sábado, 24 de maio de 2025

Um reencontro para relembrar uma bela história

 

Com Macedo, Sonia e Cristina Macedo

A chuvosa noite de domingo passado, 18, foi completamente incomum para mim. Sim, porque, surpreso, recebi com muita alegria o meu colega e amigo de início de carreira no jornalismo, Antonio Carlos Macedo, da rádio Gaúcha. Ele e a esposa Cristina pernoitaram em Erechim, rumo ao Paraná. O Macedo está de férias e fez questão de parar em Erechim, onde nos reunimos com as esposas para jantar e matar saudades.   

Foi uma oportunidade rara para, com tempo, relembrar passagens de quando trabalhamos juntos na Central do Interior da então cobiçada Companhia Jornalística Caldas  Júnior (CJCJ, e sobre as mudanças sofridas pela imprensa até os dias de hoje. 

Na mesma sala estivemos de 1977 a 1981 – 5 anos. 

Durante um bom tempo desse período fomos responsáveis por cobrir o futebol do interior para o Correio do Povo, Folha da Manhã, Folha da Tarde e Rádio Guaíba.

Para quem lê ter uma ideia muito clara ao pensar sobre o tempo, naquela época o correspondente de Bento Gonçalves nos alertava que nos treinamentos do Esportivo, se destacava um jovem com futuro muito promissor no futebol. Seu nome - Renato.

No início de 1981 eu deixei a empresa para retornar ao interior, enquanto o Macedo já estava integrado à equipe esportiva da Rádio Guaíba, comandada por Armindo Antonio Ranzolin. Junto com ele os comentaristas Lauro Quadros e Ruy Carlos Ostermann.  

Bola estática do Colosso da Lagoa.
Obra de Reinado Sart

Com esta mesma equipe viria a trabalhar na Rádio Gaúcha, onde destacou-se, na minha opinião, como o melhor repórter esportivo do estado. Sendo sincero e sensato, até hoje não tivemos substitutos para esses quatro.  

O Macedo cobriu Copas do Mundo, campeonatos estaduais, nacionais e Taças Libertadores. Ele também esteve nas Olimpíadas de 1992, 1996 e 2000. Passou pelo Diário Gaúcho, Zero Hora e TV Com.

Há bom tempo assumiu a condução de programas de geral, no jargão jornalístico, editoria que cobre assuntos variados. Atualmente, ele apresenta o “Gaúcha Hoje” das 5 às 8 horas e o “Chamada Geral” das 11 horas ao meio dia. 

Enfim, no jornalismo, não sei o que o Macedo não fez..

Nas escadarias do Colosso da Lagoa

Que bela surpresa, e agradável encontro, o meu amigo me proporcionou há uma semana. Até mesmo a chuva parou quando visitamos o Colosso da Lagoa por volta das 23 horas. 

Já o tempo não faz parada.

Resta-nos, mais experientes, muito mais experientes, relembrar o que experimentamos independente por onde andamos. E se amigos fizemos, como é bom recordar, reviver e dar boas risadas. Fechar o dia e seguir... seguir como o Macedo e a Cristina seguiram para as Cataratas de Foz do Iguaçu para um passeio. 

De minha parte segui para casa e me recolhi, assim como a cidade parece ter se recolhido aos moldes interioranos. Imagina - Erechim domingo à noite e com chuva. A cidade inteira dormia. E eu peguei no sono, feliz por rever o meu amigo, o primeiro com quem trabalhei, profissionalmente, no ofício que assumi há meio século, assim como o Macedo.




domingo, 6 de abril de 2025

ACCIE celebra 106 anos com inauguração da Calçada da Fama e posse de nova diretoria

 

Darlan Dalla Roza - Presidente da Accie para 2025/2026

 

Evento reuniu autoridades, empresários e lideranças em noite festiva

marcada pela valorização da história e pelo olhar para o futuro


Darlam Dalla Roza e Mário Cavaletti


A noite de sexta-feira, 4 de abril, foi de celebração e renovação para a Associação Comercial, Cultural e Industrial de Erechim (ACCIE), que comemorou seus 106 anos de fundação em uma cerimônia especial no Pólo de Cultura. O evento teve dois momentos distintos e igualmente simbólicos: a inauguração da primeira fase da Calçada da Fama e a posse da nova Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo da entidade.

O presidente da ACCIE, Darlan Dalla Roza, reconduzido ao cargo para o biênio 2025-2026, destacou que a solenidade representa a continuidade de uma missão centenária. “Estamos caminhando a passos largos para o desenvolvimento, baseados em pilares sólidos como nossa força de vontade e a colaboração das empresas associadas. Esta noite é a celebração desse compromisso com Erechim e toda a região”, afirmou.

Darlan também apresentou algumas metas para a nova gestão: “Vamos investir em inovação, como o curso de inteligência artificial que traremos ainda neste ano, ampliar a representatividade da entidade e manter um diálogo constante com os poderes públicos. Queremos aproximar ainda mais a ACCIE das pessoas, das famílias, da comunidade.”

