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Tem feito uns frios (exagero
– dias e noites frias, mas no popular era assim que transitava) de renguear
cusco.
E olha, uns frios, logo
depois de grossas chuvas.
Em cima de terra molhada.
Ainda hoje – quatro ou cinco dias depois
das chuvas -, ainda hoje se afunda o pé na terra
que se finge de firme.
Quanto tu vê, tóóófffff, e lá
se foi o tênis no barro.
Mas – esses dias entremeados de chuva e frio -,
me transportam para minha infância.
Eu sei que o mundo caminha pra frente, que é
pra frente que temos que olhar – mas quem, quem
se pudesse, não voltaria no tempo para viver de novo
o que viveu ou mudar o que viveu, claro,
se pudesse levar junto a cabeça que tem hoje.
O frio - hoje por exemplo, 5 graus, com sensação
de 3. Na semana de, 3, 4, 2, zero, um grau...
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Certa feita o “eterno” Paulo Santana perguntou
em tom de afirmação:
“O que é a vida senão um eterno recordar!?”.
Ainda hoje está sendo sepultado o Clerí,
competente, impecável garçom do Realce Bar,
do Clube do Comércio
e do Atlântico. (Faleceu sábado (3) de enfarte).
Quantas recordações meu amigo – Santo Deus !
3
Quando a Baixada Rubra era o fim da cidade com
recato que deixou saudades,
pois, além só havia em
destaque
a Legião com suas 200 a 300 casinhas, sua miséria
e gente trabalhadora e digna,
o presídio e algumas "casas de luz vermelha"
nas redondezas,
aquele estádio era um templo
sagrado.
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Lá,
as tardes de domingo daqueles fins de invernos
e vésperas de primavera,
resgatados para hoje caberiam
num quadro.
– seria peça de magia, beleza e encanto.
de joelhos e com os dedos das mãos entrelaçados,
a cabeça vergada
- para que o Atlântico,
o meu Atlântico,
para o Atlântico do meu pai –
o ‘seu’ Alberto,
para que... se não ganhasse,
que pelo menos que não
perdesse à tarde.
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Depois ia direto para o bazar do ‘seu Aldinho’
ver a capa dos Roy Rogers, dos Zorro, do Tarzan,
do
Kid Colt e
do Fantasma. Passos apressados me levavam com
as calças curtas fazendo plaf, plaf, plaf, plaf
contra o vento até o centro para ver os cartazes
do Ideal e do Luz.
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No de cima – o Ideal - 007 Contra o Satânico
Dr. No!’. No debaixo, o Luz, ‘A primeira Noite
de um Homem’. Na banca da Salete homens
altos deixavam engraxar os sapatos enquanto
acendiam Belmontes e Hollywwods, um atrás do outro.
Agora já eram 11 horas. Sim, e...
não, não haveria de chover.
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Se chovesse, Santo Deus, como o Índio acertaria
o gol?
E se o Noronha, sempre tão prudente, sempre
tão cauteloso, sempre tão pisando em, em... ovos,
sem quebrar a bola, haveria de empurrar o balão
de couro com segurança, driblando a poça
d’água?!
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Se chovesse e o Paulinho patinasse sobre a linha,
e resvalasse e a, a, a maldita atravessasse
– sem nenhuma licença a linha do meu Atlântico,
e aí, assim, sem mais nem menos, gol... e, e, e...
aí sim, fim?
Não... aquelas grossas e
negras nuvens
eram puro frio, só podia ser
frio, e assim ficaria à tarde.
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Ao meio dia os portões da
Baixada se fechavam.
Entrar de graça? – só pulando a cerca por detrás
da Legião, ou, ou... se eu buscasse com o Pedrinho,
o
uniforme do Galo
lá na dona Rosina (obrigado Toninho); ali perto
do Dal Prá.
