terça-feira, 19 de agosto de 2014

Os Atlangas do Manequinha!

BV – 25 – 8 - 2014




ESSES DIAS ouvi o Idylio Segundo Badalotti, gerente da rádio Difusão, comentar que havia falecido o Manequinha. Foi um ponteiro esquerdo do Ypiranga, forçando a linguagem, daqueles pontas genuínos, nascidos à beira do gramado. Talhado para jogar aberto, sobre a linha lateral, e em profundidade buscar o fundo e cruzar para o miolo da zaga – na chamada zona do agrião.

MANEQUINHA não foi um craque, mas honrou a camisa 11 do Ypiranga, entregando-se sempre ao máximo pelo seu time. Tinha uma característica pouco comum aos ponteiros: era um ponta esguio, alto, de passada larga. Jogaria hoje como um atacante pelo lado esquerdo, tanto podendo buscar a linha de fundo como atuar também mais pelo meio.

O MANEQUINHA teve seus Atlangas.
Um deles foi há 52 anos.
No dia 22 de julho de 1962.
Lá no estádio da Montanha.
Era um triangular pelo Dia do Futebol.
Ypiranga campeão. 14 de Julho em segundo e o Atlântico – lanterna.

SEGUNDO os registros de A Voz da Serra o Ypiranga, no clássico Atlanga 130, teve o domínio do meio campo e se impôs com naturalidade. Contra o 14 empatou – mas confirmou o título liquidando com o rival Atlântico no primeiro tempo.

COM ARBITRAGEM de José Pinheiro Borges, vizinho de Idylio Badalotti naqueles tempos, o Ypiranga sagrou-se campeão com Osvaldo; Gaieski, Danúbio Winithu e Bira; Breno e Celso; Assis, Bolívar, Dirceu e Manequinha. Naquele dia as árvores ao fundo das goleiras não sofreram com as bombas do Manequinha, que tinha fama de ‘desgalhador de árvores’ com seus chutes potentes quando não atingiam a meta.

FOI O ATLANGA do Manequinha porque naquela tarde de julho de 1962, na saudosa Montanha, o Manequinha obrigou o grande goleiro Miguel a buscar duas vezes a bola no fundo das redes atlantinas. E não era todo dia que um clássico Atlanga terminava com dois gols do mesmo jogador. Naquela tarde o Manequinha fez o 2 a 0 em cima do Galo Verde-Rubro e deu título do ‘Dia do Futebol’ ao canarinho – seu time do coração.

O OUTRO foi no dia 19 de agosto também de 1962. Em plena Baixada Rubra o Ypiranga fez 3 a 0 no Galo. Menos de um mês depois do 22 de julho – Manequinha voltaria a marcar mais dois gols no clássico.

PERDENDO Breno logo no início da partida, expulso, o canarinho se impôs no meio-campo. O 3 a 0 foi construído ainda no primeiro tempo. Ênio e Manequinha, outra vez com doIs gols, deram a vitória ao clube das cores nacionais. Maneco (A) e Hermes (Y) também foram expulsos. O Ypiranga jogou e venceu com: Osvaldo; Celso, Gaieski, Winithu e Bira; Breno Simão e Hermes; Assis, Bolívar, Ênio e ele - Manequinha. A renda somou Cr$ 200 mil.

IRAN MARTINS, o Manequinha, faleceu em 25 de junho, em Tubarão (SC), aos 75 anos. Deixa a esposa Neider Martins e as filhas Denise e Fabíola, gênros, além de três netos. Denise é casada com o diretor geral da URI Erechim, Paulo José Sponchiado.

NÃO SERIA descabido, seria até oportuno, o clube prestar uma homenagem ao seu ponta-esquerda do cabelo arrepiado, pernas compridas, passadas largas e chute potente. 

MANEQUINHA disputou 25 Atlangas com a camisa do Ypiranga, vencendo oito deles e empatando seis. No clássico fez oito gols.