sábado, 26 de setembro de 2020

Eu morro e não vejo tudo!

 

Jayme Lago, Firnino Girardello e Eloi Zanella

 

Eu vivi para ver uma pandemia.

Eu vivi para não reconhecer rostos.

Eu vivi para ver os Beatles.

Eu vivi para ver Pelé.

Eu vivi ver o homem botar os pés na lua.

Eu vivi para ver um Papa, saudável, ir dormir e não acordar mais depois de 33 dias de Pontificado.

Eu vivi para carregar o mundo na palma da mão.

E eu vivi para ver uma obra onde um bebê nasce velho e, enquanto todo mundo vai envelhecendo, ele vai remoçando. É “O Curioso Caso de Benjamin Button” de Fitzgerald.

Eu vivi para ler Metamorfose de Franz Kafka, onde um caixeiro viajante, um dia, acorda e se descobre transformado em um enorme e horroroso inseto.

Eu vivi para ver uma liderança erechinense que foi gerente da Caixa Econômica Estadual, diretor do BRDE, diretor da Eletrosul, presidente do Ipê, deputado estadual constituinte, pró-reitor de Administração da URI e, prefeito de Erechim quatro vezes, pois eu vivi para ver este homem anunciar-se pré-candidato (ainda falta o registro oficial) a uma vaga de... vereador.

Eu não sei o que pode ser mais surreal, surpreendente e impressionante dentre os fatos aludidos - em especial: se o caso do Benjamin que nasceu já pedindo uma bengala ao pai ou, se o cara que foi deitar feito gente e Kafka o acordou feito inseto, ou – se o tetra-prefeito -, sendo pré-candidato aos 77 anos para vereador. Aos 18 anos de idade, Eloi Zanella tentou ser vereador e não conseguiu, mas agora está indo, de forma surpreendente, em solidariedade aos demais “guris” – alguns vindos de outros partidos. Até esta sexta-feira o PP tinha 17 candidatos a vereador.

Mesmo assim, lembrei da máxima, onde às vezes a ficção pode ser menos cruel, surreal e surpreendente que a própria realidade. Como diria o saudoso Geder Carraro: “eu morro e não vejo tudo!”.

 

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