Chegou a hora. É hoje. O Ypiranga foi postergando, postergando, mas não dá mais. É tempo suficiente de Série “C”. O dia da “B” é hoje.
No ano passado, deixou o cavalo passar encilhado em pleno
Colosso. Numa partida de times muito parecidos, o Canarinho foi vitimado pelo
“medo de subir”. Jogou tão de freio de mão puxado que conseguiu só igualar-se
ao seu adversário. E precisava ganhar. E dava pra ganhar.
Querer trocar de Série requer coragem. Requer exposição a riscos.
Requer superação e consciência que dá. Vai que dá. Requer, sobretudo, vontade
de querer ganhar, se impor e vencer.
O Ypiranga acumulou ao longo de toda a Série “C” um
componente que é decisivo para decisões – com o perdão intencional da
redundância. Falo não apenas do bom futebol, de um time bem armado e com
virtudes que podem lhe dar condições de sonhar. O Ypiranga acumulou,
fundamentalmente, confiança.
O time que se mostrou ao longo da Série “C”, bastante regular
– olhando-se toda a campanha -, leva para dentro de campo essa arma, esta
virtude que geralmente confirma a vitória dos vitoriosos (confiança), além, é
claro, um futebol sem afobação, de nervos no lugar, de coragem e intensidade. Jogar
bem – e isto o Ypiranga já mostrou que pode porque tem um grupo que mostrou que
pode.
Vou contar um coisa: há muitos e muitos anos, num sábado à
tarde, nós tínhamos um time de meninos pertinho do Atlântico, aliás, lá é que
jogávamos.
Pois naquele sábado à tarde, como hoje, pegamos a Cruzada (o
maior time de Erechim naquela época – era apenas o time do Carpegiani e outros “monstros”).
Eles tinham tudo mais que nós, ou quase tudo. Tínhamos dois ou três craques e
entramos com mais determinação e vontade.
Ganhamos o jogo por 3 a 1. Para que não me peguem como se não
fosse verdade, dou o nosso time: Toca; Paulo, Paulo Sonora, Facão (João Cláudio
Fachini) e Zé Pirulito; eu, Zeca e Glênio Sebben; Sidney, Toninho Dal Prá e
Paulinho Madalozzo. Quem tiver dúvida, pergunte ao Toninho Dal Prá, ele deve
estar no Colosso da Lagoa hoje, porque é Antonio Luiz Dal Prá, vice-presidente
da FGF. Faço apenas uma observação à justiça: naquele sábado, Carpegiani não
jogou. Para nós! - ainda bem.
Voltando ao Ypiranga.
Um recado aos jogadores.
Sim, tem o técnico.
Sim, tem o preparador físico.
Sim, têm auxiliares.
Sim, tem toda uma estrutura que faz parte.
Mas, dentro de campo, é com vocês.
Se vai acertar o passe é com vocês.
Se vai finalizar dentro do gol é com vocês.
Se vai subir mais que o adversário é com vocês.
Se vai ganhar aquela dividida é com vocês.
Se vai chegar antes é com vocês.
Sim, tem a carreira de vocês.
Sim, tem a família de vocês.
Sim, tem a qualidade de vocês, a garra de vocês, a gana de
vocês, a competência de vocês, o futebol de vocês a bola no corpo de cada de
vocês.
Ah - mais uma coisa: esqueçam o juiz. Joguem o que sabem e já jogaram.
Não quero falar de sorte ou de azar – mas que os “deuses do
futebol” não punam o onze Canarinho por conta de má sorte. Se o time fizer uma
partida que mereça o sorriso da vitória – que este 16 de janeiro entre para a
história do clube, como o grupo todo; registrando o dia em que o Ypiranga
encontrou-se com a hora de trocar a “C” pela “B”.
Vai Ypiranga.
Voa Canário.