sábado, 26 de setembro de 2020

De bananas à Matriz Corporativa!?


 

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Assim que o Covid 19 mostrou de fato os seus dentes, escancarando seus males na saúde, na economia, no comportamento e na vida em sociedade – independente de qual andar cada um pode residir em termos financeiros, de status e prestigio -, o mundo incorporou uma expressão que de tanto usada já está velha: “o novo normal’.

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Qualquer coisa e lá se ouve, se lê ou se fala o “novo normal”. Nada mais será como antes! O velho mundo como nós o conhecemos “foi falecido” pela pandemia e pimba: Tudo será diferente. Absolutamente novo.

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Olhando assim de soslaio a nominata escalada por grupamentos também conhecidos como “partidos políticos”, até que dá para se deparar com algo que não represente, exatamente, a velha política de ontem. Mas tentando captar o que as pessoas mais observadores e exigentes comentam, conclui-se que ainda não chegamos ao “novo normal político de Erechim”.

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Quem não tem compromissos com nenhuma das candidaturas, mas apenas com a isenção jornalística ou com sua consciência cidadã; pode muito bem concluir que “o novo normal político de Erechim”, está muito mais para “o velho normal político”, muito provavelmente, semeado sabe-se lá por quem, em Campo Pequeno, quando por decreto estadual em 1918 ganhou sua certidão de nascimento, passando a assinar-se Paiol Grande.  

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Se não está fácil a ciência descobrir, testar, fabricar e distribuir uma vacina eficaz e definitiva contra o Covid 19, que esperanças podemos nós, erechinenses, ter nas pré-candidaturas ainda não oficializadas, como um remédio a ser distribuído como eficaz, aos quatro cantos da Província de Campo Pequeno para fazer dela a própria prosperidade coletiva em teoria e em concretude!?

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O primeiro fato concreto é que as quatro candidaturas (ainda não oficiais até onde se sabe), elencadas como prontas para registro eleitoral com vistas a administrar o município a partir de 2021, não se percebeu emoções maiores por parte da torcida. Não houve óóóóóóóhhhhhh - até que enfim. Seria por que os times estão tendo de jogar para estádios sem público ou seria por que o contingente de erechinenses exigentes tem aumentado e, calejados com o que os anos lhe mostraram, conclui-se que “novo normal?”, - só se for por causa da pandemia.

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Para não ser injusto e nem aparentemente cego, há sim pelo menos duas ou com boa vontade até três novidades, de nomes/pretendentes à prefeitura, considerando a contextualização dos últimos pleitos. No entanto, o que aqui se aborda não é bem novos nomes – mas como o processo foi conduzido.  Foi conduzido, até onde se sabe (depurando-se o que é plantado ou fake mesmo), exatamente do mesmo jeito que sempre foi.

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Mas há um segundo fato concreto que virá no seu devido tempo: uma das quatro pré-candidaturas sairá vencedora. Não sei se vitoriosa. A rigor parece a mesma coisa, mas não é. Mas é dela – da vencedora que dependerá, em boa parte, a nossa vida comunitária, para vitoriar, digamos, a comuna.

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O que seria “vitoriar” são outros quinhentos. E nesses quinhentos não está... cuidar mais da saúde, da educação, da geração emprego e renda ou das pessoas (a propósito - o que seria isso mesmo? - eis aí uma boa pergunta para ser destrinchada durante a campanha). Vitoriar a comunidade não tem nada com administrador o varejo da cidade.

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Erechim, como a capital do Alto Uruguai, precisa alçar-se a titulação mais alta de forma concreta, que como tal seja notada desde longe. Então haveremos de concluir que este processo não é obra para um governo municipal, só um governo municipal, que faz o dia a dia, o básico, o indispensável. Cortar a grama, varrer as ruas, recolher o lixo, trocar lâmpadas, etc... Isto será como trabalhar de dia para comer à noite. Pintar um muro, soldar um portão, trocar uma lâmpada – sempre acontece também aqui em casa. Mudar de status requer mais, muito mais, e, não querendo ser injusto, talvez, o próximo edil a assumir a prefeitura terá que se preocupar muito menos em mudar coisas, e muito mais em manter, porque aparentemente (e há informações concretas e apartidárias sobre isso) o próximo prefeito receberá uma municipalidade bem gerida.

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Talvez, deste trampolim possamos começar a caminhar em direção ao que de fato, todos os erechinenses, sonham: crescimento, desenvolvimento, mais oportunidades – uma terra promissora como o foi quando da debandada para Chapecó e adjacências, à época, dependente até de carregamentos de bananas saídos de Campo Pequeno – como me foi dito por um ilustre erechinense que assim o fez nos anos 1960. Era o nosso socorro aos nossos vizinhos do outro lado do rio.

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O que se questiona aqui é também a nossa representatividade junto ao governo do estado! A nossa localização geográfica, econômica, social e política, olhando-se de Brasília de onde se destinam as moedas de prata.

Então – devagar. Não nos iludamos.

Não há e nem haverá milagres. Até porque, para quem acompanha esta página desde junho, sabe que os discursos a rei de Campo Pequeno, praticamente se chocam, se repetem, se copiam, se confundem. Alguém precisa falar diferente e inovar – mas com os pés no chão.

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A vacina para o “nosso velho normal político”, que prioriza o “eumismo de poder” em detrimento de um modelo de “poder/coletivo”, revelou-se como sempre, no que diz respeito ao “modus operandi”, para a escolha de candidaturas à prefeitura de Erechim. Escolhas legítimas, mas que no fim das contas, aparentemente – em tese, levam a dedução de fatiar os superiores interesses municipais, feito uma pizza.

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Para ser mais explícito, honestamente observando – uma pizza que se oferece como de quatro sabores, mas que pelo cheiro, parece ser de um só. Ah – sei, seria uma de quatro queijos? - tendo como acompanhamento a custosa perda de uma nova oportunidade, por conta do nosso execrável mal de pele, o “velho normal de Campo Pequeno”. Bom apetite, então.

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Se alguém não entendeu ou entendeu transversalmente conforme seus interesses, explico de novo: ainda não tendo candidaturas oficiais até o momento da redação desta opinião, parece-me que o próximo prefeito pegará um município com a cidade bem cuidada no que diz respeito à sua vida interna e, com as contas em dia. Outros já a entregaram quase assim. Desta feita – haverá até dinheiro em caixa até onde sei.

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O prefeito Luiz Francisco Schmidt encaminha-se para um final de mandato deixando uma imagem irretocável, pelo menos sobre o varejo da cidade, ao deixar uma cidade limpa, funcional e, aparentemente pronta, para dar um passo bastante seguro rumo ao futuro.

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Caberá ao eleito manter o que aí está, melhorar o que considerar que precisa melhorar e, fazendo uso de novas tecnologias, de novos projetos e de novas inteligências - se não for assim, quem sabe, tirar um coelho da cartola -, para diminuir a distância orçamentária prevista para 2021 (Chapecó R$ 1,1 bilhão) – (Erechim – R$ 332,2 milhões), embora ambos os valores ainda sejam projeções a serem confirmadas – mas não ficará longe disso em nenhum dos casos.

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Em síntese: enquanto eles – os que moram no outro lado do rio -, não precisam mais dos nossos carregamentos de bananas, nós nos vemos supridos por eles, com cooperativa, cadeia de carnes, magazines, revenda de automóveis e supermercados, entre outras atividades econômicas. Será que ao longo dos anos não perdemos o espírito comunitário, o espírito da impessoalidade e, aqui permanecemos com o espírito familiar, com o espirito da pessoalidade, com o espírito essencialmente corporativista - e em vários setores da sociedade? Isto para não falar noutro espírito! Pode não ser bem isso – mas isso bem que pode ser.  

Eu morro e não vejo tudo!

 

Jayme Lago, Firnino Girardello e Eloi Zanella

 

Eu vivi para ver uma pandemia.

Eu vivi para não reconhecer rostos.

Eu vivi para ver os Beatles.

Eu vivi para ver Pelé.

Eu vivi ver o homem botar os pés na lua.

Eu vivi para ver um Papa, saudável, ir dormir e não acordar mais depois de 33 dias de Pontificado.

Eu vivi para carregar o mundo na palma da mão.

