segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O trajeto para a prefeitura mudou!

Painel dia 06 fevereiro 2015





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 ...Ody – Mas o processo eleitoral não passa também por estas questões, considerando o perfil do eleitor?
Zanella – Agora falaste uma coisa muito importante. O perfil do eleitor. O eleitor é o mesmo – só que o perfil do eleitor vai mudando de eleição para eleição. O eleitor que votou no Zanella em 1976 era o eleitor do olho no olho. A partir da terceira eleição veio a mídia. Hoje o eleitor vota na pessoa pela expectativa que o candidato consegue criar para ele numa situação muito pessoal e nada coletiva. Por enquanto ainda existe o eleitor que vota... bom este cara pode resolver o meu problema ou pode ser bom para mim. O eleitor é o mesmo e vai mudando de conceitos. Com todas as coisas que estão acontecendo, com todas as verdades que estão vindo à tona, com essa roubalheira generalizada, e diga-se de passagem, foi feita uma pesquisa e 36% acham que é normal. O perfil do eleitor é mutável e acho que vai se refletir nas próximas eleições...

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 Esta foi uma das perguntas que fiz ao ex-prefeito Eloi João Zanella em recente entrevista publicada aqui no Boa Vista e esta foi a resposta que Zanella deu. Falávamos sobre o perfil do eleitorado de Erechim e não concordo com a resposta dada pelo experiente político, ou, talvez, concordamos à medida que Zanella diz que o ‘eleitor vai mudando de conceitos’. Sim – diria eu – também prefeito. Além de ser outro eleitor com outro nome, outra fisionomia, outra pessoa, outros sentimentos, outras necessidades, e principalmente, em um outro tempo, temos em síntese na soma dos eleitores uma mudança significativa no que diz respeito ao perfil do eleitorado.

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 É óbvio que se há tempos o sujeito votava antes de olhar no olho do candidato e hoje leva em consideração se o candidato pode ‘resolver seus problemas’, temos uma outra realidade e, por extensão, um eleitorado cujo perfil também se alterou. Mudaram os conceitos do eleitorado – logo alterou-se o perfil do mesmo.

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 O prefeito Paulo Alfredo Polis firmou uma imagem apoiada na crítica de que a grande maioria dos políticos de Campo Pequeno, em especial ligados ao zanellismo, era produto do centro da cidade, gestado no centro da cidade e voltado na essência para o centro da cidade. De outra ponta, ele, Polis – é o candidato que abriu-se à cidade. Pegou ônibus urbano e foi apertar a mão, ouvir e falar para os bairros da cidade. Verdade ou não – como diria ‘Flávio-Faz-Tudo’, vai que pega! – e pegou.

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 Pegou de tal forma que o zanellismo e talvez o próprio tetra-prefeito não tenha dimensão mais exata ou clara sobre o quanto isso pegou. Ele sabe, os seus partidários sabem, quem acompanha a política local também sabe que a coisa não é bem assim, que Zanella fez muito – mas muito mesmo pelas populações dos bairros, mas não é isso que corre à boca pequena. É a velha história das versões suplantando os fatos, a realidade. Vejam só o governo Dilma 2.0 e olhem para trás onde estava na campanha e comparem  com a equipe econômica que escalou!

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 Uma vez, pessoa ligada há 25 anos a um dos mais importantes e populosos bairros da cidade, levantou a seguinte tese. ‘Tu sabe quem foi o melhor prefeito para o bairro?’, disse-me. E antes que respondesse ela disse: ‘O Eloi (Zanella)’. E prosseguiu: ‘Tu sabe quem é o prefeito mais admirado e querido no bairro?’. E quando fui responder – ela respondeu: ‘O Schmidt (Luiz Francisco)’. E por fim emendou: ‘Tu sabe por quê?’. E mais uma vez quando arquitetava um palpite ela lascou: ‘o Eloi fez isso, fez aquilo, fez aquilo outro – coisas que o bairro nunca teve e algumas obras que nunca nem tinha pensado em ter um dia. Mas as pessoas quando vêm para o centro e voltam ao bairro – chegam no fim da tarde e dizem: tu nem imagina quem me cumprimentou, e pelo nome, hoje, lá no centro. O prefeito. O prefeito - Schmidt!’.

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 Em síntese: as pessoas não querem só obras. As pessoas também querem atenção, uma saudação, um aperto de mão. Querem ser reconhecidas, principalmente, por autoridades. E isto, francamente, quando pensei que já tinha visto o máximo com LFS – agora com PAP me cai o queixo. O político Paulo Alfredo Polis não tem vergonha de ser feliz. Sabe que uma eleição passa por estes caminhos populistas, enfim, mas legítimos. E enquanto a oposição não descobrir isto, enquanto a oposição não assimilar isto, enquanto a oposição não aceitar isto, enquanto a oposição não admitir que esta é uma prática que não só agrada, mas que é essencial a grande parte do eleitorado de hoje, com seu perfil de hoje, seja ele assim ou assado; vai ficar falando só para o empresariado, para os supostamente mais esclarecidos e pode até fazer uma campanha como nunca fez nos últimos tempos, mas perderá como sempre tem perdido nos novos tempos de eleitorado de perfil mudado – ou de conceito alterado.

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 Não adianta focar na semântica e perder de vista o resultado. E isto, como já disse na eleição do ano passado, é um processo. Não se compra no comércio – onde nem está à venda. Não se encomenda hoje para receber em dois dias por Sedex. E quem quiser colher algum fruto, mesmo quedando-se a esta nova realidade, que comece quando terminar de ler.
Tire a roupa de burocrata ou de administrador honesto e competente. É possível ser honesto e competente e... ‘populista’ ao menos em campanha.
Tire a roupa da aposta na derrocada da economia.
Troque a Globo News pela imprensa de Erechim.
Troque um estilo de ser por um ônibus, um barzinho de porão, um papo numa construção, uma festa de igreja – o uísque escocês pelo martelinho.
Converse com as donas de casa no portão ou nos templos.
Os que sabem o que és – já o sabem.
Apresente-se a quem ainda não o conhece ou sequer ouviu falar de você.
Vai – o tempo urge.
A eleição do prefeito do centenário já está nas ruas.
Do centro e dos bairros.
Do meio centro e meio bairro.
Dos confins.
O primeiro degrau da prefeitura que leva à cadeira de prefeito exige postura e ação que jamais estarão sobre a mesa prefeito.
A caminho da presidência da República, em 1960, Jânio Quadros, abraçava o povo com o casaco coberto de caspas. Em 1994 o sociólogo, professor universitário, cientista político, escritor e político FHC - andou de jegue e comeu buchada de bode...! Ambos venceram.