sábado, 21 de novembro de 2020

POLIS: OLHE BEM A CIDADE QUE RECEBES

 

Valquiria Micheli/Atmosfera


 

Prefeito eleito Paulo Alfredo Polis, parabéns pela espetacular e histórica vitória. Mas atenção. Olhe bem a cidade que recebes. Luiz Francisco Schmidt (LFS) entrega uma cidade limpa, em ordem, funcional, corrigida de vários vícios que poderiam merecer críticas de quem é contra e sempre torce por um erro. Saúde (sempre haverá senões – mas no geral bem), educação (sempre haverá senões, especialmente dos professores – classe tirada para sacrifício no Brasil todo há décadas – mas com aulas & aulas dadas), abriu uma rua de “desafogo” no bairro Três Vendas - extensão da Julio Trombini -, ao lado dos trilhos, comprou a ex-Fundação Cotrel para instalar próprios da prefeitura, transporte público bom, novos abrigos de espera de ônibus, empregabilidade e renda (dentro do possível normal, até por que aqui entra a iniciativa privada e Schmidt enfrentou a crise econômica praticamente no seu auge), deixa uma cidade asfaltada de norte a sul, de leste a oeste e não com camadinha rasa, contas em dia, teto da prefeitura novo, transformou o viaduto Ruben Berta em uma obra de arte, chafariz magnífico até porque representava perigo, trocou o albergue de lugar aliviando uma situação que sempre dava notícia negativa e nunca mais se ouviu falar mal de onde foi instalado, dinheiro em caixa, um terminal de ônibus muito bom para anos e anos, um monumento magnífico para o centenário de Erechim - obra feita pelo talentoso Harrysson Testa, se empresas trocaram de município, outras grandiosas vieram, cooperativa do meio rural, Aurora, berçário tecnológico, espaço destinado a eventos em local aberto e protegido ao lado do mercado popular (em obras); enfim, olhando por alto – o prefeito não só recupera sua imagem avariada ao final de 2000 -, mas a retoca a ganhar merecidos elogios. Só não vê, repito, quem não quer. Vejamos em dois anos o que muda para melhor!? 

Sob este aspecto, esta linha é importante: “quem está assumindo em janeiro, e trata-se de uma liderança política incontestável; que olhe bem, mas bem mesmo – em que estado encontra-se a cidade que está recebendo. Há coisa a fazer, há. Mas que não se negue o óbvio. Sim, porque a cegueira da idolatria nem sempre ofusca consciências”.

Em outras palavras: LFS, desde o início – imprimindo um pulso forte e firme, quanto ao destino dos recursos públicos, não governou para o seu partido, nem para seus aliados. E, muito, mas muito menos, para deleite da imprensa. Pelo contrário – desta mereceu denominações pesadas porque reduziu drasticamente o repasse de recursos que tanto bem ou mal acostumaram veículos de comunicação ao longo dos tempos em Campo Pequeno. Esta atitude lhe rendeu críticas. Mas LFS fez outra opção: governou para a cidade. Para o cidadão. Desconfio, e é apenas uma desconfiança, que governou para com as obras e o controle rígido na aplicação dos recursos, resgatar sua própria imagem. Economizou entrevistas. Economizou risadinhas. Economizou visitinhas. Economizou relacionamentos políticos e públicos. Aos olhos de alguns, apresentou-se como uma Margaret Tatcher de calças ou um José Maria Aznar (Espanha) que pagava para não sorrir. 

E, acredite quem quiser – especialmente setores da imprensa que já o sepultaram politicamente (teria recebido o carimbo de Covid sem uma análise mais detalhada?) -, pois quem não quiser também, acredite, porquanto, se hoje há – e o tempo dirá, porque governar desgasta e decepciona, LFS será muito provavelmente o nome mais lembrado a fazer oposição a Paulo Alfredo Polis em 2024 ou 28. Isto, se ambos estiverem onde estarão no dia 1º de janeiro de 2021. Um de prefeito com a responsabilidade de manter e cumprir o que prometeu e o outro – livre, observando e, quem sabe, fazendo política e até recebendo o reconhecimento que as urnas negaram ao seu vice. Quem viver – verá.