E eu vivi para ver uma obra onde um bebê nasce velho e, enquanto todo mundo vai envelhecendo, ele vai remoçando. É “O Curioso Caso de Benjamin Button” de Fitzgerald.

Eu vivi para ler Metamorfose de Franz Kafka, onde um caixeiro viajante, um dia, acorda e se descobre transformado em um enorme e horroroso inseto.

Eu vivi para ver uma liderança erechinense que foi gerente da Caixa Econômica Estadual, diretor do BRDE, diretor da Eletrosul, presidente do Ipê, deputado estadual constituinte, pró-reitor de Administração da URI e, prefeito de Erechim quatro vezes, pois eu vivi para ver este homem anunciar-se pré-candidato (ainda falta o registro oficial) a uma vaga de... vereador.

Eu não sei o que pode ser mais surreal, surpreendente e impressionante dentre os fatos aludidos - em especial: se o caso do Benjamin que nasceu já pedindo uma bengala ao pai ou, se o cara que foi deitar feito gente e Kafka o acordou feito inseto, ou – se o tetra-prefeito -, sendo pré-candidato aos 77 anos para vereador. Aos 18 anos de idade, Eloi Zanella tentou ser vereador e não conseguiu, mas agora está indo, de forma surpreendente, em solidariedade aos demais “guris” – alguns vindos de outros partidos. Até esta sexta-feira o PP tinha 17 candidatos a vereador.

Mesmo assim, lembrei da máxima, onde às vezes a ficção pode ser menos cruel, surreal e surpreendente que a própria realidade. Como diria o saudoso Geder Carraro: “eu morro e não vejo tudo!”.

 

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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O que eles disseram que pretendem para Erechim

A Página 3 do jornal A Voz da Serra abriu espaço aos partidos realizando uma série de perguntas durante os últimos quatro meses. Como ainda não havia candidatos – ouvimos os presidentes dos partidos. Agora, já com a definição (embora ainda sem registro oficial), recuperamos aqui, o que cada partido que tem candidato a prefeito, disse que pensava para Erechim, caso conquistar a prefeitura. As convenções definiram quatro candidaturas e, como de hábito da história política local, a definição do quadro eleitoral ficou para a última hora – carregando consigo um leque de debates e interesses. Mas vejamos o que eles, os presidentes dos partidos disseram ao longo processo, sobre o que suas agremiações pretendem implementar na cidade caso vençam as eleições. Reitero que se transcreve aqui apenas o que o presidente do partido cabeça de chapa, disse. Importa ainda observar que as chapas definidas pelas convenções ainda precisam ser confirmadas através do registro oficial junto à Justiça Eleitoral até o 




PRTB


Tiago Pereira (The Police) e Roberto Lucas

Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) tem como candidato a prefeito Tiago Pereira (Tiago The Police). E a vice-prefeito, o presidente Roberto Lucas. Vejamos o que ele disse no dia 15 de agosto.


 

José Ody - Que propostas o PRTB defende para Erechim?

Roberto Lucas - Queremos materializar um governo com maior participação popular. O mote é incentivar a democracia participativa. Dar voz ao cidadão permeará a dinâmica de nosso governo. Em virtude dos efeitos da pandemia a economia deverá ser guiada com uma política de austeridade, com corte de gastos que não forem estritamente necessários. No que for possível, queremos uma máquina pública “menor” e mais eficiente, operando com mínima interferência (entraves) no empreendedorismo municipal, visando à manutenção e geração de empregos.

Com o corte de gastos inócuos da máquina pública, queremos realocar investimentos para a área da saúde, bem como, buscar investimentos estaduais, federais e privados. Necessário primar por atenção especial na qualidade e eficiência dos serviços de saúde, para tanto constantemente ouvindo reclamações e demandas dos usuários. Na educação, queremos olhar com muita atenção para a questão das creches. Também temos o projeto da Escola Cívico-Militar, conhecida pelo nível diferenciado de ensino e aproveitamento. É um projeto que queremos implementar em Erechim.

Segurança é um dos principais eixos a serem trabalhados pelo PRTB. Estudamos viabilizar a implementação de uma guarda municipal. Além destes principais eixos também existe a preocupação com a logística e infraestrutura, malha asfáltica, etc. Mas, em brevíssima síntese, estas são as principais propostas idealizadas pelo partido, que deverão ser detalhadas e instrumentalizadas por nosso candidato no momento oportuno.

 

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MDB & PSB

 

                                                     Na foto: Flávio Tirello e Paulo Polis

O MDB lançou como candidato a prefeito, Paulo Alfredo Polis. O candidato a vice-prefeito é Flávio Tirello (PSB). Vejamos o que o presidente do MDB, Edgar Paulo Marmentini disse no dia 12 de setembro.

José Ody - Que projeto o partido pretende defender na campanha e implementar em Erechim caso vença as eleições?

Edgar Paulo Marmentini - Geração de emprego e renda, distritos industriais e saúde, com ênfase na saúde mental, considerando o pós-pandemia.

 

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PDT & PP

 

                                                           Marcos Lando e João Bruschi

O candidato a prefeito pelo PDT é o atual vice-prefeito, Marcos Antonio Lando. Ele terá como candidato a vice-prefeito João Aleixo Bruschi. Vejamos o que o presidente do PDT, Gilmar Fiebig, disse no dia 1º agosto.

José Ody -    Que projeto o PDT defende para Erechim?

Gilmar Fiebig - Um projeto de modernização da estrutura administrativa, mais ágil e dinâmica que venha atender aos anseios de seus cidadãos, que crie mecanismos que agilizem os empreendedores a criarem riquezas e empregos, que tenhamos um modelo de educação que realmente instrua e eduque as pessoas para terem melhores oportunidades, que as mães ao saírem para trabalhar estejam seguras que seus filhos estão abrigados, se desenvolvendo e aprendendo novos ofícios, que se incentive ao turismo, a indústria limpa que gera empregos, lazer e entretenimento não só para os que vêm de fora, mas também para aqueles que aqui residem e já fizeram a sua parte e precisam desses espaços. Enfim uma cidade para que olhe e acolha seus filhos.

 

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PL e PSL

 

                                                        Cláudio Pagliosa e Kaká Cofferi

Cláudio Pagliosa confirmou sua candidatura pelo PL. Ele terá como companheiro de chapa a vice-prefeito, Kaká Cofferi, do PSL. Vejamos o que ele disse dia 20 de junho.

 

José Ody - Qual é a visão central que o partido tem com vistas a proporcionar um novo horizonte para Erechim?

Claudio Pagliosa - O exemplo vem na gestão. Se quisermos ser referência de cidade temos que ser referência em gestão.
Temos que valorizar a nossa cidade e região, temos que aumentar a representatividade estadual. Um deputado que temos hoje, fazendo um trabalho referência, refiro-me ao deputado Paparico, do nosso partido, mostra de maneira humilde o grande trabalho em prol de nossa cidade e região, de luta constante na busca de recursos não somente financeiros. É novamente o PL fazendo a diferença já antes de ser gestor municipal.
Mas o objetivo principal é buscar a realidade, realidade que está a nossa vista junto com a comunidade, a modernização de nossa cidade, termos uma cidade digital de fato, buscar sempre a transparência, a valorização do servidor e uma grande parceria com os poderes Legislativo e Judiciário. Toda e qualquer transformação passa pela cultura das pessoas. Investimento constante em cultura, pois educação é berço, o investimento constante na comunicação de nossa administração e a busca constante da modernização. Temos que ter sempre em mente, “o que queremos quando crescer”; afinal nunca paramos de crescer. Temos que ter um planejamento a longo prazo, mas a execução teria que começar ontem. Afinal o que queremos ser!?

 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

MDB: “nosso pré-candidato à prefeitura é Paulo Alfredo Polis”

 

O MDB tem a séria pretensão de voltar a assumir a prefeitura. Esteve por lá nos anos 1960, 1970, 1990 e 2000. É um partido que se reorganizou, perdeu algumas peças importantes, mas desde a vitória em 2008, administrou a cidade por oito anos. Viu seu candidato reeleito em 2012 às voltas com a justiça, mas recuperou a administração. Em 2016 tentou o terceiro mandato consecutivo, mas perdeu incrivelmente por 12 votos.