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Que ironia: a lavadeira da história do Atlântico,
vista pelas suas camisas, pelos seus calções, pelas
suas meias e sungas – era vizinha do pai do
Toninho Dal Prá, uma espécie de pai do
Ypiranga.
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Nossa! – os calções do Atlântico, brancos,
branquinhos, engomados e aquele barral no campo.
Que pecado
botar aqueles calções, lamentava de dó!
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À noite, aqueles calções alvos como plumas
e penas dos anjinhos que enfeitam as romarias
de Fátima estariam vergados, murchos,
abatidos, surrados, desfigurados - açoitados pela
lama.
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Mas, mas, mas... se fosse ao
menos pelo
ou pelo
os calções com a alegria de sempre durante
a semana, puxa vida! E não era assim!?
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Meio dia e trinta e os vendedores de tudo, sim,
de tudo – comparado a hoje, nada -, já passavam
em
frente de casa em frente ao Mantovani.
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Às duas meia, Jeepes, Simcas, Rurais, Baratas,
Gordinis, caminhões Alfa Romeo e Mercedez,
Fucas e Dekavês já iam se encostando, um ao lado
do outro, um atrás do outro, pela Jerônimo Teixeira
e na Nelson Ehlers.
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Estranho?! – não havia flanelinhas, nem guardas.
E nem roubos!
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Na frente do portão do
Atlântico,
meu tio Leonardo,
com seu defeito de nascença em uma das mãos
que a deixava em forma de quase gancho;
já oferecia lindas laranjas,
e as mais encorpadas, vistosas, carnudas,
doces e apetitosas bergamotas de Erechim.
Não, de Erechim era pouco. Da região.
Não, do Alto Uruguai também era pouco.
Eram as mais bonitas, as mais, mais encorpadas,
mais vistosas, mas, mais apetitosas, as mais atraentes,
as mais doces bergamotas do, do, do... mundo.
Do meu mundo.
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Vindas da costa do Uruguai – ali por detrás
dos morros de Três Arroios, Mariano, Severiano
e Aratiba, tinham elas o ar, a pose, a presença,
a atração,
o deboche da imponência que só as mais lindas
top-models tem, quando desfilam hoje pelas
passarelas da globalização.
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Para desespero do tio
Leonardo,
porém,
as bergamotas tinham um
defeito: eram amarelas,
amarelinhas, como a camisa do
histórico rival,
o Ypiranga.
E ainda – não bastando serem lindamente
amarelinhas; vinham enganchadas e se balançando
num galhinho com
folhas verdinhas...
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Na frente do portão da Baixada verde-rubra,
as bergamotonas do tio – amarelinhas com
decoração
esverdeada! Já ali, um Atlanga?!
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Os torcedores chegavam.
Os torcedores se precipitavam.
Os torcedores brotavam e se juntavam
e acumulavam.
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Rádios Saturnos sob o braço, e almofada
vermelhana mão.
Primeiro a fila do ingresso e depois,
o ajuntamento
em volta do caminhãozinho do tio. E logo
os bolsos compridos das calças de tergal
se enchiam de bergamotas até os joelhos.
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A carroceria da caminhãozinho pendia com
a carga e parecia ser só questão de minutos
para virar.
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As cascas amarelas, amarelonas já pintavam
o chão úmido, meio barrento pela chuva do sábado
à noite. Casconas amarelas boiavam sobre a lâmina
de poças.
Era shélp, shélp, shélp, shélp... afundando todos
os Vulcabrás no barro, na lama e junto,
afundando cascas e mais cascas, e por ironia,
a história que hoje me vêm neste inverno.
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O ar da Baixada se embriagava daquele cheiro ácido
e doce sabor das bergamotas amarelas e
carnudas quando as unhas compridas e meio
sujas da labuta da semana,
rasgavam a sua casca que saía
quase inteira.
