quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

E agora Jair!

 

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1

Sim eu sei.

A posse de Joe Biden foi nos Estados Unidos.

Não aqui.

Mas o homem mais poderoso do mundo,

hoje, é Joe Biden.

E quem ele substitui?

Eu sei que o Brasil tem sua independência

política e econômica.

Sua soberania.

Mas reforçar - em dúvida,

mesmo que de fininho,

não custa.

Tem mesmo?

 

2

Joe Biden é a antítese de seu antecessor

que governou portando-se como se fosse

o “deus redentor do mundo” sem provocar

grandes conflitos sim

– mas com uma pose de autoritário populista

poucas vezes vista em termos norte-americanos.

Não por nada que no apagar das luzes,

de seu governo, conseguiu inflamar uma turba

que invadiu o Parlamente do país

configurando um incidente sem precedentes

e talvez jamais um subseqüente naquele país.

 

3

O novo presidente norte-americano

anuncia um país que voltará à mesa

de negociações, vai privilegiar a ciência

e as questões climáticas,

a volta do Tratado de Paris,

derrubar os muros imigratórios,

valorizar as instituições da república e

– no mínimo – neste momento,

andar de máscara para como chefe da nação

dar o exemplo.

Enfim – lá nos EUA mais 81 milhões de eleitores

não obrigados a votar - foram às urnas

para dizer claramente que modelo

de governante desejam.

 

4

Haverá problemas?

Claro que sim

– mas a questão central é que os americanos,

na sua maioria, optaram por um governante

mais sereno, moderado e moderno aos olhos

do mundo e, principalmente  que,

aparentemente, não se deixará influenciar e reagir

por lampejos.

Não se dobrará à insensatez.

 

5

Se este deve ser o comportamento do governante

da nação mais poderosa do mundo,

até prova em contrário – porque temos a China

brigando por essa posição, com outras armas,

mas ocupando lugar de destaque na geopolítica -,

pois se este deve ser o comportamento

não de Biden, mas dos Estados Unidos da América

nos próximos quatro anos – enquanto governo,

quem sai perdendo?

O Brasil tem sua soberania,

Mas sobrevive só?

Como ficam agora os aplaudidores

do antecessor de Biden,

 com suas extravagâncias de prepotência!?

Só pra refletir: e se hoje o nosso  

embaixador nos EUA

fosse conhecido por aqui

como 01 !?

Não seria ilegal – mas e a imagem, as relações,

os negócios... o futuro!

 

6

Ao que se deduz a China que está à esquerda

do Brasil, estaria atrasando a remessa de insumos

para mais vacinas por conta de linguarudos levianos

de plantão, sempre a atrapalhar o Brasil.

Ontem, a imprensa questionava por que

a Índia preferiu doar vacinas

(antes de vender vacinas ao Brasil)

a países como Ilhas Maldivas, Nepal, Sri Lanka,

Ilhas Maurício, Afeganistão, Butão, Ilhas Sychelles.

Pode ser um lance estratégico para se dar bem

 com os vizinhos, mas se a diplomacia brasileira é

considerada de boa qualidade,

o que está impedindo o avanço nas negociações!?

A propósito, Narenda Modri, primeiro ministro indiano,

 governante de direta e boas relações com

o ex-presidente americano – foi um dos primeiros a

cumprimentar Joe Biden.

Índia e Brasil estão nos Brics

– mas perseguem caminhos iguais?

Quem é hoje melhor visto pelos donos do mundo

 EUA e China: Brasil ou Índia?

E o trem da vida não para.

 

7

O mundo nunca foi um só.

A não ser, quando visto do espaço.

Então é natural que haja divisões

em todas as áreas humanas e,

muito especialmente quando nos referimos

à ideologias e à política, mas sempre chega o dia

onde a racionalidade e o bom senso

voltam a dar as cartas para salvação,  

mesmo  momentânea,

da humanidade, sempre ameaçada,

graças a insensatez, ou desfaçatez,

ou ignorância de alguns destrambelhados

que aparecem como cometas nos céus,

ou como vulcões que entram em erupção,

de quando em vez

– sempre deixando rastros temerários.

Sejam os cometas de direita,

 ou os vulcões de esquerda.

 

8

Não aos extremismos.

Não à megalomania.

Não aos apocalípticos.

Não aos negacionistas da sensatez,

da ciência, da fé e da esperança.

Não a todo e qualquer tipo de populismo.

Se assim é a coisa mais aconselhável,

conclui-se que a velha e boa democracia

ainda é o melhor caminho!

 Pois é – aí depende.  

A velha é boa democracia,

no papel, é uma maravilha.

Mas e na prática?  

Eis aí o outro “X” da questão quando

envolve humanos e países.

 

9

Apenas para reflexão

– peguemos o artigo 5ª da nossa Constituição

que diz na sua abertura: “Todos são iguais 

perante a lei, sem distinção....”., como lembrou

esses dias o empresário Mattar.

