Dr. Alcides, esposa Débora e a filha
Mirella - com o ex-presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez
A ânsia pela riqueza acalenta a
ostentação brega e nutre a sociedade insaciável, além de
patrocinar um modelo de desenvolvimento inviável e, em breve,
aterrador.
É certo que a vida melhorou muito no
último século. A Classe C de hoje vive melhor que a nobreza do
século XIX. Portanto, é natural que as pessoas almejem boas
condições de higiene e conforto. É também normal que as
exigências pessoais elevem seu patamar: saneamento básico, luz
elétrica, moradia digna e telefonia, há muito deixou de ser luxo.
Políticas públicas que propiciem essa realidade a todos, no atual
contexto, são mais que obrigatórias e não representam favor a
ninguém.
Mas o modelo age contra a natureza,
aquece o planeta, polui o ar e as águas, amplia desertos, promove
desigualdades, incentiva violências. As instituições se
desmoralizam, vai-se a democracia. Piora a qualidade de vida.
O erro, por certo, consiste em atrelar
a felicidade a gastos e acúmulo de riquezas. Aí se inicia o insano
ciclo sem retorno.
Se ouvirmos os nossos velhos, sábios
pela própria experiência, vamos descobrir que a fórmula do
verdadeiro sucesso é simples: viver de forma equilibrada, valorizar
o trabalho sem esquecer os amigos, cultivar a boa educação e o
respeito; conviver carinhosamente com a família; cuidar as plantas,
admirar florestas, amar e respeitar os animais e a natureza; preferir
energias renováveis; frequentar cinemas, teatros e museus, ler e
escrever muito. Quando precisar, dispor de bons hospitais e médicos
dedicados. Cultivar o espírito, praticar o bom humor, sorrir muito,
além de caprichar nas atividades físicas. Dedicar-se a comunidade.
É bom viver numa sociedade solidária e segura.
Eis o grande legado, o grande presente
que nossos antepassados nos dão de graça todos os dias do ano. E
que nós, absortos partícipes de um mundo materialista e
embrutecido, não conseguimos entender. Junto a nossos filhos, neste
Natal, devemos repensar sobre o que realmente conta para sermos
felizes hoje e sempre. Ainda há tempo.
Alcides Mandelli Stumpf
Médico
Médico