CALÇADA DA FAMA: UMA MARCA NO CHÃO E NA HISTÓRIA


Mário Cavaletti, Claudionor Mores, Gilmar Cavaletti e Darlan Dalla Roza,
no descerramento da fita da Calçada Fama


O primeiro ato da noite, realizado ao ar livre, em frente ao Pólo de Cultura, marcou a inauguração da primeira fase da Calçada da Fama da ACCIE. O projeto homenageia empresas e personalidades que contribuem para o desenvolvimento de Erechim e tem como objetivo arrecadar recursos para a construção da Arena Cultural da entidade, além da modernização do Parque da ACCIE.

“Cada logomarca gravada neste espaço representa uma contribuição real para a construção de um futuro mais promissor. Esta Calçada é mais do que uma homenagem: é um gesto de reconhecimento e de esperança”, declarou Darlan logo após o corte simbólico da fita, acompanhado do vice-presidente Mário Cavaletti, do ex-presidente do Conselho Deliberativo Claudionor Mores e do atual presidente do Conselho, Gilmar Cavaletti.

Durante a cerimônia, após cada descerramento de placa pelas empresas, o presidente Darlan Dalla Roza e o vice-presidente Mário Cavaletti prestaram homenagem com a entrega de um troféu personalizado com a marca da Calçada da Fama. O gesto simbolizou o reconhecimento da ACCIE a cada uma das empresas que abraçaram o projeto desde os seus primeiros passos.

POSSE E COMPROMISSOS DE FUTURO

No segundo momento da cerimônia, no Salão de Eventos do terceiro andar do Pólo de Cultura, ocorreu a posse da nova Diretoria Executiva da ACCIE e do novo presidente do Conselho Deliberativo. Gilmar Cavaletti assumiu o cargo deixado por Claudionor José Mores, que se emocionou ao se despedir e declarou: “Saio com a alma tranquila. A ACCIE segue em boas mãos”.


Claudionor, Mário, Darlan e Gilmar


Em seu discurso de posse, Cavaletti foi enfático sobre os desafios regionais e propôs foco em temas como a revitalização da ferrovia e a ampliação do aeroporto local. “Precisamos de infraestrutura que acompanhe o ritmo do nosso desenvolvimento. Erechim tem força, tem talento e tem gente disposta a fazer a diferença”, afirmou.

Gilmar Cavaletti, presidente do Conselho da Accie


Logo em seguida, Gilmar Cavaletti foi o responsável por dar posse ao presidente reeleito Darlan Dalla Roza. A colocação de um pin marcou simbolicamente esse momento solene.Na sequência, Darlan convidou ao palco o vice-presidente Mário Cavaletti e os demais diretores nomeados para a nova gestão. Um a um, os diretores receberam o pin que oficializou a posse em seus respectivos cargos. Com todos já posicionados no palco, a cerimônia foi abençoada pelo pastor Edgar Radeski, que desejou sabedoria, união e propósito à nova diretoria.

 

AUTORIDADES REFORÇAM PARCERIA COM A ACCIE

Diversas autoridades políticas e institucionais prestigiaram a solenidade e manifestaram apoio à ACCIE.

O presidente da Famurs, Marcelo Arruda, destacou que a entidade “tem papel fundamental no crescimento da região e é um verdadeiro motor de desenvolvimento desde sua fundação em 1918”. Segundo ele, “a ACCIE é sinônimo de união, inovação e liderança comunitária”.

Representando o Poder Legislativo, o vereador Fifo Parenti afirmou que “a ACCIE representa o DNA empreendedor da cidade de Erechim” e colocou o legislativo à disposição da entidade para projetos de interesse público. “Estamos juntos na construção de uma cidade mais próspera, humana e conectada com o seu tempo”, disse.

O deputado estadual Paparico Bacchi fez críticas à carga tributária e ao alto custo da logística brasileira, mas reconheceu o papel da ACCIE como força ativa na busca por soluções. “O empresariado é quem move o país, e é com entidades como a ACCIE que encontraremos caminhos para o desenvolvimento sustentável”, pontuou.

Em nome do Poder Executivo, o secretário de Gestão e Governança, Edgar Marmentini, elogiou a parceria histórica entre o município e a associação. “A ACCIE é parte do sucesso econômico de Erechim. Já fomos parceiros em tantas frentes, desde a formação de distritos industriais até a realização das maiores feiras da região. E essa parceria continuará”, garantiu.

RECONHECIMENTO

A solenidade contou com homenagens, como a entrega de flores e lembrança ao casal Claudionor e Schirlei Mores, reconhecidos pelo trabalho à frente do Conselho Deliberativo. Também foi lida uma mensagem enviada por Elcemina Lúcia Balvedi Pagliosa, Patrona da Frinape 2024 e neta de um dos fundadores da primeira empresa inscrita na ACCIE, que afirmou: “Maior do que o superávit de suas empresas, a herança que transporá o tempo será o caráter e o exemplo de um trabalho honesto”. Flores foram entregues pela Rainha da Frinape 2024,Rainha Gabriéle Banaseski Erthal, para Karen Brustolin.

