sábado, 12 de setembro de 2020

OS 50 ANOS DO COLOSSO DA LAGOA


 

 


Meio século depois de ser inaugurado, o Colosso da Lagoa, estádio do Ypiranga FC ainda permanece como um dos principais cartões postais da cidade. Em 2 de setembro de 1970 quando recebeu a primeira partida e o “rei do futebol”, o estádio ganhou fama por ter a capacidade para abrigar quase toda a população da cidade. O estádio foi orçado em Cr$ 1.250.000,00 (Um bilhão, duzentos e cinquenta milhões de cruzeiros), segundo documento enviado pelo presidente da Comissão Central, dr. Gladstone Osório Mársico, em dezembro de 1966 ao delegado regional do Imposto de Renda em Passo Fundo. Ele possui mais de 100 metros de pavilhão com 1300 cadeiras especiais. As arquibancadas foram projetadas para 21 degraus com cerca de 500 metros lineares cada um.

 

      Planta do futuro Estádio


Tudo começou por volta de 1963. Um grupo de dirigentes recebeu e debateu a ideia de construção de um estádio. Foi criada uma empresa de comercialização de títulos e sorteio de carros. Cem sócios compraram à vista os 100 primeiros títulos. O dinheiro foi dado de entrada para a compra do terreno de 40 mil metros quadrados, hoje a 2,5 quilômetros do centro às margens da BR 153. Um ano antes da conclusão do estádio o governo federal baixou um decreto proibindo a comercialização dos planos de sorteios de carros. Temia-se que o Colosso da Lagoa não fosse concluído exigindo muito esforço dos dirigentes para terminar pelo menos o estádio, ficando para quando desse (até hoje não foi possível) a conclusão de um parque esportivo e de lazer.

 


Em 23 de outubro 1964 começaram as obras. Três construtoras de Erechim trabalharam em etapas distintas. O estádio recebeu seu nome popular ao acaso. Por ocasião da 1ª Jornada de Medicina do Interior, um grupo de médicos em visita ao estádio, foi recepcionado com um churrasco no local. O dr. Wilson Watson Weber, orador oficial do clube, falando em nome do Ypiranga disse: “... aqui ergue-se o Colosso da Lagoa...”, referindo-se à obra em andamento onde antes havia uma lagoa. O nome popular foi bem recebido por dirigentes, imprensa e torcedores e assim o Estádio Olímpico do Ypiranga FC passou a ter um nome próprio – Colosso da Lagoa.

 


Pelé recebe título de Danton Hartmann sob os olhos de Hermes Campagnolo


Danton Hartmann relatou-me certa feita que a história deveria destacar pelo menos três nomes na construção do Colosso da Lagoa. O dr. Gladstone Osório Mársico, presidente da Comissão Central,  Hermes Campagnolo, presidente da Comissão de Finanças, que chegou a ser patrono do clube, e o presidente do Ypiranga naquela época, e que ficou sete anos no cargo tornando-se o presidente que mais tempo ocupou a presidência do clube das Cores Nacionais, Oscar Abal.


 

Dr. Gladstone, presidente Abal e Hermes Campagnolo

Comentava-se que até o general Alfredo Stroessner (presidente do Paraguai na época) teria comprado um título do Ypiranga.

 




Não resta dúvida que Erechim ficou conhecida nacional e até internacionalmente em razão do estádio. A razão era simples: além do belo estádio que seria entregue, corria a informação que estava por ser inaugurado no País um estádio de futebol onde cabia toda a população da cidade. Quando foi projetado para 30 mil pessoas, moravam na cidade pouco mais de 29 mil pessoas segundo o IBGE. Em 1970 quando foi inaugurado, Erechim já contava com mais de 34 mil habitantes na área urbana.

 



         Entrega de prêmios aos sorteados (Jovino Alves Martins/radialista registra o fato). 

Mas nem tudo foi paz e amor durante o período de construção do Estádio Olímpico do Ypiranga, como foi amplamente divulgado na época entre os anos 1964 e 1970. Em um determinado momento a Direção do Clube e Comissão Central de Obras viram-se na obrigação de intervir na área responsável pela comercialização de títulos que davam direito aos adquirentes participar de sorteio de prêmios. Ao longo desse período, documentos revelam que o clube chegou a contar ora com 30 mil sócios, ora com 50 mil sócios, deduzindo-se como sócios os adquirentes de títulos que podiam ser encontrados principalmente nos três Estados do sul do País.

 



Também foram enfrentadas renegociações de preços da própria obra por conta do aumento de preço de materiais e da mão de obra, além da variação de preços nos prêmios distribuídos. Tudo compreensível. Na reta final o Ypiranga foi atingido pela proibição da venda de planos de sorteios de carros.

Exatos dez dias antes da inauguração do Colosso da Lagoa, mais precisamente em 22 de agosto de 1970 (a inauguração ocorreu dia 2 de setembro), a diretoria e as comissões tiveram que fazer empréstimo de emergência de Cr$ 100 mil junto e dois bancos da cidade para garantir a presença do Santos FC na inauguração. A soma seria entregue ao clube paulista antes da equipe comandada por Pelé entrar em campo.  Mas nada foi suficiente para quebrar a unidade dos ypiranguistas nem esmorecer a ideia, a concepção, a construção e a inauguração do estádio.

 

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Festival de inauguração

Santos 2  x  0 Grêmio (1º Jogo)

 

Era dia 2 de setembro. Ano: 1970. Havia cerca de 60 dias que o Brasil conseguira seu maior feito no futebol mundial. A conquista da Jules Rimet em definitivo. O título da Copa do Mundo do México.

 

Jogadores extraordinários corriam pelos gramados do Brasil naqueles anos. Pesquisas apontam a seleção de 1970 como o 1° ou o 2° melhor time de todos os tempos no mundo.

 

Em Erechim o Ypiranga F. C. concluía seu majestoso estádio. Um festival de jogos foi organizado, reunindo a maioria dos maiores jogadores em atividade no Brasil. Oito deles eram da seleção tricampeã e viriam para jogar no magnífico estádio.

      

Quando o 2 de setembro chegou, Erechim tinha 48.677 habitantes. Moravam na cidade 34.517 pessoas. Dizia-se que toda a população cabia no estádio, o que jamais foi verdade e por duas razões: 1) A cidade tinha mais de 30 mil habitantes. 2) Jamais o belo estádio conseguiu receber mais de 25 mil pessoas, configurando como lotação máxima.

 

Naquela bonita noite já com ares de primavera, Colosso da Lagoa ficou longe da sua lotação máxima. Talvez por conta dos preços considerados altos para os padrões interioranos. Luiz Pungan, patrono do clube e falecido em 2017, lembrou que os carnês para o festival foram colocados à venda por Cr$ 66. Não era barato. Muita gente comprou em prestações. Mas foi um evento inesquecível.

 

O Santos venceu o Grêmio por 2 a 0. Pelé aos 45 minutos do 1º tempo e Léo aos 35 do 2º tempo marcaram os gols.

      


Gol de Pelé. O primeiro do Colosso. Dia 2 de setembro de 1970

O gol de Pelé foi o 1.040 na sua carreira. Um repórter da equipe esportiva da Rádio Tupi (SP) conhecida como a equipe esportiva 1.040 invadiu o gramado e colocou uma camisa nº 1.040 no “rei” do futebol que também está na história do Colosso da Lagoa como o autor do primeiro gol do estádio.

      

Os times

Santos: Edevar; Carlos Alberto, Ramos Delgado (Paulo), Djalma Dias e Rildo (Turcão); Léo e Lima (Nenê); Davi, Douglas (Picolé), Pelé e Abel.

      

      

Grêmio: Breno; Espinosa (Ivo), Ari Hercílio, Beto e Jamir (Di); Jadir e Everaldo (Paíca); Flecha, Caio, Alcindo e Loivo.

      

Árbitro: Roque José Gallas.

Renda: Cr$ 200 mil

 

 

 

Botafogo 5  x  2 Internacional (2º Jogo)

 



O segundo jogo do festival realizado no Colosso da Lagoa marcou a inauguração oficial do estádio. Dia 6 de setembro de 1970. O domingo foi de chuva torrencial. O aguaceiro além de testar a drenagem do estádio, impediu a realização das solenidades oficiais marcadas para o centro do gramado. A entrega de placas pelo prefeito Irany Jaime Farina, pelos dirigentes do Ypiranga, pelos clubes visitantes - tudo foi realizado no interior do estádio. O público, é claro, não pode assistir a esta solenidade que marcava a inauguração oficial do Estádio Olímpico do Ypiranga ou, como passou a ser chamado com aprovação da imprensa e do público, Estádio Colosso da Lagoa.

