Painel dia 06 fevereiro 2015
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...Ody – Mas o processo eleitoral não passa
também por estas questões, considerando o perfil do eleitor?
Zanella – Agora falaste
uma coisa muito importante. O perfil do eleitor. O eleitor é o mesmo – só que o
perfil do eleitor vai mudando de eleição para eleição. O eleitor que votou no
Zanella em 1976 era o eleitor do olho no olho. A partir da terceira eleição
veio a mídia. Hoje o eleitor vota na pessoa pela expectativa que o candidato consegue
criar para ele numa situação muito pessoal e nada coletiva. Por enquanto ainda
existe o eleitor que vota... bom este cara pode resolver o meu problema ou pode
ser bom para mim. O eleitor é o mesmo e vai mudando de conceitos. Com todas as
coisas que estão acontecendo, com todas as verdades que estão vindo à tona, com
essa roubalheira generalizada, e diga-se de passagem, foi feita uma pesquisa e
36% acham que é normal. O perfil do eleitor é mutável e acho que vai se
refletir nas próximas eleições...
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Esta foi uma das perguntas que fiz ao
ex-prefeito Eloi João Zanella em recente entrevista publicada aqui no Boa Vista
e esta foi a resposta que Zanella deu. Falávamos sobre o perfil do eleitorado
de Erechim e não concordo com a resposta dada pelo experiente político, ou,
talvez, concordamos à medida que Zanella diz que o ‘eleitor vai mudando de
conceitos’. Sim – diria eu – também prefeito. Além de ser outro eleitor com
outro nome, outra fisionomia, outra pessoa, outros sentimentos, outras
necessidades, e principalmente, em um outro tempo, temos em síntese na soma dos
eleitores uma mudança significativa no que diz respeito ao perfil do
eleitorado.
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É óbvio que se há tempos o sujeito votava
antes de olhar no olho do candidato e hoje leva em consideração se o candidato
pode ‘resolver seus problemas’, temos uma outra realidade e, por extensão, um
eleitorado cujo perfil também se alterou. Mudaram os conceitos do eleitorado –
logo alterou-se o perfil do mesmo.
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O prefeito Paulo Alfredo Polis firmou uma imagem
apoiada na crítica de que a grande maioria dos políticos de Campo Pequeno, em
especial ligados ao zanellismo, era produto do centro da cidade, gestado no
centro da cidade e voltado na essência para o centro da cidade. De outra ponta,
ele, Polis – é o candidato que abriu-se à cidade. Pegou ônibus urbano e foi
apertar a mão, ouvir e falar para os bairros da cidade. Verdade ou não – como
diria ‘Flávio-Faz-Tudo’, vai que pega! – e pegou.
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Pegou de tal forma que o zanellismo e talvez o
próprio tetra-prefeito não tenha dimensão mais exata ou clara sobre o quanto
isso pegou. Ele sabe, os seus partidários sabem, quem acompanha a política
local também sabe que a coisa não é bem assim, que Zanella fez muito – mas
muito mesmo pelas populações dos bairros, mas não é isso que corre à boca
pequena. É a velha história das versões suplantando os fatos, a realidade.
Vejam só o governo Dilma 2.0 e olhem para trás onde estava na campanha e
comparem com a equipe econômica que escalou!
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Uma vez, pessoa ligada há 25 anos a um dos
mais importantes e populosos bairros da cidade, levantou a seguinte tese. ‘Tu
sabe quem foi o melhor prefeito para o bairro?’, disse-me. E antes que
respondesse ela disse: ‘O Eloi (Zanella)’. E prosseguiu: ‘Tu sabe quem é o
prefeito mais admirado e querido no bairro?’. E quando fui responder – ela
respondeu: ‘O Schmidt (Luiz Francisco)’. E por fim emendou: ‘Tu sabe por quê?’.
E mais uma vez quando arquitetava um palpite ela lascou: ‘o Eloi fez isso, fez
aquilo, fez aquilo outro – coisas que o bairro nunca teve e algumas obras que
nunca nem tinha pensado em ter um dia. Mas as pessoas quando vêm para o centro
e voltam ao bairro – chegam no fim da tarde e dizem: tu nem imagina quem me
cumprimentou, e pelo nome, hoje, lá no centro. O prefeito. O prefeito -
Schmidt!’.
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Em síntese: as pessoas não querem só obras. As
pessoas também querem atenção, uma saudação, um aperto de mão. Querem ser
reconhecidas, principalmente, por autoridades. E isto, francamente, quando
pensei que já tinha visto o máximo com LFS – agora com PAP me cai o queixo. O
político Paulo Alfredo Polis não tem vergonha de ser feliz. Sabe que uma
eleição passa por estes caminhos populistas, enfim, mas legítimos. E enquanto a
oposição não descobrir isto, enquanto a oposição não assimilar isto, enquanto a
oposição não aceitar isto, enquanto a oposição não admitir que esta é uma
prática que não só agrada, mas que é essencial a grande parte do eleitorado de
hoje, com seu perfil de hoje, seja ele assim ou assado; vai ficar falando só
para o empresariado, para os supostamente mais esclarecidos e pode até fazer
uma campanha como nunca fez nos últimos tempos, mas perderá como sempre tem
perdido nos novos tempos de eleitorado de perfil mudado – ou de conceito
alterado.
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Não adianta focar na semântica e perder de
vista o resultado. E isto, como já disse na eleição do ano passado, é um
processo. Não se compra no comércio – onde nem está à venda. Não se encomenda
hoje para receber em dois dias por Sedex. E quem quiser colher algum fruto,
mesmo quedando-se a esta nova realidade, que comece quando terminar de ler.
Tire a roupa de
burocrata ou de administrador honesto e competente. É possível ser honesto e
competente e... ‘populista’ ao menos em campanha.
Tire a roupa da aposta
na derrocada da economia.
Troque a Globo News pela
imprensa de Erechim.
Troque um estilo de ser
por um ônibus, um barzinho de porão, um papo numa construção, uma festa de
igreja – o uísque escocês pelo martelinho.
Converse com as donas de
casa no portão ou nos templos.
Os que sabem o que és –
já o sabem.
Apresente-se a quem
ainda não o conhece ou sequer ouviu falar de você.
Vai – o tempo urge.
A eleição do prefeito do
centenário já está nas ruas.
Do centro e dos bairros.
Do meio centro e meio
bairro.
Dos confins.
O primeiro degrau da
prefeitura que leva à cadeira de prefeito exige postura e ação que jamais
estarão sobre a mesa prefeito.
A caminho da presidência
da República, em 1960, Jânio Quadros, abraçava o povo com o casaco coberto de
caspas. Em 1994 o sociólogo, professor universitário, cientista político,
escritor e político FHC - andou de jegue e comeu buchada de bode...! Ambos
venceram.