O encerramento dos atos solenes foi marcado com os convidados entoando juntos o tradicional “Parabéns a Você”, seguido de jantar comemorativo.


Casal Darlan e Karen, casal Jaqueline e Gilmar e, casal Rose e Mário


LEGADO E CONTINUIDADE

O evento reforçou a importância da ACCIE como força motriz do associativismo e do empreendedorismo regional. Com mais de um século de atuação, a entidade segue como referência na defesa dos interesses do setor produtivo e na promoção do desenvolvimento integrado da região do Alto Uruguai.


Convidados no salão de Eventos do Pólo de Cultura da Accie


“Nosso compromisso é com a inovação, com a representatividade e com as pessoas que acreditam no poder da união”, concluiu o presidente Darlan Dalla Roza, sob aplausos do público que lotou o Salão de Eventos do Pólo de Cultura.


Pastor Edgar Radeski abençoa nova diretoria da Accie 2025/2026


 EMPRESAS PRESENTES NA PRIMEIRA FASE DA CALÇADA DA FAMA:

Cada uma dessas marcas agora faz parte do solo da história de Erechim — eternizadas não apenas em placas, mas na memória coletiva de uma cidade que cresce sobre os alicerces do trabalho, da confiança e da cooperação.

§  Aurora Coop – Frigorífico Erechim

§  Belasul Móveis e Estofados

§  Brastelha Industrial

§  Carvalho Comércio de Materiais de Construção

§  Cavaletti S/A Cadeiras Profissionais

§  Cercena S/A Indústria Metalúrgica

§  Comil Ônibus

§  Cresol Centro-Sul RS/MS

§  Dalva Jaqueline Cavaletti (empresária)

§  Durli Couros Erechim

§  ESB Indústria e Comércio de Eletro Eletrônicos

§  Fermatec Moldes e Matrizes

§  Gilmar Fiebig (construtor)

§  Gilmar José Cavaletti (empresário)

§  Injemax Plásticos

§  Master Supermercados

§  Móveis Sebben Erechim

§  Peccin S/A

§  Sicredi UniEstados

§  Transvidal Logística e Transporte

§  Triel – HT

§  Unimed Erechim

§  Universidade Regional Integrada – URI Erechim

§  VGraf – Impressos e Embalagens

 

DIRETORIA EXECUTIVA DA ACCIE – GESTÃO 2025-2026


Direção da Accie - 2025/2026


Presidente: Darlan Dalla Roza

Vice-presidente: Mário Cavaletti

Diretor Administrativo: Fábio Vendruscolo

Diretora de Marketing e Inovação: Karen Brustolin

Diretor de Segurança e Mobilidade: Adilson Stankiewicz

Diretor de Relações Internacionais: Walmir Badallotti

Diretores de Indústria e Infraestrutura:

– Gilmar Fiebig Filho

– Roland Bernardo Koller

Diretores de Comércio:

– Luciano Bettio

– Alexandre Zaffari

Diretores de Agronegócio:

– Abrão Safro

– Alfeu Strapazon

Diretores de Serviços e Pesquisa:

– Fábio Júnior Bocca

– Paulo Roberto Giollo

Diretor Jurídico: Claudio Botton

Diretora Cultural: Sandra Mariga

Diretor de Jovens Empresários: Lucas da Rocha Jaskulski



Nota: Texto e fotos de Maria Lúcia Carraro Smaniotto 


 


segunda-feira, 17 de março de 2025

Quando a Edelbra trouxe o universal Jorge Amado


Jorge Amado, Zélia Gattai e Paulo Dias Fernandes no CER Atlântico há 45 anos.
Dezembro de 1979
foto: Arquivo

Muito embora os tempos verbais sejam três, o que se sabe ao certo – certo mesmo, diz respeito a dois tempos com seus modos, conjugações e flexões. O passado reportando ao que já aconteceu. O presente permitindo neste, exato agora, revisitas. O presente ainda traz à nossa permissão o terceiro tempo verbal: o futuro. Nele cabem planos, ambições e ousadias. Sonhos entendidos como se real fossem. Do presente ao passado, a lembrança. Do presente ao futuro, o “olhar para frente”. Ao contrário do passado, porém, o futuro, se aceita tudo – incerto é. Ele pode simplesmente não vir. Exagero ou não o que temos em mãos ou em mente, de concreto, é o que já fizemos, vimos ou ouvimos. O que vivemos. Mas, enfim, sejamos sensatos e, por que não, respeitosos com a temporalidade da vida. Se for para recordar, recordemos então. Neste agora.

Foi assim que há exatos 45 anos a cidade viveu um momento cultural histórico. Era a 3ª Feira do Livro. De 7 a 15 de dezembro de 1979. Por três dias tivemos a presença de um dos mais brilhantes escritores do Brasil: Era 13 de dezembro. Chegava aqui – o casal Jorge Amado e Zélia Gattai.

