segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A pandemia no mundo e a eleição em Erechim

Epidemia, Coronavírus, À Espreita

A eleição municipal em Erechim, mais especificamente este período onde os partidos buscam definir seus nomes e parceiros, não foge à regra: segue a cartilha de Campo Pequeno. Tudo será conjecturado, conversado, quase definido, reaberto, outras possibilidades serão consideradas e na última hora do último dia para o registro das candidaturas na Justiça Eleitoral, só aí, teremos uma definição. E, quase sempre o quadro final vira surpresa. Por isso a Página 3 de “A Voz da Serra”, e este blog, tratam com zelo este período, visando não expor coligações e nomes e, ao mesmo tempo, não fraudar involuntariamente a expectativa do público consumidor. Mas zelo, não significa, deixar o processo de lado.

O Novo Covid-19 surgiu na China. O primeiro paciente apareceu, oficialmente, com o vírus no dia 12 de dezembro de 2019 em Wuhan. Estudos retrospectivos detectaram um caso com “sintomas” do vírus no dia 1º de dezembro. No Brasil, o Ministério da Saúde informou o primeiro caso de Covid-19 no dia 26 de fevereiro – quarta-feira de cinzas. O que veio depois todos sabem.

O que ninguém sabe com absoluta certeza, é qual é o remédio certo, definitivo, mundialmente aceito como o “remédio contra o Covid-19”. Inúmeras ações de combate foram implementadas em todo o mundo: isolamento social, distanciamento social, uso ou não de máscaras, uso ou não de álcool gel, qual a graduação mesmo, confinamento total, cuidados especiais com idosos, crianças são menos suscetíveis, sintomas, correr para o hospital ou evitar hospital e informar as autoridades da saúde, cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, testes sorológicos, PCR, curva do Covid, platô, pico, UTI, falso/positivo, 14 dias, 21 dias, entubado, velórios rápidos, boca, nariz, tosse, espirro, aglomeração, foi Covid ou outra coisa, vacinas na fase 1, fase 2, fase 3... e... enfim, a politização da pandemia. Como tudo isso vai terminar, só Deus sabe.

Pois assim é, e assim sempre foi a eleição municipal em Erechim. Enquanto em algumas cidades já se agendam debates, por aqui, como os partidos irão se acomodar, quais os nomes que irão “se queimar” e, quais estarão na urna eleitoral, nenhuma autoridade da “saúde/política” de Campo Pequeno sabe. Dizem que sabem - mas não sabem. Atiram ao ar ou na frigideira, a imprensa pega, e, na verdade, ninguém pode afirmar nada com certeza absoluta. 

Os políticos fazem o seu papel como sempre fizeram. Da boca para fora podem até descartar um que outro partido, este ou aquele nome – mas, assim como no caso do Covid-19 em termos mundiais -, ninguém, de fato, sabe, como essa história vai terminar. Esta é a máxima que sempre guiou os estudos sobre a nossa política doméstica. Em síntese: assim como o andar da carruagem a tudo que envolve o “vírus que mudou o mundo”, também a carroça política de Campo Pequeno carrega uma só e única certeza: só Deus sabe como isso vai terminar.  

E para se ter uma real dimensão do quanto a pandemia é um desastre mundial, em comparação à eleição municipal de Campo Pequeno, o fato é que no caso eleitoral os nomes serão conhecidos no dia 16 de setembro. No dia 26 será a hora “H” do registro. Não fosse o prazo previsto pela legislação eleitoral, é provável que a discussão superaria em tempo o fim que um dia (oremos) haverá para o Covid-19.

Não seria o caso de se começar a desenvolver estudos e pesquisas sobre uma vacina, eficaz e duradoura, para o “Velho Covid-Político Made in Campo Pequeno?”. Assistimos há anos, grupos com “sua própria crença” moral. É uma espécie de aceite cego a vermífugo, desde que seja o seu.

Çabios do ramo tem dificuldades para estudos conjuntos. E assim, uma vacina coletiva, não tem horizonte auspicioso. É o que a história nos mostra. E aqui não vai nada em específico a quem quer que seja. Prega-se apenas o desarmamento de espíritos e um olhar citadino e futurista. O panorama é velho e claro: a cada quatro anos, ou dois, como queiram, vivemos nossa própria epidemia ou, nosso pandemônio, ávido por poder. O resto é adereço. Enfeite. Perfumaria. 


sábado, 22 de agosto de 2020

O legado da “Sissi”

 Crédito: reprodução/Atmofesra

Fui surpreendido no final da tarde de quinta-feira, 20, com a notícia do falecimento da “Sissi” (Celci Nunes da Silva), 69 anos. Ela foi encontrada já sem vida por seus filhos em seu apartamento, perto do meio dia de quinta-feira. A “Sissi” teria sido vítima de infarto.

Trabalhei com a “Sissi” na A Voz da Serra, no Diário da Manhã, no Boa Vista, no Bom Dia e no Grupo Atmosfera de Comunicação. Ela passou a vida vendendo anúncios para jornais e rádio, assinaturas, mensagens em datas importantes e, promovendo edições especiais de jornais sobre os mais diferentes assuntos.

