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Gilbar Fiebig - Crédito: Arquivo Pessoal/Divulgação |
(A Voz da Serra - 1º/8/2020 - Página 3)
A direção
executiva do PDT definiu sexta-feira, 31, que Marcos Lando é o nome do partido
à prefeitura. Mas não descarta lançar chapa pura escalando Marcos Provin como
candidato a vice-prefeito. Enquanto isso, o presidente, Gilmar Fiebig defende
uma estrutura pública mais leve e ágil. Gilmar é casado com a professora
Deunice, pai do engenheiro Gilmar e da Arquiteta, Letícia, vovô de Clara e Serena.
Arquiteto e Urbanista, pós-graduado em Desenvolvimento Sustentável e após 62
anos está aprendendo a ser Hoteleiro. Foi secretário municipal da Indústria
Comércio Serviços e Turismo de Erechim; vereador, candidato a deputado estadual
e a vice-prefeito, Presidente e Coordenador Regional do PDT; foi Diretor do
Departamento de Tênis do Atlântico, diretor de patrimônio do Clube Caixeral
& Coroas, Presidente do Clube do Comércio; Presidente da Sociedade dos
Engenheiros e Arquitetos de Erechim, Inspetor Chefe do CREA; Conselheiro da Câmara
de Arquitetura do CREA RS; Presidente do Sinduscon; Presidente do Rotary Clube
Erechim, Governador do Distrito 4700 do Rotary; Coordenador Assistente da
Imagem Pública do Rotary Brasil, vice-presidente do Consepro e participou de
conselhos municipais e atividades públicas e privadas.
José Ody – O PDT pretende ter candidato a prefeito?
Gilmar Fiebig - O PDT pretende ter sim um candidato a prefeito
na cidade de Erechim. Estamos há muito tempo nos preparando e hoje estamos
prontos para administrar nossa cidade.
José Ody - Quem são ou quem é o nome mais
cogitado.
Gilmar Fiebig - Nós temos dentro do PDT muitos nomes
para concorrer ao cargo de prefeito, mas o nome que definimos é o do Marcos
Lando. Ontem, decidimos não descartar concorrermos com chapa pura: Marcos Lando
e Marcos Provin. Mas vamos aguardar. É sim, uma possibilidade.
José Ody - Com quais partidos tem conversado
mais ou o PDT pode estar junto?
Gilmar Fiebig - O PDT está conversando com vários
partidos. Já contatamos quase todos os partidos organizados na cidade, pois creditamos
que todos têm um pouco a colaborar, que devemos construir um projeto para todos,
dentro de suas diferenças.
José Ody - Como vê a cidade hoje?
Gilmar Fiebig - Erechim é uma cidade formada por
pessoas que acreditam que podem se transformar e progredir. Ao longo do tempo
tivemos administradores que a seu modo a conduziram para o estágio em que
estamos, mas nos descuidamos e não usamos os avanços tecnológicos que poderiam melhorar
as formas de atendimento, criamos uma estrutura pesada e que segura o
desenvolvimento natural dos empreendedores, e ao mesmo tempo, deixa
descontentes muitos dos servidores municipais. Existe uma corda em que cada um
puxa para um lado e não vai a lugar nenhum.
José Ody - Que projeto o PDT defende para
Erechim?
Gilmar Fiebig - Um projeto de modernização da estrutura
administrativa, mais ágil e dinâmica que venha atender aos anseios de seus
cidadãos, que crie mecanismos que agilizem os empreendedores a criarem riquezas
e empregos, que tenhamos um modelo de educação que realmente instrua e eduque
as pessoas para terem melhores oportunidades, que as mães ao saírem para
trabalhar estejam seguras que seus filhos estão abrigados, se desenvolvendo e
aprendendo novos ofícios, que se incentive ao turismo, a indústria limpa que
gera empregos, lazer e entretenimento não só para os que vêm de fora, mas
também para aqueles que aqui residem e já fizeram a sua parte e precisam desses
espaços. Enfim uma cidade para que olhe e acolha seus filhos.
.x.x.x.x.x.x.-
A fórmula que elegeu um novato em 1976
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A Voz da Serra/Arquivo |
1
A
Página 3 de A Voz da Serra quer contribuir com Erechim. Por isso abriu espaço
aos partidos que pretendem concorrer à prefeitura. Entre as perguntas está uma
sobre “o que o partido pretende para Erechim?”. As respostas quase que se
repetem: modernizar a administração. O certo é que não se sabe muito bem o quê
e o quanto cabe nisso.
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Em
1976, Eloi João Zanella, representou como candidato um grupo que desejava mudanças para Erechim. Na Arena,
então um jovem de 32 anos, virou terceira opção seguindo ordens dos então
caciques partidários. O símbolo escolhido foi uma zebra. O resultado todos
sabem. A Arena na soma dos votos fez mais que o MDB e, dentro da sigla
vencedora deu – zebra.
Naquela
época o grupo também não tinha um plano de governo. O caminho escolhido inovou o
modo de fazer campanha e, de certa forma, nunca mais foi repetido – pelo menos com
a determinação, objetividade e foco de então.
