segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Paulo Baier e eu!






Sim, – Paulo Baier já velho para os padrões normais do futebol de hoje - reza a lenda.
Quarenta anos tem o velhote da bola e anda ‘salameando’ como se dizia em tempos idos entre uma gurizada de 25, 29. Gurizada de 25, 29? Que clube europeu ou do leste ex-comunista anda investindo em gurizada de 25 ou de 29?

Ao que se tem notícia quase diária é a saída de filhotes de 19, 18 ou menos idade, com pai, mãe e tudo. Com 25 anos, do outro lado do mundo, o cara já foi analisado há anos pelos ‘olheiros’ de lá e sabem muito bem que se um grão de milho-pipoca não estourou no tempo certo – irá para a bacia como grão, mas jamais para o estômago do futebol mais caro do mundo.

É evidente que aqui estou a discorrer sobre idade e não sobre qualidade.
Se mudar para qualidade, Paulo Baier, poderia dar aulas nos seus treinamentos e nos seus jogos para muito filhote da bola que anda caminhando com a bundinha empinada sobre coxas sobressalentes que atraem diferentes olhos. Bola? – bem, já são outros quinhentos.

Eu não sei se o Ypiranga vai classificar entre os oito, ou permanecer na série ‘A’. Mas a simples ousadia de poder contar com um jogador de qualidade superior e de um atleta na mais pura e ampla acepção do tempo, para fins de futebol de campo – observe-se; alça o clube às manchetes nacionais. E mais que isto: qualifica sobremodo o time, engrossa o caldo da respeitabilidade dos adversários, coloca as arbitragens mais atentas porque também estas estão mais suscetíveis a terem interpretações mais detalhadas sobre eventuais equívocos de jogo onde um consagrado está no meio.

Ademais ainda é necessário que se frise o ganho enquanto instituição: Novo Hamburgo e Ypiranga, Caxias e Ypiranga, Cruzeiro e Ypiranga, Inter e Ypiranga  - é uma coisa. Qualquer um deles e Ypiranga de Paulo Baier é diferente. Não adianta. Não há garantias de vitórias com Paulo Baier, assim como não há certeza de derrotas sem Paulo Baier. Mas uma certeza há: com Paulo Baier é diferente. Para o Ypiranga e para seus adversários – disso não há a menor dúvida. Falo de tese, de teoria e até de prática – embora reitere que resultado de vitória ou derrota passam por outras retas e curvas.

Abri dizendo que Paulo Baier é um velhote do futebol aos 40 anos, dizem. Mas há outros, e que se ainda são disputados no mercado da bola, é por que o que vendem – vale.

Pois, quando esse velhote da bola tinha três aninhos, provavelmente largando as fraldas – eu já ligava da Caldas Júnior, em Porto Alegre, para dirigentes, técnicos, jogadores e correspondentes do interior.

Trabalhando ao lado de Antonio Carlos Macedo na Caldas Júnior da segunda metade da década de 1970, ligava duas vezes por semana para Bento Gonçalves. O Esportivo tinha um timaço. Lá, a secretária repousava o telefone sobre a mesa e ia chamar o técnico do Esportivo que passava o apito para seu auxiliar. Nunca recusou.

foi assim que, se não engano, em 1978 e 79 entrevistava todas as semanas o Valdir Espinosa que comandava um dos times mais respeitados, porquanto dotado de bons jogadores e grande conjunto. Jânio, Carlão, José, Raquete, Adilson, João Carlos, Gonha, Décio, Lambari, Celso Freitas, Lairton, Neca... cruzes!

Foi pelo telefone com o pessoal de Bento que descobri que o Esportivo tinha treinando entre os reservas um guri e que segundo o correspondente do Correio do Povo, seria um craque para time grande. Não durou muito, Renato já corria pelo Olímpico.

Mas quero voltar à questão das idades e de quem realmente é velhote nessa rápida história. Se Paulo Baier é chamado de velho para o futebol de hoje – o que seria eu então em termos de futebol, se aos três anos de idade do hoje velhote eu já andava no jornalismo esportivo!?

Certa feita liguei para São Borja. A cidade tinha um muito bom equipe com o mesmo nome, e todos sabem disso. Fora destacado para entrevistar o zagueiro do time do qual falavam ser de muito boa qualidade. Procurei pelo zagueiro no clube e me deram um outro telefone.

Quando liguei – deu numa cooperativa (tudo isso seguindo apenas minha memória e se tiver que desmentir – sem problemas). Mas é verdade. Deu numa cooperativa. E quando pedi que queria falar com o zagueiro do São Borja, disseram que passariam a ligação para a contabilidade. Foi ali, na contabilidade da cooperativa, que localizei Cassiá, que mais tarde seria o Cassiá do São Borja, do Grêmio, do Santos...

O grui/promessa de craque do Esportivo jogou nos maiores times do Brasil. Na seleção. Foi campeão de quase tudo. Deu o título de campeão do mundo ao Grêmio. Já largou faz tempo, e um outro tanto tempo, atua como técnico. O Cassiá também já largou há anos e anos e anos. Foi técnico de futebol, (treinou o Ypiranga em 1990) vereador de Porto Alegre, secretário de Obras e Viação de Porto Alegre, deputado estadual e concorreu a vice-governador do estado agora em 2014.

Se o Paulo Baier, como dizem, é um velhote para o futebol, o que sou eu?
Vou procurar minha certidão.
Alguma coisa entre o Baier e eu não deve estar batendo.
Nunca me chamaram de velhote – mas de tio e vô, sim!
Não, Paulo Baier não é o Pelé do Ypiranga.
Nem é o melhor jogador da história do clube. Talvez na seleção desde 1924 - sim.
Mas para o Ypiranga FC de 2015 - Paulo Baier é a grande novidade.
E positiva.
E em todos os sentidos.
Dentro do campo e aos olhos da mídia que cada vez mais expecta o futebol como marketing e publicidade.
Como um show.
Paulo César Baier é o show do Ypiranga.