Por quê? Por que Luiz Francisco Schmidt ao legislar com “mão de ferro” – fez obras tangíveis e que são de uso público diário. Governou não como um político tradicional de olho na próxima eleição, mas como se um cidadão desta comuna fosse, como é.

Se o governo entrante não cuidar delas, se o governo da vitória histórica deixar começar a fazer água nas praças recuperadas, nas ruas da cidade asfaltadas com asfalto grosso, no transporte público, na UPA, no estacionamento rotativo pago que funciona muito bem, nos prédios públicos reparados, nos bens públicos recuperados, no bom serviço de recolhimento do lixo, nas escolas e, especialmente, no aceitável (porque sempre será uma área delicada que é o serviço de saúde) e em breve, com novo Pronto Socorro no Santa; já a eleição de 2024 poderá ter concorrência. Eu disse: concorrência, porquanto o capital político de Polis não é daqueles que se derrete em quatro anos. Mas que o desgaste natural existe - existe. E há coisas a manter. Abram os olhos. Em tempo: reparem a sinalização do trânsito da cidade de Erechim. Que outra cidade ou quantas outras tem uma sinalização tão eficiente, clara e intensa? Este é um departamento que devia manter sua equipe – especialmente o responsável Luiz. Muito competente, como toda a equipe. E, por fim, acusado de "guardar dinheiro da prefeitura em banco, ao invés de gastá-lo"; no inesperado - na hora do Covid, foi decisivo para garantir os vencimentos do funcionalismo em dia e fornecedores. Como uma família precavida.

 

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SCHMIDT REPETIU ZANELLA E DEXHEIMER

 

Engana-se quem acredita que a oposição a Paulo Polis perdeu a eleição. Não. Ela não foi derrotada. Ela foi ignorada. Amassada. Triturada. Esmagada. E, em vários aspectos e nomes enterrada. Foi simplesmente um fiasco. Foi o 7 a 1 da política local.  

Por quê?

Por que Paulo Alfredo Polis é hoje a maior liderança política de Erechim e, inscreve-se já entre as maiores desde 1918. Está na história.

Mas assim como em 2008, quando o prefeito Eloi João Zanella, “não envolveu-se” na campanha de Luiz Antonio Tirello, ou assim como o prefeito Antonio Dexheimer em 1996 “não envolveu-se” na campanha de Jandir Santolin (este “envolveu-se” não é gravar um depoimento, recomendar o voto em seu apoiado ou dar uma caminhada com o candidato por alguma rua da cidade – mas significa vestir a camiseta e incorporar o seu candidato, fazer campanha dia e noite), pois, assim como estes – também o prefeito Luiz Francisco Schmidt “não envolveu-se” na campanha de Marcos Lando.

Talvez por que, lúcido, considerasse: se com o trio Schmidt, Zanella e Antonio (mais em alta em 2016 que em 2020), e mais nove partidos, ou algo assim; ganharam de Ana Oliveira (que não tem o capital político de Polis) por históricos 12 votos, por que haveria de se expor e desgastar diante da pública e notória vitória de um candidato imbatível como Paulo Polis!?

 

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A REUNIÃO MAIS IMPORTANTE NA POLÍTICA

 

Ninguém vai querer ensinar padre a rezar missa. Mas me ocorre agora um pensamento que considero oportuno e, que, talvez sirva para alguma coisa no futuro. Agora, em Campo Pequeno, duvido. Depois de uma derrota como a do último domingo, dia das eleições municipais, duvido que haja alguém disposto a parar. E refletir.

Mas é o seguinte: antes da campanha, bem antes, desenrolam-se reuniões, reuniões e mais reuniões resultando quase sempre ao final da cada uma, desfazer o que fora acertado na reunião anterior. E assim os entendidos vão preenchendo suas cabeças com as mais diferentes, estonteantes, risíveis, algumas racionais até, e, de novo, bizarras e patéticas formações e opções. Reunindo-se quatro ou três meses antes da eleição, acreditam estarem fazendo política. É como o adolescente que abandona os estudos por três, quatro anos e, de repente, na ante-sala do tempo resolve fazer um intensivo. Perde tempo, não aprende nada, joga dinheiro fora e – roda. Perde.

