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Eu estava entre os que entendiam que o técnico Leocir Dall’Astra já tinha vencido seu tempo de Ypiranga. Volto atrás. Reconsidero. De um técnico que para meus conceitos mexeu demais no time que foi campeão da série ‘B’, trocando muitos jogadores, trocando muitos jogadores de função e sem jamais definir claramente um time titular, agora, na Divisão Principal, o técnico mostra um outro estilo, um outro trabalho.
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Um trabalho onde claramente estampa-se a quem observa um jogo, um sistema definido. E também um time definido. E mais que isso – um sistema que pode (e tem sido) alterado quando necessário ou lhe convém e com boas peças de reposição.
E isto para o técnico é bom, para o time é bom, para o grupo é bom, para as pretensões do time no campeonato é bom, para o torcedor que vai se acostumando com nomes, posições e esquemas é bom, e para nós da imprensa, que sempre comentamos o que vemos nos jogos – também é positivo.
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Em primeiro lugar é preciso reabilitar uma frase atribuída ao grande jogador que foi, e grande observador de futebol que é, Tostão. Certa feita lhe perguntaram o que era preciso para formar um bom time, um muito bom time, um grande time. E o mestre foi claro, conciso e mais objetivo e verdadeiro não podia ter sido: 'jogadores' , ensinou.
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E neste quesito o grupo de atletas do Ypiranga, neste gauchão, tem revelado mais qualidade que na serie ‘B’ e vou além: é mais forte que o time que subiu em 2008 – bem mais. Está entre os grandes times da década de 1990 que tinham Chico, Luis Cláudio, Ildo, Menezes, Carlos Roberto, Sérgio Oliveira, Paulo Gaúcho, Moreno, Badico, Ailton, entre outros.
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Claro que muita coisa passa por Paulo Baier, mas o Ypiranga é mais que Baier. O canarinho tem um goleiro confiável - Carlão. E isto é muito. Pouco estabanado, seguro, confiável, como disse. Releva um lateral direito (ainda carente de mais vigor físico – mas que tem futuro promissor) – Matheus. Possui uma zaga alta, veloz e que impõe respeito – Negretti e Betão. Seu lateral esquerdo é da função e também não deixa queixas por vazamentos - Ruan. A dupla de marcadores tem um voluntarioso (Robson) e outro que briga e sabe sair com a bola no pé (Guto). Os meias são os melhores – Paulo Baier e Preto. Cercam, armam, concluem e lideram – sabem jogar. E na frente tem um atacante veloz, muito perigoso (Saldanha) e um jogador que a meu juízo vem cumprindo um papel que merece um capítulo à parte.
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Todos sabem de quem falei até aqui, mas Jean Paulo, um meia armador clássico, que sempre jogou com a bola no pé e com o campo à sua frente, está no sacrifício, cumprindo uma função tática que o técnico Leocir lhe confiou e que exige muito do jogador, inclusive, ser criticado por não poder fazer o que sempre fazia com facilidade. Ser o centro do time.
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Acontece que Jean Paulo está jogando de costas, fazendo uma espécie de parede de qualidade para os meias e os laterais, e, quando pode, domina e ainda segura para enfiar uma bola, preciosa como fez no começo da partida a Baier, diante do Avenida.
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Essa dedicação de Jean Paulo merece ser elogiada, pois ele abre espaço para Preto e Baier, joga como falso centroavante, e submete-se a armar o último lance para a conclusão final de quem vem de trás ou até o rápido e eficiente Saldanha.
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Mas há ainda Kleiton, um jogador que pode ser usado fora do Colosso já na largada do 2º tempo junto com Saldanha e aí o Ypiranga, mais cuidadoso, sem deixar de jogar, apostaria na bola de segurança, aproveitando a alta velocidade da dupla Saldanha/Kleiton que jogam em direção ao gol e sabem concluir. Isto – sem falar na opção de Otacílio Netto, um centroavante de ofício, um definidor; e dos recursos que Leocir Dall’Astra deve ter para congestionar o meio campo (Jessé é um deles) e quem sabe até com Bruno Oliveira, exercendo forte marcação, abrindo os dois meias nas laterais do campo – zona morta do gramado -, para desafogar o time, segurar a bola e fazer o time jogar.
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Posso estar enganando, mas o Ypiranga tende a ser tão fatal fora de Erechim, quanto no Colosso. Não recomendaria a nenhum time atirar-se para cima do Ypiranga, que se conseguir levar até 30 minutos um jogo ou virar num zero a zero – cuidado, a derrota do mandatário pode estar mais próxima do que ele próprio imagina. É aquela coisa. A vitória aparentemente parece esconder-se dentro da toca. Mas ao meter o braço longe de mais (abrir demais) pode tocar em algo que não lhe sorria. Cuidado com o Ypiranga fora de casa!
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Beko’s 33 anos!
Meus cumprimentos ao presidente do Beko’s, pelos 33 anos comemorados em fevereiro de 2015. Uma associação de amigos, de jantares, de carnaval, de futebol de salão, de ações sociais e hoje em dia – uma família. Seu presidente, Mario
Rossi, tem grande responsabilidade este ano ao dirigir a associação que nasceu de uns quatro amigos na Severiano de Almeida, ao lado de onde reside hoje a mãe do nosso colega Rodrigo Finardi. Para quem não sabe o Beko’s foi o único campeão mundial de futsal que Erechim já teve em sua história quase centenária, ao ser apoiado pela Indústria de Balas Peccin. Na próxima quinta-feira, 5 de março, às 22hs na TV Erechim, representantes da Associação Atlética Unidos do Beko’s (Mario Rossi, Sérgio Luiz Binotto, Fernando Antonio Nadaletti e Edson Luís Grando) estão revivendo um pouco do muito que esta entidade que orgulha a cidade já patrocinou nos seus 33 anos de existência.