Há poucos dias na coluna Pente Fino assinada pelo colega Rodrigo Finardi, foram divulgados inúmeros dados importantes sobre a realidade de Erechim especialmente quanto a nossa composição econômica, educacional e social, entrando aí fatias de consumo, etc.
Essas informações vêm do empresário, professor universitário e presidente do CER Atlântico, Julio Cezar Brondani, que as obteve de fonte acreditada e oficial. Logo – o que está no Pente Fino é o que somos hoje.
Fala-se já sobre o processo eleitoral de 2016 e não é nenhuma novidade. Sempre foi assim. No entanto a eleição de 2016 terá um caráter simbólico pontual, relevante e marcante. É necessário observar que o eleito de 2016 estará no cargo na data em que o município completará seus 100 anos.
Virada a página da simbologia, sempre um evento; há a realidade. Cem anos, cem mil habitantes e chegaremos a 2018 sem um metro de esgoto tratado? Sei que há um projeto que prevê correr atrás desse prejuízo, mas com essa contenção de gastos (imperiosa) para não ver o estado quebrar de vez – parece-me que há um desafio maior a quem vir a ocupar a cadeira de prefeito no centenário.
Afinal de contas, qual é mesmo a vocação de Erechim nesta quadra da sua vida! Já fomos extrativistas com destaque à madeira, já passamos pelo setor primário com destaque para o trigo, já tivemos um comércio mais expressivo em termos de Alto Uruguai, já desenvolvemos uma boa planta industrial e avançamos sobre os serviços.
Mas qual é nossa referência mesmo!?
Chega um tempo onde não é possível se destacar, ou especializar, ou mais que tornar-se conhecida – mas respeitada, recorrida e admirada por um setor mais que os demais. E qual seria este setor – no vislumbre de futuro.
O extrativismo e o trigo passaram.
A indústria, para quem é do ramo, tem tudo para ficar mais algum tempo onde se encontra – porquanto, falta-nos infraestrutura como espaço à curto prazo, energia, comunicação e condições de escoamento menos caras. De mão de obra, também sofremos, pois em 2014 ouviu-se muito que ‘emprego tem – mas falta mão de obra especializada’.
O comércio – o que dizer dele.
Passamos mais de um ano inteiro sem a estrutura mínima necessária para achar um lugar para estacionar onde o comércio se concentra. Entrando para dentro das lojas, está na boca dos próprios dirigentes, a necessidade urgente de desenvolver práticas que atraiam clientes e não os afugentem. Ou seja, reconhecem que devem melhorar.
Sobre serviços a coisa no meu entender está para Erechim como para o restante. Há setores onde carecemos de avanços significativos no atendimento, embora ainda podemos posar de ponto de referência, talvez menos por nossas qualidades e mais por ausência de concorrências na região.
Gostamos de dizer que somos um pólo de educação e de saúde. Pergunta: por qualidade ou por números de pessoas que acorrem aos nossos estabelecimentos de ensino e instituições de saúde. Será em termos qualitativos estamos à altura, nestas áreas, das nossas tradicionais balizas – Passo Fundo e Chapecó? Cada um que tire as suas conclusões.
O fato é que Erechim é uma cidade bonita, bem localizada, limpa, e que atrai quem por aqui passa porque é um bom lugar para se viver. Mas – paralelamente às coisas que fizeram de Erechim uma boa cidade para se viver -, começam a despertar problemas que estão na boca da maioria: qual é nosso plano B para uma estiagem? A violência (ainda maior em outras cidades) é compatível à Erechim? A qualidade dos serviços mais necessários está à altura do que se encontra mais adiante? Por que tornou-se voz corrente que os preços dos imóveis de Erechim são desproporcionais ao que a cidade oferece? Por que uma cidade com cem mil habitantes, uma indústria que precisa ser respeitada, serviços em expansão, um comércio ainda de boa atividade... e não temos um vôo de carreira – semanal -, com Porto Alegre ou São Paulo? Não temos sequer uma ligação asfáltica civilizada com cidades próximas de onde saem aviões diários para grandes centros. Nem isto! Quando chove como em junho de 2014 – a natureza pode nos colocar em situação de isolamento!
Ingressando na página política, de onde às vezes emanam soluções para algumas necessidades, ou não; que nomes aspiram a prefeitura, e sei que a pergunta não importa quando não temos capacidade de entender sobre isto – mas que se pergunte: com qual projeto!? Alguém tem um projeto, consistente, novo, arrojado, e sobre tudo viável, que arranque esta cidade da mesmice que já vem há anos e anos!?
Seria interessante conhecer esse alguém, ou esse partido, ou esse grupo de pessoas, ou essa união de inteligências. Mais que interessante seria imperioso saber quem são – até para trabalhar com um novo horizonte, pois do contrário (e tudo indica que pela natural ambição de partidos, de políticos como os conhecemos), é provável que ao menos quanto ao elenco disponível – o filme poderá repetir-se.
Agora, também é verdade que elencos adaptam-se a roteiros, a produtores, a diretores e nem sempre reproduzem o que mostraram num filme, nem sempre fazem papel de bandido ou de mocinho, e que é possível sim, desempenhar um papel com direito a Oscar, dependendo do enredo ao qual devem se inserir com sua atuação e desempenho destacados. Em outras palavras: mesmo nomes já tradicionais da nossa política podem atuar de forma nova, diferente e muito superior a desempenhos anteriores.
Dito isto penso que fica claro que a nossa cidade depende menos de elencos executores e mais de elencos pensadores, lembrando que atores renomados tornaram-se diretores de igual destaque. Mas a melhor fórmula ainda é aquela que pega o melhor diretor para o melhor ator ou atriz, com produção firmemente apoiada (e recursos) para desenvolver um enredo que se transforme numa grande história.
E a história real de Erechim que alcança a reta final para a fita dos cem anos não pode mais contentar-se com o que já foi feito. O que foi – está e muito obrigado a todos, agradeceria a cidade se tivesse boca – até por que nada do que já foi pode ser alterado porquanto já aconteceu. Mas e daqui em diante?
Que cidade apoiada em que valores e com quais credenciais que nos diferenciem positivamente de outras congêneres – haveremos de deixar a quem nos substituirá como um todo: dos partidos à saúde; do comércio à segurança; da indústria à educação; do transporte coletivo ao lazer; dos serviços às artes; do trânsito à cultura, dos políticos à imprensa. Do imaginário ao factível. O mundo não vai esperar para Erechim embarcar!