O MDB Erechim realizará sua Convenção em 15/09/2020; das 17 às 21 horas, com transmissão para os filiados e simpatizantes pelo Google Meet. A partir das 21 horas, haverá uma live na página do MDB Erechim para pronunciamentos e apresentação dos candidatos.

Até lá fala, oficialmente, em pré-candidato: Paulo Alfredo Polis. Mas o próprio presidente Edgar Paulo Marmentini afirma, fora de entrevistas, que o MDB tem um só nome: Paulo Alfredo Polis. Fora da entrevista, já me disse mais de uma vez que “não temos plano B”. Seria Paulo Polis (MDB) a prefeito.

No entanto, a antiga pendenga de 2012, para adversários políticos pode inviabilizar a candidatura de Paulo Polis. Ele mesmo me disse em uma entrevista que fora condenado em 1ª instância e, depois, por órgão colegiado em nível de Estado. O presidente do partido até envia, e não pede reserva de publicação, cópia de Certidão que daria a Paulo Alfredo Polis a condição de estar apto a concorrer. O MDB com sua convicção e seus adversários na expectativa que só será dirimida, muito provavelmente, no apagar das luzes dos prazos das convenções e registro de chapas. Até lá, vejamos o que o MDB pensa sobre a cidade, na econômica fala do presidente Edgar Paulo Marmentini.

                                                      

 

José Ody - O partido terá candidato próprio a prefeito?

Edgar Paulo Marmentini - Sim

 

José Ody - Quem é ou quem são os nomes mais cogitados?

Edgar Paulo Marmentini - Nosso pré-candidato a Majoritária nas eleições 2020 é o Sr. Paulo Alfredo Polis

José Ody - Com quais partidos tem conversado mais?

Edgar Paulo Marmentini - As conversas com vários partidos têm sido frequentes. Há uma afinidade maior com o PSB, Cidadania e Republicanos.

 

José Ody - O ex-prefeito Paulo Polis está habilitado a concorrer ou ainda depende de obter uma confirmação?

Edgar Paulo Marmentini - Ele é o nosso pré-candidato, conforme certidão em anexo, está habilitado.

 

José Ody - Como o partido vê a cidade de Erechim hoje?

Edgar Paulo Marmentini - Com um potencial muito promissor e com muitas oportunidades de crescimento.

 

José Ody - Que projeto o partido pretende defender na campanha e implementar em Erechim caso vença as eleições?

Edgar Paulo Marmentini - Geração de emprego e renda, distritos industriais e saúde, com ênfase na saúde mental, considerando o pós-pandemia.

 

 

 

 

sábado, 12 de setembro de 2020

OS 50 ANOS DO COLOSSO DA LAGOA


 

 


Meio século depois de ser inaugurado, o Colosso da Lagoa, estádio do Ypiranga FC ainda permanece como um dos principais cartões postais da cidade. Em 2 de setembro de 1970 quando recebeu a primeira partida e o “rei do futebol”, o estádio ganhou fama por ter a capacidade para abrigar quase toda a população da cidade. O estádio foi orçado em Cr$ 1.250.000,00 (Um bilhão, duzentos e cinquenta milhões de cruzeiros), segundo documento enviado pelo presidente da Comissão Central, dr. Gladstone Osório Mársico, em dezembro de 1966 ao delegado regional do Imposto de Renda em Passo Fundo. Ele possui mais de 100 metros de pavilhão com 1300 cadeiras especiais. As arquibancadas foram projetadas para 21 degraus com cerca de 500 metros lineares cada um.

 

      Planta do futuro Estádio


Tudo começou por volta de 1963. Um grupo de dirigentes recebeu e debateu a ideia de construção de um estádio. Foi criada uma empresa de comercialização de títulos e sorteio de carros. Cem sócios compraram à vista os 100 primeiros títulos. O dinheiro foi dado de entrada para a compra do terreno de 40 mil metros quadrados, hoje a 2,5 quilômetros do centro às margens da BR 153. Um ano antes da conclusão do estádio o governo federal baixou um decreto proibindo a comercialização dos planos de sorteios de carros. Temia-se que o Colosso da Lagoa não fosse concluído exigindo muito esforço dos dirigentes para terminar pelo menos o estádio, ficando para quando desse (até hoje não foi possível) a conclusão de um parque esportivo e de lazer.

 


Em 23 de outubro 1964 começaram as obras. Três construtoras de Erechim trabalharam em etapas distintas. O estádio recebeu seu nome popular ao acaso. Por ocasião da 1ª Jornada de Medicina do Interior, um grupo de médicos em visita ao estádio, foi recepcionado com um churrasco no local. O dr. Wilson Watson Weber, orador oficial do clube, falando em nome do Ypiranga disse: “... aqui ergue-se o Colosso da Lagoa...”, referindo-se à obra em andamento onde antes havia uma lagoa. O nome popular foi bem recebido por dirigentes, imprensa e torcedores e assim o Estádio Olímpico do Ypiranga FC passou a ter um nome próprio – Colosso da Lagoa.

 


Pelé recebe título de Danton Hartmann sob os olhos de Hermes Campagnolo


Danton Hartmann relatou-me certa feita que a história deveria destacar pelo menos três nomes na construção do Colosso da Lagoa. O dr. Gladstone Osório Mársico, presidente da Comissão Central,  Hermes Campagnolo, presidente da Comissão de Finanças, que chegou a ser patrono do clube, e o presidente do Ypiranga naquela época, e que ficou sete anos no cargo tornando-se o presidente que mais tempo ocupou a presidência do clube das Cores Nacionais, Oscar Abal.


 

Dr. Gladstone, presidente Abal e Hermes Campagnolo

Comentava-se que até o general Alfredo Stroessner (presidente do Paraguai na época) teria comprado um título do Ypiranga.

 




Não resta dúvida que Erechim ficou conhecida nacional e até internacionalmente em razão do estádio. A razão era simples: além do belo estádio que seria entregue, corria a informação que estava por ser inaugurado no País um estádio de futebol onde cabia toda a população da cidade. Quando foi projetado para 30 mil pessoas, moravam na cidade pouco mais de 29 mil pessoas segundo o IBGE. Em 1970 quando foi inaugurado, Erechim já contava com mais de 34 mil habitantes na área urbana.

 



         Entrega de prêmios aos sorteados (Jovino Alves Martins/radialista registra o fato). 

Mas nem tudo foi paz e amor durante o período de construção do Estádio Olímpico do Ypiranga, como foi amplamente divulgado na época entre os anos 1964 e 1970. Em um determinado momento a Direção do Clube e Comissão Central de Obras viram-se na obrigação de intervir na área responsável pela comercialização de títulos que davam direito aos adquirentes participar de sorteio de prêmios. Ao longo desse período, documentos revelam que o clube chegou a contar ora com 30 mil sócios, ora com 50 mil sócios, deduzindo-se como sócios os adquirentes de títulos que podiam ser encontrados principalmente nos três Estados do sul do País.

 



Também foram enfrentadas renegociações de preços da própria obra por conta do aumento de preço de materiais e da mão de obra, além da variação de preços nos prêmios distribuídos. Tudo compreensível. Na reta final o Ypiranga foi atingido pela proibição da venda de planos de sorteios de carros.

Exatos dez dias antes da inauguração do Colosso da Lagoa, mais precisamente em 22 de agosto de 1970 (a inauguração ocorreu dia 2 de setembro), a diretoria e as comissões tiveram que fazer empréstimo de emergência de Cr$ 100 mil junto e dois bancos da cidade para garantir a presença do Santos FC na inauguração. A soma seria entregue ao clube paulista antes da equipe comandada por Pelé entrar em campo.  Mas nada foi suficiente para quebrar a unidade dos ypiranguistas nem esmorecer a ideia, a concepção, a construção e a inauguração do estádio.

 

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Festival de inauguração

Santos 2  x  0 Grêmio (1º Jogo)

 

Era dia 2 de setembro. Ano: 1970. Havia cerca de 60 dias que o Brasil conseguira seu maior feito no futebol mundial. A conquista da Jules Rimet em definitivo. O título da Copa do Mundo do México.