Sua forma respeitosa, tranquila e afável lhe rendeu milhares de amizades. Era uma pessoa pela qual tinha respeito e admiração por sua abnegação e pelo amor que devotava à sua profissão. Era simplesmente apaixonada pelo que fazia.

Com a “Sissi” se vai mais um pedaço da imprensa erechinense e, por que não, de um setor importante da vida de nossa cidade, ou seja, a relação comercial entre imprensa e empresas privadas e setor público.

Até onde sei, ela jamais confundiu interesses comerciais ou públicos com a linha editorial do órgão que representava, e isso lhe dá um lugar especial nessa relação não raras vezes, espinhosa. “Sissi” deixa os filhos Marcelo e Karla e a neta Julia e, talvez, meia cidade de amigos. Atendo a um pedido seu, os filhos levaram o corpo para ser cremado em Passo Fundo. “Sissi”não será esquecida. Esculpiu com paixão um lugar de honra em Erechim.

 




PSDB prega zelo pelo dinheiro público

 

 
Alan Festugatto - presidente do PSDB em Erechim 

 

O presidente do PSDB, Alan Festugatto, faz um resgate dos feitos da administração comandada pelo prefeito Luiz Francisco Schmidt (PSDB), para tentar conquistar mais um mandato à frente da prefeitura de Erechim. Ele elenca uma série de realizações implementadas no município pela atual gestão. Se isto será suficiente para seduzir o eleitor, veremos no dia 15 de novembro. Para tanto o partido definiu Roberto Fabiani como seu pré-candidato, buscando uma composição com outros partidos. Na raiz do projeto do PSDB está a “responsabilidade fiscal e o zelo pelo dinheiro público”. Vejamos o que o presidente do PSDB tem a dizer neste espaço “Uma voz na Voz”.

 

 

José Ody – O partido pretende ter nome a prefeito?

Alan Festugatto - Dispomos de um grupo heterogêneo, quadros dos mais diferentes segmentos, voltados, cada um, a discutir e construir uma cidade ainda melhor. Isso acaba, em nosso entendimento, legitimando a pretensão do partido em ter um candidato a prefeito.

 

José Ody – Quem é ou quem são os nomes mais cogitados?

Alan Festugatto - O pré-candidato definido pelo partido é Roberto Dionísio Fabiani. Empresário com comércio constituído há cerca de 40 anos, homem público íntegro, participou de uma administração séria e transparente, contribuindo com enorme empenho na resolução de inúmeros problemas que existiam em nossa cidade. Estacionamento Rotativo, Transporte Coletivo Urbano, Plano Diretor que não era atualizado desde o ano de 1994, precariedade de nossas Vias Públicas onde a Municipalidade firmou inúmeros contratos de melhorias de asfalto, aquisição da Fundação Cotrel, Preservação do Patrimônio Público, tais como: Prefeitura Municipal de Erechim, Chafariz. Modernização do Viaduto Rubem Berta, Modernização de Praças. Manutenção dos serviços do Hospital Santa Terezinha, Construção e manutenção de Unidades Básicas de Saúde com medicamentos e insumos, construção de Escolas, Investimentos em Segurança Pública, entre outras realizações.

 

José Ody – Com quais partidos o PSDB tem conversado?

Alan Festugatto - O atual momento vem servindo para conversarmos com os partidos, o que é de fundamental importância para discutirmos e construirmos alternativas para o desenvolvimento de nossa cidade. Naturalmente por sermos situação, existe uma proximidade com os partidos que estiveram conosco neste período, além de outras agremiações que vem se mostrando dispostas a dialogar.

 

José Ody – Luiz Francisco Schmidt está fora do pleito enquanto candidato?

Alan Festugatto - O prefeito Luiz Francisco Schmidt não será candidato.

 

José Ody - O que o senhor pensa sobre a cidade?

Alan Festugatto - Erechim no ano de 2019 conquistou o prêmio de melhor saúde bucal do Estado. Foi considerado o segundo município do Estado menos violento. É a 32ª melhor cidade do país para se investir, à frente de Passo Fundo-RS e Chapecó-SC. É a 2ª melhor cidade do Estado em Governança Municipal, pesquisas feitas pela revista Exame/Isto É. Tem um hospital público que serve de referência para mais de cem municípios. Possui duas equipes com expressão no cenário nacional como Atlântico e Ypiranga. Temos aqui o Rally de Erechim que anualmente atrai a atenção de toda América do Sul. Uma cidade limpa, planejada. Um Pólo Industrial extremamente forte, com empresas consolidadas nos seus mais variados segmentos. Há muito o que avançar, entretanto, considerando os depoimentos e experiências de amigos próximos, Erechim é uma cidade que deixa saudades a todos aqueles que por alguma razão não vivem mais aqui.

 

José Ody – Que projeto o partido pretende defender para a próxima gestão?

Alan Festugatto - Defendemos um projeto construído por todos: sociedade civil, entidades, associações, entre outros. Apesar de ainda não termos a real dimensão do impacto social-econômico que a grave crise sanitária nos trará, entendemos que será de suma importância que o próximo gestor tenha responsabilidade fiscal e zelo pelo dinheiro público, oferecendo um projeto viável e exequível respeitando o orçamento, as leis e as prioridades existentes em nosso município.