 

No campo, apesar da formação de poças de água, a drenagem mostrou-se eficiente. Não fosse ela nem sairia jogo. Nunca mais houve outra partida com tanta chuva no Colosso.

 

Os torcedores aglomeravam-se nas cadeiras do pavilhão social sob a marquise. Quem esteve nas gerais naquele seis de setembro de 1970 viu o jogo de pé e de guarda-chuva que no fim das contas pouco adiantou. Impossível sentar. Até os refletores tiveram que ser acesos.

 

O Inter vinha credenciado com seu goleiro. Gainete carregava o orgulhoso recorde de 1.202 minutos sem levar gols. Seu sonho era somar mais 90 minutos. Mas... o furacão da Copa do México parecia que ainda não tinha passado. Com apenas um minuto de jogo, Jairzinho fez o primeiro dos cinco gols botafoguenses, colocando um ponto final no recorde do goleiro colorado. O Inter empatou aos 21 com Sérgio Galocha.

 

No 2º tempo quando chuva apertou mais ainda, Jairzinho fez o 2º aos 18 minutos. Dois minutos depois, Arlindo ampliou e abriu o caminho para a goleada. Aos 31, Nilson fez o 4º gol. Valdomiro tentou uma reação ao diminuir fazendo o segundo do Inter, mas Jairzinho, o furacão da Copa misturou-se com a tempestade de vento de chuva que caía sobre o Colosso, sentindo-se tão à vontade que fez mais o 5º do Botafogo aos 36. Estava escrita a história da primeira goleada no estádio então oficialmente inaugurado.

      

Os times

Botafogo: Ubirajara (Wendel); Moreira (Edinho), Moisés, Osmar e Valtencir; Nei e Arlindo (Paulinho); Zequinha, Ferreti (Nilson), Jairzinho (Zé Carlos) e Careca.

 

Internacional: Gainete; Edson Madureira, Pontes, Walmir e Jorge Andrade; Tovar (Carbone) e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro e Dorinho.

 

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Yiranga estréia com vitória no Colosso

 


O Ypiranga fez da sua primeira partida no Colosso da Lagoa uma bela vitória. Bateu o Esportivo – na época um dos times mais fortes do Estado – por 3 a 2. 



    Gol de Borjão - O primeiro do Ypiranga no Colosso. 6/9/1970

Borjão fez o primeiro gol do Canarinho no Colosso. Era o 6 de setembro. Preliminar de Inter e Botafogo, um domingo à tarde de tempo chuvoso. O gol surgiu aos 12 minutos da fase inicial. Aos 43 Marcos cabeceia uma bola vinda de um escanteio. Alcino – um dos maiores goleiros que o Ypiranga já teve – escorregou e a bola entrou.

No 2º tempo o Esportivo fez 2 a 1 logo aos 3 minutos com o artilheiro Lairton. O técnico Abílio dos Reis então decidiu poupar alguns jogadores e fez várias trocas no excelente time de Bento Gonçalves. O Ypiranga se aproveitou para crescer. Borjão aos 15 empatou e aos 32, e Ademir Gallo completaram a goleada na primeira apresentação do Ypiranga em seu novo estádio.

 

Os times

Ypiranga: Alcino; Osmar, Mugica, Plínio e Cláudio; Arli e Ariovaldo; Remi (Téio), Borjão, Cafuringa e Ademir Galo.

 

Esportivo: Edegar (Vilmar); Adair, José (Hélio), Ademir e Rômulo (Marcos); João Carlos (Sérgio) e Paulo Araújo; Gonha (Ronaldo), Neca, Lairton e Décio (Ivo Cabral).

 

Arbitragem: Hélio Nepomuceno, com Salvador Fossati e Vilson Cagliari.

 

 

 

Cruzeiro 3  x  0 Independiente (3º Jogo)

 

Na tarde/noite de 9 de setembro, um domingo, o primeiro jogo de caráter internacional do Colosso.   O Santos tinha Pelé o maior jogador do mundo em todos os tempos. O Botafogo tinha Jairzinho o goleador da Copa do Mundo e jogador infernal para as defesas adversárias. Mas o Cruzeiro contava com uma verdadeira academia de jogadores de futebol. Wilson Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Tostão, quatro craques do mais alto nível e, cada um no auge das suas carreiras, mostraram, sem nenhuma dúvida, o melhor futebol, o futebol mais vistoso que um time já apresentou em 50 anos de Colosso da Lagoa. Muito provavelmente jamais se repita uma equipe com aquele nível de organização, futebol coletivo tocado em pressa e com segurança como uma orquestra onde todos os músicos sabem das suas virtudes individuais e do colega ao lado. Foi um futebol de uma técnica refinada que o Colosso da Lagoa nunca mais testemunhará. Ali, com o Cruzeiro daqueles craques inesquecíveis, estava justificado o preço do carnê de ingresso.

 

O time cruzeirense tinha pela frente o campeão da Libertadores da América e uma equipe temida no continente sul-americano. O Independiente da Argentina de Medina, Bertoloto, Caristo e Butijo.

Em um lance do ponteiro Hilton Oliveira, ele chegou na linha de fundo e cruzou. Tostão entrou correndo e com um toque de classe fez 1 a 0. Logo depois, Hilton Oliveira levantou para a área. Tostão finalizou no travessão, mas Dirceu Lopes aproveitou o rebote e de cabeça ampliou. Sempre Tostão, outra vez arrancou contra a zaga do Independiente e passou para Evaldo cara a cara com o goleiro que fez o clássico 3 a 0.

 

Os times:

Cruzeiro: Nego; Pedro Paulo (Lauro), Brito, Fontana (Rodrigues) e Vanderlei; Wilson Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.

 

Independiente: Medina (Santoro), Mojes, Figueroa, Bertoloto e Pavonea; Caristo e Adorno; Critioni, Butijo, Ia Hiachelo e Demário.

      

Árbitro: José Cavalheiro de Moraes.

 

Na preliminar o Ypiranga bateu o Taguá por 5 a 1.

 

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Da bilheteria da Montanha à Comissão de Obras

Elesio Passuello, do alto dos seus 98 anos de idade, em 2020, é o único remanescente dos 10 homens das duas Comissões que comandaram todo o processo de construção do estádio. Ele pertencia à Comissão de Finanças. No Café da Galeria Imigrantes, ele fez uma parada em sua tradicional caminhada diária (medida em quadras e não em tempo), para recordar um pouco sobre ele e o Ypiranga.

Nascido em 21 de agosto de 1922 (dois anos antes da fundação do Ypiranga F.C., que é de 18 de agosto de 1924), Elesio Passuello veio ao mundo quando Erechim se chamava Boa Vista (entre 30 de abril de 1918 a 7 de setembro de 1922). Lembra que até 1936 viveu com a família em outras cidades até retornarem, em definitivo, para Erechim, então, Boa Vista do Erechim.Nesse tempo o clube já tinha 12 anos.

Trabalhando em uma agência bancária da cidade, começou a frequentar o Ypiranga, especialmente na área social. Logo virou ecônomo e dirigia a copa da sede na Rua Alemanha, que foi consumida por um incêndio (segundo informações do senhor Ivo Barbieri, o incêndio ocorreu em 1960). Depois largou tudo para trabalhar com o irmão em um Posto de Combustíveis, a partir de 1948. “Mas sempre estive na diretoria ou na copa do Ypiranga”, recorda, tentando reencontrar-se no próprio tempo, que não volta mais, mas no qual, ele esteve. “Fazia qualquer coisa no clube. Se faltava um na bilheteria, eu ia”, lembra.

Sobre os planos de construção do Estádio Olímpico lembra que as reuniões eram semanais e sempre no clube. “Todo mundo era amigo. Todo mundo ajudava. Não havia vaidades naquele grupo. A parte social e esportiva era tudo Ypiranga”, reforça.

Também destaca que não perdia partidas. Quando foi lançado o plano de títulos para a construção do estádio com direito de concorrer a prêmios, “eu também vendia, mas só aqui na cidade”.

À medida que a conversa ia evoluindo, Elesio Passuello foi se soltando e se lembrando de mais coisas. “Parece que a área (onde está o Colosso da Lagoa) foi comprada de um polonês de Carlos Gomes. Eu era fanático pelo clube. Não sabia perder. Na época o estádio virou um cartão postal de cidade”. Ele recorda que, na escolha da área, havia três opções: a primeira era construir no mesmo local onde estava o Estádio da Montanha; a segunda, era no final da rua Alemanha próximo a um frigorífico e, a terceira, a que foi escolhida”.

