Que nessas horas também seja lembrado que é preciso saber jogar o jogo Crédito: Enoc Junior. |
Se o jogo tivesse acabado 0 a 0 na tarde/noite deste sábado gelado de 6 graus (29//24) no Colosso da Lagoa entre Ypiranga e ABC o torcedor sairia conformado. Afinal o time criou ótimas oportunidades na primeira etapa, mas parou nas boas e oportunas defesas do bom goleiro do ABC, Pedro Paulo. Ademais – o sistema defensivo do time do Rio Grande do Norte do país fazia uma boa partida, fechava espaços e se comportava de uma maneira que desde o início se percebeu que não seria fácil para o onze de Thiago Carvalho.
Sem ser
ameaçado, o Canarinho voltou para o 2º tempo, mas não conseguiu repetir a
intensidade do primeiro. Amarildo pela esquerda estava cansando, Gedeílson sentiu uma lesão e o ABC equilibrou
as ações. Isso levou o Ypiranga a criar menos do que estava acostumado.
As substituições de ambos os lados vieram por conta da paridade de forças e do gramado pesado. Ficou a clara sensação que o ABC está bem arrumado, defende-se muito bem, especialmente com o miolo de zaga e tem força na frente. Note-se ainda a compleição física do time do norte que tem atletas altos e encorpados - de passadas largas.
Como historicamente acontece nos últimos 10 minutos o Ypiranga sabendo que jogava em seus domínios começou a compactar mais a equipe à frente, afinal, jogar em casa sempre pressupõe a busca pela vitória. E depois de uma sucessão de escanteios e forte pressão o Ypiranga conseguiu seu gol que parecia impossível. Eram 48 minutos. Era a vitória que muitas equipes "suarão sangue" para conquistar contra o bom ABC – mas o Ypiranga parecia ter alcançado o seu impossível.
E assim,
quando todos já comemoravam os 3 pontos, uma bola perdida no meio campo, encontrou Iago do ABC, livre e um tanto longe da meta de Alexander. E, num chute quase lotérico, ele
desferiu o que era para ser o arremate derradeiro antes do apito final. A bola entrou entre o goleiro Alexander e poste
e estava decretado o empate, absolutamente surpreendente, porque o gol
canarinho já tinha sido um achado.
Acabasse 0 a
0 e todos iriam para suas casas em busca do calor e estariam conformados, afinal
o time fez uma boa partida contra uma boa equipe – e o goleiro e o sistema
defensivo do adversário justificariam
tudo que até então teria acontecido.
Mas – quando
num jogo difícil, de muitos gols não perdidos, mas impedidos por uma muito boa
atuação do goleiro adversário, se consegue quase um milagre – fazer o gol aos
48 minutos do 2 tempo num bonito cabeceio de Zé Victor; francamente aí faltou ao Ypiranga algo elementar no
futebol: uns chamam de malandragem. Eu prefiro rotular de maturidade. Era hora de um
jogador cair no gramado extenuado. Era hora de parar todo e qualquer lance. Era
hora do tão lamentado desconforto que alguns atletas mundo afora sentem antes
de partidas, durante ou depois, sentirem em qualquer lance e parar a partida. Era hora de não fazer cera, porque já nem havia
mais tempo para isso. Era hora de esperar o árbitro apitar o fim da partida.
Enfim – faltou maturidade. Tomara que o grupo de atletas do Ypiranga tenha
aprendido a lição.
Na minha opinião o Ypiranga continua fazendo um campeonato com bons desempenhos. O técnico Thiago Carvalho revigorou o time que tem qualidades nos 11 que vão a campo e no banco de suplentes. Mas um grupo assim não pode esquecer que os grande times, geralmente, ganham não só por que são grandes - mas também por que sabem jogar o jogo. E o futebol é um jogo, especialmente, de erros.