De lá para cá recebemos outros nomes de proa da literatura, como o patrono daquela feira, Sérgio da Costa Franco. Em 1980 – Carlos Nejar. Mas – consultando o passado no cenário autoral livreiro, ninguém mais destacado que Jorge Amado colocou os pés em solo erechinense até o presente.

E foi marcante não só por um autor universal, passeando pela Maurício, Praça da Bandeira, prefeitura, Tiradentes, Nelson Ehlers, Valentim Zambonato. Foi histórica a passagem do casal por Erechim, porque aqui ele lançou em primeira mão a sua obra “Farda, Fardão, Camisola de Dormir”. De mesma sorte, sua esposa Zélia Gattai, lançava a partir de Erechim para todo o país, “Anarquistas graças a Deus”.


Jorge Amado, Zélia Gattai e Paulo Dias Fenandes. 
Foto:Arquivo

Das folhas para as telas

“Farda, Fardão, Camisola de Dormir”, tem como cenário o Rio de Janeiro. Seus personagens transitam pelo mundo da Academia Brasileira de Letras (ABL) em pleno Estado Novo. Intrigas em torno de uma eleição a uma cadeira da ABL nos anos 1940 estão no centro da história. Foi escrito entre janeiro e junho de 1979, período onde o escritor sofria com a censura e a perseguição por sua filiação partidária. O romance traz dois pretendentes à ABL com visões opostas sobre o conflito da 2ª Guerra Mundial.

 “Anarquistas graças a Deus”, de Zélia Gattai revisita sua infância na primeira metade do século 20, como filha de imigrantes italianos em São Paulo. Cinco anos depois do lançamento em Erechim, Zélia veria “Anarquistas...” adaptada como minissérie da rede Globo de Televisão.

Autor maiúsculo, Jorge Amado tem uma obra de 49 livros, traduzidos em 80 países, afora escritos de outras ordens. Várias acabaram roteirizadas para o cinema ou viraram telenovelas visando alcançar um público pouco familiarizado com o deleite da leitura. Destaque para o inesquecível “Dona flor e seus dois maridos”, “Capitães da Areia”, “Tenda dos Milagres”, “Gabriela, Cravo e Canela” e “Tieta do Agreste”.

Em 6 de abril de 1961, já com 19 obras - Jorge Amado é eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo a Octávio Mangabeira na cadeira nº 23.

 

Interações comerciais e culturais

 O Jorge Amado traduzido para 80 países, vendo seus feitos no cinema, na televisão, no teatro, narrado em rádio, levado para histórias em quadrinhos, em Braille ou gravadas em fitas vídeo cassete para pessoas com necessidades especiais, o Jorge da ABL, ora em Salvador, ora isolado em Ilhéus, em São Paulo, no Rio ou Paris, pois; contar com um homem desta estatura cultural numa cidade do interior, no Alto Uruguai gaúcho, em Erechim, tem um valor histórico e, por certo, um custo.

Pois foi aí que despontou no mundo comercial das letras e editoras, em nível nacional, a figura de um jovem então já há alguns anos abrindo seu próprio caminho. Depois de colocar o “Livro dos livros” peregrinando de porta em porta pela escolhida Erechim e cidades da região, Jaci, como era mais mencionado, encheu-se de brios e foi ao encontro de quem tinha à época os direitos editorais de Jorge Amado. (Atualmente os direitos de suas obras pertencem a outra empresa).

A essa altura, com seu nome completo e estendido para um carregado sotaque italiano “De Lazzari”, como acabaria se firmando no mundo editorial brasileiro, aos 27 anos Jaci José De Lazzari com sua Editora Edelbra foi recebido pelo “staf’ da Record no Rio de Janeiro. Mais que um feito – era um sonho contemplado. Depois de explanar seus objetivos, esteve pela primeira vez frente a frente com Alfredo Machado, diretor-presidente da Editora Record.

Como quase sempre se dá com nomes de proa nas diferentes esferas – a linguagem direta, clara e objetiva, precipitou o encontro para a intenção de De Lazzari: ‘proporcionar via Record a presença do emérito escritor baiano em Erechim’. Os detalhes pertencem a ambos dirigentes das editoras, mas podem ser resumidas assim: A Edelbra comprava junto à Record 5 mil coleções de Jorge Amado (26 livros cada uma), com direito de revendê-las e, Alfredo Machado, colocaria o escritor em Erechim.

No dia 13 de dezembro de 1979 dois homens do governo Zanella (Elídio Scaranto e Luiz Felipe de Marchi) receberam no aeroporto de Curitiba o casal Amado – Jorge e Zélia. Presentes ainda os enviados especiais das rádios Erechim (Euclides Tramontini) e Difusão (Dary Ivo Schaeffer) que seguiram em carro particular.

Com a cobertura das emissoras e, especialmente do Correio do Povo, o que já se prenunciava um evento grandioso, cresceu na consciência cultural da cidade e na expectativa da população – consequência plenamente compreensível.