Hoje Elesio Passuello não vai mais ao futebol e, com isso, o Colosso da Lagoa, que ele ajudou a construir, não faz mais parte do seu cotidiano. Único vivo de nove irmãos, Elesio deita-se, no máximo às 22h, e acorda às 8h. Às 9h, depois do café, está pronto para sua caminhada matinal. Às 11h volta para casa onde vive com sua companheira Maria. Depois do almoço tira uma soneca rápida e sai de novo para jogar canastra com amigos em um clube da cidade e, depois, nova caminhada. “Faço de 30 a 40 quadras por dia”, finaliza reportando que, para a construção do Colosso da Lagoa, todos trabalharam bastante, mas destaca o presidente da época, Oscar Abal. “Trabalhou muito o Abal”.

 

 

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O 1º Atlanga no Colosso teve goleada

 

 

Era 20 de setembro de 1970. Data Farroupilha. O técnico Ivo Barbieri acertou o time do Ypiranga e venceu fácil o tradicional adversário: 4 a 1. Os gols foram marcados por Ademir Galo aos 14 e Téio aos 20 minutos do 1º tempo. Borjão aos 15 e aos 45 completou a goleada. Ciro fez o gol de honra do verde-rubro aos 27 do 2º tempo. Antes do início da partida foram prestadas homenagens ao velho estádio da Montanha, com os juvenis do Ypiranga conduzindo uma chama simbólica. Foram hasteados os pavilhões dos três tradicionais clubes de Erechim por Hermes Campagnolo (Ypiranga), Eolo Arioli (Atlântico) e Rolfe Domingues (14 de Julho). Era 20 de setembro – data Farroupilha.

 

Os times

Ypiranga: Valdir; Osmar, Mugica, Plinio e Cláudio; Arli e Ariovaldo; Téio, Borjão, Cafuringa (Tonho) e Ademir Galo (Rui).

 

Atlântico: Nelson; Nilson, Giaretta, Dias e Fenker (Beto); Tomasi e Cláudio (Charuto); Fermino, Ciro, Pedruca e Parizzon (Machado).

 

Árbitro: Élio Nepomuceno.

 

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Jornadas inesquecíveis

 

O Colosso da Lagoa foi palco de jornadas inesquecíveis. O primeiro gol teve a assinatura do rei do futebol – Pelé. O desfile de astros no festival de inauguração com Grêmio e Internacional. A goleada no primeiro clássico Atlanga. O fechamento do futebol em 1977 e o retorno em 1981. As históricas conquistas da Divisão de Acesso em 1989, 2008, 2014 e 2019. (Em 1967 o Ypiranga foi campeão do Acesso – mas ainda residia na Montanha). Quatro clássicos Grenal foram jogados no Colosso da Lagoa. O jogo da pancadaria com o Gaúcho (PF) no dia 13 de novembro de 1973 – marcam o estádio. Algumas placas em bronze no hall de entrada – foram roubados certa feita, exigindo refazer as obras -, relíquias da história do estádio.

      

Colosso lotou no Cinquentenário

 



O maior público do Colosso: 25 mil pessoas pagaram ingresso. 18/8/1974 nos 50 anos do Ypiranga

O dia mais bonito do Colosso da Lagoa – maior do que a data da sua inauguração – pode ter sido a tarde do domingo de 18 de agosto de 1974. O Ypiranga F.C. completava 50 anos. Em jogo pelo campeonato gaúcho o Inter bateu o Ypiranga por 2 a 0.

      

Uma hora antes do início da partida o estádio estava lotado. Porteiros e o policiamento tiveram dificuldades para controlar o acesso do público. Foram vendidos quase 25 mil ingressos. O público total pode ter sido bem superior. Ninguém nunca soube ao certo. Foi a primeira e única vez que o Colosso da Lagoa ficou completamente lotado.-

 

O Ypiranga viveu jornadas memoráveis em seu novo estádio ao longo do tempo. Uma delas, emocionante, foi em 1989. Foi a primeira conquista do Acesso no seu novo estádio. Um timaço comandado por Paulo Sérgio Poletto.



A outra quando conquistou o título da Divisão de Acesso em uma partida dramática diante do muito bom Brasil de Farroupilha. Grande público. Partida histórica. Vamos revivê-la!?

                  

Crônica de uma tarde anunciada!

* Esta foi uma jornada inesquecível. Era 10 de agosto de 2008. Ypiranga e Brasil – um jogo dramático e memorável.


- I -

Quando o Brida foi calçado dentro da área no momento em que, inacreditavelmente, a bola lhe sobrava como um maço de dinheiro que se acha perdido no bolso de uma roupa esquecida, e o Vinícius Costa da Costa, de frente, apitou, e se inclinou com uma perna encolhida e a outra esticada e com o braço estendido para a marca do pênalti, mais duro que nas melhores continências reverenciadas a um certo líder sanguinário do passado, eu levei os olhos ao céu e pensei comigo mesmo: sim, o Valério (Schillo) está vendo o jogo. (O dirigente responsável pelo clube havia cinco anos prognosticara: não esperem nada antes de cinco anos. E exatamente cinco anos depois o Canarinho tinha a oportunidade de voltar à elite do futebol gaúcho, mas Schillo já não estava mais entre nós. Falecera uns meses antes, em março.

Retornando ao jogo: claro, porque do jeito que as coisas andavam entre Ypiranga e Brasil (Farroupilha), domingo e já no 2º tempo, com o time sentindo as ausências, errando passes, nervoso pelo peso da cobrança de 18 mil bocas que gritavam da arquibancada, e com o Brida sem ritmo, tudo indicava que – se não perdesse -, já não seria tão fora de consideração.

Enquanto o Brasil cercava pela frente e pelas costas o Costa da Costa, árbitro da partida...  pedindo que voltasse a história, procurei o Vagner. Sim, porque com ele era gol. E o encontrei caminhando pra cá, pra lá, com a bola embaixo do braço. Quando o vi, me convenci: gol.

Mesmo assim, não quis ver. Baixei os olhos na cabine e esperei pelo xuááá. A bola quando entra no gol e na rede na rede faz xuááááááá. Mas esperei, esperei, esperei e ouvi o apito do Vinícius e foi - tuuuuuuummmmmmmmmm. Tuummmm? – me perguntei! Como tuuummmmmm!? Mas devia ser xuáá! Não resisti e ergui o olhar e a bola vinha caindo do céu e alguém a tirara para fora do Brasil. O goleiro espalmou, bateu na trave? O certo é que não saiu o gol.

Eu que conheço o Colosso há 37 anos, (hoje há 50 anos), nunca soube – mas domingo descobri que ele tem mãos. Logo depois do tuuuuuummmmmmmmm, o Colosso botou as mãos na cabeça não acreditando no que tinha visto. O time desfalcado, jogando mal, nervoso, contra uma touca e tudo se encaminhava para um desfecho infeliz, postergando uma festa impostergável.

O estádio se sentou com a cabeça enterrada em 36 mil palmas de mãos.

 

- II -

De manhã, dia dos pais, saí às 10 horas para comprar ingresso para o meu filho Eduardo. Na Sete, chapéus “cataovo”, almofadas, gorros, radinhos, bandeiras de ‘O grito do Ypiranga!’, misturavam-se a coloradas e tricolores. Carros iam, vinham e paravam. Mulheres desciam e com os filhos escolhiam a bandeira e saíam de novo em desfile com o pavilhão verde-amarelo tremulando na janelinha. Plat, plat, plat, plat, plat, plat, plat – repetia o pano das cores nacionais, Sete acima, Sete abaixo - tocada pelo vento.

Na portaria do estádio encontrei uma fila. Eram 10 da manhã e havia fila. Era hoje. Tinha de ser hoje. Não podia e nem seria em outro dia. Era demais a mobilização pelo feito canarinho, quando ainda nem as churrasqueiras ardiam cidade afora.

Às duas da tarde o movimento era de jogo grande.

Na cabine da Difusão, o Sr.Idylio Badalotti me chamou e conversamos sobre a decisão, ao lado do Dr. Edson Machado da Silva. Lembro que entre outras coisas disse: ‘o Diego, a melhor coisa que apareceu no Colosso em 2008...’, quando o Amilton, mostrando toda a sua versatilidade, cortou lá debaixo e fez o raio cair: ‘seu Idylio, seu Idylio... vê se vocês reconhecem esta voz!’.

