Pense bem depressa, ou pense com calma,
se não der hoje, responda amanhã ou na semana que vem, ou mês que
vem – ou até a próxima barbárie num campo de futebol – mas
pense: ‘quantas pessoas que brigaram em estádios de futebol você
sabe que estão presas!’.
Vou ajudar: um, mais de um, ou, menos
de um!
A próxima barbárie está a caminho.
É só uma questão de tempo. De ter
jogo.
O que a TV mostrou domingo em Atlético
(PR) e Vasco (RJ), em Santa Catarina, depõe contra a suposta
capacidade intelectual que diferencia a raça humana do reino animal.
E pior: engana-se quem acha que aquilo
ali foi exceção.
Não.
Nas arquibancadas do Beira Rio nos
românticos anos/70, testemunhei centenas de selvagerias ao longo de
7 anos.
E assim era no Olímpico, fora dos
estádios. Fora de Porto Alegre.
Imagine – 40 anos depois, quando
‘gladiadores modernos’ é edificado a esporte, quando fedelhos
recém-saídos de fraldas – repreendem professores em sala de aula!
Quantos turistas da Copa não devem ter
mudado seus planos!
Ah, mas na Copa a segurança vai ser
máxima, total - sem margens para selvagerias.
Pergunta: será? Quem garante?
As arruaças pós o junho democrático
– não servem como termômetro? Não ensinaram nada? Não ‘tiraram’
nada – para usar um termo da moda de um partido político.
É – não ‘tiraram’ nada das
quebradeiras, desafiando centenas e centenas de policiais...!
No mundo que está cercando e acabará
com o futebol com pessoas no campo de jogo, pois, síntese de tudo,
das motivações, das razões, das ações ou omissões é uma só,
que explica tudo: im-pu-ni-da-de.
O resto é conversinha de republiqueta.
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Mandela foi o Super-Homem na vida real
Mais de um século após ser escrito, o
poema ‘Invictus’, do britânico William Ernest Henley, continua
atualíssimo.
Nelson Mandela socorria-se do poema,
para aliviar (como se fosse possível a qualquer ser normal) sua
longuíssima pena.
A propósito – quem, e isto deve ser
impossível de ser mensurado, pois, quem, senão um Super-Homem de
apelido ‘Madiba’, (também título honorário adotado por membros
do clã de Mandela) suportaria quase 30 anos em uma prisão de 2 por
4 metros (algo assim) e quebrando pedra de dia!?
E, se suportar já foi um feito
extraordinário, imagine, quem sairia de uma prisão após quase 30
anos, e inacreditavelmente – ainda seria capaz de perdoar seus
algozes, e a partir dali, refundar um país em bases democráticas!?
Se Super-Homem é uma ficção
americana, talvez poderia ‘ver-se’ em na vida real, guardadas as
diferenças, na figura de Nelson Mandela – morto dia 5 de dezembro.
Tinha para mim que Winston Churchill
fora a maior personalidade do século 20. Mas – Churchill, que
também teve vida longa e extremamente intensa (viveu 90 anos) não
ficou 27,5 natais preso.
Só na ilha de Robben Island, Mandela
ficou confinado durante 18 anos, em um cubículo de 2 metros por 4
metros, onde os negros eram acordados as 5h30m da manhã, saiam da
cela as 6h30m e trabalhavam numa barreira de cal até as 16h todos os
dias da semana.
Pois, repetindo, quem seria capaz de
passar ‘uma vida preso’ – segundo um colega de imprensa houve
época em que o líder recebia uma visita por ano e de 30 minutos -,
pois, quem poderia passar por isto e ainda - perdoar! Sim, perdoar,
passar por cima, esquecer, e viver junto com o algoz uma vida nova!?
Então, como dizia, depois de refletir
nestes últimos dias sobre esta figura humana incomparável – mudei
de opinião.
O maior estadista, a maior
personalidade do século 20, não foi Churchill (com todos seus
feitos), mas sim – Nelson Rolihlahla Mandela, Nelson Mandela - o
Madiba.
Invictus
William Ernest Henley/1875
‘Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável
Sob as garras cruéis das
circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha fronte sangra, mas não se
inclina
Além deste lugar de choro e ódio
Paira somente o horror da sombra
E ainda assim, a ameaça dos anos me
encontrará
E encontrará destemido.
Não importa quanto estreito seja o
portão
Não importa quão dura seja a pena
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma’.