 

Jogadores extraordinários corriam pelos gramados do Brasil naqueles anos. Pesquisas apontam a seleção de 1970 como o 1° ou o 2° melhor time de todos os tempos no mundo.

 

Em Erechim o Ypiranga F. C. concluía seu majestoso estádio. Um festival de jogos foi organizado, reunindo a maioria dos maiores jogadores em atividade no Brasil. Oito deles eram da seleção tricampeã e viriam para jogar no magnífico estádio.

      

Quando o 2 de setembro chegou, Erechim tinha 48.677 habitantes. Moravam na cidade 34.517 pessoas. Dizia-se que toda a população cabia no estádio, o que jamais foi verdade e por duas razões: 1) A cidade tinha mais de 30 mil habitantes. 2) Jamais o belo estádio conseguiu receber mais de 25 mil pessoas, configurando como lotação máxima.

 

Naquela bonita noite já com ares de primavera, Colosso da Lagoa ficou longe da sua lotação máxima. Talvez por conta dos preços considerados altos para os padrões interioranos. Luiz Pungan, patrono do clube e falecido em 2017, lembrou que os carnês para o festival foram colocados à venda por Cr$ 66. Não era barato. Muita gente comprou em prestações. Mas foi um evento inesquecível.

 

O Santos venceu o Grêmio por 2 a 0. Pelé aos 45 minutos do 1º tempo e Léo aos 35 do 2º tempo marcaram os gols.

      


Gol de Pelé. O primeiro do Colosso. Dia 2 de setembro de 1970

O gol de Pelé foi o 1.040 na sua carreira. Um repórter da equipe esportiva da Rádio Tupi (SP) conhecida como a equipe esportiva 1.040 invadiu o gramado e colocou uma camisa nº 1.040 no “rei” do futebol que também está na história do Colosso da Lagoa como o autor do primeiro gol do estádio.

      

Os times

Santos: Edevar; Carlos Alberto, Ramos Delgado (Paulo), Djalma Dias e Rildo (Turcão); Léo e Lima (Nenê); Davi, Douglas (Picolé), Pelé e Abel.

      

      

Grêmio: Breno; Espinosa (Ivo), Ari Hercílio, Beto e Jamir (Di); Jadir e Everaldo (Paíca); Flecha, Caio, Alcindo e Loivo.

      

Árbitro: Roque José Gallas.

Renda: Cr$ 200 mil

 

 

 

Botafogo 5  x  2 Internacional (2º Jogo)

 



O segundo jogo do festival realizado no Colosso da Lagoa marcou a inauguração oficial do estádio. Dia 6 de setembro de 1970. O domingo foi de chuva torrencial. O aguaceiro além de testar a drenagem do estádio, impediu a realização das solenidades oficiais marcadas para o centro do gramado. A entrega de placas pelo prefeito Irany Jaime Farina, pelos dirigentes do Ypiranga, pelos clubes visitantes - tudo foi realizado no interior do estádio. O público, é claro, não pode assistir a esta solenidade que marcava a inauguração oficial do Estádio Olímpico do Ypiranga ou, como passou a ser chamado com aprovação da imprensa e do público, Estádio Colosso da Lagoa.

 

No campo, apesar da formação de poças de água, a drenagem mostrou-se eficiente. Não fosse ela nem sairia jogo. Nunca mais houve outra partida com tanta chuva no Colosso.

 

Os torcedores aglomeravam-se nas cadeiras do pavilhão social sob a marquise. Quem esteve nas gerais naquele seis de setembro de 1970 viu o jogo de pé e de guarda-chuva que no fim das contas pouco adiantou. Impossível sentar. Até os refletores tiveram que ser acesos.

 

O Inter vinha credenciado com seu goleiro. Gainete carregava o orgulhoso recorde de 1.202 minutos sem levar gols. Seu sonho era somar mais 90 minutos. Mas... o furacão da Copa do México parecia que ainda não tinha passado. Com apenas um minuto de jogo, Jairzinho fez o primeiro dos cinco gols botafoguenses, colocando um ponto final no recorde do goleiro colorado. O Inter empatou aos 21 com Sérgio Galocha.

 

No 2º tempo quando chuva apertou mais ainda, Jairzinho fez o 2º aos 18 minutos. Dois minutos depois, Arlindo ampliou e abriu o caminho para a goleada. Aos 31, Nilson fez o 4º gol. Valdomiro tentou uma reação ao diminuir fazendo o segundo do Inter, mas Jairzinho, o furacão da Copa misturou-se com a tempestade de vento de chuva que caía sobre o Colosso, sentindo-se tão à vontade que fez mais o 5º do Botafogo aos 36. Estava escrita a história da primeira goleada no estádio então oficialmente inaugurado.

      

Os times

Botafogo: Ubirajara (Wendel); Moreira (Edinho), Moisés, Osmar e Valtencir; Nei e Arlindo (Paulinho); Zequinha, Ferreti (Nilson), Jairzinho (Zé Carlos) e Careca.

 

Internacional: Gainete; Edson Madureira, Pontes, Walmir e Jorge Andrade; Tovar (Carbone) e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro e Dorinho.

 

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Yiranga estréia com vitória no Colosso

 


O Ypiranga fez da sua primeira partida no Colosso da Lagoa uma bela vitória. Bateu o Esportivo – na época um dos times mais fortes do Estado – por 3 a 2. 



    Gol de Borjão - O primeiro do Ypiranga no Colosso. 6/9/1970

Borjão fez o primeiro gol do Canarinho no Colosso. Era o 6 de setembro. Preliminar de Inter e Botafogo, um domingo à tarde de tempo chuvoso. O gol surgiu aos 12 minutos da fase inicial. Aos 43 Marcos cabeceia uma bola vinda de um escanteio. Alcino – um dos maiores goleiros que o Ypiranga já teve – escorregou e a bola entrou.

No 2º tempo o Esportivo fez 2 a 1 logo aos 3 minutos com o artilheiro Lairton. O técnico Abílio dos Reis então decidiu poupar alguns jogadores e fez várias trocas no excelente time de Bento Gonçalves. O Ypiranga se aproveitou para crescer. Borjão aos 15 empatou e aos 32, e Ademir Gallo completaram a goleada na primeira apresentação do Ypiranga em seu novo estádio.

 

Os times

Ypiranga: Alcino; Osmar, Mugica, Plínio e Cláudio; Arli e Ariovaldo; Remi (Téio), Borjão, Cafuringa e Ademir Galo.

 

Esportivo: Edegar (Vilmar); Adair, José (Hélio), Ademir e Rômulo (Marcos); João Carlos (Sérgio) e Paulo Araújo; Gonha (Ronaldo), Neca, Lairton e Décio (Ivo Cabral).

 

Arbitragem: Hélio Nepomuceno, com Salvador Fossati e Vilson Cagliari.

 

 

 

Cruzeiro 3  x  0 Independiente (3º Jogo)

 

Na tarde/noite de 9 de setembro, um domingo, o primeiro jogo de caráter internacional do Colosso.   O Santos tinha Pelé o maior jogador do mundo em todos os tempos. O Botafogo tinha Jairzinho o goleador da Copa do Mundo e jogador infernal para as defesas adversárias. Mas o Cruzeiro contava com uma verdadeira academia de jogadores de futebol. Wilson Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Tostão, quatro craques do mais alto nível e, cada um no auge das suas carreiras, mostraram, sem nenhuma dúvida, o melhor futebol, o futebol mais vistoso que um time já apresentou em 50 anos de Colosso da Lagoa. Muito provavelmente jamais se repita uma equipe com aquele nível de organização, futebol coletivo tocado em pressa e com segurança como uma orquestra onde todos os músicos sabem das suas virtudes individuais e do colega ao lado. Foi um futebol de uma técnica refinada que o Colosso da Lagoa nunca mais testemunhará. Ali, com o Cruzeiro daqueles craques inesquecíveis, estava justificado o preço do carnê de ingresso.

 

O time cruzeirense tinha pela frente o campeão da Libertadores da América e uma equipe temida no continente sul-americano. O Independiente da Argentina de Medina, Bertoloto, Caristo e Butijo.