 

Amado “hospede oficial” de Erechim


Prefeito Eloi Zanella recepciona hóspede oficial - Jorge Amado.
Foto: Arquivo

Na cidade Jorge Amado e sua esposa foram recebidos pelo prefeito Eloi João Zanella que assinou decreto declarando Jorge Amado – “hóspede oficial” do município. No dia seguinte, 14, após visitar a Feira do Livro o casal foi recepcionado com um coquetel na então sede social do Ypiranga FC (antigo Boliche). No local o prefeito entregou uma placa de prata em agradecimento ao escritor baiano, enquanto Linir Zanella recepcionava Zélia Gattai com flores.

Linir Zanella entrega flores a Zélia Gattai
Foto: Arquivo

À noite na sede social do CER Atlântico, Jorge Amado, Zélia Gattai e Paulo Dias Fernandes participaram daquela que seria uma das maiores noites de autógrafos do afamado escritor. Ele, alcançando mais de 800 autógrafos, Zélia com cerca de 300 autógrafos e o conterrâneo Paulo Dias Fernandes com cerca de 500 exemplares do seu “Monarcas do Pampa”.  Na manhã de sábado, 15 de dezembro de 1979, o casal Jorge e Zélia despediu-se de Erechim. No domingo, 15, encerrou-se a 3ª Feira do Livro.

 

Jorge Amado autografando seu lançamento "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".
foto: Arquivo

Político, títulos, carnaval, amigos e selo

Esta figura única da literatura brasileira com suas palavras nas Américas e além mar, inclusive na China; representante autêntico do Modernismo Regionalista, especialmente baiano, voltado à crítica sociopolítica acabaria em 1946 sendo eleito deputado constituinte por São Paulo.

Foi autor da Emenda Constitucional que garantiu a liberdade de culto no Brasil. Igualmente viu incluída na mesma Constituição, sua proposição que veda o lançamento de tributos sobre o papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. Essa imunidade foi estendida aos livros, jornais e periódicos pela Constituição Brasileira de 1967, reproduzida quase integralmente na Emenda Constitucional de 1969 e ratificada em 1988, no que se convenciona por alguns, como “imunidade cultural” ou “imunidade de imprensa”.

Jorge Amado acumulou nos seus 88 anos de vida, 17 prêmios nacionais e 15 internacionais. Recebeu 30 títulos de condecoração. Entre seus amigos estavam José Saramago, Pablo Neruda, Sidney Scheldon, Pablo Picasso, Federico Fellini, Oscar Neimeyer, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Mário Vargas Llosa.

Nascido em 1912, no interior baiano em Itabuna, Jorge Amado foi tema da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense (Rio) no centenário com o enredo “Jorge, Amado, Jorge”. No mesmo ano foi tema da Mocidade Alegre, campeã do carnaval paulista daquele ano, tendo como pano de fundo a obra “Tenda dos Milagres”. Antes, em 1989 a Império Serrano entrou na avenida cantando “Jorge Amado, axé, Brasi!”. Ainda em 2012 saiu o selo “Jorge Amado – 100 anos” pelos Correios do Brasil, reconhecendo a celebridade que abrilhantou a distante Feira do Livro de Erechim em 1979.

 

Do presente – a outros dois horizontes

Se aquele evento do qual recordamos 45 anos de passado, representou em Jorge Amado mais uma obra desta celebridade – não constitui exagero afirmar que outras duas personalidades do seleto mundo das letras e editoras, foram seus engenheiros: Alfredo Machado (Editora Record) e Jaci José De Lazzari (Editora Edelbra).

General Moreira (Diretor Comercial Nacional da Record), Bertoletti (Diretor Comercial SP/Sul),
casal Maltesi, Jaci De Lazzari, Aldredo Machado (Fundador/Editor da Record),
Jorge Amado, Zélia Gattai e Ada De Lazzari.
Foto: Arquivo

E em assim sendo, retornemos à alma inicial deste texto: o presente – dele vislumbramos dois horizontes. Um acontecido. Outro por vir. Não obstante – como observado, o futuro pode não acontecer. Mas o simples levantar dos olhos, e imaginá-lo com esperança, exige objetivo, plano e ousadia.  

Zélia Gattai com Alessandra, filha de Ada e Jaci De Lazzari.
Hoje, Alessandra, é diretoria/administradora da empresa.
Foto: Arquivo.
Quanto ao passado, o direito a revisitá-lo ou quase revivê-lo, nos leva a uma única e intocável certeza: ele não pode ser negado, nem apagado. A razão é tão lógica quanto singela porquanto vive na memória, no nosso agora, desde sua consolidação.



No caso de Jorge Amado em Erechim há 45 anos – trata-se de um lembrar justo. Em tempos de crescentes beligerâncias, que o passado retorne ao presente, e mesmo que fugaz como aqui; remeta a um futuro de menos “farda” e mais “fardão”. Um ótimo exemplo dessa aparente trama semântica, aqui deitada, está em “quando a Edelbra trouxe o universal Jorge Amado”.