E foi então que entrou: ‘meeeu caro Idylio... meeeu caro Amilton, meeeus caros ouvintes da Difusão...’ e logo o Idylio também cortou: ‘Tramoonnnntini!’. Não é que até o eterno Tramontini da velha rádio Erechim esteve no campo? Ainda brinquei: ‘hoje podemos reunir o Tramontini, o Ceni, o Ydilio e o Milton Doninelli!’.

Subiam às cadeiras homens e mulheres que nunca vira antes. O eterno ypiranguista Chico Pungan trazia, com familiares, o Celeste Dal Prá. Apoiado numa bengala alta, subia os degraus em busca de uma cadeira. Sociais cheias. Lá embaixo as arquibancadas iam sendo tomadas como o sol que vem sobre ipês e pessegueiros quase ao final dos invernos, e vai se esparramando e enchendo de luz tudo o que vê pela frente, sem a menor possibilidade de ser contido.

 

- III -

Quando Pelé fez a bola passar pelo meio das pernas do Jadir naquela quarta-feira, 2 de setembro de 1970, e fuzilou o goleiro Breno, fazendo levantar o estádio do canarinho, nem naquela noite havia tanta gente como já se via no Colosso faltando 15 minutos para o adeus do Ypiranga à Segundona.

Eu não sei de onde esse Brasil de Farroupilha tira tanta gana quando vê o Ypiranga pela frente. Fazia uma semana que o time serrano tinha sido surrado nas Castanheiras pelo Pelotas, que apanharia do canarinho três dias depois. Será que o Brasil, por verde e vermelho, será que é por isso que ele se agiganta contra o Ypiranga? Haveria aí um grau de parentesco com o falecido Atlântico do futebol de campo?

O fato é que a partida ia pau a pau. Se o Brasil não era um Milan para o Ypiranga, o canarinho não se encontrava e, maltratando a bola pelo passe errado, enervava o anseio coletivo que tinha todas as certezas do mundo de que seria naquela tarde, não se sabe como, que o tabu seria quebrado e a Primeirona festejada até a noite alta cair.

Houve gol anulado do Brasil (e bem anulado), mas o ar primaveril que banhava as 18 mil cabeças no Colosso, encontrava uma estranha resistência, como que decretada pelo destino. Algo como Brasil e Uruguai, Inter e Olímpia, Fluminese e LDU. Não podia, de jeito nenhum, deixar de acontecer a festa tão ao alcance da vaga, mas os deuses pareciam conspirar. Estariam apenas brincando, se divertindo, fazendo o estádio suar gelo, ou, a praia ficava ali mesmo, no entorno da lagoa que deu origem ao nome de guerra do Colosso em vaticínio do Dr. Wilson Wattson Webber, em discurso durante churrasco de recepção a visitantes no fim dos anos 1960 no pavilhão em construção.

 

- IV -

Aos 31, aos 35, aos 38, aos 42, eu tinha jogado a toalha. Eu sei do velho ditado que o jogo só acaba quando termina – mas, as coisas estavam com ar, jeito e cara de impossíveis. Por isso tratava de confortar o desconforto tentando ressuscitar que apesar da frustração, ainda havia dois tiros: o TAC e o Guarani de Venâncio, para derrubar a Segundona.

Eu não sei como o Pito foi parar dentro de campo naquele jogo. Só sei que quando um quarto do estádio já estava nas vicinais da Sete para escapar ao engarrafamento, o Pito foi se intrometendo como um anão de circo, e meio despercebido, mas comandando o espetáculo; e de repente ele descobriu "a melhor coisa que apareceu no Colosso em 2008", e o Diego arrumou na perna boa e disparou um canhão assim como as tropas russas fizeram naquele mesmo dia na Ossétia do Sul.

       O tiro seco e inapelável fez o estádio explodir. Nem o estrondo do intervalo que estourou vidros nas cabines de rádio conseguiu lembrar o que veio com o disparo de Diego. Ali não foi nem xuááá – mas um xuuáááááááá antecedido por um tuuuuuummmmmm. Quando vi, a bola estava quieta, desmaiada, desfalecida, morta no fundo das redes, não, no fundo das redes não, no fundo da 2ª Divisão.

 

- V -

O estádio pulava sobre si mesmo.

Os choros de alegria não tinham vergonhas, sim, porque vergonhoso seria tentar segurar àquela hora um mar de água que desce com o estouro de uma barragem.

Quando o Diego e meio time saíram correndo ao alambrado, querendo escalá-lo e pulá-lo para os braços da nação verde-amarela, outra revelação do futebol erechinense de 2008, o bom repórter Tiago Ávila, conseguiu fazer eco ao que gritava Diego colocando na sua boca o microfone da Erechim. "É pro meu pai, é pro meu pai!", gritava tresloucado o autor do disparo que matou a Segundona na vida do Ypiranga e colocou o clube na Primeirona.

 

- VI -

Eu não sei porque o Costa da Costa insistiu em dar mais 5 minutos, mas, quem entende os árbitros quando se quer o fim ou não se quer o último apito!? Escaramuças ainda se ensaiaram entre os atletas tudo porque quem havia ganhado o céu de presente, assim como o bom ladrão que se arrependeu na hora ‘H’; este não haveria de querer sentir o calor do inferno. E isto deve ser compreendido, pois quem, em sã consciência, em não sendo nem Adão, nem Eva – haveria de entregar o paraíso como se nada fosse?!

Quando o árbitro encontrou o fim da partida, nove anos ficaram para trás naquele prrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. O Banana pulava como só o Banana pode pular e rolar, porquanto o seu time, a despeito de crises e derrotas, reabilitações e vitórias jamais perdera a sua identidade, a vergonha e a alma. Milhares de Bananas, num repente, rolavam pelo gramado do Colosso onde um dia já foi lagoa.

 

- VII -

Os fios das emissoras de rádio eram recolhidos e enrolados e já se precipitava o crepúsculo do fim de tarde. Da tarde do dia dos pais. Da tarde de 10 de agosto de 2008. O Ypiranga, segunda-feira, 18, estará de aniversário e fará 84 anos. Oito décadas e quatro anos de honra à sua origem, à sua tradição, à sua história. 84 anos de honra ao seu fim, maior, principal e único.

E quando deixei o Colosso da Lagoa e a brisa leve ainda levantava um papelzinho de bala aqui, um ingresso amassado ali, senti que o banner com a figura de Valério Schillo, no hall do Colosso, também recebeu uma golfada e se estufou quieta e rapidamente chamando-me a atenção, como num ‘psiu, ô Ody!, psiu... eu não estava só lá em cima. Hoje, eu andei pelas cadeiras, pelos banheiros, pela copa, estive lá fora, dei a volta nas arquibancadas. Eu estava nos gritos do Amilton, do Chico e do Juliano Panazzollo. Estava no descortino do Pito e na perna esquerda do Diego. Na ola e nas lágrimas de cada um dos 17.818 torcedores. Eu estava no peito e no pulmão de cada jogador. Eu estava na alma e no coração do Ypiranga. Agora – posso voltar em paz. A missão está cumprida’.

‘Nas planuras e serras tão lindas/

Ypiranga/Ypiranga em louvor!/

Quer na paz, quer na luta, bem-vindas/

As vitórias da força e do amor!’.

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50 anos – 50 curiosidades

 


1 – As duas comissões que lideram o processo de construção do estádio foram as seguintes. Comissão Central: Gladstone Osório Mársico, Danton Hartman, Pedro Brochmann, Moacir de Souza e Ricieri Miola.

Comissão de Finanças: Hermes Campagnolo, Hermes Schenato, Harry Kleinubing, Silvino De Marchi e Elesio Passuello.

 

2 – Foram disputados 18 clássicos Atlanga no Colosso da Lagoa. O primeiro foi em 20 de setembro de 1970. O Ypiranga venceu 4 a 1.

 


Valdir; Cito Mugica, Ari Ferro, Cuca e Cito; Tonho, Paulo Ferro, Joãozinho, Odir e Luizinho,
(Ypiranga - anos 1970)

3 – No Colosso da Lagoa o Ypiranga venceu nove clássicos, empatou sete e perdeu apenas dois.

 


 



Atlântico de 1976: Mário Tito, Luis Carlos, Valdecir, Manoel, Virgílio e Alvim; Jaime, Laerte, Darci, Mano e Servilho, também passou pelo Colosso.


– O último clássico de profissionais no Colosso da Lagoa foi em 18 de agosto de 1981. Era o 57º aniversário do Ypiranga. Resultado: 1 a 1.

5 – No dia 12 de outubro de 1993 a Associação Erechinense de Profissionais de Imprensa (Aepi) promoveu um Atlanga de veteranos. Vitória do Ypiranga por 1 a 0 – gol de Téio. O prefeito Antonio Dexheimer entregou um troféu ao presidente do clube, Osmar Tonin.