Em um lance do ponteiro Hilton Oliveira, ele chegou na linha de fundo e cruzou. Tostão entrou correndo e com um toque de classe fez 1 a 0. Logo depois, Hilton Oliveira levantou para a área. Tostão finalizou no travessão, mas Dirceu Lopes aproveitou o rebote e de cabeça ampliou. Sempre Tostão, outra vez arrancou contra a zaga do Independiente e passou para Evaldo cara a cara com o goleiro que fez o clássico 3 a 0.

 

Os times:

Cruzeiro: Nego; Pedro Paulo (Lauro), Brito, Fontana (Rodrigues) e Vanderlei; Wilson Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.

 

Independiente: Medina (Santoro), Mojes, Figueroa, Bertoloto e Pavonea; Caristo e Adorno; Critioni, Butijo, Ia Hiachelo e Demário.

      

Árbitro: José Cavalheiro de Moraes.

 

Na preliminar o Ypiranga bateu o Taguá por 5 a 1.

 

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Da bilheteria da Montanha à Comissão de Obras

Elesio Passuello, do alto dos seus 98 anos de idade, em 2020, é o único remanescente dos 10 homens das duas Comissões que comandaram todo o processo de construção do estádio. Ele pertencia à Comissão de Finanças. No Café da Galeria Imigrantes, ele fez uma parada em sua tradicional caminhada diária (medida em quadras e não em tempo), para recordar um pouco sobre ele e o Ypiranga.

Nascido em 21 de agosto de 1922 (dois anos antes da fundação do Ypiranga F.C., que é de 18 de agosto de 1924), Elesio Passuello veio ao mundo quando Erechim se chamava Boa Vista (entre 30 de abril de 1918 a 7 de setembro de 1922). Lembra que até 1936 viveu com a família em outras cidades até retornarem, em definitivo, para Erechim, então, Boa Vista do Erechim.Nesse tempo o clube já tinha 12 anos.

Trabalhando em uma agência bancária da cidade, começou a frequentar o Ypiranga, especialmente na área social. Logo virou ecônomo e dirigia a copa da sede na Rua Alemanha, que foi consumida por um incêndio (segundo informações do senhor Ivo Barbieri, o incêndio ocorreu em 1960). Depois largou tudo para trabalhar com o irmão em um Posto de Combustíveis, a partir de 1948. “Mas sempre estive na diretoria ou na copa do Ypiranga”, recorda, tentando reencontrar-se no próprio tempo, que não volta mais, mas no qual, ele esteve. “Fazia qualquer coisa no clube. Se faltava um na bilheteria, eu ia”, lembra.

Sobre os planos de construção do Estádio Olímpico lembra que as reuniões eram semanais e sempre no clube. “Todo mundo era amigo. Todo mundo ajudava. Não havia vaidades naquele grupo. A parte social e esportiva era tudo Ypiranga”, reforça.

Também destaca que não perdia partidas. Quando foi lançado o plano de títulos para a construção do estádio com direito de concorrer a prêmios, “eu também vendia, mas só aqui na cidade”.

À medida que a conversa ia evoluindo, Elesio Passuello foi se soltando e se lembrando de mais coisas. “Parece que a área (onde está o Colosso da Lagoa) foi comprada de um polonês de Carlos Gomes. Eu era fanático pelo clube. Não sabia perder. Na época o estádio virou um cartão postal de cidade”. Ele recorda que, na escolha da área, havia três opções: a primeira era construir no mesmo local onde estava o Estádio da Montanha; a segunda, era no final da rua Alemanha próximo a um frigorífico e, a terceira, a que foi escolhida”.

Hoje Elesio Passuello não vai mais ao futebol e, com isso, o Colosso da Lagoa, que ele ajudou a construir, não faz mais parte do seu cotidiano. Único vivo de nove irmãos, Elesio deita-se, no máximo às 22h, e acorda às 8h. Às 9h, depois do café, está pronto para sua caminhada matinal. Às 11h volta para casa onde vive com sua companheira Maria. Depois do almoço tira uma soneca rápida e sai de novo para jogar canastra com amigos em um clube da cidade e, depois, nova caminhada. “Faço de 30 a 40 quadras por dia”, finaliza reportando que, para a construção do Colosso da Lagoa, todos trabalharam bastante, mas destaca o presidente da época, Oscar Abal. “Trabalhou muito o Abal”.

 

 

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O 1º Atlanga no Colosso teve goleada

 

 

Era 20 de setembro de 1970. Data Farroupilha. O técnico Ivo Barbieri acertou o time do Ypiranga e venceu fácil o tradicional adversário: 4 a 1. Os gols foram marcados por Ademir Galo aos 14 e Téio aos 20 minutos do 1º tempo. Borjão aos 15 e aos 45 completou a goleada. Ciro fez o gol de honra do verde-rubro aos 27 do 2º tempo. Antes do início da partida foram prestadas homenagens ao velho estádio da Montanha, com os juvenis do Ypiranga conduzindo uma chama simbólica. Foram hasteados os pavilhões dos três tradicionais clubes de Erechim por Hermes Campagnolo (Ypiranga), Eolo Arioli (Atlântico) e Rolfe Domingues (14 de Julho). Era 20 de setembro – data Farroupilha.

 

Os times

Ypiranga: Valdir; Osmar, Mugica, Plinio e Cláudio; Arli e Ariovaldo; Téio, Borjão, Cafuringa (Tonho) e Ademir Galo (Rui).

 

Atlântico: Nelson; Nilson, Giaretta, Dias e Fenker (Beto); Tomasi e Cláudio (Charuto); Fermino, Ciro, Pedruca e Parizzon (Machado).

 

Árbitro: Élio Nepomuceno.

 

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Jornadas inesquecíveis

 

O Colosso da Lagoa foi palco de jornadas inesquecíveis. O primeiro gol teve a assinatura do rei do futebol – Pelé. O desfile de astros no festival de inauguração com Grêmio e Internacional. A goleada no primeiro clássico Atlanga. O fechamento do futebol em 1977 e o retorno em 1981. As históricas conquistas da Divisão de Acesso em 1989, 2008, 2014 e 2019. (Em 1967 o Ypiranga foi campeão do Acesso – mas ainda residia na Montanha). Quatro clássicos Grenal foram jogados no Colosso da Lagoa. O jogo da pancadaria com o Gaúcho (PF) no dia 13 de novembro de 1973 – marcam o estádio. Algumas placas em bronze no hall de entrada – foram roubados certa feita, exigindo refazer as obras -, relíquias da história do estádio.

      

Colosso lotou no Cinquentenário

 



O maior público do Colosso: 25 mil pessoas pagaram ingresso. 18/8/1974 nos 50 anos do Ypiranga

O dia mais bonito do Colosso da Lagoa – maior do que a data da sua inauguração – pode ter sido a tarde do domingo de 18 de agosto de 1974. O Ypiranga F.C. completava 50 anos. Em jogo pelo campeonato gaúcho o Inter bateu o Ypiranga por 2 a 0.

      

Uma hora antes do início da partida o estádio estava lotado. Porteiros e o policiamento tiveram dificuldades para controlar o acesso do público. Foram vendidos quase 25 mil ingressos. O público total pode ter sido bem superior. Ninguém nunca soube ao certo. Foi a primeira e única vez que o Colosso da Lagoa ficou completamente lotado.-

 

O Ypiranga viveu jornadas memoráveis em seu novo estádio ao longo do tempo. Uma delas, emocionante, foi em 1989. Foi a primeira conquista do Acesso no seu novo estádio. Um timaço comandado por Paulo Sérgio Poletto.



A outra quando conquistou o título da Divisão de Acesso em uma partida dramática diante do muito bom Brasil de Farroupilha. Grande público. Partida histórica. Vamos revivê-la!?

                  

Crônica de uma tarde anunciada!

* Esta foi uma jornada inesquecível. Era 10 de agosto de 2008. Ypiranga e Brasil – um jogo dramático e memorável.


- I -

Quando o Brida foi calçado dentro da área no momento em que, inacreditavelmente, a bola lhe sobrava como um maço de dinheiro que se acha perdido no bolso de uma roupa esquecida, e o Vinícius Costa da Costa, de frente, apitou, e se inclinou com uma perna encolhida e a outra esticada e com o braço estendido para a marca do pênalti, mais duro que nas melhores continências reverenciadas a um certo líder sanguinário do passado, eu levei os olhos ao céu e pensei comigo mesmo: sim, o Valério (Schillo) está vendo o jogo. (O dirigente responsável pelo clube havia cinco anos prognosticara: não esperem nada antes de cinco anos. E exatamente cinco anos depois o Canarinho tinha a oportunidade de voltar à elite do futebol gaúcho, mas Schillo já não estava mais entre nós. Falecera uns meses antes, em março.