Saudação escrita de Jorge Amado a Ada e Jaci De Lazzari
quando da da presença do ilustre escritor Jorge Amado
 a Erechim em 1979.
foto Arquivo

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Galô, Galô! - Galô, Galô!

 

Escudo do C.E.R. Atlântico
Foto: Arquivo

Lembro que nas férias de verão em Sede Dourado nos anos 1960 na casa do meu avô Mathias Ody, lá nos cafundós da Linha Poço Grande em Sede Dourado, todas as madrugadas um galo cantava.

E mais ao longe ouvia-se logo em seguida, um desfile de cantorias com outros galos anunciando que estava na hora de levantar para tirar leite das vacas.

Meu avô já havia então rezado um terço. Minha avó já estava com as chaleiras e panelas sobre o fogão à lenha esperando a chapa arder. Preparava tudo para o café, reforçado e, depois, roça. 

Durante o dia, no pátio flagrava de repente, um galo véio dando em cima de uma galinha, espantando o grupinho das fêmeas. Ele não pedia. Apenas se calçava nas esporas e suas enormes asas escondidas se abriam e atropelava. E o desgraçado não desistia. Ia atrás onde ela se enfiasse até pular em cima da coitada.

Na casa onde morava com meus pais não tínhamos o hábito de ir à Missa do Galo na São Pedro, afinal, nossa hora de dormir era às 8 da noite.

Mas nos tempos do padre Rigoni, quando a igreja de madeira preta ficava espremida entre os fundos da igreja atual e o salão de festas – dizem que dava quórum de casa cheia para a tal missa à meia noite de 24 para 25 de dezembro.

Nós começamos a assisti-la pela televisão quando o afamado aparelho que, inacreditável; mostrava num vidro (a tela), imagens em preto e branco. Mas como isso. Que milagre é esse! E ainda imagens e som que vinham além mar e, do Papa? Cristo! Aonde vamos parar com essas modernidades!? 

Comecei a matutar: será que a costureira, a esposa do Ivo Zamprogna, a dona (como nos referíamos a ela Natália - obrigado Lúcia), não pode ver por aquele aparelho (televisão) o que acontece no fundo do lote dela? O terreno de frente para a Amintas Maciel era de uns 50 metros e fazia fundos com a nossa casa que era e é na Jerônimo Teixeira. Por um bom tempo fiquei sem tirar laranjas e peras daquele fundo de lote porque temia ser flagrado pela costureira no seu aparelho. Sim - por que se vinha imagem até do Papa ou do futebol de Porto Alegre, não seria de se imaginar que poderia vir de mais perto? Um dia me garantiram que não. Então subi de novo no galinheiro de casa onde um galo impaciente me assistia - e voltei a estender o cabo de vassoura com uma latinha até o pé de pera, um puxãozinho e peguei! 

A tradição segundo a Igreja Católica reza que o nascimento de Jesus Cristo foi anunciado pelo canto de um galo à meia noite. Por conta disso o galo se tornou um símbolo de acordar, e de um novo tempo, ou de uma Nova Igreja Católica.

em casa na minha infância a verdade é que aos domingos o galo - pobre galo com sua carne saborosa estava na nossa mesa. Ele que tivera o pescoço torcido no sábado pelo meu pai, completava o risoto com arroz e colorau. Massa e maionese - ou seria salada de batatas. E não é tudo a mesma coisa!?

Conta-se que o galo canta para marcar território. Para lembrar fêmeas, concorrentes e humanos que está chegando a hora de acordar. É um despertador de carne, osso, penas, crina e esporas. E canta principalmente, mas essencialmente - para se impor anunciando que aquele espaço tem dono. É dele.

A certidão mais antiga de um galo encontrei na Índia 3.200 a.C. Na China por volta de 1.500  a.C. Depois foi visto pelo Egito, em Creta até chegar à Europa.

Na Última Ceia Jesus largou uma bomba para perplexidade dos Doze.

Mirando Pedro anunciou: “Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!”. Todas as mãos se afastaram das cambucas.

Pedro revoltou-se . Reagiu retrucando que nunca, de jeito nenhum, jamais faria isso. (Mais tarde, diante de Cristo ressuscitado, e muito ter chorado e se arrependido, Pedro seria perdoado).

Naquela época a lei judaica proibia a criação de galos e galinhas em Jerusalém por questões religiosas e higiênicas - pelo que apurei. Os romanos que dominavam a região dividiam a noite em quatro vigílias: A primeira do pôr do sol às 9 horas, a segunda das 9 à meia noite. A terceira da meia noite às três da madrugada e a quarta das três até o amanhecer.