 

domingo, 16 de agosto de 2020

PRTB e Solidariedade em "Uma voz na Voz"

(A Voz da Serra - 15/8/2020)

(Roberto Lucas/Arquivo)

Roberto Lucas é graduado em Direito e atualmente conclui pós-graduação em Ciências Políticas. Há pouco tempo resolveu entrar para a prática política, menos por vocação e mais pela carência de representações conservadoras na área pública, segundo ele mesmo. Hoje ocupa a Presidência no Órgão Municipal do PRTB em Erechim, sigla cujo nome mais afamado é o do Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão. O partido tem nome à prefeitura: Thiago The Policie.



José Ody - O partido pretende ter candidato à majoritária em Erechim?

Roberto Lucas - O PRTB certamente contará com candidato ao sistema eleitoral majoritário.

José Ody - Em caso positivo, quem é ou quem são os nomes mais cogitados?

Roberto Lucas - Tiago The Police indiscutivelmente será o nome do PRTB à majoritária. Embora ainda esteja em discussão quem irá compor juntamente a chapa, mas a presença dele é a certeza.

(Tiago The Policia/Arquivo)

José Ody - Com quais partidos tem conversado mais?

Roberto Lucas - Somos a única sigla em Erechim de fato alinhada com o Governo Bolsonaro. É algo evidente que não temos interesse em conversar com siglas à extrema esquerda do espectro ideológico. Neste contexto, entre outros já chegamos a dialogar com o DEM, PTB, PP e recentemente conduzimos uma conversa produtiva com o PL.

José Ody - O que o partido pensa de Erechim hoje?

Roberto Lucas - Erechim é uma cidade com um enorme potencial de desenvolvimento. Acabou ficando estagnada no tempo em virtude de uma série de governos “fisiologistas”, que se preocuparam mais em favorecer interesses alheios e a própria perpetuação no poder, deixando de lado o empenho no desenvolvimento municipal. Dentre estes tivemos os governos de esquerda que, para além, ainda fizeram a máquina estatal (municipal) “inchar” e como consequência, oneraram sobremaneira o contribuinte e a máquina pública. Apesar disto, certamente é tempo de, gradativamente (e com a gestão certa), corrigir os erros e colocar a cidade de volta nos “eixos”.

José Ody - Que propostas o PRTB defende para Erechim?

Roberto Lucas - Queremos materializar um governo com maior participação popular. O mote é incentivar a democracia participativa. Dar voz ao cidadão permeará a dinâmica de nosso governo.

Em virtude dos efeitos da pandemia a economia deverá ser guiada com uma política de austeridade, com corte de gastos que não forem estritamente necessários. No que for possível, queremos uma máquina pública “menor” e mais eficiente, operando com mínima interferência (entraves) no empreendedorismo municipal, visando à manutenção e geração de empregos.

Com o corte de gastos inócuos da máquina pública, queremos realocar investimentos para a área da saúde, bem como, buscar investimentos estaduais, federais e privados. Necessário primar por atenção especial na qualidade e eficiência dos serviços de saúde, para tanto constantemente ouvindo reclamações e demandas dos usuários.

Na educação, queremos olhar com muita atenção para a questão das creches. Também temos o projeto da Escola Cívico-Militar, conhecida pelo nível diferenciado de ensino e aproveitamento. É um projeto que queremos implementar em Erechim.

Segurança é um dos principais eixos a serem trabalhados pelo PRTB. Estudamos viabilizar a implementação de uma guarda municipal. Além destes principais eixos também existe a preocupação com a logística e infraestrutura, malha asfáltica, etc. Mas, em brevíssima síntese, estas são as principais propostas idealizadas pelo partido, que deverão ser detalhadas e instrumentalizadas por nosso candidato no momento oportuno.

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Solidariedade é objetivo nas respostas

 

(Airton Pereira da Silva/Arquivo)

Airton Pereira da Silva é o presidente do Solidariedade. Atualmente é o Secretário Adjunto do Meio Ambiente do Município. Não irá concorrer. Ele está na política desde 1982.

Solidariedade é um partido novo com apenas sete anos de existência, que, segundo seu presidente, luta pela igualdade das pessoas e daqueles  que mais precisam. Nesta entrevista de respostas bastante objetivas, o dirigente diz que o partido vai apoiar aquele que “for o melhor nome para a cidade”, sem citar quem. Por dedução, deve estar ao lado do candidato que a atual administração lançar.

 

José Ody - Seu Partido pretende  ter candidato a majoritária.

Airton Pereira da Silva - Não

 

José Ody - Vai apoiar alguém?

Airton Pereira da Silva - Iremos apoiar o que for o melhor nome para cidade de Erechim .

 

José Ody – O que pensa sobre a cidade hoje?

Airton Pereira da Silva - É uma cidade de grandes oportunidades e de grande potencial.

 

José Ody - O que defende para o futuro de Erechim?

Airton Pereira da Silva - Mais geração de empregos, e mais qualidade de vida através de infrestruturas nos bairros do município.

 

José Ody – O partido terá candidatos a vereador?