Retornando ao jogo: claro, porque do jeito que as coisas andavam entre Ypiranga e Brasil (Farroupilha), domingo e já no 2º tempo, com o time sentindo as ausências, errando passes, nervoso pelo peso da cobrança de 18 mil bocas que gritavam da arquibancada, e com o Brida sem ritmo, tudo indicava que – se não perdesse -, já não seria tão fora de consideração.

Enquanto o Brasil cercava pela frente e pelas costas o Costa da Costa, árbitro da partida...  pedindo que voltasse a história, procurei o Vagner. Sim, porque com ele era gol. E o encontrei caminhando pra cá, pra lá, com a bola embaixo do braço. Quando o vi, me convenci: gol.

Mesmo assim, não quis ver. Baixei os olhos na cabine e esperei pelo xuááá. A bola quando entra no gol e na rede na rede faz xuááááááá. Mas esperei, esperei, esperei e ouvi o apito do Vinícius e foi - tuuuuuuummmmmmmmmm. Tuummmm? – me perguntei! Como tuuummmmmm!? Mas devia ser xuáá! Não resisti e ergui o olhar e a bola vinha caindo do céu e alguém a tirara para fora do Brasil. O goleiro espalmou, bateu na trave? O certo é que não saiu o gol.

Eu que conheço o Colosso há 37 anos, (hoje há 50 anos), nunca soube – mas domingo descobri que ele tem mãos. Logo depois do tuuuuuummmmmmmmm, o Colosso botou as mãos na cabeça não acreditando no que tinha visto. O time desfalcado, jogando mal, nervoso, contra uma touca e tudo se encaminhava para um desfecho infeliz, postergando uma festa impostergável.

O estádio se sentou com a cabeça enterrada em 36 mil palmas de mãos.

 

- II -

De manhã, dia dos pais, saí às 10 horas para comprar ingresso para o meu filho Eduardo. Na Sete, chapéus “cataovo”, almofadas, gorros, radinhos, bandeiras de ‘O grito do Ypiranga!’, misturavam-se a coloradas e tricolores. Carros iam, vinham e paravam. Mulheres desciam e com os filhos escolhiam a bandeira e saíam de novo em desfile com o pavilhão verde-amarelo tremulando na janelinha. Plat, plat, plat, plat, plat, plat, plat – repetia o pano das cores nacionais, Sete acima, Sete abaixo - tocada pelo vento.

Na portaria do estádio encontrei uma fila. Eram 10 da manhã e havia fila. Era hoje. Tinha de ser hoje. Não podia e nem seria em outro dia. Era demais a mobilização pelo feito canarinho, quando ainda nem as churrasqueiras ardiam cidade afora.

Às duas da tarde o movimento era de jogo grande.

Na cabine da Difusão, o Sr.Idylio Badalotti me chamou e conversamos sobre a decisão, ao lado do Dr. Edson Machado da Silva. Lembro que entre outras coisas disse: ‘o Diego, a melhor coisa que apareceu no Colosso em 2008...’, quando o Amilton, mostrando toda a sua versatilidade, cortou lá debaixo e fez o raio cair: ‘seu Idylio, seu Idylio... vê se vocês reconhecem esta voz!’.

E foi então que entrou: ‘meeeu caro Idylio... meeeu caro Amilton, meeeus caros ouvintes da Difusão...’ e logo o Idylio também cortou: ‘Tramoonnnntini!’. Não é que até o eterno Tramontini da velha rádio Erechim esteve no campo? Ainda brinquei: ‘hoje podemos reunir o Tramontini, o Ceni, o Ydilio e o Milton Doninelli!’.

Subiam às cadeiras homens e mulheres que nunca vira antes. O eterno ypiranguista Chico Pungan trazia, com familiares, o Celeste Dal Prá. Apoiado numa bengala alta, subia os degraus em busca de uma cadeira. Sociais cheias. Lá embaixo as arquibancadas iam sendo tomadas como o sol que vem sobre ipês e pessegueiros quase ao final dos invernos, e vai se esparramando e enchendo de luz tudo o que vê pela frente, sem a menor possibilidade de ser contido.

 

- III -

Quando Pelé fez a bola passar pelo meio das pernas do Jadir naquela quarta-feira, 2 de setembro de 1970, e fuzilou o goleiro Breno, fazendo levantar o estádio do canarinho, nem naquela noite havia tanta gente como já se via no Colosso faltando 15 minutos para o adeus do Ypiranga à Segundona.

Eu não sei de onde esse Brasil de Farroupilha tira tanta gana quando vê o Ypiranga pela frente. Fazia uma semana que o time serrano tinha sido surrado nas Castanheiras pelo Pelotas, que apanharia do canarinho três dias depois. Será que o Brasil, por verde e vermelho, será que é por isso que ele se agiganta contra o Ypiranga? Haveria aí um grau de parentesco com o falecido Atlântico do futebol de campo?

O fato é que a partida ia pau a pau. Se o Brasil não era um Milan para o Ypiranga, o canarinho não se encontrava e, maltratando a bola pelo passe errado, enervava o anseio coletivo que tinha todas as certezas do mundo de que seria naquela tarde, não se sabe como, que o tabu seria quebrado e a Primeirona festejada até a noite alta cair.

Houve gol anulado do Brasil (e bem anulado), mas o ar primaveril que banhava as 18 mil cabeças no Colosso, encontrava uma estranha resistência, como que decretada pelo destino. Algo como Brasil e Uruguai, Inter e Olímpia, Fluminese e LDU. Não podia, de jeito nenhum, deixar de acontecer a festa tão ao alcance da vaga, mas os deuses pareciam conspirar. Estariam apenas brincando, se divertindo, fazendo o estádio suar gelo, ou, a praia ficava ali mesmo, no entorno da lagoa que deu origem ao nome de guerra do Colosso em vaticínio do Dr. Wilson Wattson Webber, em discurso durante churrasco de recepção a visitantes no fim dos anos 1960 no pavilhão em construção.

 

- IV -

Aos 31, aos 35, aos 38, aos 42, eu tinha jogado a toalha. Eu sei do velho ditado que o jogo só acaba quando termina – mas, as coisas estavam com ar, jeito e cara de impossíveis. Por isso tratava de confortar o desconforto tentando ressuscitar que apesar da frustração, ainda havia dois tiros: o TAC e o Guarani de Venâncio, para derrubar a Segundona.

Eu não sei como o Pito foi parar dentro de campo naquele jogo. Só sei que quando um quarto do estádio já estava nas vicinais da Sete para escapar ao engarrafamento, o Pito foi se intrometendo como um anão de circo, e meio despercebido, mas comandando o espetáculo; e de repente ele descobriu "a melhor coisa que apareceu no Colosso em 2008", e o Diego arrumou na perna boa e disparou um canhão assim como as tropas russas fizeram naquele mesmo dia na Ossétia do Sul.

       O tiro seco e inapelável fez o estádio explodir. Nem o estrondo do intervalo que estourou vidros nas cabines de rádio conseguiu lembrar o que veio com o disparo de Diego. Ali não foi nem xuááá – mas um xuuáááááááá antecedido por um tuuuuuummmmmm. Quando vi, a bola estava quieta, desmaiada, desfalecida, morta no fundo das redes, não, no fundo das redes não, no fundo da 2ª Divisão.

 

- V -

O estádio pulava sobre si mesmo.

Os choros de alegria não tinham vergonhas, sim, porque vergonhoso seria tentar segurar àquela hora um mar de água que desce com o estouro de uma barragem.

Quando o Diego e meio time saíram correndo ao alambrado, querendo escalá-lo e pulá-lo para os braços da nação verde-amarela, outra revelação do futebol erechinense de 2008, o bom repórter Tiago Ávila, conseguiu fazer eco ao que gritava Diego colocando na sua boca o microfone da Erechim. "É pro meu pai, é pro meu pai!", gritava tresloucado o autor do disparo que matou a Segundona na vida do Ypiranga e colocou o clube na Primeirona.

