O PT ensinou.
Ou melhor – os braços sócio/políticos do PT ensinaram.
Foi assim com os colonos que vinham de ônibus dos cafundós do Alto Uruguai para fechar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banrisul.
Trancar a BR 153.
Bloquear a Sete de Setembro e a Maurício Cardoso.
Os braços sócio/políticos do PT ensinaram amarrar com correntes as portas de bancos.
Empurrar vacas nos espaços de terminais bancários.
Gritar palavras de ordem.
Desafiar com foices e facões a Brigada Militar.
Trancar a ponte do Estreito.
Ameaçar funcionários da Eletrosul – isto nos tempos contrários às barragens.
Hoje dir-se-á favoráveis à indenização ou ao reassentamento dos atingidos.
Isto queriam mais à frente – mas o que significava então o slogan ‘águas para a vida, não para a morte!’.
De greves no comércio, no distrito industrial;
de trancamentos na velha Corlac (o que foi feito dela!), de reuniões-sem-fim da Crab com representantes da Eletrosul,
de leite derramado em praça pública...
de manifestações sindicais das mais diferentes áreas representadas,
de gritos e mais gritos contra Simon, contra Sarney, contra Britto, contra Collor, contra Rigotto, contra Itamar, contra FHC, contra Yeda e,
de repente,
calaram-se as vozes.
Os agricultores descobriram que não há melhor lugar e nada melhor que ‘carpe diem’ e - na roça.
‘Lideranças’ desses movimentos elegeram-se deputado, prefeito, vereador – até por que -, para o andar de cima ‘líderes dessas lideranças’
elegeram-se governador e presidente.
E um estranho, para não dizer ingênuo silêncio, caiu sobre sindicatos e movimentos sociais
– afiliados ao PT.
E cá para nós
– ao menos aí temos a hierarquia descida de cima para baixo como o pai que manda no filho.
Quem quiser avançar e dar asas à semântica da língua portuguesa pode recorrer e lembrar
– que saudades daqueles bons tempos! -,
dos anos 1970 quando manifestações sindicais começaram a fervilhar principalmente às sextas-feiras nos fins de tarde em Porto Alegre.
Lembro bem porque estava por lá.
Depois das refregas com a BM, volta e meia, aparecia nos discursos e na imprensa o termo
‘pelego’
para definir sindicalista ou trabalhador traíra dos interesses de categoria.
Nem deles se ouve falar mais.
Hoje em dia quando se assiste a manifestações populares sem os tradicionais defensores das massas,
não seria o caso de conferir se pelegos,
em carne e osso,
não ressuscitaram e andam por aí ocupando cargos, tentando equilibrar-se sobre o fio do circo,
para tentar continuar caminhando vestidos ao mesmo tempo de situação e oposição!?
Difícil fazer média com trabalhador
e não contrariar patrão – hein!
Ah - como é difícil!
Aquela gente que manifestou-se sábado passado no centro da cidade, com bandeiras do Brasil,
também é povo.
Em apoio à paralisação dos caminhoneiros,
gritavam contra a corrupção,
que se de um lado sempre pode ter havido
– de outro a verdade é que ‘nunca antes neste país...!’
E sem esta de que...
agora a Polícia Federal...
Ora, querem fazer crer quem que antes a PF não fazia nada!
Menos, ex-paladinos da moralidade pública.
Menos.
A conclusão mais plausível e sensata é que em política não há santos e nem pessoas sem pecados.
O que decepciona até os confins do inferno é apostar todas as fichas de que havia em quem realmente se podia acreditar,
e agora percebe-se que a ganância e a omissão podem ser encontrados em todos os grupos.
Uns com mais,
outros com menos
– mas se até os sacerdotes,
ditadores da lei religiosa há 2000 anos, tinham-nos entre si
e mandaram pregar numa cruz quem não pensasse como eles
- imagine em tempos de falsos profetas!
Não sei até que ponto as manifestações atribuídas a militantes petistas nos anos 1980 e 1990 em nossa cidade, por exemplo, f
oram apreendidas pela outra parte do povo.
Sábado, por exemplo, não vi nenhum facão, nenhuma foice, nenhuma trilhadeira (existem ainda?)
ardendo em chamas na Praça da Bandeira,
ou o que vimos quando Antonio Dexheimer era prefeito, o que ardia na praça era uma espécie de
‘Arbusto em chamas (Deus) no Monte Sinai, ao entregar as Tábuas da Lei (Dez Mandamentos) a Moisés, e advertir a descrença e o ‘peleguismo’,
pois hebreus retirados da escravidão quadricentenária no Egito
não viam resultados imediatos.
Reitero: na luta pelo poder não há santos.
Agora, se ainda vivemos em democracia temos que compreender e aceitar o que o palestrante Mario Sergio Cortella, proferiu esses dias na URI
- ‘o intolerante é tolo, porque não enxerga a exuberância da diversidade ao seu redor’,
e a partir disso aceitar que a convivência em sociedade
de maneira civilizada é a regra,
e os exageros, a exceção.
E exceção sempre pende para um extremo e seja qual ele for,
de direita ou de esquerda,
sempre será um extremo,
uma exceção,
uma tentativa de esmagar as regras que regem uma sociedade civilizada.
Sejamos, portanto, todos sensatos não o tanto quanto nossa inteligência permite,
mas o quanto tanto a sensatez
ensina e dita no seu próprio conceito.
Como na vida tudo passa
– calma, relaxa e goza (como ensinou a psicanalista e ex-ministra da Cultura)
e bota para rodar do grande artista gaúcho Luiz Marenco, ‘Sovando um pelego’: ‘... De vez em quando, quando a estrada pede pousada/
numa aguada, eu desencilho, pingo e sossego/
numa aguada, eu desencilho, pingo e sossego/
é só um mate, jujos pra alma, pouca demora/ e
estrada fora, sigo na vida, sovando um pelego’.
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O trevo do exemplo
Pode falar com quem quiser.
Causa provável de acidente ou de perder-se no Km 72 da ERS 135 é via de regra, a concepção, a construção e a liberação do trevo do que jeito que foi feito.
Agora, o mais irônico nessa história, é constatar que a equivocada obra não leva a um bar, a um meretrício, a cafundó inútil – como se também estes não merecessem uma obra civilizada.
O inacreditável é que a obra criticada desde quando ainda inconclusa ou em desuso, leva aos próprios de uma Universidade Federal.
Leva aonde se ensina.
Leva aonde se produz e reproduz conhecimento.
A UFFS devia ser a primeira a desautorizar o malfadado trevo
– exemplo acabado de como e onde não se deve fazer algo como se fez.