Airton Pereira da Silva – Sim. Temos 26 nomes como pré-candidatos.

sábado, 15 de agosto de 2020

A intrigante discrição dos grandes

 

           *  A Voz da Serra - 15/8/2020


                                    1

 

Naquela noite de 30 de agosto de 2016, na Câmara de Vereadores (lotada), quando tomamos posse na condição de membros da Academia Erechinense de Letras (AEL), francamente, meu confrade, nem senti que tinha passado dos limites. Falar em nome da Dra. Karina Denicol, do consagrado Gildinho dos Monarcas e, do senhor – Dr. Paulo, com sua estatura profissional, literária e moral – foi para mim, certa feita um guaipeca atropelado para a vida dali de perto da antiga Legião (cerca de 200 casinhas pintadas a óleo cru, sem água e sem luz), das cercanias da velha Baixada Rubra e de lá onde os circos e ciganos acampavam vez por outra - e onde mais tarde se ergueria o Colégio Mantovani, (perdoe o parágrafo irresponsável/longo), pois, naquela noite uma luz me cegou – ou teria se acendido!?

 

Mas que história era aquela de eu estar falando em nome daqueles três novos membros da AEL? Eu lembro: foram abrindo mão, transferindo e, em mais um gesto que revela toda sua grandeza, o senhor – do alto da sua vida -, deixou o microfone para o menor de todos. O fato é que ali abriu-se uma porta para sucessivos encontros – longe do consultório -, para a troca de ideias e conversas informais sobre letras, obras, autores, cotidiano e amenidades. Refiro-me às reuniões mensais da Academia.

 

2

 

Quantas vezes nesses quatro anos de convívio fui tirado da minha atenção ao que se dizia na reunião pela boca da presidente Dra. Helena Confortin, e mais recentemente pela Dra. Lúcia Pagliosa, pois quantas vezes fui surpreendido pelo silêncio ensurdecedor, quando, permita-me, o amigo ingressava na salinha ali nos fundos da Biblioteca Municipal Dr. Gladstone Osório Mársico, em busca de uma cadeira para sentar.

Sua saudação quase inaudível, não por saúde, mas seu jeito afável de ser – avançava por entre as cadeiras sem ruído e, elegante, de gravata colorida, metido em sua calça frisada, em seu paletó sempre alinhado em alinho com seus cabelos grisalhos igualmente alinhados fio a fio, para enfim, sentar-se, cruzar as pernas, descansar os braços sobre o peito e deitar um sorriso desapressado, quase um a um, sem deixar de ser coletivamente democrático. Seus sapatos, invariavelmente de couro, se não me equivoco alternando entre marrom e preto, empinavam no fim das longas pernas, um sujeito que vinha de um tempo onde os cuidados com o figurino, deveras, ainda eram, mais que um modismo - um contexto de pessoa.

 

O que dizer das suas intervenções que não eram intervencionistas, mas colaborativas, quase sempre asseverando as deliberações. Não que fosse avesso ao diálogo, mas “para que abrir uma nova janela de debates, sobre o que já estava posto e em concórdia!?”. Sim – o Dr. Paulo não tinha a necessidade, muito menos a volúpia, por se fazer notar, características que geralmente tão dentro de muitos de nós residem, mais que inquilinos – posseiros/proprietários – de tal azar que só nos damos conta, quando já passamos da linha da saturação e nem ninguém mais quase presta atenção, a não ser, por comiseração que só em ambientes sóbrios e de boa educação sobrevivem.

 

3

 

Vagou a cadeira 30 da Academia Erechinense de Letras. Uma ausência instala-se em um apartamento da rua São Paulo. Abriu-se uma falta na vida da esposa Ivone, dos filhos, netos e demais familiares, impossível de ser preenchido. A quietude aquietou-se em si mesma.

  

Igualmente fez-se silêncio em sua sala no Centro Clínico do HC, esvaziou-se sua cadeira de consultas, seus equipamentos da otorrinolaringologia descansaram e, suas obras infantis, seus contos, suas novelas, sua produção romântica, histórica, poética, seu Guri Basilisso e a Laranjeira das Almas reeditados em 2018, esta última, certamente a nos expiar com seus frutos, acomodam-se agora nas prateleiras da história de Erechim.

 

E por que quando uma empresa, seja ela do porte que for se fecha ou vai embora, aludimos logo com razão que a cidade está mais pobre, podemos admitir que assim também deve ser quando o patrimônio cultural é dilapidado, sem volta, pelas circunstâncias naturais da vida porque um dia tudo se transforma mesmo desconhecendo apelações.

 

4

 

Devemos sim, lamentar a perda de Paulo Dias Fernandes porque com a sua despedida, não só a sua família, a medicina, as letras e a cultura estão mais pobres, mas por que, a cidade se vê privada – como já aconteceu com outros que se foram -, de um dos seus mais ilustres e nobres membros. Partiu o Patrono da Primeira Feira do Livro de Erechim levada à praça em 1977.

 

Olhando pela fresta que nos é disposta ou pela qual nosso olhar tem curiosidade, a verdade é que o cidadão Paulo Dias Fernandes, nos deixou fisicamente – mas nos legou um admirável exemplo. Não, não diga nada. Apenas expie a vida deste homem, conjugando todos os valores com suas possibilidades, que a vida pode oferecer e aí avalie. Um gentleman na mais fiel conceituação do termo e, proprietário de uma assustadora humildade.