Cada uma tinha um nome. A primeira era Entardecer, a segunda Meia Noite, a terceira Canto do Galo e a quarta, Amanhecer. A cada troca da guarda romana uma trombeta soava. Naquela madrugada Jesus já estava preso, Pedro já O negara duas vezes. No terceiro"eu não conheço Este Homem" - a trombeta soou. Era a troca da guarda para a Terceira Vigília. Seria a trombeta o canto do Galo!?   

Devia ter uns 5 anos quando meu pai Alberto, fanático atlantista me levou à Baixada Rubra. E lá – ouvia um ou outro “vamo, vamo Galo!”.  Com o tempo descobriria que este era o mascote do Atlântico. O grito de guerra do meu time. Galo, galo, galo.

Erechim era menos que uma vila quando em 1910 começou a receber italianos vindos das Colônias Velhas. Cinco anos depois, esses mesmos italianos, fundaram a Societá Italiana di Mutuo Soccorso XX di Setembre - a semente que produziria o Atlântico. Mutuo Soccorso - o nome diz tudo.  Três anos depois a vila já não era mais vila e nascia o município.  

Quando já era Boa Vista do Erechim entre 1922 e 1938, dos 70 mil habitantes do município, 40 mil eram italianos segundo Fernando Hervé Calliari que está no seu livro "C.E.R. Atlântico – Uma história de conquistas".

Em 1928 resolveram construir uma sede para encontros, jantares, bailes, jogos de baralho, marcar jogos de bocha, etc. Anunciaram a inauguração para janeiro de 1929. Depois passaram para abril. Acabou que em 3 de junho a sede abriu as portas.

Ainda me apoiando no belo livro do Fernando a Sede Social ficava onde está hoje a atual, só que em 1929 o lugar era bem mais alto - e do alto de uma coxilha resplandecia o prédio de madeira. Destacava-se em Boa Vista do Erechim, mas não só por isso.

Sede da Societá Italiana do Mutuo Soccorso XX di Setembre inaugurada
em 9 de junho de 1929.
Nesta foto a sede aparece já ampliada.
Foto: Arquivo/Atlântico 

O prédio de madeira tinha no seu alto uma torre, uma espécie de campanário, com três lâmpadas de 600 velas. Era um verdadeiro farol para quem vinha de longe no meio das picadas ou estradas estreitas. No convite ao Intendente Municipal, Atilano Machado, para a inauguração da sede, era solicitada a ligação elétrica  e, como italianos da gema, isenção da taxa de luz. Em troca as luzes permaneceriam acesas a noite toda como uma referência, um guia a quem vinha de fora, sim porque naquela época era um desafio e a localização da sede, em terreno alto e com luzes acesas. iluminava o caminho para forasteiros com suas dúvidas em meio à escuridão e ao desconhecido até Boa Vista do Erechim. 

Imagem de um galo de alumínio ou lata. Um semelhante 
estaria na torre no alto da primeira Sede Social
da Soccietá Italiana de Mutuo Soccorso 
XX di Setembre

Segundo apurei ainda havia também além das lâmpadas, um galo – um galo de lata, alumínio ou ferro fino igual a inúmeros outros que vimos proliferar por prédios e residências durante décadas. Serviam para indicar a direção dos ventos e até sua velocidade. Também provocavam um barulho ao embalo do vento o que sempre indicava uma posição, dava um sinal.

Em 2 de maio de 1940 quando da fusão do Atlântico Foot Ball Club com a Sociedade Recreativa e Beneficente Atlântico a entidade assumiu o nome pela qual é conhecida até hoje: Clube Esportivo e Recreativo Atlântico, o C.E.R. Atlântico. A propósito já não era sem tempo, considerando as mudanças de nomes que a Velha Soccietá ou o próprio Atlântico como sempre o conhecemos – teve. Mas uma coisa nunca mudou: o mascote? Sempre um Galo. O velho Galo de respeito.

 
Galo, símbolo da França e seleção fracesa.
Foto: Internet/Divulgação
O símbolo de Galo pode ser encontrado há tempos em entidades, clubes, produtos e até países. A França é um exemplo. Reis o escolheram por sua coragem e bravura. Durante a Revolução tornou-se símbolo do Povo e do Estado. O Galo da França origina-se dos “Gaulleses como eram chamados dos habitantes da região (Gállia) onde hoje é a França”. Os franceses até abriram mão do galo durante um período, mas quando ingleses e alemães passaram a usar o galo de forma pejorativa contra os rivais – a ave voltou a ser admitida pela França como forma de “comprar briga", estar pronto para a briga.

O Tottenham Hotspur também tem como símbolo um galo sobre uma bola. Hotspur era o apelido de um nobre inglês, um capitão que liderou tropas em conflitos contra a Escócia e rebeliões contra o rei Henrique IV. Virou personagem na peça Henry IV - de William Shakespeare. Hotspur na verdade era o apelido de Henry Percy, o nobre e capitão. Apreciava rinhas de galo e nos campos de batalha usava esporas em suas botas.