 

6 – Embora o primeiro jogo no Colosso da Lagoa tenha sido realizado no dia 2 de setembro de 1970, a data oficial de inauguração do estádio é considerada dia 6 de setembro, um domingo à tarde de chuva torrencial. Botafogo 5  x  Inter 2.

 

7 – O Ypiranga se caracterizou por anos como uma “expressão cultural” da cidade. Na sede do clube, Sérgio da Costa Franco lançou o livro “Júlio de Castilhos e sua época”. Carlos Nejar, que também foi promotor público em Erechim, lançou naquele período o livro “Das Nações” que recebeu o Prêmio Jorge de Lima da Academia Brasileira de Letras.

8 – Ao longo do tempo o estádio passou por restaurações e modificações. Drenagem do gramado, túneis, vestiários, cadeiras, cabines de rádio, instalação de tribunas de honra, lavagem e pintura geral do estádio e, a mais recente, a instalação de modernas casas-mata, os famosos bancos de reserva.

9 – O Colosso da Lagoa tinha capacidade inicial para receber até 30 mil pessoas, mas jamais ele recebeu este número.

10 – O maior público no Colosso da Lagoa foi de 25 mil pessoas (pagando ingressos) no dia 18 de agosto de 1974. Era o aniversário de 50 anos do Ypiranga FC.

11 – Naquele domingo de sol os portões foram fechados antes da partida. O Canarinho não segurou o grande Inter que começava a aparecer para o Brasil na época, e que conquistaria nos dois anos seguintes o bi-nacional. O Inter venceu por 2 a 0.

12 – Em 1992 foi realizado um clássico Grenal no Colosso da Lagoa. A partida acabou empatada em 0 a 0. 

13 – Por causa da sua capacidade atual estimada hoje em 22 mil pessoas sentadas e por causa da estrutura geral, localização geográfica, vestiários, comunicação, gramado, segurança, entre outros, o estádio recebeu mais três clássicos Grenal.

14 - Em 2009 o Inter venceu por 1 a 0. Em 2010 e 2013 outros dois clássicos ambos com vitória de 2 a 1 para o Inter.

15 – Olírio Zardo recorda que na época foi feito um chamamento a 100 ypiranguistas para que doassem Cr$ 100 totalizando em torno de Cr$ 3 milhões que foram dados de entrada para a aquisição da área.

16 – Desde 2015 o estádio possui a maior bola no seu largo frontal àquela que é a maior bola estática do mundo. Ela tem 3,5 metros de diâmetro. Supera a do Mané Garrincha, em Brasília, com 2,2 metros de diâmetro. Foi idealizada por Reinaldo Sartore.

17 – No Colosso da Lagoa o Ypiranga subiu quatro vezes à Divisão Principal do Futebol Gaúcho: 1989, 2008, 2014 e 2019. Antes, subira em 1967 no estádio da Montanha.

18 – Em 2009 conquistou no Colosso da Lagoa o título de campeão do interior do Estado.

19 – Ainda no Colosso da Lagoa o Clube das Cores Nacionais conta duas participações na Série “D” do brasileiro, seis participações na Série “C” e cinco na Copa do Brasil. Nos 50 anos do Colosso, o clube está na Série “C”.

 

Ypiranga de 1974: Cláudio, Zico, Baiano, Cuca, Mugica e Valdir; Juarez, Ismael, Pedruca, Paulo Ferro e Maurinho. Para Pedruca, segundo um dos seus filhos, foi um dos melhores times que ele jogou na era Colosso.

20 – O preço do carnê para o Festival de Inauguração do estádio também foi vendido de forma parcelada. Custava Cr$ 66. Informação do ex-patrono Luiz Pungan.

21 – Em 6 de fevereiro de 1967, em um documento sobre o custo da drenagem do gramado consta a alteração das medidas do campo de 70 x 105 metros para 75 x 110 metros. Hoje, readequados conforme exigência da CBF, para 105 metros por 68 metros.

22 – Em 12 de novembro de 1964 o prefeito Eduardo Pinto autorizou ao Ypiranga de acordo com orientação técnica da diretoria de obras da municipalidade a proceder o nivelamento da avenida Sete de Setembro entre o Seminário Nossa de Fátima e o seu futuro Estádio Olímpico, “correndo por conta exclusiva do clube as despesas com os cortes, aterros e movimentação de terra”.

23 – Um memorial justificativo revela exigência do projeto: arquibancadas de 21 filas (degraus). Cada um para 958 espectadores. Total: 20.118 espectadores. Nas sociais mais 3.000 espectadores. Se foi seguido à risca o projeto seriam 23.188 espectadores nas arquibancadas com o pavilhão social inferior. Mais 1.300 cadeiras superiores. Então teríamos pelo documento como capacidade do Colosso da Lagoa 24.488 espectadores sentados.

24 – A terraplenagem movimentou 8.366 metros cúbicos de terra no valor de Cr$ 30.000,00.

25 – Acredite se quiser: a idéia de construir um moderno estádio em Erechim foi oferecida ao CER Atlântico. Tudo se encaminhava para isto se realizar. No entanto, depois de ouvir dirigentes do Atlântico, o presidente do clube em 1963, Estevam Carraro, teria levado a noticia ao empresário mentor do plano : o Atlântico desistia da ideia.

Então tudo mudou de lugar. O projeto foi apresentado ao Ypiranga F.C. que a encampou. Duas comissões foram organizadas e cerca de um ano depois já se iniciavam as obras – dando origem ao Colosso da Lagoa, que foi inaugurado oficialmente em 6 de setembro de 1970, seis anos depois de iniciadas as obras. (Esta informação é do empresário que assumiu a comercialização dos títulos e a obtive há cerca de dois meses).

26 – Duas construtoras de Erechim apresentaram proposta para construção do Estádio Olímpico.

27 – Total da área adquirida para o Projeto do Estádio Olímpico e outras benfeitorias: 55.440 metros quadrados.

28 – Há alguns anos o clube teve de se desfazer de 5 mil metros quadrados. Teria sido para quitar uma dívida trabalhista.

29 – A primeira opção para inauguração do estádio era uma apresentação da Seleção Brasileira, mas a CBD justificou que não podia atender ao convite.

30 – Pelé posou com famílias inteiras para fotografias, entre as quais, as dos Campangolo e Jovino Alves Martins.

31 - Nilton Campagnolo, filho do presidente da Comissão de Finanças, sugeriu a transferência simbólica do Estádio da Montanha para o Colosso da Lagoa pela condução de uma chama acesa que assim permaneceu durante o festival de inauguração no novo estádio.

32 – Everaldo, gaúcho tri-campeão no México, teria sido brindado com uma cadeira cativa no Colosso da Lagoa.

33 – Todos os clubes que participaram do festival de inauguração deixaram uma placa no hall de entrada.

34 – Na década de 1990, algumas dessas placas em bronze foram roubadas. Tiveram de ser substituídas por réplicas.

35 – A Rádio Tupi (SP) Equipe 1040 no futebol, também afixou uma placa assinalando que foi no Colosso da Lagoa que o rei do futebol fez o seu gol 1040.

36 – A sede social do Ypiranga F.C. quando ainda no Estádio da Montanha, foi destruída por um incêndio que, segundo Ivo Barbieri, ocorreu em 1960.

37 – De acordo com Ivo Barbieri, no período em que o Colosso da Lagoa era apenas um projeto, houve divisões quanto ao futuro do estádio: uma corrente defendeu a construção de arquibancadas de concreto no Estádio da Montanha, alegando que o clube não precisava de estádio do tamanho que se pretendia; no final, prevaleceu a tese do Estádio Olímpico.

38 – Segundo o engenheiro e dirigente ypiranguista, João Aleixo Bruschi, as arquibancadas do Colosso da Lagoa possuem, na média, 416 a 418 metros lineares. São 12 degraus de assentos.

39 – E, por fim, João Bruschi avalia que, para uma nova construção do estádio e aquisição da mesma área, aos tempos de hoje (2018), seria necessário um investimento de cerca de R$ 50 milhões. Este é o patrimônio, atualizado, do que conhecemos por Colosso da Lagoa.

40 – A construção do Colosso da Lagoa no fim da Sete de Setembro arrastou consigo a expansão da cidade e uma grande valorização imobiliária naquela região.

41 – Ivo Barbieri foi o técnico do Ypiranga no festival de inauguração.

42 – O Ypiranga fez sua primeira partida no seu novo estádio jogando de camisa verde, calções pretos e meias amarelas.