 

5

 

Vai-se o homem, fica a obra - em toda sua extensão. A despedida do Dr. Paulo Dias Fernandes, como tornou-se quase um padrão local mencioná-lo - em nomes e sobrenome -, nos coloca diante de um paradoxo, ambos incontestáveis:  se a respiração cultural da cidade está mais pausada e enfraquecida – sua história avolumou-se e engrandeceu-se.

 

Não tenho a pretensão de falar em nome da Academia Erechinense de Letras (AEL), mas como mencionei a instituição no início, porquanto foi ela que permitiu nos aproximarmos e, nela, saboreamos belos momentos junto a todos os demais confrades e confreiras que lhe reservavam e guardam grande respeito e admiração, aceite Dr. Paulo, estas palavras como uma manifestação se não fina – despretensiosa e verdadeira. Como nos ensinaste durante sua vida e, com seu jeito inquietantemente discreto de ser, nos permitistes conviver os últimos quatro anos, em afável companhia.

 

6

 

Sempre haveremos de lamentar nossas perdas familiares e citadinas, mas quis o destino que sua despedida se desse em meio a uma espécie de “novo mal do século”, que tantas vidas têm ceifado pelo mundo afora, abreviando até mesmo as horas do último adeus. E, de novo, não querendo falar em nome da AEL, que bom que seus dirigentes maiores, na pessoa da presidente Elcemina Lúcia Balvedi Pagliosa, encontrasse tempo para a convocação e realização de uma reunião extraordinária da Academia Erechinense de Letras, da qual, o senhor Dr. Paulo, foi o único tema. Despedimo-nos honrados pelo convívio. Despedimo-nos agradecidos por seu legado comportamental, social e cultural - sempre uma obra que não pode ser avaliada em preço; apenas apreciada - porquanto única. Por fim, uma observação pessoalíssima: “como pode um homem tão bem sucedido – manter tão intrigante humildade e discrição!?”. Não obstante, a história nos mostra que esta é uma faceta que geralmente, acompanha os grandes.

 

 

 

 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Projeto do PT prioriza a pessoa diz o presidente


 Alderi Antônio Oldra tem 53 anos. É casado. Tem um filho. É professor, formado em Filosofia, Teologia e Mestrado Profissional em Educação. Professor de Instituição Privada. Vice-Diretor, Coordenador Pedagógico e Diretor do Colégio Estadual Haidée Tedesco Reali. Foi Coordenador Comercial da Rádio Virtual FM.  Vida Política: vereador eleito Legislatura 2013 a 2016 com 1.209 votos. Nesse período foi Secretário Municipal de Educação de Erechim. Reeleito vereador Legislatura 2017 a 2020, como 2° vereador mais votado de Erechim, com 1.377 votos. “Em 2020, não serei candidato a nenhum cargo. Minha dedicação será voltada à Educação”. Como presidente do PT de Erechim, porém, defende uma série de propostas que estão elencadas nesta entrevista rápida.

 

 

José Ody – O PT pretende ter candidato próprio à prefeitura de Erechim?

Alderi Olda - Sim, o Diretório tomou a decisão que terá candidato para Majoritária em Erechim. Estará dialogando com partidos que tenham identificação na defesa de um projeto político para o bem das pessoas de Erechim.

 

José Ody – Quem são, ou quem é, o nome mais cogitado?

Alderi Oldra - Os nomes serão definidos nos próximos 15 dias. Temos muitas lideranças com condições de realizar um bom debate e desenvolver uma excelente gestão no Executivo.  

 

José Ody – Com quais partidos os PT tem conversado mais ou pode estar junto?

Alderi Oldra - Conversamos com PCdoB, PDT, MDB, PSB, PTB, Solidariedade e outros partidos, inclusive, do Governo. Nada impede conversar e discutir propostas que possam contemplar os anseios da população de Erechim. O indicativo do Diretório é construir aliança com partidos que tenham identificação no projeto político que defenda propostas em prol das pessoas e pelo crescimento de Erechim.

 

José Ody – Como vê a cidade hoje?

Alderi Oldra - Erechim é uma cidade fantástica para viver. Uma pesquisa revela que 87% das pessoas estão satisfeitas em morar e viver em Erechim. Ela pode ser melhor. Ela pode ampliar possibilidades aos nossos jovens e pessoas que estão buscando uma oportunidade. Erechim precisa de um Gestor ousado, comprometido e, ao mesmo tempo, responsável, para levar Erechim na condução que ela merece estar.    

 

José Ody – Que projeto o PT defende para Erechim?

Alderi Oldra - Defendemos um Projeto que considere a pessoa, o ser humano, em 1° lugar. O ser humano precisa ser colocado como prioridade. Para que isso aconteça, é imprescindível implementar propostas e ações como: 1) Orçamento Participativo para ouvir as pessoas e viabilizar ações prioritárias;  2) Investimentos em Educação e ampliação dos atendimentos na Educação Infantil; 3) Promover e implementar programas de habitação social; 4) Valorizar as Instituições Públicas ligadas à Educação e promover programas, como o Pré-Enem, para auxiliar os jovens a garantir uma vaga na Universidade. 5) Criar e incentivar políticas de desenvolvimento social, com geração de emprego e renda; 6) Investir na orientação e prevenção de doenças, garantindo investimentos na área da saúde; 7) Disponibilizar ou construir espaços alternativos de lazer e encontros aos nossos jovens e suas famílias. 8) Promover a boa convivência entre as pessoas, com respeito às diferenças e o cultivo das boas relações.