 

- VI -

Eu não sei porque o Costa da Costa insistiu em dar mais 5 minutos, mas, quem entende os árbitros quando se quer o fim ou não se quer o último apito!? Escaramuças ainda se ensaiaram entre os atletas tudo porque quem havia ganhado o céu de presente, assim como o bom ladrão que se arrependeu na hora ‘H’; este não haveria de querer sentir o calor do inferno. E isto deve ser compreendido, pois quem, em sã consciência, em não sendo nem Adão, nem Eva – haveria de entregar o paraíso como se nada fosse?!

Quando o árbitro encontrou o fim da partida, nove anos ficaram para trás naquele prrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. O Banana pulava como só o Banana pode pular e rolar, porquanto o seu time, a despeito de crises e derrotas, reabilitações e vitórias jamais perdera a sua identidade, a vergonha e a alma. Milhares de Bananas, num repente, rolavam pelo gramado do Colosso onde um dia já foi lagoa.

 

- VII -

Os fios das emissoras de rádio eram recolhidos e enrolados e já se precipitava o crepúsculo do fim de tarde. Da tarde do dia dos pais. Da tarde de 10 de agosto de 2008. O Ypiranga, segunda-feira, 18, estará de aniversário e fará 84 anos. Oito décadas e quatro anos de honra à sua origem, à sua tradição, à sua história. 84 anos de honra ao seu fim, maior, principal e único.

E quando deixei o Colosso da Lagoa e a brisa leve ainda levantava um papelzinho de bala aqui, um ingresso amassado ali, senti que o banner com a figura de Valério Schillo, no hall do Colosso, também recebeu uma golfada e se estufou quieta e rapidamente chamando-me a atenção, como num ‘psiu, ô Ody!, psiu... eu não estava só lá em cima. Hoje, eu andei pelas cadeiras, pelos banheiros, pela copa, estive lá fora, dei a volta nas arquibancadas. Eu estava nos gritos do Amilton, do Chico e do Juliano Panazzollo. Estava no descortino do Pito e na perna esquerda do Diego. Na ola e nas lágrimas de cada um dos 17.818 torcedores. Eu estava no peito e no pulmão de cada jogador. Eu estava na alma e no coração do Ypiranga. Agora – posso voltar em paz. A missão está cumprida’.

‘Nas planuras e serras tão lindas/

Ypiranga/Ypiranga em louvor!/

Quer na paz, quer na luta, bem-vindas/

As vitórias da força e do amor!’.

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50 anos – 50 curiosidades

 


1 – As duas comissões que lideram o processo de construção do estádio foram as seguintes. Comissão Central: Gladstone Osório Mársico, Danton Hartman, Pedro Brochmann, Moacir de Souza e Ricieri Miola.

Comissão de Finanças: Hermes Campagnolo, Hermes Schenato, Harry Kleinubing, Silvino De Marchi e Elesio Passuello.

 

2 – Foram disputados 18 clássicos Atlanga no Colosso da Lagoa. O primeiro foi em 20 de setembro de 1970. O Ypiranga venceu 4 a 1.

 


Valdir; Cito Mugica, Ari Ferro, Cuca e Cito; Tonho, Paulo Ferro, Joãozinho, Odir e Luizinho,
(Ypiranga - anos 1970)

3 – No Colosso da Lagoa o Ypiranga venceu nove clássicos, empatou sete e perdeu apenas dois.

 


 



Atlântico de 1976: Mário Tito, Luis Carlos, Valdecir, Manoel, Virgílio e Alvim; Jaime, Laerte, Darci, Mano e Servilho, também passou pelo Colosso.


– O último clássico de profissionais no Colosso da Lagoa foi em 18 de agosto de 1981. Era o 57º aniversário do Ypiranga. Resultado: 1 a 1.

5 – No dia 12 de outubro de 1993 a Associação Erechinense de Profissionais de Imprensa (Aepi) promoveu um Atlanga de veteranos. Vitória do Ypiranga por 1 a 0 – gol de Téio. O prefeito Antonio Dexheimer entregou um troféu ao presidente do clube, Osmar Tonin.

 

6 – Embora o primeiro jogo no Colosso da Lagoa tenha sido realizado no dia 2 de setembro de 1970, a data oficial de inauguração do estádio é considerada dia 6 de setembro, um domingo à tarde de chuva torrencial. Botafogo 5  x  Inter 2.

 

7 – O Ypiranga se caracterizou por anos como uma “expressão cultural” da cidade. Na sede do clube, Sérgio da Costa Franco lançou o livro “Júlio de Castilhos e sua época”. Carlos Nejar, que também foi promotor público em Erechim, lançou naquele período o livro “Das Nações” que recebeu o Prêmio Jorge de Lima da Academia Brasileira de Letras.

8 – Ao longo do tempo o estádio passou por restaurações e modificações. Drenagem do gramado, túneis, vestiários, cadeiras, cabines de rádio, instalação de tribunas de honra, lavagem e pintura geral do estádio e, a mais recente, a instalação de modernas casas-mata, os famosos bancos de reserva.

9 – O Colosso da Lagoa tinha capacidade inicial para receber até 30 mil pessoas, mas jamais ele recebeu este número.

10 – O maior público no Colosso da Lagoa foi de 25 mil pessoas (pagando ingressos) no dia 18 de agosto de 1974. Era o aniversário de 50 anos do Ypiranga FC.

11 – Naquele domingo de sol os portões foram fechados antes da partida. O Canarinho não segurou o grande Inter que começava a aparecer para o Brasil na época, e que conquistaria nos dois anos seguintes o bi-nacional. O Inter venceu por 2 a 0.

12 – Em 1992 foi realizado um clássico Grenal no Colosso da Lagoa. A partida acabou empatada em 0 a 0. 

13 – Por causa da sua capacidade atual estimada hoje em 22 mil pessoas sentadas e por causa da estrutura geral, localização geográfica, vestiários, comunicação, gramado, segurança, entre outros, o estádio recebeu mais três clássicos Grenal.

14 - Em 2009 o Inter venceu por 1 a 0. Em 2010 e 2013 outros dois clássicos ambos com vitória de 2 a 1 para o Inter.

15 – Olírio Zardo recorda que na época foi feito um chamamento a 100 ypiranguistas para que doassem Cr$ 100 totalizando em torno de Cr$ 3 milhões que foram dados de entrada para a aquisição da área.

16 – Desde 2015 o estádio possui a maior bola no seu largo frontal àquela que é a maior bola estática do mundo. Ela tem 3,5 metros de diâmetro. Supera a do Mané Garrincha, em Brasília, com 2,2 metros de diâmetro. Foi idealizada por Reinaldo Sartore.

17 – No Colosso da Lagoa o Ypiranga subiu quatro vezes à Divisão Principal do Futebol Gaúcho: 1989, 2008, 2014 e 2019. Antes, subira em 1967 no estádio da Montanha.

18 – Em 2009 conquistou no Colosso da Lagoa o título de campeão do interior do Estado.

19 – Ainda no Colosso da Lagoa o Clube das Cores Nacionais conta duas participações na Série “D” do brasileiro, seis participações na Série “C” e cinco na Copa do Brasil. Nos 50 anos do Colosso, o clube está na Série “C”.

 

Ypiranga de 1974: Cláudio, Zico, Baiano, Cuca, Mugica e Valdir; Juarez, Ismael, Pedruca, Paulo Ferro e Maurinho. Para Pedruca, segundo um dos seus filhos, foi um dos melhores times que ele jogou na era Colosso.

20 – O preço do carnê para o Festival de Inauguração do estádio também foi vendido de forma parcelada. Custava Cr$ 66. Informação do ex-patrono Luiz Pungan.

21 – Em 6 de fevereiro de 1967, em um documento sobre o custo da drenagem do gramado consta a alteração das medidas do campo de 70 x 105 metros para 75 x 110 metros. Hoje, readequados conforme exigência da CBF, para 105 metros por 68 metros.