43 - A seleção brasileira de futebol de 1970 é considerada, ainda hoje, um dos maiores times de futebol já colocados em campo. Daquela equipe titular ingressaram no gramado do Colosso da Lagoa, durante sua inauguração, oito jogadores: os laterais Carlos Alberto e Everaldo; os zagueiros Brito e Fontana; o quarto-zagueiro da seleção e volante do Cruzeiro - Wilson Piazza; os atacantes Jairzinho (Botafogo), Pelé (Santos) e Tostão (Cruzeiro). Como se vê, a zaga e o ataque da seleção de 1970 no Colosso da Lagoa.

44 – Em 1981 o médico Wilmar Rübenich foi “intimado” a comandar um processo de reativação do clube no futebol. E o fez de forma magnífica.

45 – O Ypiranga se licenciara dos gramados junto à FGF em 1977.


Dr. Wilmar Wilfrid Rübenich, o homem que devolveu o Ypiranga ao futebol em 1981. Estava desativado desde 1977. A ele o Canarinho deve muito. Foi convencido por Luiz Pungan, Hermes Schenato e Marinho Khern. "Mas nem sou sócio", disse, ao que os três emendaram: "Se aceitares pegar o Ypiranga - e além do mais não temos sócios". O dr. Rübenich aceitei, estabeleceu um plano trienal e no final de 1981 o clube tinha 299 sócios. Contratou Pedruca para técnico e abasteceu o clube de atletas da cidade e região. Oito anos depois o  Ypiranga retornava à Divisão Principal com uma das maiores equipes que já vestiu a camisa verde-amarela. Dr. Wilmar Wilfrid Rübenich o "homem" que "ressuscitou" o Ypiranga depois de cinco anos com o futebol fechado e o Colosso da Lagoa adormecido. Rübenich é o último à direita.

44 – Em 1981 o médico Wilmar Rübenich foi “intimado” a comandar um processo de reativação do clube no futebol. E o fez de forma magnífica.

45 – O Ypiranga se licenciara dos gramados junto à FGF em 1977.

46– No festival de inauguração o Tabajara Guaíba (Taguá) de Getúlio Vargas também esteve presente: perdeu na preliminar de Cruzeiro e Independiente, por 5 a 1 para o Ypiranga.

47 – O erechinense Paulo César Carpegiani, estava “subindo para os profissionais” naquele Inter que esteve no Colosso em 1970.

48 – Entre os muitos técnicos que o Ypiranga teve ao longo dos 50 anos do Colosso, em 1996, foi comandado por Tite – atual técnico da seleção brasileira.  

49 – Dionisio Sganzerla, um dos responsáveis diretos pelo surgimento do Colosso da Lagoa e idealizador do plano de comercialização de títulos com direito a sorteio de prêmios – vive hoje em Goiania. Temos nos falado seguidamente por telefone. Vida longa ao homem que foi decisivo para o empreendimento Colosso da Lagoa.

50 – Cinquenta anos depois de ser inaugurado como um acontecimento no futebol brasileiro, o Colosso da Lagoa, permanece como um cartão postal de Erechim.

 

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Onde eles estavam em setembro de 1970!

 

       Em 2000 eu fundei um jornal. O J.Albet em homenagem ao meu pai – Alberto, mas que em alemão, e me acostumei assim, pronuncia-se Albet. O jornal teve vida curta por falta de apoio na cidade. As poucas edições que saíram – tratavam cada uma de um tema específico. E um deles foi dedicado aos 30 anos do Colosso da Lagoa. Naquele período ouvi algumas pessoas que deram seu depoimento sobre onde estavam há 30 anos. Reproduzo aqui, com a licença, adaptando para 2020. E colhi novos depoimentos sobre pessoas que não foram ouvidas em 2000 nos 30 anos Colosso.

 

 

Prefeito vendia loteria em 1970

 

Luiz Francisco Schmidt tinha 16 anos em 1970. Nasceu no dia em que Getúlio Vargas, supostamente, se matou. Jamais poderia sonhar que no cinquentenário do estádio seria o prefeito da cidade. “Sim, estive no estádio algumas vezes durante a construção e, também em ou dois jogos do festival. Não vi o gol do Pelé. Apenas ouvi pelo rádio”, recorda-se Schmidt.

Em setembro daquele ano “eu trabalhava na fábrica de móveis da minha família. Estudava no 1º ano do Científico. Também vendia loteria esportiva, recolhendo as apostas e os volantes para perfurar em São Paulo. Trabalhava também com artesanato de couro e, o melhor da vida naquela época eram os ensaios e apresentações da Banda Marcial do Colégio Mantovani”, destaca aquele que hoje não é só prefeito do município e, mas um desportista que nos últimos, não perde um jogo no Colosso da Lagoa podendo sempre ser encontrado nas cadeiras do Colossão.

 

 

Presidente ainda em fraldas

Quando do festival de inauguração do mais belo estádio do interior gaúcho, o atual presidente do clube, Adilson Stankiewcz, andava de fraldas. Contava com apenas 2 anos e 3 meses. Obviamente, o mundo era o colo da minha mãe, as brincadeiras com meu pai, e a espera pelo meu irmão André, que nasceria em 23 de outubro (mesmo dia e mês de Pelé) de 1970. Meu pai tinha a Casa do Rádio, na rua Aratiba, bem pertinho da estação rodoviária, que ficava no mesmo prédio do Hotel Rex. Fazia consertos de TVs e rádios a válvula, e eletrolas, aparelhos caros e um tanto raros, e também vendia estes produtos, principalmente para os agricultores que vinham para a cidade desembarcando do ônibus na rodoviária. A TV ainda era preto e branco, a TV a cores só chegaria em 1972.

    Na verdade o futebol sempre esteve no “sangue” da família. As décadas de 1960 e 1970 foram riquíssimas em clubes de futebol na cidade e no interior, que eram a melhor, senão a única diversão das famílias no final de semana. A equipe da família era o Minuano F. C., e o campo ficava nas terras do meu avô. Nós morávamos logo na entrada do campo, e os atletas eram os tios e vizinhos. Todo domingo jogos, triangulares, quadrangulares. Pessoas circulando, comprando bebidas na copa: cerveja coberta por barras de gelo e serragem para manter o gelo por mais tempo. Campeonato de pênaltis na goleira suplementar. Prêmio uma ovelha e uma caixa de cerveja. 

   Erechim contava com muitas equipes assim, mas as maiores eram o Ypiranga, o Atlântico e o 14 de Julho. Estes faziam história disputando os campeonatos estaduais e fazendo embates históricos nos campos de Erechim. A cidade respirava futebol, todos esperavam os confrontos do final de semana.

    Houve um período no início da década de 1980, em que o Ypiranga estava parado, mas o Colosso era usado para os campeonatos municipais. Jogar lá, assistir os pais jogar era incrível. Ver o tio Lau fazer defesas na mesma goleira que o Pelé marcou o gol 1040, era mágico. Depois, ver o desfile de grandes jogadores como Paulo Gaúcho, Luis Freire, Aílton, Moreno, Mabília, Menezes... sem contar o pessoal da região Jussie, Quadros, Scolari, Ildo, Perin, Marasca, Gerson, Hermes, Clóvis, e tantos outros que eram nossos amigos e vizinhos. Fica nosso reconhecimento a todos os abnegados que fizeram esta linda história, dos fundadores, aos construtores, ex-presidentes, diretores e torcedores, cada um deu o que tinha de melhor por este grande clube.

   Enfim, se apaixonar por este templo do futebol brasileiro é muito fácil. Muita gente diz que o endereço Av 7 de Setembro, 1932, é sua segunda casa. Alguns gostariam de ser enterrados atrás das goleiras para assistir os jogos eternamente, como se isso fosse possível. Ser ypiranguista é ter orgulho de ter um estádio em que cabia toda a cidade na sua inauguração. É ter orgulho da sua casa ter sido inaugurada por um gol de Pelé. É saber que você tem uma história quase centenária, recheada de sacrifícios, algumas derrotas e grandes vitórias. E que esta história ainda tem muitas páginas para ser escrita.

 

 

 

Atlantista só viu a goleada do Botafogo

 - Eu estava com 16 anos. Imagina. Era estudante, trabalhava e era torcedor do CER Atlântico. Gostava do que todo mundo gostava naqueles anos: cinema e futebol.

        No festival de inauguração só pude ver Internacional e Botafogo. Em setembro de 1970, Erechim viveu um grande momento de sua história. Mostrou para o Estado e para o Brasil, o dinamismo e capacidade empreendedora de sua gente aqui representada pela família verde-amarela. Nesta época, como todo mundo, eu vibrava muito com o grande momento de nossa história.