sábado, 8 de agosto de 2020

Jantar/Live do Lions Erechim Cinquentenário

 

Este ano seria o 22º Baile da Sobremesa do Lions Erechim Cinquentenário. Falo no condicional “seria” – referindo aos moldes tradicionais: clube, mesas, buffet, banda, grupos e pessoas, tudo presencial... Mas a pandemia que se instalou e que já levou ao cancelamento ou transferência de milhares de eventos mundo afora, não foi suficiente para abater o ânimo da diretoria e dos membros deste Lions em Erechim, porque o propósito de ajudar e a visão social desta instituição, em Campo Pequeno, falou mais alto.

O Lions ao mesmo tempo em que reconhece as limitações impostas pelo Covid 19, de outra sorte, motivou-se e sensibilizou-se de uma forma até comovente e o fato real é que, depois de muitas reuniões online, a decisão está levando o Lions Erechim Cinquentenário a realizar o seu evento – mas num outro formato, inaugurando por extensão, o “Jantar/Live”. Na essência o evento se mantém, porquanto apesar de realizar-se em nova modalidade, o objetivo central contemplará todos os propósitos que há anos atendem aos anseios sociais – razão primeira e fundamental – desta entidade firmada em Erechim no ano de 1958.

Importa ainda observar e destacar a surpreendente recepção positiva por parte dos erechineneses e, em especial, dos apoiadores que abraçaram mais uma vez a iniciativa – e que terão o nome de suas empresas expostas durante o jantar/live pelas redes sociais em suas casas.

Recebi da presidente do Lions Erechim Cinquentenário, Tiani Noronha e sua diretoria, a seguinte nota, que reproduzo na íntegra até como forma de tentar dar a minha pequena parcela para o evento. Eis a nota: “Trata-se de uma live que estará acontecendo no dia 8/8 a partir das 21h com a participação especial da Gato Preto Social Band, uma versão acústica da Banda Gato Preto, dos nossos Bailes da Sobremesa. As músicas serão ótimas. Durante a live falaremos a respeito do trabalho do Lions Erechim Cinquentenário, das atividades, das ações e doações que fazemos. Vamos oferecer a oportunidade, a quem estiver assistindo, de fazer doações, tanto em dinheiro quanto em alimentos, material de limpeza e higiene pessoal. Vamos manter um telefone com WhatSapp disponível para contatos, conta bancária e QR CODE, tudo para facilitar as doações... afinal, o evento tem a finalidade de arrecadar fundos, para serem repassados às entidades assistidas pelo Lions. Como vocês sabem, não podemos ficar parados por causa da pandemia, ao contrário, precisamos nos reinventar, buscar novas opções, usar métodos e novas ferramentas para podermos continuar fazendo o nosso papel enquanto Leões,  SERVIR. Por que o mundo pode ter dado uma parada, mas as necessidades de quem tem 'menos sorte nesta vida' não só continuou, como aumentou ainda mais. Nosso trabalho continua porque ‘FAZER O BEM FAZ BEM’. A live será vinculada na página do Facebook do Lions Erechim Cinquentenário e também no canal do You Tube do Distrito LD7 bem como em todas as redes sociais dos associados. 

 

Serviço:

1     - Jantar preparado pela equipe do Clube do Comércio poderá ser retirado das 17h às 19h30min com possibilidade de tele-entrega.

2     – Este evento aos moldes do Baile da Sobremesa terá apoiadores com a veiculação de logomarcas durante a live.

3     – A live inicia às 21h e se estende até às 24h.

 

   Portanto, considerando as circunstâncias que limitam as atividades humanas em todo o planeta há cerca de cinco meses, impondo uma série e impedimentos e novos modelos de viver a vida - trazendo a reboque da tragédia da pandemia uma crise econômica sem precedentes nos tempos modernos, é preciso reconhecer e saudar esta iniciativa deste Clube de Serviço Social.

   Ontem, sexta-feira, o jornal O Estado de São Paulo, trazia uma matéria especial sobre como confraternizar neste período tão limitador. E é justamente isto que o Lions Erechim Cinquentenário, proporciona à sociedade erehinense com este “jantar/live/solidário” que visa arrecadar recursos para os mais necessitados. Está de parabéns a presidente Tiani Noronha. Está de parabéns a diretoria deste Clube de Serviço. Estão de parabéns todos os membros – a maioria quase no anonimato -, dedicando-se ao propósito maior da entidade e, por que não, mantendo vivo o tradicional, prestigiado e consagrado evento conhecido até antes da pandemia como Baile da Sobremesa. Desta feita, seus membros servem de “sobremesa” um novo jeito de fazer acontecer, quando aparentemente, tudo indicava para uma atitude de resignação diante do que o mundo assiste. Não – o Lions Erechim Cinquentenário, como um todo -, ergue-se e desafia a zona de conforto e o conformismo, vitoriando-se em si e com toda a sociedade desta terra que sempre apoiou seus eventos de ordem social, voltados ao convívio fraterno entre os seus e com o próximo. Meus parabéns a todos os membros deste Clube de Convivência e de Serviço.