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De
acordo com o ex-prefeito, que acabaria governando o município ao longo da sua
vida por quatro gestões (até hoje), o grupo contava nos dedos 32 simpatizantes
que deixaram de lado as vaidades pessoais e trabalharam como um bloco só na
construção de um objetivo comum.
O
município foi mapeado. Em 1970 Erechim tinha 48.677 habitantes. No censo de
1980 passou a 61.115. Em 2018 Erechim tinha 105.862 habitantes. Então,
aparentemente era mais fácil – mas o mundo mudou.
O
grupo organizou uma série de reuniões em bairros, centro da cidade,
vilas, distritos e comunidades do interior. No total foram 52 encontros – com
52 atas. Os convidados eram as principais lideranças de cada comunidade.
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Nessas
reuniões iam todos os membros do grupo e o objetivo principal era ouvir. Ouvir,
anotar e selecionar o que as lideranças da localidade tinham a dizer sobre a
cidade e o que sonhavam para Erechim. Não tinha nada a ver com o instituto
“orçamento participativo”. A intenção não era saber o que queriam para o seu
bairro, para sua rua, para – quem sabe seus interesses futuros. Pedidos de
bueiros, calçamento, colocação de uma lâmpada, etc., isso o grupo de Zanella
tinha claro: essas questões são operações do dia a dia. A finalidade era outro:
ouvir líderes sobre o futuro.
Uma
das características da “Zebra” foi não levar nenhum plano de governo, nenhum
projeto de governo, nenhuma proposta acabada – mas apenas ouvir. E assim, foram
coletando “fotografias” das características de cada um dos 52 pontos visitados,
sua realidade, suas dificuldades, potencialidades; traçar um perfil econômico,
social e humano de cada ponto visitado e, o principal: o que aquela gente
projetava em termos de futuro para a cidade.
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A
experiência de campanha política que na época deu certo, não se sabe se hoje
pode ser repetida, mas ela iluminou o caminho do candidato Zanella sobre o que
dizer na busca do voto – com pleno conhecimento de causa. E, sobretudo, jogou
luzes sobre o futuro da cidade.
Foi
daí que surgiu a opção de mudar a matriz produtiva, econômica e social de
Erechim, levando a administração a investir na indústria e na implantação de um
Distrito Industrial (DI), que desafogasse o centro e colocasse em um ponto estratégico as maiores indústrias da cidade. A geração de emprego e renda cresceu e atraiu
os migrantes.
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Mas,
se a indicação das lideranças ouvidas na campanha eleitoral dizia o que
esperavam da administração, o próprio Zanella descobriu que só vontades e
palavras não eram suficientes.
E aí entra o que só a vivência pode ensinar: no primeiro ano nenhum governo consegue
implantar o que prometeu ou gostaria fazer.
O Distrito Industrial (DI) é o maior exemplo. A administração teve que
procurar uma área, aguardar liberações de impacto, a implantação da
infraestrutura como energia, água e comunicações – isso pelo Estado. A primeira
fonte de energia no DI acabaria sendo proporcionada por equipamento próprio da
Comil. Por isso o Distrito Industrial acabou tendo seu início de implantação
prática lá pelo terceiro ano da administração de Eloi Zanella – sendo ampliada
e aprimorada pela administração de Jayme Lago.
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Portanto,
talvez a apresentação de um plano de governo, de um projeto de governo acabado
– como a Página 3 tem sugerido -, não seja tão relevante. E isto, as administrações
públicas quase que num todo, tem demonstrado que pode ser verdade sim; porque,
muito menos da metade do que é falado nas campanhas eleitorais tem se
concretizado. A realidade muda, as demandas também, divergências internas se
instalam e, às vezes, interesses pessoais se multiplicam como células
cancerígenas – comprometendo o desempenho do corpo administrativo, vitimando o
crescimento e o desenvolvimento da própria cidade.
Para
sublinhar: o modelo adotado pelo grupo de Eloi Zanella em 1976 era muito
diferente de modelitos hoje tão usados
para captação de votos, que em alguns casos, ouve pessoa por pessoa prometendo dar
o que pedem e, até, se duvidar - mudar sua vida.
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Se
há algo que Erechim precisa, aproveitando este ano eleitoral, é que os
candidatos à prefeitura se disponham a realizar uma grande consulta na cidade,
como se fosse um paciente, seguida de exames, para tratá-lo e recuperá-lo como
um todo, no atacado, e não de curativos e esparadrapos – tratando feridas,
doenças ou mazelas varejistas.
Agora,
quem se arriscará a trocar o interesse superior pela miudeza mais segura, tipo
“toma lá - dá cá”; tão acalentada pela ignorância nacional? E assim, de
curativo em curativo, de esparadrapo em esparadrapo, o paciente sempre retorna
ao médico – até metamorfosear-se incurável cativo do “curandeiro”.
Se
Erechim quiser de novo visualizar a olho nu, Passo Fundo e Chapecó, que
dispense chazinhos e benzimentos e submeta-se a uma junta. A fórmula que elegeu
Zanella com 32 anos não caberia ser reabilitada por todos?