.
E por favor - não falem em Série "B".
Enterrem a soberba.
Até lá - o Canário preto voltará a ser amarelo.
Deixem-no, por enquanto, apenas voar e ganhar confiança para as intempéries naturais da competição.