segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

No jogo da impunidade a barbárie sempre vence!

Pense bem depressa, ou pense com calma, se não der hoje, responda amanhã ou na semana que vem, ou mês que vem – ou até a próxima barbárie num campo de futebol – mas pense: ‘quantas pessoas que brigaram em estádios de futebol você sabe que estão presas!’.

Vou ajudar: um, mais de um, ou, menos de um!
A próxima barbárie está a caminho.
É só uma questão de tempo. De ter jogo.
O que a TV mostrou domingo em Atlético (PR) e Vasco (RJ), em Santa Catarina, depõe contra a suposta capacidade intelectual que diferencia a raça humana do reino animal.
E pior: engana-se quem acha que aquilo ali foi exceção.
Não.
Nas arquibancadas do Beira Rio nos românticos anos/70, testemunhei centenas de selvagerias ao longo de 7 anos.
E assim era no Olímpico, fora dos estádios. Fora de Porto Alegre.
Imagine – 40 anos depois, quando ‘gladiadores modernos’ é edificado a esporte, quando fedelhos recém-saídos de fraldas – repreendem professores em sala de aula!

Quantos turistas da Copa não devem ter mudado seus planos!
Ah, mas na Copa a segurança vai ser máxima, total - sem margens para selvagerias.
Pergunta: será? Quem garante?
As arruaças pós o junho democrático – não servem como termômetro? Não ensinaram nada? Não ‘tiraram’ nada – para usar um termo da moda de um partido político.
É – não ‘tiraram’ nada das quebradeiras, desafiando centenas e centenas de policiais...!

No mundo que está cercando e acabará com o futebol com pessoas no campo de jogo, pois, síntese de tudo, das motivações, das razões, das ações ou omissões é uma só, que explica tudo: im-pu-ni-da-de.

O resto é conversinha de republiqueta.

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Mandela foi o Super-Homem na vida real


Mais de um século após ser escrito, o poema ‘Invictus’, do britânico William Ernest Henley, continua atualíssimo.
Nelson Mandela socorria-se do poema, para aliviar (como se fosse possível a qualquer ser normal) sua longuíssima pena.

A propósito – quem, e isto deve ser impossível de ser mensurado, pois, quem, senão um Super-Homem de apelido ‘Madiba’, (também título honorário adotado por membros do clã de Mandela) suportaria quase 30 anos em uma prisão de 2 por 4 metros (algo assim) e quebrando pedra de dia!?

E, se suportar já foi um feito extraordinário, imagine, quem sairia de uma prisão após quase 30 anos, e inacreditavelmente – ainda seria capaz de perdoar seus algozes, e a partir dali, refundar um país em bases democráticas!?

Se Super-Homem é uma ficção americana, talvez poderia ‘ver-se’ em na vida real, guardadas as diferenças, na figura de Nelson Mandela – morto dia 5 de dezembro.

Tinha para mim que Winston Churchill fora a maior personalidade do século 20. Mas – Churchill, que também teve vida longa e extremamente intensa (viveu 90 anos) não ficou 27,5 natais preso.

Só na ilha de Robben Island, Mandela ficou confinado durante 18 anos, em um cubículo de 2 metros por 4 metros, onde os negros eram acordados as 5h30m da manhã, saiam da cela as 6h30m e trabalhavam numa barreira de cal até as 16h todos os dias da semana.

Pois, repetindo, quem seria capaz de passar ‘uma vida preso’ – segundo um colega de imprensa houve época em que o líder recebia uma visita por ano e de 30 minutos -, pois, quem poderia passar por isto e ainda - perdoar! Sim, perdoar, passar por cima, esquecer, e viver junto com o algoz uma vida nova!?

Então, como dizia, depois de refletir nestes últimos dias sobre esta figura humana incomparável – mudei de opinião.
O maior estadista, a maior personalidade do século 20, não foi Churchill (com todos seus feitos), mas sim – Nelson Rolihlahla Mandela, Nelson Mandela - o Madiba.

Invictus
William Ernest Henley/1875

Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável

Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha fronte sangra, mas não se inclina

Além deste lugar de choro e ódio
Paira somente o horror da sombra
E ainda assim, a ameaça dos anos me encontrará
E encontrará destemido.

Não importa quanto estreito seja o portão
Não importa quão dura seja a pena
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma’.