Retomando: quando no horizonte dos prazos o calendário eleitoral ilumina com seus raios que “está na hora”, fecham geralmente com nomes (e isto não é de agora é, quase desde sempre), com aqueles que mais chances têm de garantir a derrota. Perdem o fio da meada e com eles, deixam pelo caminho nomes mais relevantes – enfim, trocam a razão pela emoção. E pior: convencem-se que podem ganhar quando já perderam.

Então, voltando ao início, re-apanho meu pensamento que me ocorreu agora, aqui: esta semana mesmo, seria a hora da reunião mais importante daqueles que perderam as eleições e com uma única pauta: por que perdemos!?”.

Seria um rasgo de lucidez para quem, de fato, tem planos políticos. Afinal de contas, onde erramos, o que ficou faltando, o que executamos mal, podemos aprender com quem venceu? Considerando os números e, muito mais que eles, e a nova liderança incontestável que se afirmou na política local, já deveriam ir colocando nas reuniões... “o que queremos, como faremos para 2028?”. Não é tão longe. Quem já esteve lá sabe. O tempo voa. Ou seguirão a velha fórmula de “quando chegar a hora abrimos os livros de novo, porque sabemos tudo de cabeça!”. Vou repetir para quem interessar possa: “perdemos por quê?”.

 

 

SCHMIDT RETOCOU SUA IMAGEM

 


Luiz Francisco Schmidt (LFS) saiu da prefeitura na gestão 1997 – 2001 com sua imagem política muito desgastada - vasculhem os detalhes no cérebro. Talvez não tenha sido pessoal – mas estourou nele. Tanto que aquela imagem lhe custou derrotas seguidas. Perderia em 2000, 2004 e 2008 para voltar em 2016.

Desta feita, Schmidt encaminha um encerramento de gestão aparentemente sem reparos. Limpa. Sem apontamentos. Sem alardes. Sem lampejos cinematográficos, sem acusações de qualquer ordem. Ou seja: Luiz Francisco Schmidt fez uma administração pública irretocável do ponto de quem exige o mínimo de um prefeito: não agradou a todos, mas entrega uma cidade com dezenas e dezenas de obras tangíveis, visíveis até para quem não gostaria de ver, que merece elogios e até admiração. A insistência em dizer que “ele não fez nada” é uma manifestação descabida ou de má fé.

 

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 A PREFEITURA EM NÚMEROS

 

As informações são oficiais e são desta semana: 1 - A prefeitura tem hoje cerca de 2.500 funcionários ativos, inativos, CCs e FGs.

2 - A folha de pagamento da prefeitura, em outubro, foi de R$ 10.859 milhões.

3 - A prefeitura sustenta-se de: 43% com recursos próprios e 57% com recursos/repassados pelo estado e União.

4 - A prefeitura de Erechim repassa (é variável) de R$ 13 a R$ 14 milhões/mês para o Hospital Santa Terezinha.

5 - A prefeitura de Erechim tem um orçamento de R$ 329 milhões para o próximo ano.

6 - Deste total – R$ 16.360 milhões vão para a Câmara de Vereadores, R$ 1 milhão para a AGER (Agência Reguladora de Serviços Erechim) e, R$ 35 milhões destinam-se ao IEP (Instituto Erechinense de Previdência).

7 – O prefeito vai deixar cerca de R$ 60 milhões em caixa – entre recursos livres e carimbados.

 

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CANDIDATO ÚNICO

 

Surpreendentemente, vários municípios do Alto Uruguai lançaram candidato único. Quase, mas faltou pouco, não é que Erechim é confundida nesta lista!

