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Definitivamente o MDB se isola em Erechim como a maior força
política. Seu candidato a prefeito fez 4.438 votos a mais que a soma de seus
três concorrentes, mais os votos brancos e os e nulos. Se a eleição de 2016
entrou para a história pela diferença de apenas 12 votos, a deste ano também
entra por esses números obtidos por Paulo Polis.
Houve tempos em Erechim onde Arena e o velho MDB, mediam
forças que só as urnas podiam dirimir. Mas em expressão política se equivaliam.
O mesmo ficou valendo para os tempos de PMDB e PDS.
Com a abertura ou reabertura política, quando findou o exílio
para quem fora punido com a medida - lembro do colega da Caldas Júnior que foi
a São Borja cobrir a volta de Leonel Brizola ao Brasil em 1979 -, pois a partir
daí o país reabriu-se num leque de partidos que, de tantos, com o passar do
tempo se confundiram em intenções a ponto de hoje vivermos tempos onde poucos
sabem as identidades de quem defende o quê! Há que se reconhecer que alguns
jamais fecharam seus nomes – mas as portas com vistas a eleições sim. Com a
reabertura tudo se reabriu – como se tivessem descoberto uma vacina para o
golpe de 1964. Não entro no mérito do tal golpe, mas refiro aqui apenas as
conseqüências sobre as agremiações políticas e suas atuações ou limitações de
atuação.
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Mas o MDB de Erechim alcança hoje uma estatura – não que as
não tivesse num passado nem tão distante - que lhe impõe responsabilidades mais
pesadas que a de administrar a cidade. Já se disse cem vezes que o Alto Uruguai
precisa se unir para sonhos mais altos, mas na hora da onça beber água, cada um
vai por si. Pois este é o desafio do MDB de Erechim: acabar com essa pizza que
traz no mínimo 32 fatias.
Cabe ao MDB de Erechim, primeiro fazer o milagre em Erechim.
Convencer lideranças das mais diferentes áreas (política, econômica e social)
principalmente, de que somos, sobretudo, habitantes da mesma cidade. Tudo
recairá sobre nós. Penso que pouco se falou sobre isso na imprensa local e
também não tenho a pretensão de ser o único: será menos difícil e, talvez, até
mais fácil do que se supõe unir o Alto Uruguai se a maior economia regional der
o exemplo de união.
Alguém, dirá: “que é isso! Nós fomos eleitos para governar
Erechim e agora querem que respondamos pelo Alto Uruguai!?” Pois é. É isso
mesmo. Erechim devia liderar esse processo. Chamar a responsabilidade. Assumir
este desafio de colocar no mapa político, econômico, social e de lideranças do
Rio Grande do Sul, a cidade de Erechim – a mais importante a fazer fronteira
com outro estado -, e resgatar a região como um todo.
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Esta pauta devia estar nos planos do MDB local. Na cabeça das
suas lideranças. Esta pauta devia estar na cabeça das lideranças que perderam
as eleições. Esta pauta devia estar na cabeça dos empresários, das empresas, das
entidades de serviço, de saúde, de economia, dos liberais – que tem endereço
aqui. Com humildade poderiam se oferecer para ajudar dentro da Amau a debater
este debate (repito de propósito) inadiável para a redenção e desenvolvimento
de todo Alto Uruguai.
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Para tanto, não obstante, os eleitos teriam que desvestir-se
dos seus planos pessoais e mais imediatos, alargar o espectro de visão,
olhando, por exemplo, da região nordeste (Machadinho & Cia) até (Frederico
Westphalen & Cia ou Nonoai & Cia), criando assim um corredor, uma
corrente de interesses comuns – onde, geograficamente, Erechim estaria não só
no centro como seria a cidade catalisadora de todos os interesses dos entes
envolvidos.