22 – Em 12 de novembro de 1964 o prefeito Eduardo Pinto autorizou ao Ypiranga de acordo com orientação técnica da diretoria de obras da municipalidade a proceder o nivelamento da avenida Sete de Setembro entre o Seminário Nossa de Fátima e o seu futuro Estádio Olímpico, “correndo por conta exclusiva do clube as despesas com os cortes, aterros e movimentação de terra”.

23 – Um memorial justificativo revela exigência do projeto: arquibancadas de 21 filas (degraus). Cada um para 958 espectadores. Total: 20.118 espectadores. Nas sociais mais 3.000 espectadores. Se foi seguido à risca o projeto seriam 23.188 espectadores nas arquibancadas com o pavilhão social inferior. Mais 1.300 cadeiras superiores. Então teríamos pelo documento como capacidade do Colosso da Lagoa 24.488 espectadores sentados.

24 – A terraplenagem movimentou 8.366 metros cúbicos de terra no valor de Cr$ 30.000,00.

25 – Acredite se quiser: a idéia de construir um moderno estádio em Erechim foi oferecida ao CER Atlântico. Tudo se encaminhava para isto se realizar. No entanto, depois de ouvir dirigentes do Atlântico, o presidente do clube em 1963, Estevam Carraro, teria levado a noticia ao empresário mentor do plano : o Atlântico desistia da ideia.

Então tudo mudou de lugar. O projeto foi apresentado ao Ypiranga F.C. que a encampou. Duas comissões foram organizadas e cerca de um ano depois já se iniciavam as obras – dando origem ao Colosso da Lagoa, que foi inaugurado oficialmente em 6 de setembro de 1970, seis anos depois de iniciadas as obras. (Esta informação é do empresário que assumiu a comercialização dos títulos e a obtive há cerca de dois meses).

26 – Duas construtoras de Erechim apresentaram proposta para construção do Estádio Olímpico.

27 – Total da área adquirida para o Projeto do Estádio Olímpico e outras benfeitorias: 55.440 metros quadrados.

28 – Há alguns anos o clube teve de se desfazer de 5 mil metros quadrados. Teria sido para quitar uma dívida trabalhista.

29 – A primeira opção para inauguração do estádio era uma apresentação da Seleção Brasileira, mas a CBD justificou que não podia atender ao convite.

30 – Pelé posou com famílias inteiras para fotografias, entre as quais, as dos Campangolo e Jovino Alves Martins.

31 - Nilton Campagnolo, filho do presidente da Comissão de Finanças, sugeriu a transferência simbólica do Estádio da Montanha para o Colosso da Lagoa pela condução de uma chama acesa que assim permaneceu durante o festival de inauguração no novo estádio.

32 – Everaldo, gaúcho tri-campeão no México, teria sido brindado com uma cadeira cativa no Colosso da Lagoa.

33 – Todos os clubes que participaram do festival de inauguração deixaram uma placa no hall de entrada.

34 – Na década de 1990, algumas dessas placas em bronze foram roubadas. Tiveram de ser substituídas por réplicas.

35 – A Rádio Tupi (SP) Equipe 1040 no futebol, também afixou uma placa assinalando que foi no Colosso da Lagoa que o rei do futebol fez o seu gol 1040.

36 – A sede social do Ypiranga F.C. quando ainda no Estádio da Montanha, foi destruída por um incêndio que, segundo Ivo Barbieri, ocorreu em 1960.

37 – De acordo com Ivo Barbieri, no período em que o Colosso da Lagoa era apenas um projeto, houve divisões quanto ao futuro do estádio: uma corrente defendeu a construção de arquibancadas de concreto no Estádio da Montanha, alegando que o clube não precisava de estádio do tamanho que se pretendia; no final, prevaleceu a tese do Estádio Olímpico.

38 – Segundo o engenheiro e dirigente ypiranguista, João Aleixo Bruschi, as arquibancadas do Colosso da Lagoa possuem, na média, 416 a 418 metros lineares. São 12 degraus de assentos.

39 – E, por fim, João Bruschi avalia que, para uma nova construção do estádio e aquisição da mesma área, aos tempos de hoje (2018), seria necessário um investimento de cerca de R$ 50 milhões. Este é o patrimônio, atualizado, do que conhecemos por Colosso da Lagoa.

40 – A construção do Colosso da Lagoa no fim da Sete de Setembro arrastou consigo a expansão da cidade e uma grande valorização imobiliária naquela região.

41 – Ivo Barbieri foi o técnico do Ypiranga no festival de inauguração.

42 – O Ypiranga fez sua primeira partida no seu novo estádio jogando de camisa verde, calções pretos e meias amarelas.

43 - A seleção brasileira de futebol de 1970 é considerada, ainda hoje, um dos maiores times de futebol já colocados em campo. Daquela equipe titular ingressaram no gramado do Colosso da Lagoa, durante sua inauguração, oito jogadores: os laterais Carlos Alberto e Everaldo; os zagueiros Brito e Fontana; o quarto-zagueiro da seleção e volante do Cruzeiro - Wilson Piazza; os atacantes Jairzinho (Botafogo), Pelé (Santos) e Tostão (Cruzeiro). Como se vê, a zaga e o ataque da seleção de 1970 no Colosso da Lagoa.

44 – Em 1981 o médico Wilmar Rübenich foi “intimado” a comandar um processo de reativação do clube no futebol. E o fez de forma magnífica.

45 – O Ypiranga se licenciara dos gramados junto à FGF em 1977.


Dr. Wilmar Wilfrid Rübenich, o homem que devolveu o Ypiranga ao futebol em 1981. Estava desativado desde 1977. A ele o Canarinho deve muito. Foi convencido por Luiz Pungan, Hermes Schenato e Marinho Khern. "Mas nem sou sócio", disse, ao que os três emendaram: "Se aceitares pegar o Ypiranga - e além do mais não temos sócios". O dr. Rübenich aceitei, estabeleceu um plano trienal e no final de 1981 o clube tinha 299 sócios. Contratou Pedruca para técnico e abasteceu o clube de atletas da cidade e região. Oito anos depois o  Ypiranga retornava à Divisão Principal com uma das maiores equipes que já vestiu a camisa verde-amarela. Dr. Wilmar Wilfrid Rübenich o "homem" que "ressuscitou" o Ypiranga depois de cinco anos com o futebol fechado e o Colosso da Lagoa adormecido. Rübenich é o último à direita.

44 – Em 1981 o médico Wilmar Rübenich foi “intimado” a comandar um processo de reativação do clube no futebol. E o fez de forma magnífica.

45 – O Ypiranga se licenciara dos gramados junto à FGF em 1977.

46– No festival de inauguração o Tabajara Guaíba (Taguá) de Getúlio Vargas também esteve presente: perdeu na preliminar de Cruzeiro e Independiente, por 5 a 1 para o Ypiranga.

47 – O erechinense Paulo César Carpegiani, estava “subindo para os profissionais” naquele Inter que esteve no Colosso em 1970.

48 – Entre os muitos técnicos que o Ypiranga teve ao longo dos 50 anos do Colosso, em 1996, foi comandado por Tite – atual técnico da seleção brasileira.  

49 – Dionisio Sganzerla, um dos responsáveis diretos pelo surgimento do Colosso da Lagoa e idealizador do plano de comercialização de títulos com direito a sorteio de prêmios – vive hoje em Goiania. Temos nos falado seguidamente por telefone. Vida longa ao homem que foi decisivo para o empreendimento Colosso da Lagoa.

50 – Cinquenta anos depois de ser inaugurado como um acontecimento no futebol brasileiro, o Colosso da Lagoa, permanece como um cartão postal de Erechim.

 

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Onde eles estavam em setembro de 1970!

 

       Em 2000 eu fundei um jornal. O J.Albet em homenagem ao meu pai – Alberto, mas que em alemão, e me acostumei assim, pronuncia-se Albet. O jornal teve vida curta por falta de apoio na cidade. As poucas edições que saíram – tratavam cada uma de um tema específico. E um deles foi dedicado aos 30 anos do Colosso da Lagoa. Naquele período ouvi algumas pessoas que deram seu depoimento sobre onde estavam há 30 anos. Reproduzo aqui, com a licença, adaptando para 2020. E colhi novos depoimentos sobre pessoas que não foram ouvidas em 2000 nos 30 anos Colosso.

 

 

Prefeito vendia loteria em 1970