Na foto time base do Atlântico em 1962: Noronha, Paulinho, Maneco, Garcia, Tiassa e Fossati; Moacyr, Índio, Tomasi, Zé Carlos e Cardoso - (Lewis Luiz Caron - Presidente). |
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Dinamismo, idealismo e honestidade.
Para deputado estadual, Antônio Pereira
de Souza.
Prudência
Sinceridade
Dignidade.
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O sol radiava alto.
As linhas do campo eram pintadas
pelo guarda-roupas Pedrinho.
O palco estava sendo preparado.
Pelo menos uns 20 carros, ou até
mais...
entre
Jeeps, Rurais, Simcas, Douphines
e baratas Ford, Fucas e DKWs
já tinham
passado pelo Atlântico,
talvez
uns 30.
Era
uma infinidade.
Nossa!
‘Minha Nossa Senhora de Fátima...
hoooooooje
o movimento vai sê grande.
Vai
enchê!’.
O Atlântico não podia perder.
O Atlântico não podia empatar.
Era
a última volta do estadual
de
profissionais de futebol.
O
Lajeadense era um baita time.
Menos
de um mês antes tinha dado
com
direito a pedradas e garrafadas,
mas
Agomar Martins levara o jogo
até
o fim.
É o que dizia A Voz da Serra.
O dia estava intenso de sol,
de
expectativa,
de
movimentação...
Mas
ninguém,
rigorosamente
ninguém
podia
imaginar o que estava
por
vir naquele domingo,
2
de dezembro de 1962
depois
das 4 da tarde.
‘Avante/
tu és poderoso...’.
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E era naquele domingo,
2
de dezembro de 1962 que o Atlântico
tinha
imenso desafio.
Derradeiro.
Se
empatasse em casa com
o
Lajeadense, estaria fora das finais
do
certamente
estadual
de profissionais.
Na França o estilista
Yves
Saint Laurent apresentava
sua
primeira coleção
aos
26 anos.
Em
Erechim a
Metro-Goldwyn-Mayer
anunciava
- Ben-Hur.
Na
Livraria Modelo a novidade:
canetas-tinteiro
da Johann Faber.
Sim, eu tinha apenas dez anos,
mas
já sofria pelo Atlântico,
aquele...
da bola nº 5 e jogado por 11.
Às 11h30min fecharam
os
portões da Baixada.
Não
precisava me preocupar
em
pular a cerca
–
como o faria dali
um
ou dois anos -,
porque
entrava pela mão
do
meu pai Alberto,
associado
do verde-rubro cujo
título
anos mais tarde
teria
um ‘infarto’ fulminante
e
morreria de súbito.
–
Falo do título.
Ali´,as
quem pagou – perdeu?
O
gato comeu?
E
como todas as mortes
do
gênero,
nunca
se sabe o que realmente
aconteceu,
mas
aconteceu.
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‘Na vitória/
ou
na derrota/
honremos
nossa tradição...’.
O Atlântico tinha o Índio,
mas
o Lajeadense tinha
o
temível Paulo Muradás
– que
se não me falha a memória,
maos
tarde acabaria jogando
em Erechim...
No
Ypiranga é claro.
Além
do mais...
Fossati
e Paulinho
eram
dúvidas,
e o
maior quarto-zagueiro da história
de
Erechim,
Noronha,
sofrera
uma distensão no coletivo
de
quinta-feira
e
para ele,
simplesmente
não havia substituto.
Diante destes desfalques,
o
técnico Severino Mugica
cogitava
Poppy no gol
–
que era quase do mesmo nível
de
Paulinho.
Promoveria
o ingresso de Sebastião
na
lateral esquerda e,
puxaria
o Maneco para a quarta-zaga,
ele
que também era craque.
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Naquele mês de dezembro de 1962
fizeram
duas campanhas na cidade: uma
para
a construção do Asilo Jacinto Godoy,
e a
outra conclamava a comunidade
para
dar um Natal digno aos filhos
dos
guardas noturnos.
Por falar nessa categoria,
o
que foi dela?
Naqueles
anos sepultos de 1960,
era
comum deparar-se com
um
guarda da noite em qualquer
esquina
e quadra.
Os
apitos da garantia.
Nos
tempos modernos é a marginália
que
apita
em
esquinas, quadras e adjacências.
Meu pai, sempre ia cedo
ao
campo.
Gostava
e futebol e por isto
as preliminares estavam no
seu cardápio.
Duas
horas e já estávamos
sentados
no pavilhão descascando
os
amendoins do ‘Véio Graví’.
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O Lajeadense,
Ah,
o Lajeadense era uma pedra
na
chuteira do Atlântico.
Era
como o Corinthians para o Inter.
Dois
anos antes,
no
dia 31 de janeiro de 1960,
o
Índio entrou com raiva.
Seis
minutos e o Pinhão já colocava
o
Galo com
O
time do vale do Taquari não
se
incomodou.
Lajeadense, na época, um timaço.
Não
só empatou,
como foi buscar a vitória
em plena Baixada.
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Dezembro de 1962.
Nossa
Senhora
de
Fátima,
e
não é que a cidade terá telefones
automáticos,
isso mesmo.
A
Companhia Telefônica Municipal
de
Erechim foi entregue à Siemens
do
Brasil que fez o prédio.
O prefeito José Mandelli
anuncia
a suspensão das vendas dos
modernos aparelhos,
porquanto
havia um descompasso
na
coisa de sempre: os primeiros
telefones
saíram por 30 mil cruzeiros
cada.
Como
houve grande procura
e
estava garantia a rede com o uso
dos
postes de luz...
se falava numa leve majoração
de preços
para
os automáticos modernos:
de
30 para 80 mil cruzeiros.
“Teu símbolo/
é
belo e grandioso...’.
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Quando o Atlântico apontou
no
túnel
as
cascas de amendoim desceram
pelas
calças.
Só havia uma mudança: Sebastião
na vaga
de
Noronha. Paulinho era o goleiro
e
Fossatti passara no teste de vestiário.
Nossa
frente era confiável
com
Moacyr, Tomasi, Cardoso e Índio;
mas
a frente
do Lajeadense era temível:
Paulo Muradás, Nestor,
Roque e Gaiteiro.
Do pavilhão eu levantava a vista
de
quando em vez por sobre o velho
e
grandioso pé de erva-mate atrás
da
geral dos visitantes,
a “árvore
das raposas”;
aonde
hoje fica a entrada do ginásio
do
Caldeirão do Galo – batismo
dado
pelo repórter
Osvaldo
Afonso Chittolina -,
ao
ginásio do Atlântico.