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Porém, isso exige uma imensa capacidade de doação, humildade,
união, inteligência e desapego, que só os grandes podem oferecer. Seria talvez
uma obra para mais governos, mas o MDB tem a oportunidade de liderar este
processo a partir de 2021 – num ato de absoluta e inquestionável grandeza. Uma
ação tão histórica quanto foi sua reorganização em Erechim e sua avassaladora
vitória do último dia 15. O professor, pesquisador, empresário e palestrante
Julio Cezar Brondani conhece muito bem o assunto e tem informações essenciais a
quem interessar possa. Procurem-no. Ele pode muito bem, esclarecer tudo, jogar
luzes sobre o tema e tornar-se peça fundamental na consecução deste processo ou
seria, mais uma vez, apenas um sonho. Uma oportunidade perdida! Um dia alguém haverá de costurar essas duas
pontas geográficas do “chapéu do Rio Grande”. O MDB de Erechim pode liderar e
dar início a este desafio!?
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O ADEUS DE ZANELLA
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Ele ainda é pauta porque foi o político mais importante da
segunda metade do século XX em Erechim. Por isso especulo um pouco mais sobre
essa figura, para muitos, um italiano meio turrão, teimoso nas suas convicções,
mas sem dúvidas um homem público que mudou o perfil político, econômico e
social da maior e mais importante cidade do Alto Uruguai. Lembro que sempre
quando questionado sobre sua aparente despreocupação com a questão social, saía-se
com a resposta que não há nada melhor para esse problema do que criar empregos.
Lembro até de um delegado de policia local que dizia: “toda vez que aparece um
muro para pintar, caem as ocorrências”, referindo-se à oferta de emprego,
pessoas com ocupação, com trabalho.
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Eloi João Zanella, 77 anos, vai largar a política. Ele diz
que chegou a hora de aproveitar um pouco a vida e o fará ao lado da esposa
Lenir, filhos e netos. Sua surpreendente candidatura a vereador e, não eleição,
– depois de quatro mandatos como prefeito e mais um onde ele liderou popularmente
o nome de seu grande amigo e secretário de Administração Jayme Luiz Lago –
pois, o surgimento do seu nome a vereador tinha um viés que agora vem a
público.
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O PP quando deu início à sua caminhada no processo eleitoral
deste ano empacou em apenas 12 nomes à vereança. Percebendo que era um número
muito reduzido de candidatos para conquistar uma cadeira no Legislativo, Eloi
Zanella colocou seu nome à disposição e com isso o partido logo foi a 17
candidatos a vereador. Ao se dispor concorrer, Zanella acreditava que ao lado
de quatro vereadores que atualmente constituem a bancada do PP, (uma delas
ocupada pelo vereador José Rodolfo Mantovani, hoje no PL, em razão do
licenciamento de Eni Scandolara (PP)), o partido conseguiria de 20 a 25 candidatos,
elevando as perspectivas de duas ou mais cadeiras. No entanto, a decisão não mudou
o quadro e o PP acabou indo pra eleição com apenas 17 nomes.
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Eloi Zanella não entende como um partido com mais de 600
filiados só conseguiu lançar 17 candidatos. Também até onde se sabe, por razões
de locomoção (pandemia), fez uma campanha pelas mídias sociais e isto o
prejudicou decisivamente, reabilitando o velho ditado popular de “quem não é
visto, não é lembrado”. O ex-tetra-prefeito não aceita a tese que o PP nunca
teve uma direção jovem. Quando teve jovens no comando, no entender de alguns, o
partido rachou porque dirigentes decidiram apoiar candidatos de fora da região
a deputado estadual e federal, quando o PP tinha seus próprios nomes da região
– Kaká Cofferi a estadual e Carlos Pomagerski a federal.
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O que se sabe com certeza são duas coisas: a primeira é que
Eloi Zanella não tinha intenção séria de ser vereador, mas queria com seu
gesto, motivar, fortalecer o seu partido a partir do seu prestígio. A segunda é
que, não se sabe quando, mas (em política sempre é um risco dar como encerrada
uma vida pública), mas até onde é possível apurar é que Eloi João Zanella
tratará de aproveitar a vida com sua família, longe dos holofotes e das
pendengas político/partidárias que praticamente o alimentaram enquanto cidadão
político por mais de 50 anos.
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O que Zanella leva consigo além das conquistas para a cidade
é que, intimamente, na política o que existe são “companheiros de poder”. Muito
provavelmente a partir de agora o Eloi, o Zanella irá descobrir quem são seus
companheiros que podem ser chamados, de fato, de amigos. E isto vale para ele e
para todos os que um dia estiveram no centro do poder, na cadeira do poder, com
o cetro do poder na mão – enfim -, com a última palavra, com a decisão, com o
poder sobre até onde a legalidade o permite.