Enfim, com pandemia ou sem pandemia, não importa. O que importa é o social. Parafraseando o líder chinês Deng Xiaoping: “não importa se o gato é branco, preto ou pardo, desde que cace ratos. E neste “novo normal”, o Gato continua Preto – ou seja - certeza de música adequada para um público certo. E, a despeito de todos os males, vida que segue. O baile continua. Minha homenagem a todos que fazem deste evento – em tempos de luz ou de trevas - um timoneiro a ser saudado e seguido. É tudo isso, e mais um pouco, neste sábado a partir das 21h. A pandemia que dê um tempo!

 

sábado, 1 de agosto de 2020

PDT não descarta chapa pura à prefeitura

Gilbar Fiebig - Crédito: Arquivo Pessoal/Divulgação

 (A Voz da Serra - 1º/8/2020 - Página 3)

A direção executiva do PDT definiu sexta-feira, 31, que Marcos Lando é o nome do partido à prefeitura. Mas não descarta lançar chapa pura escalando Marcos Provin como candidato a vice-prefeito. Enquanto isso, o presidente, Gilmar Fiebig defende uma estrutura pública mais leve e ágil. Gilmar é casado com a professora Deunice, pai do engenheiro Gilmar e da Arquiteta, Letícia, vovô de Clara e Serena. Arquiteto e Urbanista, pós-graduado em Desenvolvimento Sustentável e após 62 anos está aprendendo a ser Hoteleiro. Foi secretário municipal da Indústria Comércio Serviços e Turismo de Erechim; vereador, candidato a deputado estadual e a vice-prefeito, Presidente e Coordenador Regional do PDT; foi Diretor do Departamento de Tênis do Atlântico, diretor de patrimônio do Clube Caixeral & Coroas, Presidente do Clube do Comércio; Presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Erechim, Inspetor Chefe do CREA; Conselheiro da Câmara de Arquitetura do CREA RS; Presidente do Sinduscon; Presidente do Rotary Clube Erechim, Governador do Distrito 4700 do Rotary; Coordenador Assistente da Imagem Pública do Rotary Brasil, vice-presidente do Consepro e participou de conselhos municipais e atividades públicas e privadas.



José Ody – O PDT pretende ter candidato a prefeito?
Gilmar Fiebig - O PDT pretende ter sim um candidato a prefeito na cidade de Erechim. Estamos há muito tempo nos preparando e hoje estamos prontos para administrar nossa cidade.

José Ody -   Quem são ou quem é o nome mais cogitado.
Gilmar Fiebig - Nós temos dentro do PDT muitos nomes para concorrer ao cargo de prefeito, mas o nome que definimos é o do Marcos Lando. Ontem, decidimos não descartar concorrermos com chapa pura: Marcos Lando e Marcos Provin. Mas vamos aguardar. É sim, uma possibilidade.

José Ody -    Com quais partidos tem conversado mais ou o PDT pode estar junto?
Gilmar Fiebig - O PDT está conversando com vários partidos. Já contatamos quase todos os partidos organizados na cidade, pois creditamos que todos têm um pouco a colaborar, que devemos construir um projeto para todos, dentro de suas diferenças.

José Ody -    Como vê a cidade hoje?
Gilmar Fiebig - Erechim é uma cidade formada por pessoas que acreditam que podem se transformar e progredir. Ao longo do tempo tivemos administradores que a seu modo a conduziram para o estágio em que estamos, mas nos descuidamos e não usamos os avanços tecnológicos que poderiam melhorar as formas de atendimento, criamos uma estrutura pesada e que segura o desenvolvimento natural dos empreendedores, e ao mesmo tempo, deixa descontentes muitos dos servidores municipais. Existe uma corda em que cada um puxa para um lado e não vai a lugar nenhum.

José Ody -    Que projeto o PDT defende para Erechim?
Gilmar Fiebig - Um projeto de modernização da estrutura administrativa, mais ágil e dinâmica que venha atender aos anseios de seus cidadãos, que crie mecanismos que agilizem os empreendedores a criarem riquezas e empregos, que tenhamos um modelo de educação que realmente instrua e eduque as pessoas para terem melhores oportunidades, que as mães ao saírem para trabalhar estejam seguras que seus filhos estão abrigados, se desenvolvendo e aprendendo novos ofícios, que se incentive ao turismo, a indústria limpa que gera empregos, lazer e entretenimento não só para os que vêm de fora, mas também para aqueles que aqui residem e já fizeram a sua parte e precisam desses espaços. Enfim uma cidade para que olhe e acolha seus filhos.
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A fórmula que elegeu um novato em 1976


A Voz da Serra/Arquivo

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A Página 3 de A Voz da Serra quer contribuir com Erechim. Por isso abriu espaço aos partidos que pretendem concorrer à prefeitura. Entre as perguntas está uma sobre “o que o partido pretende para Erechim?”. As respostas quase que se repetem: modernizar a administração. O certo é que não se sabe muito bem o quê e o quanto cabe nisso.

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Em 1976, Eloi João Zanella, representou como candidato um grupo que desejava mudanças para Erechim. Na Arena, então um jovem de 32 anos, virou terceira opção seguindo ordens dos então caciques partidários. O símbolo escolhido foi uma zebra. O resultado todos sabem. A Arena na soma dos votos fez mais que o MDB e, dentro da sigla vencedora deu – zebra.