Peguemos o que recebe um professor.

Peguemos o que recebe um aposentado.

Peguemos o que recebe um policial

civil ou militar.

Peguemos os 92 impostos federais, estaduais

e municipais, taxas e contribuições no Brasil.

Peguemos as solturas, vergonhosas, de graúdos

que muito dizem sobre nosso estágio democrático.

Peguemos o não à 2ª instância e seus porquês.

Peguemos os impostos incidentes sobre

produtos essenciais como alimentos,

combustíveis,

medicina e remédios,

veículos,

energia e água,

material escolar,

itens de casa, material de construção.

Peguemos os privilégios de Legislativo e Judiciário.  

Que democracia é essa?

Peguemos o voto obrigatório.

Peguemos o sistema carcerário desumano.

Peguemos os “crimes” nas estradas e acontece o quê?

Peguemos a lista de corruptos que permanecem

atrás das grades.

Peguemos 513 deputados federais para quê?

Peguemos nove vereadores em municípios

até 15 mil pessoas, para quê?

Peguemos hoje, sim, hoje

– uma lista e vamos a um supermercado.

Um absurdo.

Simplesmente – um absurdo.

 

10

Pois é.

Essa democracia “a La Brezil” é de direita

ou de esquerda?  

Lula e Dilma, de esquerda,

ficaram no poder 14 anos

e a “ditadura dos impostos” permaneceu.

Intocável.  

Bolsonaro, de direita (ou sei lá...!)

está no poder desde 2019 e a ditadura

dos impostos, intocável, permanece.

Neste meio, Michel Temer de (sabe-se lá o quê? –

centro/direita ou centro/esquerda ou centro/nada),

ficou de 2016 a 2019 e a ditadura dos impostos

passou a “lo largo” do governo.

FHC, Itamar, Collor e Sarney,

pode-se dizer todos “em cima do muro”,

mas sempre, sempre, sempre

– governando para o “establischment”.

Para manter tudo isso.

Assim foi. Assim é. Assim será.

 

11

Mas o que é preciso frisar é que no mundo

há democracias onde certas coisas funcionam,

como realmente está escrito.

Pegue-se o Judiciário nos EUA por exemplo.

Vai lá e afronte a lei por qualquer afronta.

O livre arbítrio respira lá também.

Agora – se culpado e apanhado

nem Dom Adimir te livra.

E é isto que mais decepciona no nosso país.

Decepciona a grande classe média que

Acreditava em novos tempos com nosso JB.

É isso que traz o desânimo.

É isso que distorce o termo – “democracia avançada”.

Que o novo presidente da nação

mais poderosa do mundo

não se deixe descambar para nenhum lado

e, que não desconte nos brasileiros,

as paixões de radicais por trumpistas.

Muito menos que se encante

como Obama por Lula,

mais com cara de marketing do que de verdade.

A nossa democracia ainda é juvenil, eu sei.

Um dia ainda haveremos de ter alguém

com tais princípios no seu cérebro

e na sua alma – colocando em prática

a conceituação: “do povo,

para o povo e pelo povo”.

Como diria Kafka. “Mas atenção,

também isso pode ser mera ilusão!”.

 

12

E o nosso presidente mandou ontem uma carta a Joe.

Imagino a cena: “esse não é aquele que tomou partido

na nossa eleição interna;

esse não é aquele que apoiou meu adversário;

esse não é aquele que fez eco a Trump

que roubamos a eleição?

Esse não é aquele que levou quase 40 dias para

reconhecer minha vitória;

esse não é aquele que mencionou pólvora

- quando se falou na Amazônia?

Esse não é aquele que também fez eco à

invasão do Capitólio?”.

Por tudo que li e ouvi do presidente dos EUA

- e principalmente por causa da Amazônia,

penso sim que haverá diálogo.

A floresta é nosso cheque em branco.

Queira Deus que os oráculos do

nosso mandatário

o convençam a deixar Trump no seu

resort particular na Flórida e puxe

uma cadeira

- a cadeira da qual não há como abrir mão

hoje, amanhã e jamais.

A cadeira do diálogo.

Com o presidente dos EUA.

O resto é sonho de verão, perfumaria,

ilusão de quem acredita que pode viver

só por que sua fé na vida eterna,

na terra,

está acima de todos e de tudo.

Poderiam ainda informar ao ilustre

mandatário estadunidense:

“mas esse também é  aquele que

desde quando assumiu

- não tem se ouvido falar mais,

em vazamentos nos canos por onde

corre dinheiro federal,

na “casa que ele comanda”.

Seria justo também.

 

 

13

Por enquanto,

 olhando para o cenário que se abre

neste 20/21 de janeiro com suas realidades

me permito parafrasear,

respeitosamente a todos o nomes,

o primeiro verso de Drummond com

seu poema – José.

 

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

“Agora é Joe – E agora Jair!”