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Esse negócio de poder é
mesmo circunstancial e, assim como tem um começo, experimenta um período de
auge e um dia acaba. Sem comparações – mas para refrescar a tese da teoria do
poder, recorro a um exemplo em tempos de pandemia: você já ouviu falar de Maurice
Hilleman (1919-2005)? Foi um microbiólogo estadunidense que desenvolveu, ao longo
de sua vida, 40 vacinas – das quais oito são imprescindíveis. Porém, é muito pouco
conhecido pelo público. Desenvolveu vacinas contra o sarampo, caxumba, hepatite
A, hepatite B, varicela, meningite, pneumonia e a bactéria Haemophilus
influenzae. Acumulou prêmios e medalhas. Era o reconhecimento não só à sua
influência na ciência, mas, por que, um reconhecimento de que ali estava alguém
com poder.
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Em plena louca corrida atrás de vacinas contra a Covid-19,
nunca ouvi mencionarem o nome dele na imprensa. Entrou para a história como o
homem que mais salvou vidas no século XX. Faleceu aos 85 anos e é praticamente
um desconhecido. Para ver como o poder é passageiro e se dilui com o tempo.
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DISTRITO INDUSTRIAL DAVI ZORZI
Na campanha eleitoral uma das frases que mais se ouviu do
candidato e, depois prefeito eleito Paulo Polis, foi que “já em janeiro
entraremos com as máquinas no Distrito Industrial...”. Esta semana o prefeito
eleito mudou um pouco o sentido da manifestação. Primeiro, antes de entrar com
as máquinas, “vamos ver se todas as licenças estão liberadas, em dia..”. É isso
aí. Faz campanha quem sabe. Uma coisa é a campanha. Outra é o exercício do
mandato. Mas – ao que indica o prefeito eleito dará sim continuidade àquela
obra que, de fato, anda “atravancada” há tempo.
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DEPARTAMENTO HABITACIONAL
O governo Paulo Polis deverá ter um Departamento
Habitacional. Ele falou muito na
campanha sobre o que o cidadão mais quer na vida: um emprego - uma renda e uma
casa para morar. Como vai funcionar isso, pode demorar um pouco, mas a administração
deverá contar com um Departamento Habitacional, para atender as reivindicações,
porquanto não foram poucos os ouvidos que ouviram falar em casa para morar.
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NEM LULA, NEM BOLSONARO!
Cada vez se ouve mais neste período pré 2º turno das eleições,
em outros estados principalmente e, cada vez se lê mais sobre isso na imprensa
– candidatos refugando apoios de Bolsonaro e Lula, ou de candidatos derrotados
no 1º turno, mas identificados com um desses extremos.
Minha desconfiança começa a se firmar como convicção: não são
os candidatos que não querem nem um, nem outro. É o povo. É massa silenciosa.
Os extremos começam a fazer água e assistem a massa, lenta, mas de forma firme,
quieta e continuada, a considerar novas saídas ou uma nova saída.
E se os extremos aparentemente começam a descer ou até a
afundar, a tendência lógica é emergir algo do centro. E atenção: não é do
velho, fisiologista e oportunista centrão, ao qual o presidente Bolsonaro
retornou e com o qual se identifica há anos, porque esse foi seu habitat
natural por mais de 20 anos.
Escanteando-se governadores plantonistas, artistas globais
oportunistas, figurões congressistas porquanto sempre aos holofotes; não há
como negar que “lava-jatistas” – decisivos para a eleição do presidente que não
percebeu isso, ou não quis reconhecer por razões que ainda virão à tona na sua
plenitude -, estão sim com vontade de repetir o voto em quem realmente acreditam
e, em quem, de certa forma, votaram. Não votaram na pessoa dele porque não
concorreu. Mas pensando naquela figura, votaram em quem, a mesma, deu apoio e
depois teve o tapete puxado.
Se parece com um Joe Baden se o velho Joe nunca flertou com a
esquerda radical, mas se tem uma carteirinha que o identifica como, digamos,
“liberal”, está caindo de maduro que a classe média que já bebeu das duas bicas
das pontas, não matou a sede.