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Lacrimejavam olhos quando o ácido escapava
à fúria das unhas, subindo ao ar com seu cheiro
eterno. Os gomos salientes e firmes, exuberantes
e apetitosos eram como seios juvenis
em peitos adolescentes cheios de vida por dar o passo
seguinte e desfazer a curiosidade e matar
a sede da ânsia incontida.
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Homens, mulheres e guris agora despencavam
de todos os lados até a Baixada.
Num vap-vup, as filas do ingresso e das bergamotas,
agora se iam para o pavilhão
verde-rubro.
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Sumiam os atlantistas de calças frisadas por entre as duas colunas de coqueiros que levavam até
o pavilhão. Onde foram parar os coqueiros
plantados a planejamento no "hall" da Baixada?
Pecado. Ah, quantos pecados!
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Havia quem preferisse as longas, as altas,
as inesquecíveis arquibancadas de madeira
atrás da goleira sob a sombra
– no inverno sombra fria - dos pés de Uva-Japão.
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Ao redor do alambrado,
O ‘seu Graví’ - com a cestinha de amendoim
atraía a gurizada e declamava: ‘os amarelo que
hoje se
cuide/
por que a cobra vai fumá/
é trêis a zero pro
Atrântico...
eeeeeeeeeee.... não tem nada
não/
vai sê um beeeem de saída do
Tomasi/
e dois golo do Pinhão!’.
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Eeeeeeeaaaaaaaaaahhhhhhhh – respondia a
galera no entorno do ‘seu Graví’,
atlantino velho,
velho atlantino,
que se lambuzava com o próprio cuspe da sua
risada
que lhe brotava da boca quase
sem dentes
depois,
dos versinhos improvisados.
Era um ídolo dos atlantistas.
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Até hoje, suspeito que a cestinha de amendoim
que o ‘seu Graví’ carregava, era um despiste,
um enfeite,
um adereço, um faz de conta, só para andar
onde
bem quisesse dentro do estádio, porque,
à minha memória não me lembro do ‘seu Graví’ vendendo
um copo de amendoim sequer – mas do seu
‘atlantinismo’ e dos seus versinhos modestos,
carregados de sentimento pelo clube
do coração, disso jamais me esqueço,
como nunca
me esquecerei.
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Quando a bola rolava,
lá pelas 3 e meia e o Chiochetta parecia pegar fogo
num vermelhão mais vermelho que a camisa
do Atlântico – após esfregar as mãos fazendo
“pegar fogo o pavilhão”,
era como se a vida tivesse parado lá fora: o "hall"
da Baixada - a entrada entre-coqueiros -
era um deserto só – apesar do
dia cinzento, enlameado, frio e com cheiro
de bergamota
inundando o ar.
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As bergamotas sobradas descansavam sobre a
carroceria da caminhãozinho do tio Leonardo.
Pergunto-me ..... anos depois: quem cuidava
das sobras, se o tio e eu
também estávamos no alambrado?
Ou, será que de vez em quando
se olhava se a carga ainda estava intocável
– e
sempre estava -, e... !?
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...e ‘Avante/
vamos para a luta...’.
Que frio era aquele que lambia minhas tripas
e as minhas orelhas nos segundos tempos,
quando o sol já não tinha mais forças para
varar os galhos úmidos e a folhas amareladas
dos incontáveis
pés de Uva-Japão,
lá atrás da goleira ‘de cima’ que dava
para as bochas?
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E o Lau – lembram?
O Lau que caminhava de um lado para o outro atrás
da goleira do Miguel, do Paulinho,
do Poppy, do
Valdir...
de quem quer que estivesse na guarda do gol
do Atlântico, caminhava sem parar entre os dois
apitos,
o inicial
e o final!
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E quando ao final dos 90 e
tantos
com o sol já caindo por detrás do pavilhão das
bochas e de bolão,
e a segunda-feira já acenando na domingueira
em despedida,
mil, ou dois mil, ou três mil se levantavam
na Baixada,
e, eufóricos ou resignados se
iam,
amassando as cascas amarelas
e barrentas,
das mais belas bergamotas daqueles invernos
dos anos 1960.
