Jayme Lago, Firnino Girardello e Eloi Zanella
Eu
vivi para ver uma pandemia.
Eu
vivi para não reconhecer rostos.
Eu
vivi para ver os Beatles.
Eu
vivi para ver Pelé.
Eu
vivi ver o homem botar os pés na lua.
Eu
vivi para ver um Papa, saudável, ir dormir e não acordar mais depois de 33 dias
de Pontificado.
Eu
vivi para carregar o mundo na palma da mão.
E
eu vivi para ver uma obra onde um bebê nasce velho e, enquanto todo mundo vai
envelhecendo, ele vai remoçando. É “O Curioso Caso de Benjamin Button” de
Fitzgerald.
Eu
vivi para ler Metamorfose de Franz Kafka, onde um caixeiro viajante, um dia,
acorda e se descobre transformado em um enorme e horroroso inseto.
Eu
vivi para ver uma liderança erechinense que foi gerente da Caixa Econômica
Estadual, diretor do BRDE, diretor da Eletrosul, presidente do Ipê, deputado
estadual constituinte, pró-reitor de Administração da URI e, prefeito de
Erechim quatro vezes, pois eu vivi para ver este homem anunciar-se pré-candidato (ainda
falta o registro oficial) a uma vaga de... vereador.
Eu
não sei o que pode ser mais surreal, surpreendente e impressionante dentre os
fatos aludidos - em especial: se o caso do Benjamin que nasceu já pedindo uma
bengala ao pai ou, se o cara que foi deitar feito gente e Kafka o acordou feito
inseto, ou – se o tetra-prefeito -, sendo pré-candidato aos 77 anos para vereador. Aos
18 anos de idade, Eloi Zanella tentou ser vereador e não conseguiu, mas agora
está indo, de forma surpreendente, em solidariedade aos demais “guris” – alguns
vindos de outros partidos. Até esta sexta-feira o PP tinha 17 candidatos a
vereador.
Mesmo
assim, lembrei da máxima, onde às vezes a ficção pode ser menos cruel, surreal
e surpreendente que a própria realidade. Como diria o saudoso Geder Carraro:
“eu morro e não vejo tudo!”.
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