        O Colosso da Lagoa foi uma grande obra idealizada e construída por um grupo de pessoas empreendedoras com idéias arrojadas e que deixaram uma marca indiscutível neste trabalho. Sem dúvidas – o Colosso da Lagoa é uma das maravilhas de Erechim. (Júlio Cezar Brondani hoje é o presidente do CER Atlântico).

 

 

 

Visionário e líder empresarial trabalhava na roça



Jaci José De Lazzari tinha 18 anos. Morava com os pais e irmãos em Lajeado Ipiranga no interior de Campinas do Sul e carpia na roça. Caminhava quase 10 quilômetros de manhã para ir à escola. De tarde – no cabo de uma enxada, a roça. Aos domingos se divertia jogando futebol e nas festas de igreja.  Não conhecia nada de Erechim, mas já acalentava um sonho. Estava preparando-se para estabelecer-se em Erechim onde iniciaria sua carreira vitoriosa. Naquele ano terminaria o ginásio e queria estudar no Mantovani – preparando-se para fazer Engenharia. 
- Aí os livros atrapalharam a minha vida, disse Jaci De Lazzari, fazendo uma frase de efeito. Sim, porque quem conhece sua vida, sabe que foi pelos livros que o jovem colono saltou para ser um dos empresários de maior sucesso que esta cidade já viu, e por que não, talvez o maior empreendedor de Erechim pós anos 1970.

        Para Jaci De Lazzari, que acompanhou o festival de inauguração do Colosso da Lagoa só pelo rádio, lá no interior de Campinas do Sul, o estádio não foi um exagero. “As obras de sucesso não são para a sua época. O Colosso da Lagoa estava à sua frente do seu tempo no mínimo 50 anos”, afirma aquele que viria a ser chamado de “visionário” em Erehcim no meio empresarial. E não é que também aqui tinha razão! Ele seria nãos mais tarde o mentor e o executivo do Pólo de Cultura.

        

 Filha de fundadora viu desenvolvimento



Maria Amorim Smaniotto sabia tudo sobre o Ypiranga. Filha da fundadora do clube, Ercília Di Francesco Amorim, “dona Maria” tinha 44 anos em 1970.

        Trabalhava no cartório do pai, José Maria Amorim, um dos fundadores do clube. Dona Maria já nasceu ypiranguista. Assistiu a todos os jogos de inauguração, mas não esquece de Grêmio e Santos e o gol 1.040 de Pelé.

        Para ela, o estádio não foi um exagero. “Foi uma obra arrojada e que projetou Erechim nacionalmente”.

        Mas dona Maria via outra vantagem que o Colosso da Lagoa trouxe à cidade: “O desenvolvimento do trecho compreendido entre a Praça da Bandeira e o Colosso começou com o estádio. Os terrenos se valorizaram e hoje vemos ali, grande parte do comércio. Concentra também o maior movimento de jovens. O Colosso da Lagoa foi a alavanca desta parte da cidade. Também trouxe outros eventos esportivos e culturais para Erechim”.

        

 

 

O patrono do clube

 

  Hermes Campagnolo, que foi patrono do Ypiranga F. C. era um homem de “ferro”. Tinha 58 anos em setembro de 1970. Era casado com Pepita – com quem gerou dois filhos: Nilton Edison e José Antônio. Entre as atribuições da época neste episódio da história ypiranguista e citadina, Hermes Campagnolo comandava a Comissão de Finanças que permitiu, graças a uma gestão de sucesso, a construção do estádio.

        Diariamente, após o trabalho na direção do Frigorífico Boavistense, Hermes Campagnolo teve durante quase sete anos o mesmo programa: seguir diariamente até o fim da avenida Sete de Setembro acompanhar as obras.

        Quando entrevistei em 2000 o dr. Hermes entendia que o  clube adquiriu um grande patrimônio e com muita competência e seriedade, “construímos um estádio com base na grandeza do Ypiranga”. Erechim ficou conhecida nacionalmente e fora do país com a inauguração do estádio olímpico – lembrando que oito campeões mundiais do México estiveram nos jogos inaugurais.

- Entendendo que o estádio significa um ponto turístico e um orgulho para Erechim – Hermes Campagnolo teve a honra e a responsabilidade de representar o clube na condição de seu patrono.

 

 

Um repórter entre os astros




Osvaldo Afonso Chittolina estava há seis anos na rádio Erechim. Fora levado pelo narrador Edivar Francisco Ápio. Em setembro de 1970 – aos 26 anos – Chittolina abriu o mês com uma missão inesquecível para quem estava acostumado a cobrir o nosso futebol doméstico.

        Na pista do aeroporto, o intrépido repórter rompeu a discreta segurança e colocou o microfone na boca de Pelé. O maior jogador de futebol que o mundo já viu, recém estava contando as diabruras que fizera havia menos de dois meses pelos gramados do México.

J. B. Scalco, (já falecido) um dos maiores fotógrafos jornalísticos que o país já teve, imortalizou a cena do jovem repórter interiorano com o “rei’ do futebol”. No dia seguinte, Osvaldo Afonso estava nas páginas da Folha Esportiva da capital e, claro, pelo Brasil porque aonde Pelé seguia, as objetivas iam atrás.

        Chittolina contou-me em 2000, que de abertura do mês de setembro, as rádios só falavam no evento. “Passei uma semana entrevistando jogadores famosos (Pelé, Tostão, Jairzinho...), dirigentes, autoridades”. Quando Pelé fez o primeiro gol no Colosso, Osvaldo Afonso saiu correndo atrás do repórter da Rádio Tupi, invadindo o gramado. Era a marca do verdadeiro repórter.

        Na opinião do repórter, o Colosso da Lagoa poderia ter sido feito um pouco menor, permitindo que o restante da infra-estrutura de lazer também fosse implantada. “O estádio projetou Erechim. É raro receber um visitante que não pergunte para ir ver de perto o estádio”, acrescenta.

 

 

Futuro reitor da URI acompanhava pela Difusão

 

Cleo Joaquim Ortigara, já era casado em 1970. Residia em Frederico Westphalen, onde lecionava e estudava. Antes disso, em 1961 e 1962, foi aluno no Seminário Nossa Senhora de Fátima. “Lembro bem que a Sete de Setembro, em frente ao Seminário, ainda não tinha pavimentação, muito menos asfalto. Onde foi construído o Colosso da Lagoa era um descampado, um banhadal. Lembro da rivalidade entre Ypiranga e Atlântico. Soube sobre o estádio pelo Correio do Povo. Sempre que possível ia ao estádio, gostava de esportes. De 1990 até deixar Erechim acompanhava de perto os diferentes momentos do Ypiranga. Meu rádio estava sintonizado na Difusão. Pessoalmente, não interagi mais com o clube por pura falta de tempo”. (Cleo Joaquim Ortigara – membro do Grupo Tarefa que implantaria a URI em 1992; de 1990 a 1992 foi coordenador dos Centros Integrados do Alto Uruguai e das Missões, e primeiro reitor da URI de 1992 a 2002).

 

Ypiranga no sangue


Eu tinha 16 anos no dia 2 de setembro de 1970, recém o Brasil havia se sagrado Tri campeão mundial no México. E Erechim estava recebendo quase todos os titulares daquela que foi a melhor seleção brasileira de futebol de todos os tempos. E tinha o Rei! Pelé já era reverenciado em todo o planeta, era marca de produtos brasileiros, referencia mundial no futebol. E estava ali, na nossa cidade, no nosso estádio que estava sendo inaugurado para orgulho dos erechinenses.Eu estudava o primeiro ano do curso científico no Colégio Estadual Professor Mantovani no período da manhã e simultaneamente cursava Contabilidade à noite no Colégio Medianeira.

Assisti ao jogo Grêmio e Santos na quarta feira dia 2. No dia 06.09.1970, eu completava 17 anos, e fui ver Internacional e Botafogo. Na outra quarta-feira, dia 9, o professor (não vou citar) que não gostava de futebol, prometeu dar zero na nota para quem faltasse à sua aula para ir ao futebol! Depois ficamos sabendo que ele ficou sozinho na sala de aula naquela noite. Era o Cruzeiro de Tostão, Piazza e Zé Carlos, timaço contra os argentinos do Independiente.

Passaram 50 anos....Nesse meio tempo ( foi ontem!!!!) dediquei alguns anos de minha melhor idade para dirigir o Ypiranga Futebol Clube. Três anos como presidente e, muitos outros em outros cargos diretivos. Muito prazer me deu, nosso grupo de trabalho era grande e entusiasta!

