quinta-feira, 1 de abril de 2021

Parabéns - mas eu não estava de aniversário

1

Um querido amigo meu,

esses dias,

me desejou feliz aniversário.

Fiquei surpreso, porquanto

não era

a data do meu natalício.

Mas isso não foi nada.

Essas coisas

sempre aconteceram.

Errar de data.

O que vale é a intenção.

O mais engraçado de tudo

é que aberta a porteira dos

cumprimentos,

foram aparecendo

uma após a outra,

mais e mais mensagens

de parabéns.

O diacho é que só fui perceber

no dia seguinte quando postei um

artigo que tinha elaborado e,

de repente... aquela enxurrada

de parabéns, felicitações e

tudo que se diz para os amigos

nessas datas.

2

Isso demonstra como somos

dependentes, quase reféns

da internet,

do “face”, ou das mídias sociais

de qualquer ordem.

Ou – isso demonstra

como nós confiamos no outro

e no rosário de  

adesões que sucedem.

3

Acho que são as duas coisas.

O certo é que quando vemos

várias pessoas falando sobre

o mesmo assunto,

por exemplo – no caso,

os parabéns

para alguém que supostamente

está de aniversário, nos engajamos.

É natural.

E sejamos sinceros.

Hoje ninguém mais

tem paciência – e nem seria o caso –

de sair a conferir se procede

mesmo ou não.

Simplesmente vamos entrando

na fila e ainda saímos com a

consciência tranquila

do dever cumprido.

“Bah – ainda bem. Se não visse,

ia me esquecer!”.

4

Agora imagina você quando

o tema é mais emotivo,

como exemplo,

a política.

A política medida em “redes sociais”

é a ante-sala da perda total do bom

senso. Alguém dirá, mas... e o meu

direito de opinar?

Afinal – não concordo com isso...!

Dá pra acreditar nessa imprensa

“esquerdopata”?

Percebem

– até uns anos era “imprensa do

liberalismo, da direita, dos ricos,

dos banqueiros..”.

E assim mesmo – nada de “pata”.

No “face” há espaço

para sua opinião e depois à réplica,

tréplica - até tudo desandar para

os infernos das ofensas e que tais. 

5

Por isso considero que apesar

dos pesares

do que temos visto na imprensa,

- uma de esquerda, outra de direita,

outra de... -, e sejamos justos

– quase todas

elas “torcedoras”.

Pois, ainda assim,

julgo necessário apostar

na imprensa.

Que cada uma faça seu filtro.

Que descreia desta ou daquela

- mas não nos esqueçamos,

sem ela o que conhecemos por

democracia – fica descompensado.

É uma casa, um prédio,

uma edificação,

um conceito, uma realidade

democrática,

torta.

Agora que em alguns casos está demais,

Não tenha dúvidas.

6

Só onde a

imprensa é livre, até para dizer

o que não concordamos,

ainda assim

é melhor do que viver numa

ditadura

cem por cento fechada.

7

E esta é uma das prerrogativas

que todos

nós brasileiros, no momento

em que atiramos todos os

tamanhos

de pedras contra a imprensa

em geral,

deveríamos

nos empenhar em preservar

tais espaços.

8

Certas coisas,

sejamos sinceros

- muitas coisas,

vou dizer de novo

- a maioria das

coisas –

nós só damos o devido valor

quando as perdemos.

9

Hoje se fala muito sobre

Inteligência Artificial,

uma ferramenta com

“n” potencialidades e alcances

que ninguém sabe explicar onde

vai dar.

Talvez aí esteja quem sabe o próprio

controle da mídia mais futurologista

e, por que não,

o controle do próprio cidadão,

se é que já não estamos

sendo controlados o bastante.

10

Um livro que estou lendo

escrito por um israelense,

caminha nessa direção, abordando

boa parte da vida

em sociedade etecétera e tal,

do passado, do presente

e aventura-se sobre o futuro.

Nessas conjecturas do autor,

especula ele, muito especialmente,

sobre sistemas/modelos de governo,

todos, inclusive

sobre o liberalismo/capitalismo.

Aborda rapidamente o imperialismo e,

principalmente, o fascismo depois dos

anos 1930, o comunismo depois dos

anos 1980... o liberalismo

- este sempre respirando

nesses períodos e ganhando força

depois dos anos 1990.

11

Na ótica do

escritor – todos os sistemas são

colocados em dúvida,

ou melhor seria,

em questionamentos.

Aborda ainda questões religiosas

tão divergentes no mundo e,

até onde cheguei no livro,

começa a especular sobre o que

pode nos esperar

em um futuro não muito distante

– o autor estima de 2050 pra frente.

Atenção: não é um livro sobre o Brasil.

Também é – mas tudo isso em

termos de mundo.

12

A propósito acabei de reler

“1984” de George Orwell.

Quem leu sabe a que

distância ele arremessou o

mundo

e seu funcionamento.

Pode ter errado

de ano – mas muito provavelmente

não de geração ou de época.

Ou, alguém se arriscará dentro

de alguns anos a garantir que

2 mais 2 não serão realmente 5

como o “Grande Irmão”

determina!?

Dependendo de quem mandar,

e em que nível,

e no que nos transformarem

– tudo não passará de

“absolutamente normal”.

2 mais 2= 5.

Quem discordar corre o risco

de ser conduzido para ao

“quarto 101”.

Por enquanto o melhor

a fazer é comer, rezar e amar

– ou talvez dormir.

E...mas de jeito nenhum

fechar a única porta que ainda

nos dá acesso à liberdade – mesmo

que a detestemos e a adjetivemos de

tudo quando é modelo de governo

estendido com um “pata” o que

remete o adjetivo

ao fanatismo, à doença, ao psicótico.

Problemas com a imprensa todos os país tem.

Ou melhor - onde ela pode existir.

Pense onde ela não existe.

Quer ir morar lá?

13

E, para não ficar totalmente alienado

do mundo 2021

– que se responda sim

uma que outra mensagem e,

as recebidas, meio duvidosas

por que não conferir sua origem?

Quanto a fila dos cumprimentos

– não precisamos chegar ao

exagero

de pesquisar se é verdade

ou não.

Não muda nada.

Fiquei feliz.

Foi o único ano em que fui

cumprimentado duas vezes

pelo meu aniversário.

Mas sou humilde.

Me contento com um só.

Mas não poderia deixar de agradecer

ao meu amigo que confundiu os meses

e, a todos que o sucederam,

confiantes.

Por isso, de aniversário ou não;

 - a todos que enviaram saudações,

retribuo-as e, sinceramente,

obrigado por lembrarem de mim.

De repente, mirando no peixe

(afinal é Semana Santa),

acertaram no gato.


Duas coisas então:

1 – Obrigado a todos que me

cumprimentaram,

mesmo na data equivocada.

2 – Não sejamos ingênuos nessa história

de sair malhando a imprensa. 

Cuidado.

Preservemos a imprensa.