BV – 25 – 8 - 2014
ESSES DIAS ouvi o
Idylio Segundo Badalotti, gerente da rádio Difusão, comentar que havia falecido
o Manequinha. Foi um ponteiro esquerdo do Ypiranga, forçando a linguagem,
daqueles pontas genuínos, nascidos à beira do gramado. Talhado para jogar
aberto, sobre a linha lateral, e em profundidade buscar o fundo e cruzar para o
miolo da zaga – na chamada zona do agrião.
MANEQUINHA não
foi um craque, mas honrou a camisa 11 do Ypiranga, entregando-se sempre ao
máximo pelo seu time. Tinha uma característica pouco comum aos ponteiros: era
um ponta esguio, alto, de passada larga. Jogaria hoje como um atacante pelo
lado esquerdo, tanto podendo buscar a linha de fundo como atuar também mais
pelo meio.
O
MANEQUINHA teve seus Atlangas.
Um deles foi há 52 anos.
No dia 22 de julho de
1962.
Lá no estádio da
Montanha.
Era um triangular pelo
Dia do Futebol.
Ypiranga campeão. 14 de
Julho em segundo e o Atlântico – lanterna.
SEGUNDO os
registros de A Voz da Serra o Ypiranga, no clássico Atlanga 130, teve o domínio
do meio campo e se impôs com naturalidade. Contra o 14 empatou – mas confirmou
o título liquidando com o rival Atlântico no primeiro tempo.
COM
ARBITRAGEM de José Pinheiro Borges, vizinho de Idylio Badalotti
naqueles tempos, o Ypiranga sagrou-se campeão com Osvaldo; Gaieski, Danúbio
Winithu e Bira; Breno e Celso; Assis, Bolívar, Dirceu e Manequinha. Naquele dia
as árvores ao fundo das goleiras não sofreram com as bombas do Manequinha, que
tinha fama de ‘desgalhador de árvores’ com seus chutes potentes quando não
atingiam a meta.
FOI O
ATLANGA
do Manequinha porque naquela tarde de julho de 1962, na saudosa Montanha, o
Manequinha obrigou o grande goleiro Miguel a buscar duas vezes a bola no fundo
das redes atlantinas. E não era todo dia que um clássico Atlanga terminava com
dois gols do mesmo jogador. Naquela tarde o Manequinha fez o 2 a 0 em cima do Galo
Verde-Rubro e deu título do ‘Dia do Futebol’ ao canarinho – seu time do
coração.
O OUTRO foi no
dia 19 de agosto também de 1962. Em plena Baixada Rubra
o Ypiranga fez 3 a
0 no Galo. Menos de um mês depois do 22 de julho – Manequinha voltaria a marcar
mais dois gols no clássico.
PERDENDO Breno
logo no início da partida, expulso, o canarinho se impôs no meio-campo. O 3 a 0 foi construído ainda no
primeiro tempo. Ênio e Manequinha, outra vez com doIs gols, deram a vitória ao
clube das cores nacionais. Maneco (A) e Hermes (Y) também foram expulsos. O
Ypiranga jogou e venceu com: Osvaldo; Celso, Gaieski, Winithu e Bira; Breno Simão
e Hermes; Assis, Bolívar, Ênio e ele - Manequinha. A renda somou Cr$ 200 mil.
IRAN
MARTINS,
o Manequinha, faleceu em 25 de junho, em Tubarão (SC), aos
75 anos. Deixa a esposa Neider Martins e as filhas Denise e Fabíola, gênros, além
de três netos. Denise é casada com o diretor geral da URI Erechim, Paulo José
Sponchiado.
NÃO SERIA
descabido, seria até oportuno, o clube prestar uma homenagem ao seu
ponta-esquerda do cabelo arrepiado, pernas compridas, passadas largas e chute
potente.
MANEQUINHA
disputou 25 Atlangas com a camisa do Ypiranga, vencendo oito deles e empatando
seis. No clássico fez oito gols.