Escudo Tottenham Hotspur e o Galo
Foto: Internet/Divulgação

O clube fundado por um grupo de adolescentes adotou o nome de Hotspur Football Club, em homenagem ao líder, capitão, nobre e guerreiro. Tottenham foi acrescentado para não ser confundido com outro clube londrino com nome similar. Mas o que isso tem a ver com o Atlântico? Primeiro - ambos partiram de colocar em sua história as digitais de bravura. Segundo, o Tottenham foi fundado por um grupo de adolescentes londrinos que falava nessa possibilidade (criar um time de futebol), debatendo o assunto sempre sob a luz de poste . O Atlântico Foot Ball Club foi fruto de rapazes que se reuniam sob a sombra de um plátano e, terceiro, porque os dois têm como símbolos um galo – que remete ao destemor, à busca pela vitória sem jamais se entregar. À bravura. O marcar território do aqui quem manda sou eu.

No final do ano passado voltei ao ginásio de Esportes do Atlântico - o “Caldeirão do Galo”, como o saudoso repórter Osvaldo Afonso Chitollina batizou o local. Era uma partida importante contra o São Bernardo pela Liga Nacional. Surpreendentemente o Atlântico não se achou em quadra, foi dispersivo e desarrumado. Parecia atordoado. Sem foco. Acabou eliminado. Foi tudo menos o Atlântico.  

Lembrei-me então dos galos que, sem opção, tiveram o pescoço torcido pelo meu pai.  Uns poucos que me conhecem associaram o fato da eliminação na Liga a mim porquanto teria levado o azar comigo para o Caldeirão. Sou inocente. Este ano voltarei e provarei que a sorte ou azar não estão comigo.

Nove vez fora não obstante, o que mais me chamou a atenção foi o grito uníssono de “Galô, Galô!”, “Galô, Galô!” – com tonalidade mais forte no “o”, por isso circunflexado aqui. No ginásio inteiro. 

Era a prova incontestável que eu queria ver e ouvir: italianos, intendentes, jovens, atletas, atlantistas históricos ou de hoje, mulheres, torcedores, sede de madeira ou alvenaria, dirigentes, futebol de campo ou futsal, todos passarão – mas o Galo continuará cantando tempo afora marcando seu território na história deste clube.

Em 16 de agosto de 1981 no Colosso da Lagoa, o Atlântico fez seu último Atlanga fora de seus domínios. Ambos os times eram formados por amadores, mas a rivalidade estava reposta. Mais que o empate de 0 a 0, o que marcou aquele domingo foi a entrada em campo do time verde rubro. Sua fanática torcida ocupou as gerais com uma charanga, foguetes, bandeiras enquanto dois galos eram arremessados por cima do alambrado para dentro do gramado. 

Numa madrugada dessas a próstata me acordou, de novo, e conduziu-me até o vaso sanitário. Em pé diante do vaso e nada. Nada e nada – mas a vontade era real. Depois de uns longos minutos saíram umas gotas. Para reforçar o volume da bexiga fui até a cozinha e tomei um copo d’agua. Eram 4h45min quando na vizinhança, um galo que ainda não vi, cantou. Talvez imitasse a minha Hiperplasia Prostática Benigna anunciando que “aqui quem manda sou eu!”.

Refletindo sobre essas questões me pergunto: “por que na atual sede verde rubra, que tem no seu cume, luminárias até bem potentes - não se vê torre nem galo!?. Não seria interessante reabilitar a antiga e tradicional torre ou campanário colocando dentro as luminárias? E em cima - um belo exemplar de Galo de metal? No meu entender, constituiria, no mínimo, um reconhecimento à própria história e à arquitetura do prédio original que os mais antigos e membros do clube instituíram.  A sede não ficaria ainda mais ‘empoleirada’ na cidade – anunciando poder e autoridade!? Uma tradição com sua história que se iniciou há 110 anos estaria, outra vez inteira, no lugar mais alto da sede social do C.E.R. Atlântico".

Sede do clube - hoje. Reformada. Não tem torre nem galo.
Apresenta holofotes no alto
Foto: J. A. Ody 

E cá para nós como são bonitos os escudos nas camisetas do Tottenham e da seleção francesa. São galos charmosos, discretos, mas de grande significado. Sim porque eles atraem observação e atenção - impõem respeito, representam a própria história e até intimidam quem lhes ousa fitar os olhos. Como quem olha para o Galo da Torcida Camisa 6 no Caldeirão.

Bandeira da Torcida Camisa 6 no Caldeirão do Galo.
Foto: J. A. Ody

Galô, Galô!

Galô, Galô!


Nota: Dedicado à Família Atlantina, na pessoa de seu presidente Julio Cezar Brondani e a Cezar Augusto Caldart, ex-presidente e apaixonado por história. O Galo destaca-se no cenário nacional pelo futsal e veio ao mundo da bola há exatos 88 anos. Era um fevereiro igual ao de hoje de 1937. A sede da Soccietá Italiana di Mutuo Soccorso XX di Setembre, com suas lâmpadas e um galo (pelo que me garantem) ocupa a mesma área há 95 anos no centro da cidade.