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Um querido amigo meu,
esses dias,
me desejou feliz aniversário.
Fiquei surpreso, porquanto
não era
a data do meu natalício.
Mas isso não foi nada.
Essas coisas
sempre aconteceram.
Errar de data.
O que vale é a intenção.
O mais engraçado de tudo
é que aberta a porteira dos
cumprimentos,
foram aparecendo
uma após a outra,
mais e mais mensagens
de parabéns.
O diacho é que só
fui perceber
no dia seguinte quando postei um
artigo que tinha elaborado e,
de repente... aquela enxurrada
de parabéns, felicitações e
tudo que se diz para os amigos
nessas datas.
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Isso demonstra como somos
dependentes, quase reféns
da internet,
do “face”, ou das mídias sociais
de qualquer ordem.
Ou – isso demonstra
como nós confiamos no outro
e no rosário de
adesões que sucedem.
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Acho que são as duas coisas.
O certo é que quando vemos
várias pessoas falando sobre
o mesmo assunto,
por exemplo – no caso,
os parabéns
para alguém que supostamente
está de aniversário, nos engajamos.
É natural.
E sejamos sinceros.
Hoje ninguém mais
tem paciência – e nem seria o caso –
de sair a conferir se procede
mesmo ou não.
Simplesmente vamos entrando
na fila e ainda saímos com a
consciência tranquila
do dever cumprido.
“Bah – ainda bem. Se não visse,
ia me esquecer!”.
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Agora imagina você quando
o tema é mais emotivo,
como exemplo,
a política.
A política medida em “redes sociais”
é a ante-sala da perda total do bom
senso. Alguém dirá, mas... e o meu
direito de opinar?
Afinal – não concordo com isso...!
Dá pra acreditar nessa imprensa
“esquerdopata”?
Percebem
– até uns anos era “imprensa do
liberalismo, da direita, dos ricos,
dos banqueiros..”.
E assim mesmo – nada de “pata”.
No “face” há espaço
para sua opinião e depois à réplica,
tréplica - até tudo desandar para
os infernos das ofensas e que tais.
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Por isso considero que apesar
dos pesares
do que temos visto na imprensa,
- uma de esquerda, outra de direita,
outra de... -, e sejamos justos
– quase todas
elas “torcedoras”.
Pois, ainda assim,
julgo necessário apostar
na imprensa.
Que cada uma faça seu filtro.
Que descreia desta ou daquela
- mas não nos esqueçamos,
sem ela o que conhecemos por
democracia – fica descompensado.
É uma casa, um prédio,
uma edificação,
um conceito, uma realidade
democrática,
torta.
Agora que em alguns casos está demais,
Não tenha dúvidas.
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Só onde a
imprensa é livre, até para dizer
o que não concordamos,
ainda assim
é melhor do que viver numa
ditadura
cem por cento fechada.
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E esta é uma das prerrogativas
que todos
nós brasileiros, no momento
em que atiramos todos os
tamanhos
de pedras contra a imprensa
em geral,
deveríamos
nos empenhar em preservar
tais espaços.
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Certas coisas,
sejamos sinceros
- muitas coisas,
vou dizer de novo
- a maioria das
coisas –
nós só damos o devido valor
quando as perdemos.
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Hoje se fala muito sobre
Inteligência Artificial,
uma ferramenta com
“n” potencialidades e alcances
que ninguém sabe explicar onde
vai dar.
Talvez aí esteja quem sabe o próprio
controle da mídia mais futurologista
e, por que não,
o controle do próprio cidadão,
se é que já não estamos
sendo controlados o bastante.
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Um livro que estou lendo
escrito por um israelense,
caminha nessa direção, abordando
boa parte da vida
em sociedade etecétera e tal,
do passado, do presente
e aventura-se sobre o futuro.
Nessas conjecturas do autor,
especula ele, muito especialmente,
sobre sistemas/modelos de governo,
todos, inclusive
sobre o liberalismo/capitalismo.
Aborda rapidamente o imperialismo e,
principalmente, o fascismo depois dos
anos 1930, o comunismo depois dos
anos 1980... o liberalismo
- este sempre respirando
nesses períodos e ganhando força
depois dos anos 1990.
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Na ótica do
escritor – todos os sistemas são
colocados em dúvida,
ou melhor seria,
em questionamentos.
Aborda ainda questões religiosas
tão divergentes no mundo e,
até onde cheguei no livro,
começa a especular sobre o que
pode nos esperar
em um futuro não muito distante
– o autor estima de 2050 pra frente.
Atenção: não é um livro sobre o Brasil.
Também é – mas tudo isso em
termos de mundo.
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A propósito acabei de reler
“1984” de George Orwell.
Quem leu sabe a que
distância ele arremessou o
mundo
e seu funcionamento.
Pode ter errado
de ano – mas muito provavelmente
não de geração ou de época.
Ou, alguém se arriscará dentro
de alguns anos a garantir que
2 mais 2 não serão realmente 5
como o “Grande Irmão”
determina!?
Dependendo de quem mandar,
e em que nível,
e no que nos transformarem
– tudo não passará de
“absolutamente normal”.
2 mais 2= 5.
Quem discordar corre o risco
de ser conduzido para ao
“quarto 101”.
Por enquanto o melhor
a fazer é comer, rezar e amar
– ou talvez dormir.
E...mas de jeito nenhum
fechar a única porta que ainda
nos dá acesso à liberdade – mesmo
que a detestemos e a adjetivemos de
tudo quando é modelo de governo
estendido com um “pata” o que
remete o adjetivo
ao fanatismo, à doença, ao psicótico.
Problemas com a imprensa todos os país tem.
Ou melhor - onde ela pode existir.
Pense onde ela não existe.
Quer ir morar lá?
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E, para não ficar totalmente alienado
do mundo 2021
– que se responda sim
uma que outra mensagem e,
as recebidas, meio duvidosas
por que não conferir sua origem?
Quanto a fila dos cumprimentos
– não precisamos chegar ao
exagero
de pesquisar se é verdade
ou não.
Não muda nada.
Fiquei feliz.
Foi o único ano em que fui
cumprimentado duas vezes
pelo meu aniversário.
Mas sou humilde.
Me contento com um só.
Mas não poderia deixar de agradecer
ao meu amigo que confundiu os meses
e, a todos que o sucederam,
confiantes.
Por isso, de aniversário ou não;
- a todos que enviaram
saudações,
retribuo-as e, sinceramente,
obrigado por lembrarem de mim.
De repente, mirando no peixe
(afinal é Semana Santa),
acertaram no gato.
Duas coisas então:
1 – Obrigado a todos que me
cumprimentaram,
mesmo na data equivocada.
2 – Não sejamos ingênuos nessa história
de sair malhando a imprensa.
Cuidado.
Preservemos a imprensa.