E o Canarinho aí está, hoje competindo à nível nacional sob a presidência do nosso querido amigo Adilson Stankievicz, melhor presidente da história recente, pela sua inteligência, sensibilidade, dedicação e paixão com que se dedica ao nosso Canarinho! Feliz em estar acompanhando essa história de sucesso, parabéns jovem Colosso da Lagoa pelos seus 50 anos, parabéns Ypiranga FC! (Antonio Luiz Dal Prá – da Família Dal Prá – ypiranguistas históricos. Na foto com Rodrigo Caetano e Luciano Hocsman).

 


Presidente do Conselho – Célio Fahl

 

Quando da inauguração do Nosso Colosso da Lagoa, que chegou a ser chamado de “Estádio Olímpico”, minha Família tinha um estabelecimento comercial (bodegão), chamado Bar Amarelinho, na Avenida Pedro Pinto de Souza - próximo à Praça Dalto Filho. E como não poderia deixar de ser, o comentário futebolístico na época era, além do Tricampeonato do Brasil no México e da supremacia do Atlético Mineiro no Robertão, era a inauguração do Colosso da Lagoa, ou melhor....a vinda do Rei Pelé para Erechim.

Pois bem, chegou a data, numa quarta feira de clima maravilhoso, a cidade em polvorosa, fomos - Eu e meu Pai - ao grande espetáculo....ver ao vivo, o famoso time do Santos FC, e principalmente o REI PELÉ. E lá estava Ele, com seu uniforme impecavelmente branco (pois craque termina o jogo sem sujar o uniforme ) brilhando no gramado, também impecável , do todo majestoso COLOSSO DA LAGOA. E o maior atleta de todos os tempos, Pelé, deixou sua marca anotando um belo gol na goleira à esquerda das cadeiras sociais, e tido como o de número 1040.

Esse é o fato histórico, que minha Família me proporcionou, pois lembro que meus Pais fizeram uma mágica tamanha para que isso acontecesse, em razão das dificuldades econômicas do momento. Mas o fato inusitado do chamado Festival de Inauguração do Colosso da Lagoa, como assim foi chamada a sequência de jogos que aconteceram, se reporta ao domingo pós inauguração, quando minha segunda paixão futebolista - o SC Internacional - enfrentou o também poderoso Botafogo do Rio de Janeiro. Expectativa enorme...dois grandes times, o goleiro do Inter - Gainete - há mais de 1000 minutos sem tomar gols. E daí....como fazer para assistir esse jogo, se o dinheiro faltava. Lá foi o Chico (Célio Fahl) para o Estádio, com a cara e a coragem. Após muita negociação com o porteiro, o mesmo possibilitou minha entrada no intervalo do jogo, e com muita tristeza, e abaixo de um temporal, assisti o meu Inter perder de 5x2 para o Botafogo. Esses momentos são inesquecíveis, pois lembram nossas Famílias, nossas dificuldades, nossas histórias, nossas vivências, nossa cidade, nosso futebol, mas principalmente o maior espetáculo de todos os tempos - A VIDA. Vida longa ao Nosso Ypiranga, vida longa ao Nosso Colosso da Lagoa, e principalmente....Vida longa para nós.

 

 

Gerente da Difusão caçava autógrafos no aeroporto

 


Luis Antônio Badalotti, gerente da rádio Difusão, Guido pela mão do pai Idylio Segundo Badalotti, viveu intensamente o setembro de 1970. Ainda mais que sua família era uma vertente de saudação ao futebol. Seu pai fora inclusive árbitro de um

Atlanga que acabou “em paz”, algo raro nos anos 1960. Além disso, outros familiares do ramo/Badalotti sempre participaram ativamente do futebol erechinense e, muito familiarizados com o 14 de Julho.

Lembra daquele setembro de 50 anos atrás: “Das idas ao nosso aeroporto na busca de autógrafos dos ídolos, até e, especialmente, por ter estado em todos os jogos da inauguração do Colosso da Lagoa. Fui um dos milhares de torcedores, de todas as idades (eu com 8 anos), que acompanhou extasiado os jogos. Em 2 de setembro de 1970 estava nas arquibancadas do Colosso onde testemunhei Pelé fazer o primeiro no novo estádio”.

 

x.x.x.x.

EU E AQUELES DIAS


No dia 2 de setembro de 1970, quando foi realizada a primeira partida de futebol no Colosso da Lagoa, eu estava a 16 dias de completar 18 anos. Trabalhava no Posto Atlantic do “Seu Abílio (Machry)”. Era frentista. Comprei um carnê de Cr$ 66 para todos os jogos do festival na Banca da Salete, no canteiro central da Av. Maurício Cardoso, em frente ao Cine Ideal e ao Café Grazziottin. Comprei a prazo, é claro.

Do posto de combustíveis testemunhei toda a movimentação no entorno das delegações que se hospedaram no Hotel Erechim. A multidão, quando da estada do Santos, tomou todas as ruas próximas. Um dia, o famoso Nocaute Jack, massagista da seleção brasileira e do Cruzeiro, apareceu de abrigo branco no Posto. Tinha uma lista de marcas de cigarro para comprar, porque os atletas não saíam do hotel. Grande figura humana. Deu atenção a nós, funcionários/frentistas do Posto.

Em nenhum dos jogos do festival de inauguração, o estádio recebeu sequer a metade da sua capacidade. Falavam que o preço era muito alto. Mas em Grêmio e Santos deu umas 8 a 10 mil pessoas. Sentei quase na linha divisória do campo nas arquibancadas. Era uma noite de lua clara.

Pelé fez o primeiro gol no final do primeiro tempo, na goleira que dá para o centro da cidade. Um repórter da Rádio Tupi invadiu o campo, entrevistou Pelé, que jogou o restante da partida com uma camiseta de número 1040 – o prefixo da emissora. Osvaldo Affonso Chittolina, o intrépido repórter da Erechim correu atrás também.

No domingo, 6, a chuva começou no início da tarde e foi aumentando até virar aguaceiro intermitente quando Inter e Botafogo se enfrentaram. Assisti, sob guarda-chuva, em pé atrás da goleira que dá para o centro, o Botafogo golear o Inter por 5 a 2. O público era muito pequeno. Quase todos abrigados nas sociais - cadeiras ou sob a marquise no pavilhão social.

No domingo  seguinte, 13 de setembro, o tempo bom estava de volta. E com ele apareceu o melhor futebol que o Colosso da Lagoa viu em seus 50 anos. O Cruzeiro de Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Tostão, passeou diante do Independiente (ARG) com um clássico 3 a 0 e jogou com uma técnica fora dos padrões normais.

Depois vi muitos Atlangas, quedas do Ypiranga para o Acesso, voltas à Divisão Principal, brigas campais, o Canarinho na Copa do Brasil, nas Série D e C do brasileiro, vi jogadores bons e ruins, atletas que vestiram a camisa e honraram o clube e, invariavelmente, uma presença de público que deixava – e  ainda deixa – na sua maior parte de eventos, quase sempre muito vazio o estádio considerando sua capacidade. Isto desde quando a cidade tinha 34,5 mil habitantes (setembro de 1970) ou no século 21 quando a população é de pouco mais de 105 mil pessoas. Sem dúvidas, este é o grande ponto negativo que se atrela ao majestoso estádio, em quase 50 anos.  Não por culpa do próprio e nem de quem o projetou e construiu, mas porque esta parece ser uma sina que persegue os clubes de futebol do interior do Estado e de resto do Brasil. As grandes marcas do futebol concentram, cada vez mais, as atenções quase totais das entidades diretivas do futebol, da imprensa e dos torcedores. E olhando-se o panorama do futebol sob este aspecto desafiador, o Colosso da Lagoa cresce ainda mais em curiosidade e importância no cenário nacional.

O festival de inauguração do Colosso da Lagoa foi sem nenhuma dúvida, o maior acontecimento esportivo nos 100 anos de Erechim. Imagine você a cidade receber hoje seis dos principais clubes do país e entre eles oito titulares da seleção brasileira! Isto é impossível pois os titulares da seleção hoje jogam fora do país. E o custo?

Erechim devia tratar melhor o Colosso.

Ir aos jogos.

Bater fotos da família no Colossão.

E o que dizer daqueles que tiveram a ideia?

Levaram-na adiante.

A tornaram realidade.

Há certas coisas que não voltam mais.

Como aquela ambição.

Aquele projeto em execução.

Aqueles meus dias. 

Dias de cabelos.

Encaracolados.

O tempo. 

O tempo é implacável.

 

 Estádio da Montanha (1924 - 1970)

    Colosso da Lagoa (1970.......)