 

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A INJUSTIÇA

 


A ingratidão ao lado da ignorância, configuram para mim os piores pecados. Sim – Eloi João Zanella concorrendo a vereador foi o fato, sem dúvida, mais surpreendente da eleição. Como é que Eloi Zanella não sabia que a eleição a vereador é a mais difícil de todas? Mas ele foi. E, eleitoralmente, em termos práticos, se foi. Na próxima estará com 81 anos. Biden vai fechar seu mandato com 82 anos, isto se não se reeleger em 2024 e, se Trump lhe passar cargo.

Agora – daí a querer desmerecer, achincalhar, ignorar – como se isto fosse possível -, os feitos do político Eloi Zanella, chega a ser um caso quase de internação compulsória por inépcia mental.

Eloi Zanella errou. Sua experiência não lhe devia permitir este risco.

Mas a sua história não será marcada por este erro. Sua trajetória de liderança já está há décadas na história política da cidade e isto, nem o mais insano dos observadores de ocasião ou urubus plantonistas, conseguirão apagar.

Em 2005 Eloi Zanella disse na URI, irado com notícias da imprensa, que melhor do que ler certos jornais, era pegar um anzol e ir pescar. Pois, o caro tetra-prefeito e autor da mudança radical da matriz política, econômica e social de Erechim a partir de 1977, e que até hoje persiste; respeitosamente, melhor faria se tivesse em 2020, seguido seu próprio conselho. No rio Dourado ainda tem lambaris e os potreiros oferecem ar puro para respirar.  Quem não entender que o perfil do habitante e do eleitorado erechinense mudou radicalmente nos últimos 15 anos, não deve aceitar ser escalado para bater pênalti em decisão, ainda mais quando sua carreira já está consagrada. Que deixasse para o presidente esse desafio – é o que dizem sobre grandes riscos no futebol.

 

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POLIS E A UNIDADE DE SAÚDE MODELO

 

Outra obra que o prefeito eleito Paulo Alfredo Polis terá o prazer de inaugurar é a Unidade de Saúde Modelo (UBS), que está em construção no bairro Progresso. A obra terá 20 gabinetes médicos e deve ficar pronta em 2021. Ela está orçada em R$ 3 milhões. Os recursos existem e vem do superávit de 2020.

Considerada uma UBS modelo – prefeito certa vez me disse que seria modelo no interior do estado – será construída com recursos próprios do município já “provisionados no orçamento. Vai abrir vagas para médicos, pessoal de enfermagem, estudantes de medicina da URI e, claro, os pacientes. Com a bola o prefeito eleito para tocar a obra, finalizá-la e entregá-la. O povo merece. Como ele mesmo diz: “temos que governar para as pessoas!”.

 

 

A QUESTÃO DOS CUMPRIMENTOS

 

Na noite da eleição de Paulo Alfredo Polis, o prefeito Luiz Francisco Schmidt ligou para cumprimentá-lo pela vitória. Polis, não deve ter ouvido e não atendeu. No dia seguinte, Schmidt mandou o seguinte texto ao irmão do prefeito, Carlos Polis, que repassou ao prefeito eleito: “Bom dia prefeito Paulo Alfredo Polis. Liguei para lhe cumprimentar pela conquista e lhe dizer que já no início de dezembro, se o senhor assim entender e estiver com a equipe ou parte dela montada, podemos iniciar o processo de transição. Respeitosamente o abraço”.

Todos sabem o que está acontecendo entre Donald Trump e o reconhecimento da vitória a Joe Biden. Até o presidente Jair Bolsonaro, que nada tem a ver com o assunto – meteu-se na notoriedade. Nem Trump, nem Bolsonaro cumprimentaram Biden pela vitória até o momento em que escrevo. Mas – deverão fazê-lo até 14 de dezembro quando os órgãos legais sobre eleições americanas declaram, oficialmente, a vitória do vencedor.

Em 2016 quando Luiz Francisco Schmidt venceu por 12 votos Ana Lúcia Oliveira – o vitorioso só foi cumprimentado 38 dias depois da eleição pelo prefeito Paulo Polis, segundo LFS disse. “Por quem perdeu a eleição, nunca fui cumprimentado”, disse esta semana o atual prefeito.

 

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