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Seria só o fim de uma tarde de fim de inverno
– ou apenas mais um capítulo de uma história,
que como a
história, não vai embora e fica.
Quanto tempo o Dartagnan e o Ceni levariam
para recolher aqueles quilômetros de fios,
agora molhados e
embarrados!?
‘Na vitória
ou na derrota/
honremos nossa tradição...’
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Almofadas esquecidas ficavam como testemunhas
ao relento
como que a conferir as razões do desastre
da derrota,
ou para rever de onde mesmo,
de onde foi,
afinal de contas
- que o Pinhão empurrara para
o fundo das redes,
aos 43 do 2º tempo,
o tento da vitória,
bem como o ‘seu Graví’
prenunciara!
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‘Atlântico,
tu és poderoso/
conquistando vitórias com
ardor
teu símbolo é belo
e grandioso
inspira confiança e amor’
43
E quando o domingo se fechava
de vez,
todos os Gordinis, Dekavês, Rurais,
Baratas e caminhões já se tinham ido embora.
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Uns para os bares da redondeza, outros para
o aconhego dos lares, outros mais – deslizavam
uma quadra para festejar a vitória, ali
pelas redondezas em algumas
"casas de luz vermelha";
que assim, aos ouvidos de hoje,
soa como velho santuário de mulheres que
compreendiam as necessidades dos homens,
e lhes ajudavam a ser mais felizes. E tudo,
sem grandes explorações – umas Serramaltes
bastavam para a volta olímpica num quartinho
onde a bacia da higiene, dormia quieta num
cantinho, sob luz vermelha (tinha que ser vermelha)
e o Vicente Celestino a rodar: “Tornei-me um ébrio
e na bebida busco esquecer/
Aquela ingrata que eu amava e
que me abandonou/Apedrejado pelas
ruas vivo a sofrer
/Não tenho lar e nem
parentes, tudo terminou...”.
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Hoje em dia não tem mais
Baixada Rubra.
A Legião emigrou para a Florestinha e fez nascer
o embrião do Progresso – o Cachorro Sentado.
Jogadores, dirigentes e torcedores
se dispersaram. Foram embora. Morreram
ou se extraviaram pelo mundo.
Pela vida!
Ainda outro dia, deparei-me com a sepultura do
Ceni lá no Jardim da Saudade.
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Os carros daqueles tempos morreram.
O Atlântico morreu.
Até as bergamotas trocaram de
cor.
Agora elas são doces, porém, não são mais
todas, amarelas. Variam. Agora elas vêm mais
cedo – e muitas delas ficam o ano todo – agora,
pintadas de verde – embora, ainda guardem
um corpo
esbelto, com casca de presença.
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Só ficaram lá onde era o campo do Atlântico,
num olhar de memória,
a escuridão,
o ar gelado,
algumas árvoes,
as bochas – meio esquecidas,
e talvez os fantasmas do ‘seu Graví’, do meu
tio Leonardo, do Índio e do Lau;
lá ficou o jeito e a cara da segunda batendo no fim
do domingo,
e o cheiro ácido
com sabor doce,
das eternas bergamotas de julho.
Pra parede não ficar nua – colocaram
um quadro de um parque poliesportivo
que atende às exigências de hoje
- tudo bem diferente.
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A vida passa.
E cada um vive a sua no seu
tempo.
E, sejamos honestos, dentro das suas circunstâncias
que viram lembranças.
E esta que aqui deito – é uma
delas.
Se os que hoje nadam, jogam
tênis ou futsal
naquele templo;
de minha sorte me aqueço com
a recordação
viva e quente daqueles dias
chuvosos e gelados.
As bergamotas do tio Leonardo na Baixada Rubra
– me confortam quando a ameaça pelo tempo que
se foi me
persegue e até me castiga.
“O que a vida senão um eterno
recordar!?”.