O tempo que não faz parada para ninguém arrasta consigo os
fatos, ou os fatos pegam carona no tempo. Mas vai chegar o tempo onde será
possível confrontar o que aqui se especula pela obviedade dos fatos e sensatez
da realidade que, principalmente, insensatos produzem. Cada um no seu tempo.
Mais recentemente – Lula e Bolsonaro.
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A MARCHA DA INSENSATEZ
A grande obra de Barbara Tuchman, Marcha da Insensatez, é um
livro de cabeceira para quem exerce o poder. Podia ser até um catecismo para
quem tem outras tarefas não menos importantes na vida. É só ler as “orelhas” da
obra, e conclui-se, em respeito ao título do livro; que é óbvio que as eleições
não tiveram nada a ver com a explosão de casos de Covid-19 no Brasil. É... é
insensatez em marcha. Neste domingo, 29, nos grandes centros - mais um episódio
da nossa “marcha” que consagra Barbara. A propósito quando se iniciará no
Brasil um debate sobre o voto facultativo! Neste ano tivemos a maior abstenção
em 20 anos. Segundo fontes mais de 34 milhões de eleitores não foram às urnas –
23,15%. A consciência política está entrelaçada ao voto facultativo. Aproveitando o gancho: será que os perdedores
de eleição em Campo Pequeno decoraram o livro!?
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MOVIMENTO NEGRO
Para quem não sabe, a cidade possui um Movimento Étnico e
Cultural dos Negros de Erechim (Mene). Um dos coordenadores está em entrevista
ao Painel na TV Erechim. André Ribeiro, ao mesmo tempo em que repudia o
criminoso ato ocorrido na semana passada em um supermercado da capital, que
tirou a vida de um negro de forma covarde; afirma que o Movimento não endossa e
muito menos incentiva reações violentas de terceiros. Detalhes importantes
estão na entrevista que irá ao ar neste sábado, 28, às 15h e 22h no canal 26 de
NET. Ou pode ser encontrado no Facebook da TV Erechim e no Youtube.
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MORRE O 2º MAIOR JOGADOR DE FUTEBOL
Estou aqui a escrever quando vem a notícia: morreu Maradona.
Diego Armando Maradona foi apenas o 2º maior jogador de futebol da história
deste esporte. Para os argentinos – o 1º. Mas ainda há Pelé. Uma coisa é certa:
igual a esses dois, não há outro. Nem Garrincha, nem Messi, nem Ronaldo, nem
Ronaldinho, nem Cruijff, nem Zidane - os seis que no meu entender foram fora de
série – mas não podem ser comparados à dupla Maradona-Pelé. Craques
extraordinários, mas a dupla M/P é mais que genialidade, é lenda. Diego Armando
Maradona foi vítima precoce, aos 60 anos, de um estilo que vida que escolheu e,
por que não, de uma doença: foi intenso em tudo. Inclusive – em jogar futebol. Pelé
escreveu que Maradona é uma lenda. E então – lendas morrem? Não. Morreu o
futebolista Maradona. O adoentado Maradona. A lenda fica. De todas as frases de
famosos que ouvi e li quandoo mundo foi comunicado sobre o fato, a que mais me
impressionou pelo simbolismo é atribuída ao Papa Francisco que definiu Maradona
como um “poeta do futebol”.
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A REUNIÃO MAIS IMPORTANTE
Quem perdeu a eleição municipal, já se reuniu para debater os
porquês?
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UM MÊS SEM TIMM
Hoje, 28 de novembro completa-se um mês que Erechim e
centenas de amigos convivem com o “novo normal” que nos privou, para sempre, da presença
física de Waldir Airton Timm, o Timm do Cartório. Eu ainda não consegui
escrever a coluna que desejo para homenagear o meu amigo, o amigo de tantos.
Mas o farei. Muito em breve, Timm, o farei. E farei por duas razões: uma pelo exemplo de ser
humano que foste, e a outra; para contemplar e abrandar minha consciência. Este é um compromisso para contigo e comigo. Por enquanto só um muito obrigado
por teres existido e, bem pertinho de nós. Fomos privilegiados.