Naquela época o grupo também não tinha um plano de governo. O caminho escolhido inovou o modo de fazer campanha e, de certa forma, nunca mais foi repetido – pelo menos com a determinação, objetividade e foco de então.

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De acordo com o ex-prefeito, que acabaria governando o município ao longo da sua vida por quatro gestões (até hoje), o grupo contava nos dedos 32 simpatizantes que deixaram de lado as vaidades pessoais e trabalharam como um bloco só na construção de um objetivo comum.

O município foi mapeado. Em 1970 Erechim tinha 48.677 habitantes. No censo de 1980 passou a 61.115. Em 2018 Erechim tinha 105.862 habitantes. Então, aparentemente era mais fácil – mas o mundo mudou.

O grupo organizou uma série de reuniões em bairros, centro da cidade, vilas, distritos e comunidades do interior. No total foram 52 encontros – com 52 atas. Os convidados eram as principais lideranças de cada comunidade.

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Nessas reuniões iam todos os membros do grupo e o objetivo principal era ouvir. Ouvir, anotar e selecionar o que as lideranças da localidade tinham a dizer sobre a cidade e o que sonhavam para Erechim. Não tinha nada a ver com o instituto “orçamento participativo”. A intenção não era saber o que queriam para o seu bairro, para sua rua, para – quem sabe seus interesses futuros. Pedidos de bueiros, calçamento, colocação de uma lâmpada, etc., isso o grupo de Zanella tinha claro: essas questões são operações do dia a dia. A finalidade era outro: ouvir líderes sobre o futuro.

Uma das características da “Zebra” foi não levar nenhum plano de governo, nenhum projeto de governo, nenhuma proposta acabada – mas apenas ouvir. E assim, foram coletando “fotografias” das características de cada um dos 52 pontos visitados, sua realidade, suas dificuldades, potencialidades; traçar um perfil econômico, social e humano de cada ponto visitado e, o principal: o que aquela gente projetava em termos de futuro para a cidade.

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A experiência de campanha política que na época deu certo, não se sabe se hoje pode ser repetida, mas ela iluminou o caminho do candidato Zanella sobre o que dizer na busca do voto – com pleno conhecimento de causa. E, sobretudo, jogou luzes sobre o futuro da cidade.

Foi daí que surgiu a opção de mudar a matriz produtiva, econômica e social de Erechim, levando a administração a investir na indústria e na implantação de um Distrito Industrial (DI), que desafogasse o centro e colocasse em um ponto estratégico as maiores indústrias da cidade. A geração de emprego e renda cresceu e atraiu os migrantes.

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Mas, se a indicação das lideranças ouvidas na campanha eleitoral dizia o que esperavam da administração, o próprio Zanella descobriu que só vontades e palavras não eram suficientes.

E aí entra o que só a vivência pode ensinar: no primeiro ano nenhum governo consegue implantar o que prometeu ou gostaria fazer.  O Distrito Industrial (DI) é o maior exemplo. A administração teve que procurar uma área, aguardar liberações de impacto, a implantação da infraestrutura como energia, água e comunicações – isso pelo Estado. A primeira fonte de energia no DI acabaria sendo proporcionada por equipamento próprio da Comil. Por isso o Distrito Industrial acabou tendo seu início de implantação prática lá pelo terceiro ano da administração de Eloi Zanella – sendo ampliada e aprimorada pela administração de Jayme Lago.

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Portanto, talvez a apresentação de um plano de governo, de um projeto de governo acabado – como a Página 3 tem sugerido -, não seja tão relevante. E isto, as administrações públicas quase que num todo, tem demonstrado que pode ser verdade sim; porque, muito menos da metade do que é falado nas campanhas eleitorais tem se concretizado. A realidade muda, as demandas também, divergências internas se instalam e, às vezes, interesses pessoais se multiplicam como células cancerígenas – comprometendo o desempenho do corpo administrativo, vitimando o crescimento e o desenvolvimento da própria cidade.

Para sublinhar: o modelo adotado pelo grupo de Eloi Zanella em 1976 era muito diferente de modelitos hoje tão usados para captação de votos, que em alguns casos, ouve pessoa por pessoa prometendo dar o que pedem e, até, se duvidar - mudar sua vida.

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Se há algo que Erechim precisa, aproveitando este ano eleitoral, é que os candidatos à prefeitura se disponham a realizar uma grande consulta na cidade, como se fosse um paciente, seguida de exames, para tratá-lo e recuperá-lo como um todo, no atacado, e não de curativos e esparadrapos – tratando feridas, doenças ou mazelas varejistas.
Agora, quem se arriscará a trocar o interesse superior pela miudeza mais segura, tipo “toma lá - dá cá”; tão acalentada pela ignorância nacional? E assim, de curativo em curativo, de esparadrapo em esparadrapo, o paciente sempre retorna ao médico – até metamorfosear-se incurável cativo do “curandeiro”.

Se Erechim quiser de novo visualizar a olho nu, Passo Fundo e Chapecó, que dispense chazinhos e benzimentos e submeta-se a uma junta. A fórmula que elegeu Zanella com 32 anos não caberia ser reabilitada por todos?