domingo, 21 de abril de 2024

O “Canário Preto”- diferente do Gauchão

 

Ypiranga organizado e com espírito combativo. Foto: Enoc Júnior



 















Na estreia na Brasileiro da Série “C” de 2024 com uma boa vitória de 3 a 1 sobre o CSA (Alagoas), no sábado (20), no Colosso da Lagoa, o Ypiranga foi muito diferente daquele Ypiranga que quase caiu para a Divisão de Acesso no Gauchão 45 dias antes.

O time está organizado – comparando com o Gauchão.

Algumas peças cresceram de produção.

A equipe mostrou-se compactada entre defesa, meio-campo e ataque, sem buracos chamativos.

O goleiro Alexander, agora em melhor forma, foi um dos destaques, ao lado do trio defensivo. Comparado consigo mesmo - melhorou.

O sistema defensivo - também me pareceu melhor colocado e mais atento.

Taddei, o camisa 10, movimentou-se muito e deu sinais que pode ser o 10 que o time precisa, mas que decepcionou no Gauchão. Cabe mais.

E na frente, Reifit, assumiu e desempenhou muito bem a função que era em 2023 de Mateusinho. Digamos - repetiu o atleta que hoje está na Série "A" no Vitória. É uma válvula de escape, de recomposição, de retenção de bola e de armação. Enfim - sabe jogar.

Mostrando-se um time com postura de equipe – o onze comandado por Thiago Carvalho, ainda levou para campo algo que julgo indispensável numa equipe, mesmo quando o resultado pode não ser favorável: “espírito combativo”.

Mesmo sendo dono das ações o Ypiranga perdeu três ótimas chances de gol no 1º tempo.


Fernando subiu com estilo e fez 1 a 0.
Foto: Enoc Júnior

Mas num escanteio a bola alta que vitimou, com prazer, o Ypiranga do Gauchão, foi muito bem aproveitada pelo central do trio defensivo. Fernando, marcou um bonito gol fazendo 1 a 0.


No 2º tempo numa belíssima jogada de Reifit, o Ypiranga fez 2 a 0 com Lucas Marques.


Jogando-se mais ao ataque, na cobrança de uma falta, pelo alto, a zaga e o goleiro do Canário confundiram-se e o CSA diminuiu. Era a volta dos equívocos do Gauchão?

Aí o fantasma dos empates percorreu as barrigas nas cadeiras.

O time de Thiago Carvalho parece ter sentido - e passou a jogar atrás da linha da bola. Num vacilo do meio campo, o CSA ainda conseguiu um arremate forte, seco – exigindo uma grande e salvadora defesa de Alexander. Eu vi o empate, mas o goleiro tão criticado no Gauchão praticou uma defesa, como disse - muito difícil, porquanto no chão.

Na sequência o escanteio batido forte, em curva e com veneno. A bola quase aterrisou na pequena área do Ypiranga – mas sem que ninguém das duas equipes a tocasse, seguiu até o outro lado. Mas - o arrepio percorreu o Colosso outra vez e não era pelo vento esperado que não apareceu. 

Tentando a todo custo o empate, o CSA arriscou tudo e perdeu. 

Num contra-ataque dois atletas do time erechinense saíram com bola dominada ainda do seu campo e seguiram tendo à frente apenas o goleiro. 

Fabrício teve calma e rolou para Mateus Anderson fazer o gol do alívio.

Durante a partida ocorreram várias trocas de ambos os lados, mas numa boa partida o domínio sempre foi do Ypiranga que jogou lembrando levemente o "velho Ypiranga dos anos 2022 e 2023", dando alento e mostras que pode crescer.

Não sei como Thiago Carvalho fará quando Gedeílson estiver à disposição. Se o colocará no time ou continuará com o 3-5-2 que muitas vezes virou um 3-4-3 diante do CSA.

Na chegada ao estádio algumas surpresas: primeiro com a nova iluminação. Não tinha visto presencialmente. Agora dá pra jogar. A segunda quanto ao fardamento. Não é que o Ypiranga jogou todo de preto! Nunca tinha visto antes um canário preto, muito menos no Colosso da Lagoa. Mas – ficou bonito. Parecia um dos uniformes do Real Madrid. Mas não era. Procurei o Toni Kross e não o encontrei. E, talvez ali pode estar um dos ajustes que o técnico tenha de olhar com mais carinho. Ninguém comprometeu – mas, pareceu-me que cabe naquele setor do campo mais um homem de contenção e que saiba sair para o jogo, dando maiores garantias aos que atuam atrás.

De resto – restou uma verdade no futebol: é preciso dar tempo ao comando técnico. O time visivelmente teve organização e pernas. Mas – ficou-me a impressão que tende a crescer. Quando conseguir agregar auto-confiança, que caracteriza os times mais fortes; aí até eu que não entro em campo, irei ao estádio com expectativas positivas, muito diferente das quase certezas que iam comigo no Gauchão.

Ypiranga de preto. Foto: Enoc Júnior

Portanto, tão importante quanto a vitória e os três pontos, a estreia do Canário Preto na Série “C” parece ter ressuscitado um "novo/velho Ypiranga" – meio que lembrando aquele de 2022/2023. Organização, união e espírito combativo - credenciais que permitem os diferenciados aparecerem.  

A sequência é desafiadora (Londrina e Náutico fora), mas a equipe está mais encorpada; ganhou musculatura e pode surpreender. Distancia-se do pavor do Gauchão.

E por favor - não falem em Série "B". 

Enterrem a soberba. 

Até lá - o Canário preto voltará a ser amarelo. 

Deixem-no, por enquanto, apenas voar e ganhar confiança para as intempéries naturais da competição.